The girl from LA escrita por Ka Howiks


Capítulo 7
Capítulo 7: Todos tem um segredo


Notas iniciais do capítulo

Olá meus leitores! Como vão?

Primeiramente, gostaria de agradecer os comentários. Eles estão me deixando tão feliz...E segundamente, aqui vai mais um capítulo para vocês, espero que gostem.

Beijos e boa leitura.



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Pov Oliver Queen

 

Não me lembro bem como dormi. No momento em que deitei na cama e senti meu corpo ficar agitado, tentei a todo custo fechar os olhos e me jogar naquele precipício indecifrável que era o sono. Claro que não foi fácil, as últimas vinte e quatro horas foram tensas, nos levando ao limite.

 

Me levando ao limite.

 

Tanto que quase beijei Felicity.

 

Duas vezes.

 

E eu queria tanto beijá-lá…

 

Meu corpo se retraiu em desejo com a lembrança. Ela estava tão linda naquela noite ao lado da fogueira, tão encantadora...Mas eu não podia, não podia me aproveitar de um momento como aquele.

 

Principalmente depois de ouvir um pedaço de sua história.

 

Ela havia perdido um filho.

 

A dor em seu olhar ao me contar aquela tragédia me destruiu. Ela parecia tão frágil, que eu acreditava que se triscasse nela, desabaria. Deveria ser uma dor imensurável. A perda de um filho ia contra a lei natural da vida de todas as maneiras possíveis. Mas Felicity estava ali.

 

Lutando

 

Tentando sobreviver 

 

Ela não queria sobreviver, mas sim viver, e aquele seu desejo com a voz fraca e um misto de desespero apertaram meu coração. 

 

“Viver”

 

Uma tarefa tão difícil, e ao mesmo tempo, quando levada de uma maneira leve, poderia ser considerada fácil. Fácil não, mas suportável, sim, essa seria a palavra correta.

 

Suportável.

 

Por mais que muitas vezes, tenhamos vontade de desistir.

 

Claro que eu já havia pensado na hipótese, e não sinto vergonha em admitir. Em meus tempos quando tenente, quando finalmente descobri o que era dor, mas não tinha ideia de como pará-la, essa foi minha primeira solução. Era simples, pegaria um revólver, ligaria para Thea e minha mãe antes, e depois…

 

Depois iria ao encontro do mistério que era a tão temida escuridão.

 

Esse foi meu pensamento por dias. Principalmente após a perda de uma pessoa querida que eu jurei proteger.

 

Mas não protegi 

 

E me martirizava por isso.

 

Eu ainda a via em meus sonhos, me chamando, clamando por ajuda. Se eu pudesse salvá-la, se pudesse voltar anos antes...Ah.

 

Era impossível.

 

E essa culpa me pertenceria para sempre.

 

Notei que havia me descontrolado ao cortar um tronco ao meio de uma vez só. Estava pegando lenha para o restaurante, era cedo, e eu queria agilizar as coisas. Limpei minha testa, a fim de me concentrar, mas meus pensamentos estavam descontrolados, me levando ao dia anterior, onde mais  coisas aconteceram. Levei um tiro, um quase tiro pra ser mais preciso. Sei que fui idiota, mas meu sangue ferveu ao ver Billy toca-lá, e por conta daquele idiota Felicity estava com medo. E se ele a tocasse outra vez…

 

Eu não responderia por mim.

 

Sua presença ao meu lado no acampamento era um lembrete diário do porquê que eu não podia parar minha vigilância. Estávamos em um local inimigo, éramos indesejáveis, e se fosse necessário que eu atirasse em alguém para protegê-la, assim faria. Montei minha farda.

 

Me lembrei de meus dias de campo.

 

E assim fiquei, menos quando estava com Felicity.

 

Ela era uma exceção a tudo.

 

Fiquei um pouco incomodado ao vê-la olhar tão detalhadamente minhas cicatrizes. Já estava acostumado, era sempre um horror quando as pessoas as viam, e por esse motivo, além de evitar perguntas, eu raramente as mostrava, somente para pessoas da minha família. E ainda sim…

 

Ainda sim era difícil.

