Stella escrita por Vic


Capítulo 37
Dano colateral


Notas iniciais do capítulo

Bom dia!
Hoje o capítulo está totalmente apocalíptico, então não estranhem...
Boa leitura!



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Estar em uma encruzilhada significa estar em uma situação muito difícil. A expressão é usada para referir-se a alguém que está em grandes apuros, mais propriamente dizendo, encontra-se em um dilema. Naquele momento, Jas estava em uma encruzilhada, além de não saber o que fazer, ainda tinha o peso de ser obrigada a carregar aquele segredo sozinha, já que o homem não a deixaria revelar isso para mais ninguém. Ela conseguiu entrar no laboratório sem ser vista, por sorte haviam poucas pessoas fazendo trabalho interno naquela tarde, era o momento perfeito para pegar um dos frascos de remédio e sumir de vista. Voltou o mais rápido possível para o beco, mas para seu azar se deparou com Axton jogado no chão sujo. E o pior... Danny tinha desaparecido.

— Onde você está, Danny? – Indagou em um tom melancólico enquanto foi recolher os sapatos que ele havia deixado para trás.

Deixando esses pensamentos de lado, foi até o amigo para checar seus sinais vitais. Seu pulso estava meio fraco, mas ele estava respirando, era isso que importava. Ela o acordou com o máximo de cuidado possível, o ajudou a se levantar e o levou até o carro. Jas estava muito preocupada, pois além dele estar tonto, ainda vomitou duas vezes durante o trajeto até o hospital. Foram direto para o Mercy fazer alguns exames.

O tiro atravessou a porta de vidro numa velocidade assustadora, em questão de segundos Nicholas estava no chão com um único tiro no meio da testa enquanto Lindsay era amparada por Dante, que a abraçava com força. Os olhares de Stella e Will se cruzaram, o lábio inferior da mulher ainda tremia por conta da adrenalina, foi abaixando a arma aos poucos, mas continuou parada, completamente atônita com o próprio ato.

— Você me salvou. – Lindsay murmurou, exibindo um sorriso orgulhoso para a amiga.

Stella tentou sorrir, mas não conseguiu. Então deu as costas e murmurou:

— Tenho que ir buscar minha filha na creche. – Colocou a arma no coldre e saiu sem olhar para trás.

Mesmo sabendo que havia feito a coisa certa, aquela imagem ficaria em sua mente por um bom tempo.

Jas tomou o cuidado de não contar a ninguém o que havia acontecido, não queria alarmá-los com aquela história. Além do mais, planejava encontrar Danny sem a ajuda deles. Para o alivio da dupla, Axton tinha sofrido apenas uma concussão e um pequeno corte na cabeça. A previsão era de que receberia alta no dia seguinte, precisava passar pelo menos um dia em observação.

— Ei, como está? – Jas parou ao lado da porta, colocando apenas a cabeça para dentro do quarto.

— Nem é halloween ainda e já estou fantasiado. – Apontou para a cabeça enfaixada, arrancando uma risada gostosa da amiga.

— Sua mãe está vindo para cá. – Entrou no quarto, aproximando-se mais da cama onde seu amigo jazia. – Como está se sentindo?

— Como se tivesse sido atingido na cabeça com uma barra de ferro. – Ele próprio quis rir da piada, mas sentiu uma forte dor de cabeça que o fez levar a mão até ela.

— É melhor parar com as piadinhas, ou não vai conseguir sair daqui tão cedo. – Alertou em um tom risonho. – Sinto muito por isso... – Sentou-se no pé da cama. – Se eu soubesse que isso ia acontecer... não teria te deixado sozinho com ele.

— Não é culpa sua. – A confortou com um sorriso singelo. – E nem do Danny.

— Cade? – Uma mulher perguntou da porta do quarto.

Jas se virou para responder.

— Não, senhora...

— Sou eu, mamãe. – Axton a interrompeu.

Jas virou para ele com uma expressão de choque.

— Cade? – Tentou não rir, mas era quase impossível.

— Caden Axton. – A mãe dele respondeu com um ar de superioridade enquanto entrava no quarto. – Sou Jill Axton, e você é? – Estendeu a mão na direção de Jas.

— Muito prazer. – Apertou a mão dela. – Jasmin Scarola.

— É a sua namorada, querido?

— Mãe! – Levou as mãos ao rosto. – Ela é minha amiga... casada.

Jas escondeu o riso com a mão.

— Seu nome é Caden? Por que nunca nos contou? – Indagou ainda tentando não rir do nome.

