Stella escrita por Vic


Capítulo 8
Nevasca


Notas iniciais do capítulo

Bom diaa! Mais um capítulo, tô tentando manter o ritmo.

Baby blues: Trata-se de uma instabilidade emocional, passageira, desencadeada por fatores hormonais na mulher que está tentando se reorganizar com a nova rotina. Começa 3 dias após o parto.

Depressão pós-parto: É um transtorno de humor mais intenso e duradouro que afeta as mulheres. Trata- se de uma combinação de fatores físicos e emocionais, quadro que pode durar alguns meses, impossibilitando a mãe de realizar suas atividades com o bebê. Ocorre até 2 anos após o parto.
Boa leitura!


CAPÍTULO REVISADO



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— Lindsay? – Danny estava paralisado, a arma permanecia na sua mão direita.

O silêncio tomou conta da igreja, os olhos de todos estavam grudados nela. Ela estava igualmente paralisada, em choque. O formigamento em seu braço direito era a única coisa que a fazia acreditar que aquilo tinha mesmo acontecido. O sangue ainda pingava no chão, e por mais que a mulher tentasse estancar o sangramento, nada surtia o efeito esperado.

— Mamãe! – Luz agarrou-se a mãe.

— Tudo bem, querida. – Tentou consolar a filha, queria a abraçar, mas não podia parar de fazer pressão no machucado. – A mamãe está bem.

— Lindsay... – Repetiu, sem acreditar que tinha acabado de atirar na própria esposa.

— O que... o que você fez? – Olhou para a mão ensanguentada e sentiu uma tontura, quase foi ao chão, mas foi socorrida por Dante, que conseguiu alcançá-la a tempo.

— Não, não, não. – Segurou a amiga. – Lindsay, Lindsay. – Apoiou a cabeça dela no ombro e a ajudou a se manter de pé. – Vai dar tudo certo. Vamos sentar aqui, tá? – Levou a mulher até o banco, sentando-a perto de Jas e Lily.

— Foi um acidente... – Levou as mãos à cabeça em desespero.

— Ei, olha para mim, tá bom? É só respirar e ficar calma. – Respirou fundo junto com ela, soltando o ar lentamente. – Me ajuda... me ajuda a cuidar de você.

Lindsay respirou devagar e ritmicamente.

— Ele atirou em mim...

— Só preciso ver qual foi o osso. – Subiu a manga do vestido para olhar melhor o machucado. – Liga para o 911. – Instruiu Danny, que ainda continuava imóvel.

— Sinto muito. – Aproximou-se dos dois, ainda se desculpando pelo ocorrido.

— Não se desculpe, me ajuda, preciso fazer pressão para parar o sangramento. – Estava tentando fazer isso com seu paletó, mas não era o suficiente. – Ei, você só precisa respirar. – Continuava dizendo para ela.

— Juro que não quis te machucar. – Tirou o paletó e deu para ele, talvez ajudasse a conter um pouco mais o sangramento.

— Aqui, tudo bem. Você vai ficar bem. – Acariciou os cabelos da amiga, notando que ela estava prestes a desmaiar.

— Ok, ok. – Repetia mais para si mesmo do que para a esposa.

— Ei, tudo bem. – Continuava dizendo enquanto fazia pressão no machucado com os dois paletós, mantendo a amiga acordada. – Tudo bem.

Lindsay gemia de dor.

— Oh, meu Deus. – Sua cabeça caiu para o lado, estava quase desmaiando.

— Não, não, não. Lindsay, Lindsay, olha aqui... presta atenção em mim. Você vai entrar em choque e preciso que olhe para mim, onde você está? – Mantinha a cabeça dela levantada.

— Estou na igreja...

— Muito bem, está se saindo muito bem. – A segurou com mais firmeza. – Alguém liga para o 911. – Pediu novamente, todos ainda estavam em choque.

— Estão vindo, estarão aqui em alguns minutos. – Will disse.

— Esquece, verifique se há um kit de primeiros socorros por aqui. – Continuou acariciando os cabelos da amiga para distraí-la de sua dor. – Ei... oi, o socorro está vindo, tudo bem? – Tentava ser o mais gentil possível, mantendo uma mão em seu rosto e a outra ocupada em estancar o sangramento.

— Uhum. – Estava quase apagada, lutava para manter os olhos abertos.

— Continue respirando, continue falando... – Sorriu. – Nós vamos te tirar daqui e te levar para o hospital, isso vai acabar logo. – Abraçou a amiga para tentar conter seus tremores.

