Terapia Compulsória escrita por Miss Siozo


Capítulo 5
Os intensos


Notas iniciais do capítulo

[Echeveria] Bom dia para todos, pessoal!

Hoje é dia de sim senhor, a minha particularmente vai ser uma merda, então eu quero um pouco de serotonina que me dê forças para aguentar essa merda aqui

Vamos nessa? Eu AMO esse capítulo, talvez sou meio sus para falar, mas eu amo kkk

Boa leitura! =)



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— Saber meu nome verdadeiro é privilégio de poucos, moça. Pode me chamar Máscara da Morte, Mascrinha, Mdm, você que sabe.

— O nome dele de verdade é Giuseppe Salvatore — Saga cortou o clima do canceriano, que o olhou irritado.

— Insuportável!

— De nada.

Foi a terapeuta respirar um pouco mais fundo que os dois já cessaram a discussão que mal haviam começado.

— Então, senhor Salvatore, vou chamá-lo pelo sobrenome em sinal de respeito. Vamos começar por você, pois pelo o que fui informada sobre o seu comportamento, há uma bastante intensidade em suas emoções e isso por consequência reflete em seus atos nada ortodoxos.

— Ela foi gentil demais por não te chamar de genocida — Camus comentou calmamente, tomando um gole de água. Seu cosmo gelado fez com que uma fina camada de gelo rodeasse seus lábios.

— Você só diz isso pois nossos signos não são nada compatíveis, picolé — apontou para ele, fazendo uma arminha com os dedos. — Enfim, senhorita Agatha, pode-se dizer que eu sou um guerreiro muito violento e não costumo mostrar muita misericórdia. Uma das vantagens de ser necromante é essa… bem, eu considero uma vantagem, pelo menos.

— Desculpe interromper, o que é um necromante?

— Eu mexo muito com gente morta. Se quiser eu te levo dar uma voltinha na… não, deixa quieto — cortou quando Shaka ameaçou abrir os olhos. Que medo — Enfim, um dos meus poderes é ir para a boca do inferno, o Yomotsu. Consequentemente, muitas das minhas vítimas morrem ali mesmo. Quando isso acontece os rostos delas ficam presos nas paredes da casa de Câncer. Por isso que me chamam de Máscara da Morte.

— Agradeço pela explicação. Foi um tanto assustadora e ao mesmo tempo surgiram alguns questionamentos na minha mente — apertou as bordas de seu caderninho — A primeira é sobre essas pessoas. Todas elas foram suas inimigas em batalhas?

— Não, têm uns gato pingado ali no meio. Nem sei de onde vieram, para ser sincero, mas eles existem. Existiam, no caso.

— E você fala sobre isso com tanta tranquilidade? — a terapeuta cogitava ligar para as autoridades gregas, nunca pensou tanto em discar 100 em seu celular.

— O que eu posso fazer? Já morreram, se eu ficar me remoendo por todas as pessoas que morreram em Câncer, eu perderia noites de sono. — Mandou uma última mensagem para a sua namorada, viu a reação da terapeuta e ficou meio constrangido — A casa de Câncer foi construída sobre os restos mortais de muitas pessoas, dentro das paredes tem até ossos, é um porre quando preciso furar ou colocar alguma instalação nova. Enfim, o que eu quero dizer é que tem muitos lá que estão na parede desde antes de eu assumir como cavaleiro. A culpa não toda minha.

— E não pensa que está na hora de quebrar esse ciclo? Não há uma forma de libertar essas almas que estão presas à sua casa? Isso seria bom para elas e para você também, evitaria tais transtornos — decidiu seguir a linha de concordar com o maluco, mas teria uma conversa seríssima com Athena depois.

— Acho que não tem como, se houvesse uma maneira provavelmente eu saberia — a verdade é que não fazia a menor ideia, mas tinha preguiça de pesquisar ou iniciar uma revolução depois de tantos anos de tradição. — Por que isso seria um problema, senhorita?

— A minha sugestão é que reflita sobre isso e ouça um pouco seus colegas. Alguém tem algo a opinar sobre a casa do senhor Salvatore? — esperava um pouco de sensatez dos demais, pois se eles falassem o óbvio, a terapeuta não correria risco de vida.

— Não, por mim é tranquilo — Aldebaran falou.

— Pra mim também — Saga.