— Porque odeio esse apelido, é por isso. – Deu um longo suspiro.

— Bom... – Riu. – Já que está em ótima companhia, vou deixá-los a sós. – Levantou, cumprimentando mais uma vez a senhora. – Se cuida.

— Desculpa pelo carro! – Axton gritou antes que ela se fosse.

— Não foi culpa sua! – Gritou de volta com um aceno de mão.

Jas saiu do hospital e foi direto para o laboratório, mesmo que Danny fosse contra, ela precisava contar o que estava acontecendo para outra pessoa. A pessoa em questão era Sage, o homem era discreto e saberia manter tudo isso em segredo. Estava evitando Lindsay a todo custo, não queria ser obrigada a falar sobre nada daquilo com ela, contaria apenas com a ajuda de Sage para realizar aquela difícil tarefa.

— Ei. – Sage a cumprimentou quando os dois se esbarraram em um dos corredores.

— Oi. – Respondeu olhando para dentro da sacola que tinha nas mãos. – Encontrou alguma coisa?

— Nada. – Comprimiu os lábios. – Procurei em um raio de cinco quarteirões do beco de onde ele fugiu e não encontrei nenhum sinal dele. – Suspirou. – Acho que ele nem sabe para onde ir.

— Pois é. Acho que ele não foi para casa e nem vai para a casa de ninguém... – Colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha. – Considerando o estado em que ele se encontra... – Suspirou. – Ele não quer que ninguém saiba.

— Sim, e pelo que me contou ele está em um estado de paranoia profunda. – Murmurou. – Ele pode estar caído por aí, ou...

— Não. – Pediu para que parasse com um aceno de mão. – É melhor nem pensar nisso. – Fechou os olhos, apertando-os com uma força contida. – E o que vamos fazer agora?

— Bom... – Colocou as mãos nos bolsos para conter o próprio nervosismo. – Estava pensando em pedir ajuda...

— Não, não. – Negou veementemente. – Não podemos, temos que protegê-lo.

— Temos que encontrá-lo primeiro. – Foi firme, mas seu tom era passivo. – Só assim vamos poder nos preocupar com todo o resto. Mas para encontrarmos vamos precisar de ajuda, vamos precisar de mais gente. – Ele tinha razão, mas Jas não queria que as coisas fossem daquela forma. – No estado em que ele está, tudo é um perigo. Se o encontrarmos logo... há mais chances de o encontrarmos vivo.

— Só preciso continuar procurando. – Disse em um tom de desespero.

— Ele está fora de si, Jas. – Alertou em um tom de censura. – Não sabemos o que foi que injetaram nele, mas foi forte, o Axton está com uma bela de uma dor de cabeça como prova disso. – Comprimiu os lábios e ela abaixou a cabeça, ainda não concordava com aquilo. – Não sabemos onde ele vai e nem o que ele vai fazer. Ele não está sendo ele mesmo agora, precisamos de uma boa equipe se quisermos encontrá-lo. – Suspirou. – É para o bem dele.

— Foda-se esse papo de que é para o bem dele. – Disse mais baixo, não queria que o restante do pessoal os ouvisse. – Contar para os outros não vai fazer bem nenhum para ele. Todo mundo vai pensar que ele vacilou de novo... vão acabar o rotulando de viciado outra vez. – Seu tom era incisivo, mas tentou controlar sua raiva. – Você pode até ter desistido dele, mas eu não vou.

Sage coçou a cabeça desajeitado.

— Eu não desisti do Danny, certo? – Levou a mão ao ombro dela. – Só estou tentando salvar a vida dele.

Jas apertou mais a sacola contra o corpo.

— Colocar um rótulo nele só vai destruir ainda mais a vida dele, não o salvar. – Retrucou com uma certa acidez em sua voz.

— Se não o encontrarmos nas próximas horas, ele vai morrer. – Tentou dar-lhe um choque de realidade. – Não é isso que importa?

— Só... – Fechou os olhos, respirando fundo. – Só não quero entrar no jogo das pessoas que fizeram isso com ele. – Abriu novamente. – Quer dizer... eles queriam prejudicá-lo, e se deixarmos saberem que funcionou... ele irá perder o distintivo.

— Ele tem você e o Axton para corroborarem a versão dele.