A ambulância chegou em cerca de meia hora, Danny foi com a esposa para o hospital. Lindsay teria que passar por uma pequena cirurgia para remoção do projétil. Jas estava encarregada de cuidar de Luz e Lily, que ainda estavam muito assustadas com tudo o que tinham presenciado. Principalmente Luz que tinha visto a mãe levar um tiro. O criminoso tinha sido detido e amarrado em uma cadeira, na falta de cordas, Stella ofereceu sua grinalda, que serviu perfeitamente ao propósito. Enquanto todos se ocupavam em acalmar uns aos outros, Will se encarregava do criminoso, vê-lo apontar uma arma para sua filha tão pequena e tão indefesa o deixou cheio de raiva, queria que ele pagasse pelo que tinha feito.

— Achou que podia vir aqui apontar uma arma para a minha filha e sair ileso? – Chutou a cadeira com tanta força que ela quase caiu. – Só não te mato agora porque posso perder meu emprego... – O encarou com raiva. – Da próxima vez que apontar uma arma para a minha mulher ou para a minha filha, vou colocar minhas mãos no seu pescoço e apertar até que pare de respirar, entendeu? – Sussurrou ameaçador para que só ele o ouvisse.

— Will, chega. Vamos esperar o reforço. – Sage chamou a atenção do amigo.

— É melhor começar a rezar para ficar tudo bem com a Lindsay, porque se acontecer alguma coisa com ela... vou te enfiar em um buraco tão pequeno que você não vai conseguir nem respirar. – Disse antes de sair.

A cirurgia de Lindsay foi um sucesso. Jas acabou tendo que contar detalhe por detalhe do que aconteceu no dia em que Alyssa e o irmão de Damian morreram, era doloroso para ela relembrar que a amiga se sacrificara para salvar sua vida. Damian Cox foi indiciado por tentativa de homicídio (o laudo da perícia realizada na arma constatou que Danny não tinha apertado o gatilho) e enviado para a Casa de Detenção do Brooklyn. Depois de recuperados do trauma, todos seguiram suas vidas normalmente.

Era inverno, as coisas não iam tão bem para a família Taylor, Stella estava mal humorada há dias e não tinha a menor disposição para cuidar da filha, o choro da menina a angustiava, era como se uma força maior a distanciasse da criança. Will tinha percebido há algum tempo que ela evitava cuidar da filha, estava sempre deixando os cuidados do bebê sob responsabilidade dele ou de qualquer amigo que se oferecesse para ajudar. Desconfiava que sua esposa pudesse estar sofrendo de baby blues, ou pelo menos esperava que fosse isso a depressão pós-parto. Guardou suas suspeitas para si, não queria deixar a companheira ainda mais estressada. Há alguns dias Lily vinha tendo febre, mas por conta de não serem muito altas, seus pais (com o aval da pediatra) decidiram tratá-la em casa e esperar para ver como seu quadro evoluía. Will tinha acabado de sair para trabalhar quando Stella notou que a filha estava um pouco mais quente que o habitual.

— Lily, vamos tem que comer. – Insistia com a mamadeira perto da boca da menina, mas a criança se recusava a mamar. – Vamos, você devia ter mamado há duas horas. – Suspirou, suas tentativas não estavam dando certo. – Se eu te pegar você vai começar a chorar. Porque... porque de alguma forma você sabe que eu não tenho ideia do que estou fazendo. Não sei como ser sua mãe. – Tentou pegar a menina do berço, mas ela começou a chorar no mesmo instante. – Eu sei. Sei que não se sente bem, mas se tomasse sua mamadeira, se sentiria muito melhor, vamos lá. – Tentou mais uma vez. – A mamãe vai te segurar, mas você vai ter que mamar, por favor. – Respirou fundo e pegou a menina nos braços tentando dar a mamadeira mais uma vez. A menina gritou e esticou os braços, recusando a mamadeira. Stella a colocou no berço e pegou o celular, discando o primeiro número que conseguiu pensar. – Por favor, para de chorar. – Pediu para a menina, seu choro a deixava profundamente estressada.

— Sim, sou eu de novo. – Falou ao telefone. – Eu sei que você não é babá, mas você é a chefe da pediatria, por isso estou pedindo para que venha até aqui. – Se calou, ouvindo o que a mulher estava dizendo. – Então mande alguém até aqui... já expliquei que preciso de um médico. Você está dificultando as coisas para mim, só quero um pediatra. Ei! Não desligue o telefone na minha cara! – A ligação foi encerrada abruptamente.

