La Belle Anglaise escrita por Landgraf Hulse


Capítulo 28
27. Preocupações Distoantes.




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Início de julho| Palácio de Hampton Court, Londres

Fazia quase um mês que... aquela coisa havia acontecido e Katherine ainda não tinha visitado James, e francamente nem iria. Ela não era uma pessoa de guardar rancor, em sua cabeça Katherine sempre repetia que ele estava bêbado, não sabia o que estava fazendo, mas era impossível! As ações de Bravandale foram imperdoáveis!

— Devo ser sincera, ainda não entendo bem como esse acidente aconteceu.— Sentada em um sofá na sala de visitas, Lady Christine comentou esperando a marquesa servir o chá.— Um homem, principalmente do porte de James, não simplesmente se fere com uma faca de sobremesa.

— Acidentes são imprevisíveis, podem vir de qualquer lado.— Entregando uma xícara de chá a irmã do duque, Katherine respondeu indiferente.

Graças ao Criador, Bravandale não havia comentado nada do que aconteceu para ninguém, aparentemente ele nem mesmo saia de casa. Melhor assim, para ambos os lados. Oficialmente, o duque havia sofrido um acidente com uma faca de sobremesa, era ridículo? Com certeza, mas ninguém contradisse... até o momento.

— Você deve estar certa. Não é a primeira vez que isso acontece.— Lady Christine comentou distraidamente colocando açúcar no chá. Katherine suspirou cansada e sorriu docemente, todos os dias essa visita dizendo as mesmas coisas.— Onde está a querida Frederica? A tempos não a vejo.

— Lord e Lady Torrington viajaram a Irlanda, para visitar os parentes do conde.— E iriam permanecer lá pelo resto do ano. Novamente suspirando, a princesa colocou chá para si.

James não ter aberto sua grande boca não significava que Katherine estava livre de todos os problemas que... aquela coisa havia gerado na vida dela, e de outros também. Lady Torrington estava traumatizada, nem mesmo queria voltar a Londres, e a jovem criada foi enviada para Llanover Park, no País de Gales, onde... essa terrível lembrança não iria perturbá-la.

Oh Deus, e ainda tinha Wilhelm, esse era o pior! Baixando discretamente a cabeça, a marquesa fechou dolorosamente os olhos. Nada havia sido dito a ele, apesar dos olhares suspeitos e perguntas sobre os pulsos roxos dela. Katherine afirmava, para si mesma e suas damas, que ela não estava mentindo, apenas omitindo verdades para o próprio bem dele. Wilhelm ficaria louco caso descobrisse, iria desafiar o duque para um duelo e... James nunca errava um alvo. Seria um desastre!

— Eu já disse que ele está muito calado e nunca sai do quarto?— Várias vezes. E Lady Christine, que ainda colocava açúcar no chá, representava o último problema de Katherine.— Eu disse que a ferida é no braço, não na perna, mas James nunca me escuta.

— Que situação triste.— O máximo que ela diria seria isso. Katherine não poderia nem contar com suas damas, que estavam desconfortávelmente caladas.

— Estamos tão preocupadas, Katherine. Essa depressão é horrível.— Levando a xícara aos lábios, Katherine deu a Lady Christine um olhar triste e emocionado. A dama também bebeu seu chá.— Você poderia visitá-lo! Para falar a verdade, nunca recebemos uma visita...

— E o braço? Ainda está muito machucado?— Pelo tanto de sangue que saiu... urgh! Katherine fez uma careta e encarou a jovem dama.

Suspirando tristemente, Lady Christine pegou mais uma colher de açúcar e colocou no chá, talvez ela tivesse que tirar o açucareiro de perto dela. Havia uma coisa que nunca mudava em Christine, ela falava muito e isso poderia ser usado para o benefício de qualquer um, como agora:

— Parece bem, pelo menos é isso que James diz, não sou o médico para dizer o contrário, muito menos ele.— Parecia algo que Bravandale faria, desconsiderar o médico e fazer como ele quisesse. Katherine negou com a cabeça, o que apenas deixou Christine mais preocupada.— Mas o médico já retirou as faixas e, na minha visão, parece bom. James só não pode esforçar muito o braço.

Coisa que ele faria logo, era só questão de tempo. Novamente Katherine negou com a cabeça, Bravandale sempre foi teimoso e desobediente. Suspirando, Lady Christine estendeu sua mão ao açucareiro, mas a marquesa foi mais rápida e pegou primeiro o recipiente de cristal. Açúcar era bom, mas nem tanto. Ela sorriu a Christine.