— Eu sim, mas não tenho tanta certeza quanto ao Axton. – Confessou em um sussurro. – Acho que ele não acredita que ele possa mesmo ter sido drogado por outra pessoa. Sempre fica aquela dúvida: Será que ele não se drogou sozinho? – Se encararam em completo silêncio. – Sei que ele não está 100% convencido, e sem isso o Danny não vai conseguir convencer o Will, muito menos o pessoal da corregedoria. Ele não vai conseguir e você sabe muito bem disso. Então se não quer me ajudar a encontrá-lo, pelo menos me dê mais um tempinho antes de fazer essa ligação, por favor! – Suplicou, juntando as mãos como se estivesse fazendo uma prece.

Sage suspirou ao ver-se sem saída.

— E o que você vai procurar?

— Não sei. – Negou com a cabeça. – Não sei, mas tenho tudo o que preciso aqui. O remédio para neutralizar o que ele usou, os sapatos dele e uma roupa lim... e se não funcionar com a droga que ele usou? – Mudou de assunto abruptamente, fazendo uma careta.

— Há chances... – Deu de ombros. – Você sabe que pode ter problemas por causa disso.

Ela revirou os olhos.

— Então me prenda. – Brincou.

— Vou fingir que não te ouvi dizer isso. – Arqueou a sobrancelha, levando a mão ao queixo.

Jas umedeceu os lábios e ficou quieta.

— Olha... tem um cara que me deve um favor, o nome dele é Jesse. Talvez ele possa rastrear o celular do Danny. Quem sabe não consiga a localização dele via GPS.

— Isso, boa! – Se empolgou. – É uma ideia maravilhosa. – Guardou a sacola dentro da bolsa. – Faça isso e eu continuarei procurando, e me ligue se descobrir alguma coisa.

— Combinado.

— Obrigada. – Agradeceu com um sorriso singelo. – Sei... sei que te coloquei em uma situação delicada, mas pense na situação em que o Danny está agora.

Ele suspirou.

— Estou fazendo uma exceção. – Deixou bem claro. – Já passei por isso uma vez e se alguém vier me perguntar alguma coisa, direi a verdade.

A expressão de Jas se fechou em uma careta.

— Certo, certo. – Balançou a cabeça. – Eu entendo perfeitamente. Mas vamos torcer para ter a sorte de encontrar ele antes que isso aconteça. – Saiu sem se despedir.

Jas voltou ao beco na esperança de que Danny pudesse ter voltado para lá, mas estava errada.

— Danny! – Gritava enquanto vasculhava cada cantinho do beco imundo.

Seu celular tocou e ela parou para atender, era Sage, talvez tivesse alguma novidade.

— Estou aqui no beco, mas já estava quase indo embora. Seu amigo conseguiu alguma coisa com a localização? – Perguntou com uma certa urgência na voz.

— Sim, acabei de falar com o Jesse. Ele rastreou o celular do Danny até um armazém no píer 45 do Hudson River Park. Ele está lá, a menos que tenha perdido o celular. – Concluiu de uma vez.

— Não estou muito longe de lá. – Disse deixando a alegria transparecer em sua voz. – Estou indo para lá. E você? Onde você está?

— Ainda no laboratório. – Respondeu um pouco mais baixo. – Tem certeza que não quer que eu vá até lá primeiro? Só para dar uma checada...

— Não... tenho que fazer isso sozinha, não quero que ele ataque mais ninguém. – Disse em um tom meio sombrio. – No momento sou a única pessoa em quem ele confia. Acho que consigo acalmá-lo.

— Tudo bem. – Disse com uma certa dúvida. – Me ligue assim que o encontrar, combinado?

Jas respirou fundo antes de responder.

— Combinado. Te ligo daqui a pouco. – Confirmou antes de desligar o celular e seguir em frente.

Ela não sabia, mas estava sendo seguida de muito perto por Lindsay, que ansiava saber onde seu marido estava. Quando chegou ao Hudson River Park, andou por todos os lados chamando o nome de Danny, mas ele não respondia.

— Danny? – Continuava tentando. – Danny! Sou eu! Você está aqui? Sou eu, a Jas! – Gritava a plenos pulmões enquanto subia as escadas para ter uma vista mais ampla do local.

Assim que terminou de subir o último degrau, se deparou com o celular de Danny no chão.

— Oh, meu Deus. – Sussurrou bem baixinho enquanto pegava o celular do chão. – Oh... – Passou os dedos pelo aparelho. – Meu Deus.

Finalmente pegou seu próprio celular e ligou para Sage, como tinham combinado.

