O entremeio escrita por Lyn Black, Indignado Secreto de Natal


Capítulo 4
capítulo 3 - parkinson


Notas iniciais do capítulo

desculpa a demora, lara! feliz ano novo ♥



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Capítulo 3

Parkinson

 

Aquele tinha sido definitivamente o pior ano da sua vida, Pansy pensou ao aparatar na frente do Hospital St. Mungus. Não tão horrível quanto o de muitos de seus colegas, ponderou, mas tenebroso em si mesmo. Após o fim da batalha, ela decidiu que iria fazer o impossível para não pensar no que implicou ter a atenção de Alecto Carrow sobre si nos últimos meses. Se isso significasse gastar uma quantidade absurda de galeões em Poção do Sono sem Sonhos, assim seria. Nada disso importava mais, certo? Ela não pisaria os pés em Hogwarts nunca mais, e não teria que encontrar os rostos das crianças assustadas que, para o seu horror, acabaram encontrando conforto em sua rispidez e praticidade durante o ano letivo. Ela não teria imaginado que a Sonserina se tornaria, de fato, uma espécie de ninho, mas com a passagem dos meses, eles aprenderam que as punições não eram exclusivas para rebeldes insistentes. Um olhar percebido como atravessado para os Carrow era suficiente, e pouco importava a pureza do seu sangue quando você estava no chão sob alguma maldição. 

Nesse sentido, sim, ela havia falado para entregarem Potter para Voldemort quando o ultimato foi dado, e ela não se arrependia muito da autopreservação. As pessoas que sabiam disso chamavam-na de covarde (e coisa bem pior) ao a encontrarem na rua, mas Pansy apenas dava de ombros. Aquela vitória havia sido o tipo de coisa que se lê em livros, não o resultado do cálculo real das forças na batalha e, enquanto muitos estavam certos em optarem morrer pela causa, ela não se reconhecia no erro por querer poupar o máximo de vidas possíveis ali. Quase nenhum aluno conseguiria derrubar alguém de um exército de bruxos das trevas adultos, mas aquela trilha de pensamento, Parkinson elaborou, pouco prestava agora, pois tudo tinha acabado, e o seu ato era visto como o mais próximo de uma aliança tácita com o Lorde das Trevas que ela já havia feito. Quando Draco soube o que aconteceu, ele balançou a cabeça, exausto, “Você nunca foi boa em disfarçar o desespero.”. 

Teoricamente, entretanto, isso tudo eram questões do passado. O seu pai só não estava apodrecendo em Azkaban porque a sua saúde e seu medo tinha o impedido de participar mais ativamente das batalhas por Voldemort e, embora muitos soubessem disso, o Wizengamot não estava condenando ninguém por intenções ou movimentações financeiras. Pansy achava a situação um tanto ridícula. Sim, ela consistentemente defendera o discurso purista em seus anos em Hogwarts ao lado de seus amigos sonserinos, apesar de seus pais não terem opiniões muito fortes em relação a esse assunto. O foco de seus pais era que ela arranjasse um bom marido da elite bruxa - ser sangue-puro era uma “consequência inconsequente”. Entre isso e se unir aos Comensais da Morte, como viu Draco acabar tendo de fazer, porém, havia uma diferença.

No fim do dia, a bruxa entendia que boa parte dos apoiadores de Voldemort simplesmente continuariam as suas vidas normalmente porque seu apoio a causa nunca tinha feito com que levantasse um dedo contra ninguém, mas dinheiro e anuência eram essenciais. Galeões, vistas grossas e apertos de mãos moviam mais coisas nesse mundo do que feitiços das trevas... De dia, um Ministério da Magia das Trevas, de noite, aplausos e fogos de artifício para Harry Potter e Cia. A ironia traria risos, não fosse sua ausência de humor. A sua saga não ficava muito mais interessante: a sua mãe continuava querendo que ela se casasse o mais rápido possível, também, o que significava que ninguém deveria cogitar que a sua vida não tinha sido relativamente tranquila em Hogwarts. Felizmente, Carrow estava morto. 