 

Extremamente difícil.

 

Então como foi tão fácil me abrir com ela?

 

Quando dei por mim, estava compartilhando meus segredos. Em momento algum me senti pressionado, ou incomodado, apenas me senti livre, sem julgamento. A compaixão de Felicity aqueceu meu coração, ela não precisava falar, eu conseguia sentir. Era assim que funcionamos. Eu a entendia, sabia quando estava incomodada ou prestes a ter uma crise, e ela, também sempre com uma história engraçada para me tirar de meus tormentos, retribuia nossa conexão, que até ontem, não percebi que estava tão forte.

 

E estava

 

E isso era assustador.

 

Nunca fui bom com sentimentos, porém sabia reconhecer algo poderoso. Mas não era simples, havia pedaços de sua história que eu não conhecia, e tudo bem, ela me contaria caso se sentisse confortável. Eu também continha os meus segredos.

 

Nós dois éramos complicados.

 

Cada um com seus demônios.

 

E ainda havia o marido, ex marido na realidade. Não sabia onde ele estava, ou se ainda se se falavam, mas sabia que ela o amava. Todas as vezes que me falava sobre ele estava triste, talvez chateada, era difícil, nesses momentos em que ela se prendia em seu mundo, lê-la. No exército era minha especialidade.

 

Mas aqui era a vida real.

 

Onde eu ficava no escuro.

 

Por seu tom eles não voltariam, mas mesmo assim eu não queria acelerar as coisas. Ontem foi um dia fora do comum, eu não deveria estar o levando em consideração.

 

“Mas está'' .- uma voz sussurrou.

 

“Ela tirou o anel.”-lembrou outra.

 

Fechei os olhos. Sim, eu havia visto seu pequeno momento quando fui levar o chá, mas não quis interromper. Aquilo poderia significar alguma coisa, para ela é claro. Felicity era uma pessoa boa, precisava de tempo, e eu não queria forçar nada.

 

Gostava dela.

 

“ Até demais….

— Inferno.- reclamei com mais uma voz.- Vai ser assim o dia todo?

— Assim como?

 

Imediatamente me virei. A porta dos fundos estava aberta, e uma Felicity, já trajada com suas roupas do dia anterior, me observava com um pequeno sorriso. Uma parte de mim ficou desapontada por vê-la assim, estava contando em encontrá-la vestida com minha roupa mais uma vez. Ela estava encantadora, tão encantadora que eu pareci um completo idiota ao seu lado ontem a noite. Larguei o machado e retribui seu sorriso.

— Dormiu bem?-perguntei.

— Sim e você?- seu rosto mudou, os traços entre suas sobrancelhas estavam acentuados, e os lábios, entreabertos, aguardavam uma resposta. Não entendi.

— B-bem.- gaguejei, sua expressão piorou.- O que foi, Felicity?

— Nada.- mentiu, mordendo os lábios. Cruzei os braços, a encarando fixamente.

— Nada?- perguntei desconfiado.- Então por que está com essa cara?

— É a minha cara normal.- rebateu.

— Não, não é. Parece preocupada.- semicerrei os olhos, quando de repente, meu coração acelerou. 

 

Não, não podia ser isso.

 

Ou podia?

 

Não, claro que não.

 

Retribui seu olhar. Eu agora estava tenso, minha garganta parecia fechada, e Felicity, notando minha postura se aproximou, dei um passo para trás, o que a fez parar onde estava.

— Oliver…

— O que você viu?- Prendi a respiração, e por julgar seu olhar, era claro que minhas suspeitas estavam corretas. Senti vontade de correr.- Felicity…

— Não precisa sentir vergonha, foi um pesadelo.- tentou me ajudar. Balancei a cabeça, irritado comigo mesmo.- Passamos por uma situação estressante, isso se manifesta de alguma forma. É completamente normal em ex combatentes de guerra terem isso.

— Isso o quê?- perguntei incomodado.

— Terror noturno.- explicou.- Há quanto tempo você tem os pesadelos?

 

Ficamos em silêncio. Era algo pessoal, algo que ela jamais deveria ter visto, assim como Thea.

 

Mas ela viu.