— Sou eu. – Respirou fundo. – Estou aqui... encontrei o celular do Danny. Mas ele não está aqui. – Olhou ao redor na esperança de que ele talvez pudesse estar escondido. – Não... não o encontrei em lugar nenhum, mas vou continuar procurando.

— Não, Jas. Temos que contar para os outros, não podemos perder mais tempo. – Negou, tentando falar o mais baixo possível. – Já te dei a chance de tentar resolver isso sozinha...

— Não, não, não. Por favor, me dá só mais algumas horas. – Implorou.

— Isso não vai nos ajudar a encontrá-lo! – Usou seu tom mais firme.

— Encontrar quem? – Stella indagou, o pegando totalmente de surpresa.

Sage se virou para ela, tapando o microfone do celular com a outra mão.

— Oi. – Disse meio desajeitado. – Só um segundo.

— Ei, Sage. – A voz preocupada da amiga chamou sua atenção. – Sage, com quem você está falando? – Esperou uma resposta que não veio. – Por... por favor não diga nada, por favor! Me... me dê só mais uma hora. Sei que consigo encontrá-lo. – Suspirou. – Sage? Sage, está me ouvindo?

— Sim. – Respondeu da forma mais neutra possível, não podia se dar ao luxo de vacilar na frente de Stella. – Certo, te ligo daqui a uma hora. – Encerraram a chamada.

O celular de Danny começou a tocar, era Lindsay que estava ligando. Jas encarou a tela do aparelho como se estivesse encarando sua própria sentença, como ia explicar toda aquela história para ela?

A chuva estava só começando, o vento gelado e os pés no chão faziam Danny tremer cada vez mais. Entrou no primeiro lugar que viu, não era muito confortável, mas pelo menos tinha um teto para se proteger da chuva. O homem passou as mãos nos próprios braços na tentativa de se aquecer e olhou ao redor, foi quando ouviu um barulho de algo se quebrando.

— Jas? – Chamou na esperança de que fosse mesmo ela.

Jas continuava encarando a tela do celular, torcendo para que Lindsay parasse de insistir.

— Por que não atende e me diz onde foi que o meu marido se meteu? – Lindsay questionou em um tom áspero e raivoso enquanto segurava seu celular no ouvido. Jas se virou para ela de uma vez, encarando-a da mesma forma que havia encarado o celular de Danny.

— E então... encontrar quem? – Stella repetiu a pergunta.

— Oi, Stella. – A cumprimentou com um beijo no rosto. – O que está fazendo aqui?

Stella estranhou o comportamento do amigo, mas o cumprimentou mesmo assim.

— Preciso começar o meu relatório sobre o incidente de hoje de manhã. – Respondeu coçando a cabeça. – E você? Quem está procurando?

Sage coçou a nuca e tentou pensar em uma desculpa.

— Um amigo... você não conhece. – Tentou abrir um sorriso.

— Certo... – Arqueou a sobrancelha meio desacreditada. – Boa sorte então. – Se despediu com um sorriso e saiu.

Lindsay se aproximou lentamente de Jas, dava para ver que estava muito brava com ela.

— Por que é que está com o celular do Danny? – Questionou deixando sua irritação bem evidente. – Onde é que ele está?

— Não sei. – Respondeu de uma vez.

— O caralho que não sabe. – Foi o mais ríspida possível, surpreendendo Jas com essa atitude, ela nunca tinha visto a amiga se comportar daquela forma. – Eu te ouvi naquele beco. Você não é a única em quem ele pode confiar? – Arqueou a sobrancelha debochando dela.

Jas fez uma careta.

— Estava me seguindo?

— Só estou tentando encontrar o meu marido.

— Bom... não posso te ajudar com isso. – Retrucou com a mesma rispidez.

— Não, é claro que não. – Revirou os olhos. – Você nunca pode me ajudar. – Jas cruzou os braços e continuou calada. – Isso nem me surpreende, está tentando roubar o meu marido, não é isso?

Jas passou as mãos no rosto e suspirou.

— Olha... nem vou tentar me defender. – Colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha. – Até porque eu sei o que realmente aconteceu.

— Está tentando eliminar a concorrência, não é? – A olhou de cima a baixo.

— Não tenho tempo para isso...

— O que tem na bolsa? – Nem esperou a resposta e já foi puxando a bolsa dela.

— Não, me devolve. – Agarrou a bolsa, puxando-a. – Por favor!

— Onde está o Danny? – Deu um último puxão na bolsa, tirando a sacola de dentro.

— Já disse que não sei! – Gritou, ainda tentando recuperar a bolsa.