— Sem grandes problemas — Afrodite mexia em uma rosa.

— Eu passei por lá algumas vezes e achei bem de boa — Dohko.

— Lembra aquilo que você prometeu na minha primeira vida, Sebastião? — o sagitariano sorria — Temos que fazer um.. baile de máscaras na sua casa! — e ele riu. Só ele riu mesmo, o resto ficou em um silêncio ainda mais constrangedor.

A terapeuta começou a suar frio.

— Com todo respeito, senhorita Agatha e Máscara da Morte, a sua casa é uma imundice e eu sinto vontade de vomitar toda vez que preciso subir para meus aposentos — Shaka finalmente foi a voz da razão — Eu fico feliz que você tenha escutado meus conselhos e comprado uns produtos para neutralizar o cheiro de carniça, entretanto ainda é nojento demais.

— Shaka se importando apenas com a limpeza do local, como sempre, nenhuma novidade — disse Camus irritado — O problema da sua casa Máscara, vai para além do cheiro e dos rostos com expressões cafonas. Você perpetua um ciclo ridículo só por causa dos seus antepassados? Conta outra, preguiçoso! Aposto que nunca procurou saber como se desfazer daquilo.

— Mais respeito comigo!

— Eu concordo com o senhor Salvatore. Faça a crítica, mas modere o seu tom.

— Ok, senhorita Agatha, vou tentar — respirou fundo — Não creio que tenha pensado em se colocar no lugar do próximo e se ver na situação daquelas almas, é deprimente, imagine quem está lá desde que o Santuário foi fundado? Sem poder descansar e ir para o além, tendo que lidar com você todos os dias.

— Eu lembrei de uma coisa! — se manifestou Dohko — Pode não parecer, senhorita, mas eu já vivi muito e conheci o antecessor do Máscara. Manigold tinha um jeitão bem peculiar, mas estava preocupado em dar paz para a maioria das almas. Ele procurou uma maneira de dar um descanso para elas e a casa de câncer que era lotada de rostos, diminuiu consideravelmente. Só não terminou o trabalho por causa da última guerra e, enfim, morreu.

— É uma informação interessante, senhor Dohko. Afinal, há uma maneira de remediar isso.

— Eu até entendo, mas vou jogar esta tarefa para quando estiver com o tempo livre. Sabe como é, minha agenda é apertada. Além de que, eu nem contei para vocês, né? To pensando em pedir a Sam em casamento! — seu sorriso era contagiante, quase fez a mulher esquecer que estava lidando com um maluco.

— Meu amigo, nem quando a sua namorada te deu um pé na bunda e você estava com todo o tempo livre do mundo, você deu um jeito na sua casa — Aldebaran estava acudindo o ariano abatido — Você até pediu aquele meu CD de sofrência, lembra? Tava um caco.

— Não sou produtivo quando estou triste.

— Nem quando tá normal, né?

— Camus, se você me faltar com respeito de novo eu vou quebrar essa cadeira na sua cabeça. Eu to falando bem sério. Sem querer atrapalhar seu trampo, viu, senhorita? É que com ele, eu vou levar tudo pro pessoal.

— Sem violência no recinto — massageava as têmporas outra vez, nunca mais faria terapia em grupos grandes e altamente problemáticos — Se pretende pedir sua namorada em casamento, sua casa é um bom ponto para começar a mudar. Ainda mais se tem planos de constituir uma família com ela no futuro.

Máscara da Morte colocou as mãos no lugar do coração, sorrindo bobo. Dava até para ver uns coraçõezinhos rodeando sua cabeça, besta do jeito que era.

— Tem razão, senhorita! Eu não quero lidar com os Mascrinhas brincando com os coitados dos penados lá de casa, eu vou começar assim que sairmos daqui.

— Você precisa de um rebranding na sua casa, eu posso te ajudar com isso, se precisar — Shura novamente usando palavras difíceis para parecer mais inteligente do que realmente é. O italiano, totalmente apaixonado e besta, aceitou de bom grado. Mal ele sabia que precisaria pagar para isso, mas ele se resolveria com Shura quando chegasse o momento.

— Perfeito, e não precisou quebrar a cadeira em ninguém, viu só? Agora você, senhor Shaka de Virgem. Seu nome foi colocado junto ao de Salvatore por vocês terem problemas semelhantes: compulsão. E pelo o que já foi dito pelos seus colegas, deduzo que o senhor tem alguma compulsividade por limpeza. É isso?