 

E agora eu estava apavorado.

— Não importa.- peguei o machado, me concentrando em cortar os galhos.

— Alguém sabe?- continuou. Fechei os olhos.- Sabe que há maneiras de aliviar isso, não é?

— Não estou interessado.

— Deveria.

— Não é importante.

— Claro que é... Oliver, eu estou falando com você.

 

Seu tom mais incisivo, com o toque em meu ombro me fizeram levantar. Larguei novamente o equipamento e encarei o fundo de seus olhos, que embora aborrecidos, eram preocupados. Eu estava sendo um idiota e um completo filho da mãe. Ela estava ali, tentando me ajudar, e em troca eu apenas a ignorava e estava sendo grosseiro. Suspirei fundo e segurei seus ombros.

— Me desculpe.- pedi.- É que…- balancei a cabeça.- É complicado explicar. Não gosto de falar sobre isso, não gosto que as pessoas saibam, não gosto que você saiba.- Felicity entreabriu os lábios.- Não que eu não confie em você, eu confio. Muito.- sorri desesperado.- Mas isso é algo que eu lido há anos, por conta de coisas que eu fiz.

— Acredito que, seja lá o que for, são justificáveis.- falou em tom baixo.

— Gostaria de pensar assim, mas não penso. É uma parte da minha história que eu não estou pronto para compartilhar, ainda.— deixei claro.- Pode esquecer isso?

— Não quero que me conte, quem sou eu pra exigir alguma coisa de alguém quando eu própria quase não falo da minha vida?

— Eu não quis dizer isso…

— O que eu estou falando, é que quero que me conte somente quando se sentir pronto.- me interrompeu. Seus traços se suavizaram.- Mas me preocupo com você, Oliver.

— Eu sei, eu me preocupo com você também.- sorrimos juntos.

— Quando seu carro está quebrado, o leva ao mecânico, não é?- perguntou. Assenti, confuso.- Quando a mente está quebrada, tem que levá-la ao mecânico de mentes, é assim que funciona.- sorri com sua analogia.

— Não sei não.- suspirei, Felicity segurou meu rosto.

— Mente pode ser perigosa quando fora de controle, digo por experiência própria.- apertei seu ombro, querendo protegê-la.- Não quero que isso aconteça com você. E digo isso porque me importo.

— Se importa comigo?- eu havia notado seu cuidado comigo ontem, ao oferecer os remédios, mas agora, vendo novamente seu afeto, não podia estar mais emocionado, e com vontade de beijá-la mais uma vez.

— Claro que sim. Ou tenentes não precisam de proteção?- brincou, me fazendo rir.

— Gosto quando me chama assim.

— Tenente?- arqueou as sobrancelhas. E sim, eu gostava. A autoridade em sua voz tornava tudo incrivelmente sexy, deixando meus pensamentos um pouco impuros. Já havia imaginado ela me chamando assim.

 

Em outras situações.

 

E que situações prazerosas…

 

Me desviando do precipício perigoso, respondi em meu melhor autocontrole.

— Exatamente, doutora.- seus lábios se entreabriram em um meio sorriso, onde me perdi por segundos.

— Acho…- seu olhar também estava em minha boca.- Acho que…

— Cadê o dono desse bar? Não acredito que esteja dormindo ainda, Ollie.

 

Por céus, eu mataria Tommy.

 

Nos afastamos imediatamente, afetados. Limpei a garganta, tentando mascarar o meu desejo em bater, com meu punho já preparado, na cara de meu amigo. Ela diria alguma coisa, e por sua culpa, eu não saberia do que se tratava. Trinquei o maxilar. Talvez eu o convidasse para ir à academia Al Ghul, e lá descontaria minha raiva. Sorri.

 

Parecia maravilhoso.

 

Já conseguia imaginar seu corpo caindo no tatami.

 

Tommy enfim apareceu, sorridente.

— Oie Lis.- a abraçou, jogando seu braço ao redor de seu pescoço.- Como está?

— Bem, eu acho.- notei que ainda estava nervosa.- Preciso ir à pousada e me livrar dessas roupas.