— Aqui, Bess, sei como você gosta de muito açúcar no chá.— Lady Baster piscou os olhos confusa, ela nem mesmo estava escutando com atenção, mas aceitou relutantemente.— Bem, Christine, ambas sabemos como James é. Quando éramos criança ele quebrou tantas vezes o braço.

— Eram dias tão felizes aqueles. Lembra daquela vez que James caiu de uma macieira tentando pegar a maçã mais vermelha para você?— O sorriso de Katherine tornou-se mais falso ainda com essa "lembrança feliz" de Christine. A jovem riu consigo mesma.— Mamãe ficou tão preocupada, papai achou esplêndido e seus pais sorriram e balançaram a cabeça.

— Mamãe e papai disseram para James ter mais cuidado e nunca tentar fazer aquilo novamente. Uma semana depois ele subiu e caiu de novo.— Christine riu com saudade lembrando. Mas Katherine permaneceu séria, encarando sua xícara de chá.— Não vale a pena se machucar para agradar alguém.

Foi impossível de evitar, impossível mostrar qualquer tipo de sorriso ou lembrança feliz. Todas as boas lembranças que Katherine tinha com James, a faziam lembrar... daquilo... Christine parou de rir e encarou fixamente a marquesa, estranhando essa falta de sentimentos.

— Bons tempos aqueles.— A jovem comentou séria, até mesmo desconfiada.

— Eram com certeza mais felizes que esses.— Falando de James, essa era a verdade. A marquesa suspirou e bebeu do chá.— Muito mais felizes.

Melancólica, a princesa focou os olhos em uma pintura de sua mãe que havia na sala, para assim distrair seus pensamentos. Era uma tristeza pensar como aquele James amável, bondoso e protetor havia ficado para trás. Assim como esse quadro, ficou na década passada. As damas na sala ficaram em silêncio... um desconfortável silêncio.

Pela enésima vez suspirando, Katherine voltou seus olhos para Christine, esperando ela falar alguma coisa. A jovem também suspirou, bebeu seu chá, comeu um pequeno doce, depois repetiu esse mesmo processo mais duas vezes. Que coisa mais chata! Christine ainda iria demorar muito? Talvez fosse por isso que John preferia apreciar ela a sua própria esposa.

— Por que mesmo você ainda não foi visitá-lo, Katherine?— Christine ainda não havia esquecido disso? A marquesa franzio o cenho irritada.— Oh, perdão se fui muito evasiva... mas estou curiosa.

Suavizando sua expressão, por obrigação e não livre vontade, a princesa sorriu e riu com candura. Lady Christine sorriu.

— Não é uma desculpa aceitável, eu sei. Mas esse mês que passou foi cheio de problemas para mim, como princesa e marquesa.— Embora Katherine saísse de casa, nunca era usando sua própria carruagem.

— Entendo essa situação, James também tem seus problemas com...

— São tantos problemas, Christine. Alguns vilarejos e comunidades que dependem das minhas propriedades estão tendo problemas com as lavouras.— Deixando seu sorriso esvair, Katherine comentou triste.— E com a dívida nacional alta como está, aquelas pobres pessoas irão sofrer muito.

— Imagino.— Christine parecia até... desconfortável.

Mordendo seus lábios, Katherine pensou se seria bom... ou talvez não... seria perfeito! Deixando suas preocupações tomarem de conta, a princesa continuou:

— E Niedersieg? Já é o terceiro ano consecutivo que as cheias do Inn destroem as lavouras em Königsstadt e temos que comprar grãos e trigo. Os impostos aumentarão novamente.— Isso era uma preocupação real, Katherine tinha medo de uma revolta estourar. Ela encarou fixamente Christine.— Von Frieden dirá que é por conta do alto comércio estrangeiro em Niedersieg. Mas o que acontecerá quando os niedersiegers pararem de comprar sedas, porcelanas e especiarias?

— O que acontecerá? Eu... é...— Desviando o olhar, Christine ficou sem palavras. Satisfeita, Katherine sorriu.— Com certeza você saberá o que fazer. Mas está na hora de ir embora, ainda tenho que visitar mamãe.

— Pois então vá em paz, querida amiga.— Levantando junto com a jovem, a princesa sorriu e caminhou com ela até a porta da sala.— Diga a James que desejo as mais sinceras melhoras.

Christine sorriu e logo foi levado pelo mordomo a saída... Graças ao Cristo! Entrando novamente na sala, a marquesa suspirou aliviada e encarou suas damas, elas compartilhavam esse mesmo pensamento, embora Bess...