Stella jogou o celular na poltrona e levou as mãos ao rosto, precisava pensar em alguma coisa rápido. Lily não parava de chorar, fazendo o estresse de sua mãe aumentar ainda mais. Pegando novamente o celular, o jogou no primeiro vaso que viu, quebrando tanto o celular quanto o vaso.

— Bebês choram. – Disse para si mesma. – E precisam de suas mães. – Ela a observava a uma certa distância do berço, ficava nervosa só em pensar em segurá-la. – Estou sendo ridícula, posso fazer isso. – Se aproximou mais do berço da criança. Lily estava se mexendo, mas não chorava mais. – Você é tão linda. Não mereço um bebê tão lindo... – Pegou a mamadeira que estava na estante próxima ao berço e deu para a menina. Ela amava a filha, sem sombra de dúvidas, mas não se sentia apta para cuidar dela. Tocou mais uma vez em sua testa e percebeu que ainda estava quente, então fez o que achou mais certo, a enrolou em uma manta e a pegou nos braços, estava nevando quando as duas saíram de casa, mas precisavam encontrar ajuda. – Vou fazer essa febre passar, não se preocupe. – Tentava caminhar até o carro, mas o acúmulo de neve dificultava muito sua missão.

Já estavam longe de casa quando o carro começou a falhar, a neve era tão espessa e caía tão rápido que o carro já estava quase todo coberto por ela. Stella tentou dar a partida, mas o carro morria todas as vezes, decidiu então tirar a menina do bebê conforto e sair para tentar encontrar alguém que as ajudasse. Andaram durante muito tempo, a cada passo ficava mais difícil de caminhar.

— Isso não é bom, é melhor voltarmos para o carro. – Stella aconchegou mais a menina para que ficasse mais protegida da neve. – Por onde? – Olhou ao redor. – Não faço ideia de onde estamos. – A neve tinha dado um tom branco para suas roupas, tremia tanto que estava a ponto de congelar.

A ajuda que esperavam cortava a neve com tanta dificuldade quanto elas, Danny mal conseguia enxergar a estrada com toda aquela neve, nem os para-brisas eram capazes de manter toda aquela neve longe.

— E é porque falam de aquecimento global. – Danny brincou.

— Não é porque estamos tendo um inverno rigoroso em Nova York que o planeta não esteja ficando mais quente...

— É bom para refletirmos sobre as consequências dos nossos atos. – Disse. – Quem dirige um carro até aqui com essa neve toda? – Observaram o carro que estava parado na beira da estrada.

— Nós. – Sorriu. – Talvez tenham ficado presos na neve e deixaram o carro para trás.

Estacionaram e saíram para verificar o carro, Danny olhou através dos vidros procurando saber se alguém estava preso lá dentro.

— Danny, esse é o carro da Stella. – Os dois olharam a placa do veículo.

— Tem certeza? – Perguntou.

— Absoluta.

— Então onde está a Stella?

— Está tudo aqui... a Stella levou a Lily com ela. – Disse checando as coisas dentro do carro.

— Podemos seguir as pegadas dela. – Apontou para as pegadas quase apagadas em meio a neve. – Fica no carro, eu vou procurar elas. – Pediu.

— Não, a Stella é a minha melhor amiga... estamos perdendo tempo! – Tomou a dianteira da busca.

— Isso é loucura, nossas pegadas estão sumindo, ainda podemos voltar para o carro e pedir socorro...

— Não, isso vai demorar muito! – Seguiu em frente.

— Lindsay, podemos levar horas procurando a Stella, não sabemos...

— Danny, ela veio por aqui! – Apontou para um lenço no chão.

— Stella! Stella! – Gritaram.

— Danny... meu Deus! – Correu até ela. Stella estava deitada no chão, a nevasca tinha a atingido em cheio. Lindsay a ajudou a se levantar. – Stella, você está bem? – Limpou um pouco da neve que havia em seu rosto. – Cadê a Lily? – Perguntou ao notar que a amiga não estava com o bebê nos braços. – Stella, cadê a Lily? – Olhou para os lados procurando pela menina.

— Ela...

— Stella, cadê a Lily? Cadê a sua filha? – Procurava em todos os lugares que imaginava que ela pudesse tê-la colocado.

— Eu não sei...


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Notas finais do capítulo

Ihhh cadê a Lily?
Até o próximo!



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