— Você está cheirando bem.- deu um beijo em sua bochecha.

— Se Helena o vir fazendo isso vai querer me matar.

— Não temos nada.- justificou.

— Então por que não conta a ela?- o sorriso de Tommy se desmanchou.- Covarde.

 

Tampei a boca com as mãos, abafando a risada. Tommy, quando se tratava de relacionamentos, era a pessoa mais perdida na face da terra, e ver Felicity o colocando contra a parede era maravilhoso.

 

Talvez isso fosse melhor que socá-lo.

 

Não, ainda preferia o soco.

— É completamente compreensível e-e…- gaguejou.- Não vim aqui para falar de minha vida, temos assuntos mais importantes.

— Temos? Por mim ficamos neste tópico.- provoquei. Essa seria minha diversão do dia.- Talvez se ela soubesse da mulher da parte oeste…

— Que mulher da parte oeste?- Felicity se virou para Tommy.

— Ele não contou que dormiu com uma paciente? Caramba Tommy.- o suspiro chocado de Felicity, misturadas a feição irônica de meu amigo estavam deixando meu dia maravilhoso.

— Você dormiu com uma paciente?- se desvencilhou de seu braço.- É por isso que Quentin me mandou um dia desses a casa de uma moça? Nia o nome.

— Nia. Ela mesma.- continuei.- Por que não conta a ela Tommy?

— Você é um péssimo amigo, tá? Eu deveria ir embora.- dramatizou. Felicity revirou os olhos.- Mas vim aqui dizer que você- apontou para Felicity.- Está de folga. Hoje e amanhã.

— Mas…

— nada de “mas”. Ordens de Quentin. E qual é, vai poder se divertir um pouco.- tentou animá-la.- Além disso, Sara e Thea estão vindo pra cá.

— Mas…

— O que eu falei sobre os “mas”, Lis?- Felicity fechou a cara.- Sei que se divertiria mais comigo. Não precisa ficar triste, você me vê todo dia, e sei, não é o suficiente.- revirei os olhos.

— Você tem um ego enorme, sabia disso?- impliquei. Tommy sorriu pra mim.

— E você tem um orgulho enorme, sabia disso?

— Vejo que já estão se entendendo. Vou entrar e comer alguma coisa.- falou Felicity.- Se comportem, meninos.

— Pode deixar.

 

Tommy bateu continência, fazendo Felicity sorrir. A vi desaparecer, e logo em seguida, Tommy jogou seu braço sob meu ombro, me trazendo para perto.

— Me tratou mal assim porque interrompi vocês, não é?

— Na...Não é da sua conta.- me desvencilhei, pegando o machado. Tommy riu.

— Apaixonado? Quem diria.- zombou.- Formam um bonito casal, se quer saber. Tem meu apoio.

— Eu o apoio a sair daqui, agora.- mandei.

— O cara do machado está irritado, deixa eu sumir. E Oliver…- parou na porta, ergui a cabeça.- Tenta babar menos quando ela falar, tá? É bem perceptível.

— Vai se ferrar.

 

E ao som de sua risada, voltei a minha tarefa inicial. Escondi um sorriso, pois se Tommy o visse estaria perdido.

 

“ Babar menos”

 

Eu estava disfarçando tão mal assim?

 

***

Felicity, com a chegada de minha irmã e Sara foi acompanhada até a pousada. Pelo o que entendi, as três passariam o dia juntas, entretendo Felicity das maneiras mais inimagináveis possíveis. Claro que fiquei contente, e de certa forma, aliviado. O medo poderia ter passado, mas o trauma…

 

Levaria um tempo até ela se acostumar.

 

Abrimos o bar, e a cada cerveja que eu servia era composta com uma rodada de perguntas. Diggle notou que eu estava perdendo a paciência, e pediu, carinhosamente( em voz de comando), para que eu fosse descansar. Me repreendeu por estar trabalhando ferido, mas o machucado da bala estava quase esquecido em minha memória. Doía quando me esticava um pouco, mas era suportável. Tentei ficar em casa, mas após andar de um lado para o outro e me entediar, decidi sair. Nem mesmo um livro me prendeu, minha mente não parava.