Aquela visita ao St. Mungus em uma tarde congelante de dezembro, portanto, não deveria durar mais do que poucas horas. Visitar o pai moribundo que olhava para ela como uma fonte de herdeiros, e não como Pan, sua filha, na véspera de Natal a pedido de sua mãe era o mais próximo de um presente de Natal que daria e Parkinson aproveitaria para realizar alguns exames de fim do ano. O tempo se arrastou na interação com o bruxo, que estava se encaminhando em isolamento mágico, pelos protocolos, para a última fase de uma varíola de dragão.

Quando chegou na Ala onde realizaria seus exames de rotina, Parkinson já estava com os cabelos bagunçados de tanto passar a mão pelos fios e as unhas machucadas. Como era véspera de Natal, Pansy esperava encontrar o espaço vazio, mas ao virar no primeiro corredor, deparou-se com uma sala de espera apinhada de bruxos, que vibrava com reclamações. Ela movimentou a varinha, vendo que já era quase dezoito horas. Aquele seria o começo de uma longa noite. Ela só não esperava o quão longa e estranha ela se tornaria. 

 

*******

 

Pansy passou a mão novamente pelos cabelos curtos escuros, inquieta, batendo o salto em um ritmo constante contra o chão branco do Hospital. 

— Você só pode estar de brincadeira com a minha cara. – a mulher bufou, contrariada, os olhos semicerrados – Uma estúpida nevasca isolou um Hospital Bruxo? Vocês são tão incompetentes a ponto de não conseguirem lidar com o clima? E ainda por cima no Natal?

A senhora na recepção manteve a expressão entediada, e apenas se moveu para pegar uma lixa de unhas. Sem piscar, olhou para a jovem com um desdém que apenas fez com que a mais nova se irritasse mais.

— Como já foi explicado, senhorita... – a bruxa torceu o nariz ao ler o sobrenome na etiqueta – Parkinson. Estamos fazendo o possível para lidar com uma nevasca mágica. Acredite, eu quero estar com a minha família nessa noite tanto quanto você, mas por medidas de segurança, os fluxos de transporte foram bloqueados. Assim que o Hospital tiver mais informações, todos serão comunicados. 

É a véspera de Natal de 1998, o que significa que o mundo mágico está entrando em curto-circuito. Aparentemente, as primeiras festas de fim de ano após a queda do Lorde das Trevas detém um significado especial. Pansy Parkinson não poderia estar mais frustrada. Ela não tem um grande interesse em voltar para casa e lidar com a família do pretendente que sua mãe arranjou, mas a ideia de passar as festividades trancada no St. Mungus é ainda menos atrativa. Amaldiçoando mentalmente o mundo, ela revira os olhos, agradece a senhora, e escora-se na parede mais próxima, tomando a cena na sua frente. Pessoas demais com emoções à flor da pele, barulhos muito altos e uma senhora ao seu lado que mistura magicamente o açúcar na xícara com um barulho igual ao que Carrow fazia nas longas tardes em que Pansy passou na sala privativa do Comensal… 

Parkinson interrompe o flashback, mas parece que seu corpo está sendo jogado contra uma mesa novamente. Ela tenta respirar fundo várias vezes, mas sente o ar como se estivesse em desacordo com os seus pulmões. Piscando algumas vezes, a recepção apinhada retorna para a sua vista. Ela odeia espaços cheios. Ela odeia espaços vazios. A guerra acabou e os Carrow não estão mais entre os vivos, mas Pansy sente um arrepio.  

—  Eu me recuso a ficar aqui - ela murmura para si mesma, empertigando a coluna e lançando uma olhadela para a senhora na recepção, que lida com um casal ainda mais detestável do que ela foi. 

Virando-se, Pansy ajusta o seu casaco e começa a andar a esmo pelos corredores do Hospital, sem direção. Seus passos se aceleram em um ritmo irregular, e entre as portas trancadas e sessões, Parkinson repara pela primeira vez o enorme tamanho do lugar, assim como a forma com que as paredes do Hospital parecem pulsar. Ao escutar vozes, ela muda sua rota várias vezes, afastando-se dos trabalhadores do Hospital que tentam pará-la nos corredores e dos olhos de outros visitantes. Agoniada, Pansy arranca o cartão de identificação com seu nome e segue com o passo rápido, olhando para os próprios pés, beirando a uma corrida, até ver de relance o que parece ser uma escada de fundos, o que desfaz o nó na sua garganta. Apressada, ela abre a porta, empurrando-a atrás de si com um suave barulho. Fechando os olhos, Pan escora-se na parede fria, que parece ser feita de pedras antigas, diferentes da aparência do St. Mungus. 