— Você é tão malvada, Katherine. Perturbando a pobre criatura com suas preocupações.— Sorrindo provocativa, a condessa balançou a cabeça negativamente.— Muito malvada.

— Malvada, eu? Longe disso, sou um anjo de luz.— Rindo levemente, ela respondeu orgulhosa.— Deveríamos expulsar Christine de alguma forma.

Então foi a mais engenhosa possível, usando o sofrimento dos niedersiegers. O que a lembrava que haveria uma reunião hoje, para discutir, entre muitas coisas, Niedersieg. Era impressionante que quando Katherine se tornou marquesa, a servidão era o único problema dela, e agora estava proibida. Mas nesse momento... o problema eram os gastos dos impostos e os próprios impostos.

Von Frieden queria construir em Niedersieg, mas no momento Katherine apenas poderia consentir com bibliotecas, hospitais e escolas, talvez também reformar o Handelsplatz em Niedersieg e Smaragberg, ou construí novos jardins públicos e um novo teatro para Ehreschöne... ou seria observatório?

— Vamos para a sala dourada, Katherine?— Despertada de seus pensamentos, a marquesa assentiu a Josephine.

Governar um principado nunca seria fácil, mesmo um minúsculo como Niedersieg, principalmente quando os ministros e o povo eram desconhecidos. Mas Niedersieg prosperava, isso que importava.

— Vocês acreditam que Von Frieden quer uma Escola de Medicina em Niedersieg? E eu vou consentir.— Rindo com suas amigas, Katherine comentou negativa.— Me pergunto apenas onde ele vai conseguir os médicos? todos os que Niedersieg tem são austríacos ou bávaros.

*****

 

"[...] Caso não tenha sido avisado, o que dúvido muito, seu primo Frederik, o príncipe herdeiro, deu em abril um golpe de Estado, agora ele e seus conselheiros que governam a Dinamarca. Não vou dizer que estou feliz, mas sei que esse é o curso natural das coisas, afinal, Frederik será rei um dia.[...]. Pelo menos eu e meu Frederik poderemos ter uma vida mais tranquila agora, ele e Sophie estão até tentando ter mais filhos, Cathrine e Juliana... Espero que o príncipe herdeiro não esqueça que sempre encontrará bons conselhos conosco e tudo que fiz foi pelo bem da Dinamarca, seria uma lástima ele ser igual a mãe.[...]"

Acabando a leitura, Wilhelm encarou os jardins de Hampton Court pela janela e novamente voltou a ler. Isso... ele deve ter lido errado essa carta... Não. Definitivamente nenhuma palavra foi lida errada, a rainha viúva da Dinamarca e o príncipe Frederik haviam sido derrubados pelo príncipe herdeiro... Isso era... talvez Wilhelm estivesse dividido. Ele com certeza estava dividido.

Logicamente, por ser um amante da liberdade e iluminação dos povos, um iluminista, ele deveria estar exultante com essa notícia. Juliane Marie era o ápice do absolutismo esclarecido na Dinamarca, uma mulher conservadora que chegou ao poder com um golpe de Estado contra o liberal Struensee. Mas em contrapartida, ela praticamente criou Wilhelm e seus irmãos, foi como uma mãe.

— De qualquer forma, não deixa de ser irônico ela ascender e cair com um golpe de Estado.— Talvez fosse mais uma das ironias da vida. Dobrando a carta e colocando no casaco, o príncipe encarou os jardins.— Essa mudança irá afetar meus irmãos?

Era uma dúvida a ser considerada, a família do príncipe Carl nunca apoiou Struensee e Caroline Mathilde... eles todos odiavam a rainha e seu amante... Frederik não iria querer vingança, ou iria?

— Meu príncipe? Poderia... eh... ajudar aqui?— Fechando os olhos com força, Wilhelm tentou manter a paciência. O que Wilmington queria agora...?

Oh Deus! O pequeno Richard, que tinha sido trazido pelo pai, havia subido em um banco e tentava pegar as peças da maquete de Oldenburg House. Wilmington olhava horrorizado para as pequenas mãos do herdeiro... seria tão engraçado se... o conde encarou o príncipe pedindo ajuda, Wilhelm teria que se compadecer então:

— Richard, esses são os brinquedos do papai, você não pode usar eles!— Aproximando-se da mesa, o príncipe chamou pelo filho, que o encarou triste.— Você vai fazer Wilmington chorar assim.

— Não seja assim tão extremo, meu príncipe. Eu...— Tentando defender-se, o conde iniciou, mas Wilhelm sinalizou para ele se calar.