 

Precisava ocupá-la.

 

Quando dei por mim, havia estacionado em frente ao chalé. A equipe que com a ajuda de Thea, Pollard contratou estava na frente, finalizando os últimos detalhes. Na parte de dentro, eu, Tommy, John e Roy decidimos que terminaríamos, já que a equipe chegou um bom tempo depois do início das obras. Cumprimentei dois caras do lado de fora quando entrei, me deparando com Roy, concentrado em arrumar a lareira. Arregacei as mangas e fui ao seu lado.

— Harper.- cumprimentei, o ajudando a colar as pedras.

— Graças a Deus.- suspirou ao dividir o peso comigo. Ri de seu desespero.

— Para sua sorte estou aqui.

— Não deveria.- falou com a voz arrastada por conta do peso. Encaixamos a pedra e nos afastamos, ofegantes.- Você foi baleado.- continuou, ofegante.

— Foi de raspão.- lembrei.

— Ainda sim foi baleado.- me observou.- Não consegue ficar parado, não é?

— Sabe que não.- resmunguei, puxando duas cadeiras solitárias para nos sentarmos.- Dig me proibiu de trabalhar e Thea…

— Thea tirou o motivo que o faria não ligar para o trabalho hoje. Entendo.- arqueou as sobrancelhas, divertido, enquanto eu revirava os olhos.- Como Felicity está?

— Assustada.- respondi. Meu ódio por Billy era tanto que eu facilmente quebraria seu nariz sem ligar para a dor em minhas juntas.- Billy a ameaçou.

Filho da puta.- xingou, irritado.- O que fizeram com vocês?

— Nada, ou quase nada. Slade estava ferido, como Thea já deve ter lhe contado- Roy sorriu. Minha irmã falava de Helena, mas após a Bertinelli, era a segunda pessoa que mais sabia das notícias em Virgin River.- então fizemos um trato. Mas houve um momento em que Slade estava desacordado, e Billy se achou no direito de alguma coisa.- minha mente voltou ao momento, onde Malone, com a arma engatilhada, tocou em Feliicty.- Ele ia machucá-la.

 

Minha voz, para minha surpresa, soou mais raivosa do que eu pretendia. Eu não sabia o porquê, mas só ao imaginar a possibilidade de Malone se aproveitar ou de machucar Felicity, meu monstro interior, despertado em guerras, tomava o controle. Eu não agia bem, muito menos pensava, apenas queria protegê-la.

 

Como fiz ao desafiá-lo.

 

Esquecendo completamente que estava com o revolver.

 

Suspirei, enxugando a testa como se estivesse suado, e apoiei meu cotovelos em minhas coxas, encarando o chão.

— Foi assim que ganhou o ferimento.- Roy não perguntou, fora uma afirmação. Apenas assenti meramente com a cabeça.- Tem que tomar cuidado, Oliver.

— Iam machucá-la. Eu não iria permitir, eu não podia.— o encarei, angustiado.-E quando ele a tocou, céus, eu perdi o controle.

 

Ficamos alguns minutos em silêncio. Eu sentia o olhar de Roy em mim, pensativo e sério. O encarei mais uma vez.

— Gosta dela, né?- suspirei.

— Temos uma boa amizade, e isso não importa.

— Importa para Slade.- minhas costas arrepiaram. De repente meus ombros se tornaram rígidos e minha boca ficou seca.- Ele não gosta de você.

— Eu sei.

— Está o dando cada vez mais motivos para que caçe você. Sem contar a última quando deu informações sobre o carregamento de drogas naquela fazenda para seu amigo, que o custou milhões.

— Era a fazenda de Pollard. Ela não sabia o contrato que estava assinando. Perderia tudo.- o lembrei. Billy uma vez tentou comprar a fazenda da prefeita por um preço baixíssimo, onde começaria uma nova plantação de drogas ilegais, realmente ilegais. Acabei por descobrir do que se tratava e a avisei, assim como um de meus antigos colegas da polícia.

— Eu sei. E é muito nobre suas ações. Mas elas também são perigosas, Oliver. Não queremos que nada aconteça com você.