Lindsay olhou para dentro da bolsa.

— Então por que está com os sapatos dele? – Retirou os sapatos da bolsa e mostrou para ela. Dessa vez tinha conseguido deixar a mulher sem palavras.

Conforme foi investigando a bolsa da amiga, foi descobrindo mais segredos para usar contra ela.

— O que está fazendo? – Olhou para o frasco que tinha nas mãos e depois para a mulher. – Isso daqui é do laboratório? – Continuou vasculhando a bolsa dela. – Em quem pretende usar isso?

— Você pirou de vez. – Tentou tomar a bolsa dela, mas Lindsay desviou, tirando a bolsa de seu alcance.

— E é por isso que você vai ser suspensa? – Ameaçou, fazendo Jas ficar paralisada. – Por que é tudo coisa da minha cabeça?

— Não faz isso... – Mordeu o lábio inferior por conta do medo. – Não é nada disso que você está pensando.

— Agora está traficando drogas no seu tempo livre? – Colocou a bolsa de Jas no ombro. – O que será que o Will vai achar disso?

— Não pode dizer nada para ele. – Pediu em um sussurro.

— É claro que posso. – Retrucou com deboche. – A questão aqui é se um escândalo como esse seria o suficiente para acabar com a sua carreira? – Arqueou as sobrancelhas. – Acho que é justo, já que você está tentando acabar com o meu casamento.

Ela tirou o celular do bolso e começou a discar um número, foi quando Jas se desesperou.

— O remédio é para o Danny. – As duas se encararam. – Ele está precisando.

— Por quê? – Não teve resposta. – Me diz, ou vou ligar para o Will!

— É para neutralizar as drogas no organismo dele. – Disse rapidamente.

Lindsay suspirou profundamente e desistiu da ligação.

— Eu sabia... – Fechou os olhos. – Eu sabia que isso ia acontecer.

— Não, você não entendeu. – Tentou defendê-lo. – Não é...

— Eu sabia que ia dar tudo errado se ele pegasse aquele caso. – Passou as mãos no rosto em desespero. – Sabia que ele podia cair em tentação... e aí você aproveitou e foi lá ser o apoio dele.

— Não. – Pediu uma pausa com a mão. – Eu... eu... eu nem sabia de nada.

— Esse vício é coisa do passado. – Falou por cima dela. – Ele não pode pensar que não tem nenhum problema comprar drogas.

— Mas isso é mesmo passado.

— Claro. – Foi irônica. – E é por isso que você precisa tanto encontrá-lo? Para encher ele disso aqui! – Sacudiu a sacola na direção dela. – Com essa porcaria aqui!

— Você não confia nem um pouquinho nele? – Indagou incrédula.

— Bom... – Passou as mãos no rosto. – Pelo visto, você confia muito mais do que eu.

— Ele não está se drogando. – Pontuou com firmeza.

— Me diz o que foi que aconteceu. – Pediu, dando uma chance para que ela explicasse tudo.

— Alguém drogou ele.

Ela a encarou sem saber se acreditava ou não.

— Ele te disse isso?

— Foi. – Sorriu. – E eu acredito nele.

Lindsay umedeceu os lábios.

— Não importa como aconteceu... o que importa é que ele está drogado. – Murmurou para si mesma. – E agora parece que você é a mulher mais importante da vida dele, mas você não vai atrás dele sozinha. Nós vamos encontrá-lo juntas. – Ao terminar de dizer isso, Lindsay deu um longo suspiro e se apoiou no corrimão.

— Lindsay, está tudo bem? – Perguntou ao notar que a mulher parecia estar chorando.

— Que porra de pergunta é essa? – Virou para ela. – Meu marido está perdido e drogado, ninguém sabe o que pode estar acontecendo com ele. – Retrucou em um tom ríspido. – E sabe o que é pior? É você não ter nem pensado em me ligar. Eu sou a mulher dele, porra! Qual é o seu problema?

— O Danny me pediu para não contar! – Gritou por cima.

— Meu Deus! – Colocou as mãos no rosto. – Ele nem se lembra do próprio nome! E por que é que você foi prometer alguma coisa para ele, vendo que ele estava completamente fora de si? Você é uma policial, pelo amor de Deus!

— Fui ao laboratório pegar o remédio... – Tentou explicar. – Tentei ajudar...

— Se você tivesse mesmo tentado ajudar, teria levado ele para o hospital! – Gritou, interrompendo a outra.