— Mas eu quero ajudar.— Voltando-se a maquete, o conde de Rivers estendeu sua mão a construção.

— Sabemos disso, mas tudo já foi decidido. Não toque na maquete, Richard!— Agora, sendo censurado, o pequeno príncipe escutou e afastou a mão. Wilhelm desarrumou o cabelo e sorriu.— Muito bem. Já que um dia serão seus mesmo, vá usar os brinquedos da sua mãe.

Sorrindo largamente, Richard desceu do banco e foi até a outra mesa, onde estava a maquete de um palácio, o sonho de construção que Katherine nutria e afirmava ardentemente que um dia construiria. Sonhos eram sonhos.

Voltando sua atenção aos cavalheiros, Wilhelm sinalizou para que Wilmington, agora muito mais calmo, iniciasse suas explicações da nova Oldenburg House. O conde imediatamente iniciou, e com uma alegria impressionante, mas logo o príncipe perdeu sua atenção no projeto. Havia muito o que pensar e preocupar com a chegada dessa carta.

— Haverão duas asas laterais e uma fachada principal com longas colunas corintias. Usaremos mármore grego ou o niedersieger, mais econômico?— Mármore? Wilhelm encarou Wilmington confuso... Existia mármore em Niedersieg?— Oh, ano passado príncipe de Gales também...

Suspirando entediado, Wilhelm encarou a maquete e deixou seus olhos lá mesmo, enquanto seus pensamentos voavam para muito longe. Que o conde de Wilmington cuidasse dessa casa, qualquer coisa digna iria servir para ele.

As vezes... Wilhelm sentia falta da sua vida calma e despreocupada na Dinamarca. Onde seus dias eram gastos simplesmente lendo, escrevendo cartas e se divertindo com os irmãos. Ele ainda lia, escrevia e se divertia, mas haviam responsabilidades agora. Eventos sociais, as vezes, reuniões filantrópicas com a marquesa viúva e, raramente, o príncipe tinha que administrar Austen Manor, uma propriedade dele em Cumberland. Wilhelm era pai e marido agora... talvez ele apenas tivesse passado dos 21 aos quase 28 anos.

—... Meu príncipe? Meu príncipe? Meu príncipe!— Despertando de seus pensamentos, Wilhelm encarou Percy, que chamava por ele irritado.— Wilmington está perguntando se Oldenburg House está a seu gosto?

— Parece-me um lugar muito bonito, agradável e organizado.— Um pouco ostentoso demais, mas o que não era? Wilhelm observou melhor a maquete e encarou o conde.— Faça tudo conforme desejar, Wilmington. Apenas deixe bonito o lugar.

— E quanto ao mármore?— Mármore? O príncipe encarou confuso Wilmington. Até que lembrou.

— Use o grego.— Se era para ser uma casa neoclássica, que fosse neoclássica. Novamente ele encarou a maquete, apenas para logo depois lembrar do horário.— Mas cavalheiros, creio que está quase na hora da reunião com o conselho. É melhor irmos antes de marquesa ficar irritada.

Se bem que a marquesa nunca mais havia mostrado "irritação". Katherine parecia com medo e receio de alguma coisa, uma coisa que Wilhelm não fazia a mínima ideia do que era, mas atrapalhava a vida dos dois. Ele já havia tentado perguntar o que estava acontecendo, mas ela sempre mudava de assunto, então Wilhelm simplesmente desistiu, se incomodava ela...

— Que surpreendente, você chegou cedo hoje!— Ao entrar na sala dourada, Wilhelm foi recebido com essa ironia. Katherine já estava sentada e lia um livro.— Normalmente eu tenho que mandar Rose ou Louisa para te buscarem.

— Eu não sou uma criancinha que deve ser cuidada, Katherine, nunca fui.— Ela simplesmente revirou os olhos e mudou de página.— Vim mais cedo porque as explicações de Wilmington sobre Oldenburg House estavam me cansando.

— Ainda não consigo acreditar que você deu esse nome a casa.— Fechando seu livro, Katherine finalmente deu alguma atenção a ele. Wilhelm deu os ombros e sentou acomodado na mesa.— Oldenburg House! O que nossos filhos irão pensar!?

— Que sou um dinamarquês e tenho muito orgulho disso.— Sorrindo petulante, Wilhelm respondeu. Katherine riu desdenhosa e abriu o livro.— O que você tanto lê? Fanny Hill?