— Ok. Eu assumo que tem horas que eu passo um pouco do ponto, mas limpeza não costuma ser um problema. Tem programas de televisão que exploram a imundice dos outros, acumuladores compulsivos e fazem justamente o quê? Limpam tudo!

— Esse é seu programa favorito né, budinha? Vai falando… — Saga voltou a fazer anotações mentais.

— É sim, eu assisto sempre que tenho oportunidade. Gosto de faxinar, ajuda a manter a calma e ordem, controla a ansiedade e esse tipo de coisa. 

— Você começou a limpar para controlar seus tiques? É uma coisa boa, sempre é bom controlar a ansiedade de certas formas. Por exemplo, quando eu estou ansiosa gosto de tricotar, mantém nossa mente ocupada em outras atividades. Ainda assim é fácil que nossa distração se torne uma obsessão — apertou o botão de sua caneta para voltar a escrever — Senhor Shaka, muitas vezes coisas que aconteceram de ruim em nossas infâncias refletem negativamente em nossa vida adulta. Por isso eu te pergunto, como era o lugar em que vivia antes de vir para o Santuário? Seu país de origem é a Índia, certo?

— Sim, eu não tenho muitas lembranças de lá, entretanto lembro ativamente de ser uma porquice. Tive que ficar na beira do rio Ganges meditando, vi muitas pessoas se banhando na mesma água que são descartados lixos, dejetos e corpos… — até arrepiou, rangeu os dentes e passou a mão pelo braço — Desde que me lembro tive aversão com sujeira. Isso se intensificou quando entrei na adolescência, quando havia recém virado um cavaleiro. 

— Você sabe o que é TOC, Shaka? — a mulher falou.

— Sei que é um transtorno, mas não sei direito do que se trata.

— TOC significa transtorno obsessivo compulsivo. São coisas que as pessoas com essa condição fazem, se sentem obrigadas a fazer. Veja, talvez você já tenha feito isso, sabe quando você está esquentando alguma comida no micro-ondas e pensa “Se eu não terminar de lavar esse copo até o tempo acabar eu vou morrer”?

Não só o virginiano como quase todos os presentes concordaram. Que situação bobinha, porém presente.

— Essas são coisas que nosso cérebro faz para controlar a ansiedade. Contar quantas vezes você varreu o chão, caminhar sem pisar em linhas, todas são assim. O TOC acontece quando isso sai do controle, quando se torna uma obsessão. Tive uma paciente que ficava parada no mesmo lugar por horas, apenas porque ela pensava que se acabasse se movendo alguma coisa horrível iria acontecer.

— Entendi. E a senhorita está supondo que eu tenha esse transtorno?

— Muitas coisas suas se assemelham. Não tivemos consultas o suficiente para que eu te conheça melhor e possa te encaminhar para um outro profissional onde trabalho que possa te ajudar mais do eu, porém estou notando que essa situação te incomoda e talvez uma consulta mais neurológica possa te diagnosticar e te ajudar a melhorar nesse quesito. 

— Tudo bem, eu aceito. Acabei lembrando de alguém que conheço que se parece comigo nesse quesito. Seria uma boa ideia levá-lo comigo, até para saber se ele está saudável ou precisa de ajuda também.

— É uma boa ideia, Shaka! — Agatha estava feliz pelo rapaz não ter mostrado resistência a sua sugestão até que…

— Aposto que essa pessoa é o Shun — disse a “boca de caçapa” do escorpiano — Um virgem maníaco por limpeza!

— Milo! — a terapeuta já estava puta. Seu leve progresso parecia ir pelo ralo novamente.

— Foi mal aí, pensei alto.

— …. Máscara da morte — Camus chamou.

— Pois não?

— Pega a cadeira.

— Não! Nada de cadeira!

Mas era tarde demais…


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Notas finais do capítulo

Eu adoro como o caso do Máscara da Morte é provavelmente o pior dentre eles, mas ele é sutil e passa quase despercebido. Um ótimo canceriano, eu diria!

Sobre o TOC: houve uma pesquisa por nossa parte para não dizermos besteiras, entretanto não somos especialistas e nenhuma de nós tem esse distúrbio. Se há algo que precise ser corrigido, avise a gente



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