 

A voz de Roy fora preocupada. Ergui o olhar, notando sua angústia e apenas sorri. Ele era parte da família, havia perdido os pais e morava com a avó. Nossa família havia virado sua base também, e eu sabia o quanto ele temia em perder qualquer um de nós.

— Nada vai acontecer.- tentei o tranquilizar.

— Você não sabe.- cruzou os braços, irritado.

— Eu sou o responsável aqui, então se lhe digo uma coisa você concorda, ok?- Roy suspirou, contrariado. Ele tinha a mesma idade de Thea, e nossa relação era quase a de um irmão mais velho cuidando do menor. No caso eu era o mais velho, e não queria que se preocupasse com minhas ações.

 

Mesmo que, como o próprio ponderou, fossem perigosas.

 

Eu sabia disso.

 

Ainda mais por meu passado com Slade, que poucos sabiam.

 

O dei uns tapinhas no ombro e me ergui, encarando ao redor.Estava quase pronto, na realidade, ainda faltavam algumas coisas, mas já estava ficando muito bom.

— Como Thea vai saber o estilo de Felicity?- perguntei, cruzando os braços.- Ela pode achar um tapete adequado, mas Felicity não.

—Ela é sua irmã, acha mesmo que há algo que Thea não consiga descobrir?

 

Balancei a cabeça divertido. Voltamos a encaixar as pedras, quando um sorriso me escapou.

 

Era claro que Thea descobriria como decorar a nova casa de Felicity.

 

E eu estava extremamente curioso em descobrir como.

 

***

 

A tarde, pelo o que pude notar, se passou mais rápido do que eu acreditei que seria. Após finalizarmos a lareira, ajudei Roy a arrumar uma parte do banheiro, qual eu tinha certeza de que Felicity amaria quando visse. Eu não sabia se estava mais animado com o fim das obras ou com a reação de Felicity ao ver tudo pronto.

 

Talvez os dois.

 

Voltei ao restaurante, e trabalhei, mesmo diante dos protestos de Dig, que havia ficado irado quando o liguei, avisando que não precisaria ir mais ao chalé, pois eu já estava ajudando Roy. Seu olhar irritado, misturado aos resmungos e sermões de que eu precisava me cuidar, me avisaram para não brincar com ele hoje.

 Estávamos bem movimentados hoje. Atendi diversas mesas, cozinhei mais comida, pois a que fizemos estava próxima de acabar, e servi algumas bebidas. Tommy, ainda com o jaleco abriu a porta rindo abertamente, com uma mulher que trajava um sobretudo azul escuro, carregando uma mala. A mesma parecia encantada com Tommy, e o lançava sorrisos( ao meu ver) com segundas intenções. Ao virar o rosto, deixando seus cabelos castanhos escorrerem para o lado, imediatamente soube quem era. Já havíamos conversado pouco e Felicity me mostrou diversas fotos das duas juntas. Ambos se aproximaram.

— Olha só quem eu encontrei perdida.- sorriu Tommy, quase me fazendo revirar os olhos. Seu charme ao conquistar uma mulher triplicava em situações como essas.

— Senhorita Snow, enfim nos conhecemos.- sorri, esticando a mão.

— Ah, por favor. Me chame só de Caitlin, Já somos amigos, Oliver.- sorriu, retribuindo o aperto.

— O que a trás em Virgin River? Felicity não me falou de sua vinda.

— Ela não sabe. Mas vai amar.- seu sorriso se tornou forçado de repente, como se custasse acreditar nisso.

— Ali está ela.

 

A voz de Tommy me fez olhar até a porta. Aparentemente ela estava melhor, bem humorada ao lado de Thea e Sara, mas no instante em que seus olhos se encontraram com Caitlin, seu sorriso desmanchou mesmo ao ser abraçada.

— Ca...Caitlin?- perguntou, surpresa.- O que faz aqui?

— Vim resgatar a minha irmãzinha. - respondeu, se afastando. Ambas se encaravam - Temos muito que conversar.

 


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Notas finais do capítulo

Teremos um "casos de família" no próximo capítulo? KKKK.

Não esqueçam de comentar.

Beijos e até a próxima!



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