Irônico, o príncipe riu consigo mesmo, principalmente quando recebeu da esposa um olhar ofendido. Mas, surpreendentemente, ela não respondeu nada, apenas mostrou a capa do "livro"... era só mais um diário do marquês Alfred, além de escrever um para si mesma, Katherine estava sempre lendo os do pai.

— Vê agora o que estou lendo, marido?— A resposta dela fez Wilhelm franzir a testa, não era para ser liebe? Percebendo isso, Katherine virou o rosto.— Tenho esperanças que isso me dê alguma ajuda. Ser marquesa e regente de Niedersieg não é fácil.

Fazia certo sentido... A falta de afeto de Katherine era instigante, qualquer toque que Wilhelm dava, mostrando segundas intenções, era repelido... Nunca foi assim... apenas quando...

— Não existe uma fórmula certa para administrar uma propriedade ou governar um principado.— Suspirando melancólica, Katherine assentiu para ele. Wilhelm sorriu, parecia um bom começo.— Mas conceder algumas liberdades básicas com certeza ajudará. Educação, liberdade, alimentação, voz...

— Essas liberdades básicas existem na Dinamarca ou Noruega?— Sempre era assim! Wilhelm iniciava e Katherine rebatia com essa pergunta.

Mas hoje seria diferente, ele poderia dar uma resposta, incerta claro, mas ainda era uma resposta. Com o olhar curioso, mas desdenhoso, da marquesa, o príncipe sorriu irônico.

— Não existe, assim como não existe em outros lugares, excluindo a Grã-Bretanha.— O olhar dela tornou-se presunçoso. Seria adorável tirá-lo dela.— Mas o príncipe herdeiro tirou minha tia do poder com um golpe, talvez as coisas mudem.

— Sua amada tia foi derrubada!? Talvez agora a Dinamarca possa prósperar então.— De surpresa, foi a ironia seca.

— Dê algum respeito a ela, Katherine. Minha tia criou a mim e meus irmãos como filhos.— Em tempos tão sombrios como àqueles... foi uma benção.— Se não fosse por ela, meu pai teria me matado.

— Então ela errou na criação de vocês em alguns pontos.— Deveria ser uma piada, Wilhelm mesmo percebeu isso, mas permaneceu sério. Katherine nem mesmo riu, ela ficou preocupada com ele.— O que o príncipe Carl fez de tão ruim para você odiá-lo, Wilhelm? Ou foi você que...

— Ele não agiu comigo como um pai deveria agir, meu pai me odeia!— E ninguém poderia duvidar disso!

— Odeia? Mas...— Ele dirigiu a esposa um olhar duro, então ela calou-se.

O príncipe e a marquesa caíram num desconfortável silêncio. Essa coisa de pai... Wilhelm nunca esteve, nem mesmo estaria, realmente pronto para falar dos seus problemas com o pai. Era uma ferida que tinha 26 anos, mas nunca cicatrizou.

— Estou muito preocupado com meus irmãos, na verdade. Principalmente com Christian e Louise.— Caroline não, por ser a "favorita" do príncipe Carl, ela estava visitando São Petersburgo com ele. Suspirando, Wilhelm encarou Katherine com preocupação.— Christian jamais mostrou interesse por casamento e Louise já noivou do duque August de Saxe-Gotha-Altenburg, mas não deu em nada.

Christian preferia usufruir da caça, bebida, jogatina, orgias e criados do sexo masculino, enquanto Louise simplesmente cuidava da sua vida e era comida pelas sobras do irmão mais velho. Como Wilhelm sabia disso? Certa vez ele encontrou Christian na cama com um criado e no dia seguinte esse mesmo criado estava com Louise na biblioteca, em atos nada virtuosos.

— Seus irmãos sobreviverão, tenha certeza disso.— Katherine falou séria, mostrando que muito se importava, com ele e não eles.

Não demorando muito, os membros do conselho de Bristol chegaram e a reunião começou. Nada envolvendo a Dinamarca foi dito, mas ela permaneceu por muito tempo na cabeça de Wilhelm.


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Notas finais do capítulo

* "O que você tanto lê? Fanny Hill?". Originalmente eu pensei em escrever: "Um daqueles livros franceses pornograficos?" Mas, na minha cabeça, lembrava muito uma "futura pessoa", então mudei para Fanny Hill.

* Fanny Hill, é um dos primeiros livros que é literalmente voltado ao sexo. Conta as aventuras de Fanny Hill, uma jovem prostituta até ela casar e ficar rica. Eu só vou dizer que li algumas partes, o que meu deu uma ideia... mas para o futuro...

* La Belle Anglaise no Pinterest: https://pin.it/3GMyIz6



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