— Beleza. – Foi a vez de Jas a interromper. – Não tenho tempo para isso. Eu poderia estar fazendo qualquer outra coisa agora, mas estou atrás do seu marido que foi drogado com alguma coisa que eu nem sei o que é... – Disse atropelando as palavras. – Tenho que levar o remédio dele. – Tomou a bolsa das mãos dela e correu para as escadas.

— Alguém vai levar, mas não vai ser você. – Foi na mesma direção, segurando-a pelo braço.

— O que pensa que está fazendo? – Jas tentou puxar o braço, mas a outra o segurava com muita força.

— Eu não estou nem aí! – Travou os dentes. – Vou contar o que está acontecendo para quem for preciso. Vou gritar para quem quiser ouvir que o Danny está se drogando de novo, se isso me ajudar a levá-lo para casa em segurança.

Jas segurou firme a bolsa em seu ombro.

— Não vou deixar isso acontecer. – Sussurrou no tom mais ameaçador possível.

Lindsay mostrou os dentes para ela em um sorriso dissimulado.

— Não estou pedindo a sua permissão. – Dito isso, ela tentou arrancar a bolsa da outra, que num impulso também a puxou, dando início a uma disputa pela bolsa.

Jas não sabe dizer como, mas entre um puxão e outro, Lindsay se desequilibrou e rolou o restante dos degraus, indo parar lá embaixo. Ela desceu o restante dos degraus quase correndo e ajudou a amiga a se levantar, levando-a até seu carro.

— Me deixa colocar o cinto em você. – Jas se esticou para puxar o cinto, mas Lindsay a empurrava, se recusando a usá-lo.

— Não. – Empurrou seus ombros. – Sai para lá. Me deixa em paz. – A empurrou com mais força, fazendo-a desistir de tentar ajudar. Jas colocou seu cinto e ligou o carro, estava pronta para retornar ao Mercy.

— E a sua cabeça? – Perguntou ao ver que a mulher estava meio sonolenta. – Parece ter sido uma concussão, então você precisa ficar acordada. – Pediu enquanto se certificava de que ela não ia dormir. – Continue falando comigo, combinado? Tudo bem?

— Nós duas sabemos o que aconteceu. – Resmungou. – O que você me disse lá... e como quase me matou.

Jas a encarou assustada, não podia ser acusada de algo daquele tipo. Seguiram seu trajeto mesmo com os eventuais bate-boca. A chuva estava forte e dificultava a visão da estrada, era ainda mais difícil com Jas tendo que tirar os olhos da estrada de vez em quando para verificar se Lindsay ainda estava acordada.

— Lindsay, não dorme. – Insistia, deixando de prestar atenção na estrada para olhá-la. – Ei, acorda. Você precisa ficar acordada, certo? – Disse mais alto, mas a outra não acordava. – Lindsay, vamos. Abra os olhos. – Tirou uma mão do volante e usou para cutucá-la. – Anda. – Lindsay resmungou, mas não abriu os olhos. – Abre os olhos. Não morre, pelo amor de Deus. Não morre aqui. – Continuou insistindo enquanto tentava prestar atenção na estrada.

— Você quer que eu morra...

— O quê? – Fez uma careta para ela. – Não, isso não é verdade.

— É claro que é. – Sussurrou bem baixinho. – Foi por isso que me empurrou daquela escada.

— Não, não foi isso que aconteceu. – Se defendeu. – Foi um acidente, eu não te empurrei.

— É sempre um acidente com você... – Murmurou. – Não tem nem coragem de admitir... que quer que eu morra. – Ao terminar de dizer isso, voltou a ficar inconsciente.

— Não... – Sussurrou. – Lindsay, Lindsay! – Voltou a cutucá-la. – Lindsay!

— Acelera, Chad. – A mulher no banco do passageiro dizia enquanto tentava falar com alguém ao celular.

— Calma, já estamos chegando. – Chad tentou acalmá-la, acelerar em uma chuva daquelas era muito arriscado.

— Lindsay! – Jas gritou, deixando a estrada totalmente de lado.

— Chad, cuidado! – A mulher gritou, usando os braços para proteger o rosto ao ver que o outro carro estava quase em cima deles.

Tudo aconteceu muito rápido, nenhum deles teve tempo para reagir. Em questão de segundos foram jogados para fora da pista. Infelizmente eles eram o dano colateral de toda aquela situação.


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Notas finais do capítulo

É pau, é pedra, é o fim do caminho...
Até o próximo!



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