De fato, há algumas escadas na sua frente, mas Pansy dá pouca importância para os seus arredores. O seu primeiro movimento é enfiar a mão no bolso interno de seu longo casaco de veludo, onde há um maço de cigarros trouxas. Rapidamente, um cigarro está na sua boca, mas quando a bruxa vai pegar a sua varinha para acendê-lo, nada acontece. Parkinson pragueja, e tenta o feitiço verbalmente:

Parvus incendio—  e nada. 

Talvez seja nesse momento que Parkinson perceba que aquilo não é a escada de fundos que achou que era. Por dois milissegundos, ela trava, a varinha em riste e o cigarro ainda na boca, mas não importa muito, pois quando tenta abrir novamente a porta, ela está lacrada. Uma sensação de pavor começa a se espalhar pelo seu corpo, e Parkinson abre a boca para gritar, mas o som não chega a escapar de sua garganta, pois no topo dos quatro degraus - agora ela repara na arquitetura com mais cuidado -, duas pessoas emergem das sombras. 

— Eu falei que tinha ouvido alguém - o timbre mais grave não lhe é estranho, e chama a sua atenção, mas é o rosto da outra pessoa que faz com que a mão na sua varinha trema. 

— Ah. Parkinson –  o tom de surpresa misturado com decepção não escapa dos ouvidos da sonserina –  você fechou a porta. Merda. 

Pansy olha de um rosto para o outro, identificando os traços de um dos Weasleys - não que ela se recorte qual deles está diante de si –, e de Selwyn, a garota com quem ela dividiu o dormitório de Hogwarts por anos e que, genuinamente, ela apostava que estava morta até aquele momento. 

— Selwyn. Weasley, eu suponho. –  o ruivo balança a cabeça, reconhecendo o sobrenome como seu. Ignorando o comentário da garota, Pansy gesticula para o seu cigarro. –  Por acaso algum de vocês teria um isqueiro? 

Weasley deixa um riso incrédulo escapar antes de enfiar a mão no bolso da calça marrom. Pansy desencosta da parede, levantando a mão para pegar o isqueiro quando o rapaz para o seu movimento em meio ao gesto. 

— George, Parkinson – ele diz com um sorriso que claramente não chega aos seus olhos –, caso você esteja se perguntando. E um por favor sempre cai bem. 

Parkinson força um sorriso, quase deixando o isqueiro cair ao pegá-lo no ar.  

—  Obrigada, Weasley— ela força com um sorriso que beira a uma careta, rapidamente acendendo o cigarro e dando um trago. – Querem? 

Astra revira os olhos e dá as costas para a outra, subindo novamente os degraus e virando à esquerda, sabe-se lá para onde. Pansy cruza os olhos com George, que mexe os ombros como quem diz, “Fazer o quê?” em resposta às suas sobrancelhas arqueadas. 

— O caminho é por lá - comenta, enfiando as mãos nos bolsos, como se estivesse esperando por ela. Pansy não move um músculo, ainda retesada perto da porta. 

— Pode ir na frente – ela dá outro trago lento, os sentidos em alerta. Ela não confia em nenhuma dessas pessoas e a idiota da sua varinha não funciona. Uma bruxa sem uma varinha, ao menos na Inglaterra, está praticamente morta em caso de conflito.

George ri. 

— Isso não seria muito cavalheiro da minha parte, Parkinson – aponta com uma piscadela. 

Pouco entretida, Pan deixa o cigarro cair e amassa-o com um pé, como aprendeu observando trouxas pelas calçadas londrinas. 

— Não se preocupe, para isso valer algo você precisaria ser um, para começo de conversa – a expressão de George apenas revela que ele parece achar a conversa mais divertida do que necessariamente rude. 

O ruivo apenas sorri de lado, e aproxima-se da moça, que toma consciência, então, da expressiva diferença de altura entre os dois. Pansy se garante com feitiços, mas não muito com embate físico, e embora ele pareça tão inofensivo quanto um Weasley pode parecer, a situação é estranha demais para que alguns alertas vermelhos não soem na sua cabeça. Por alguns segundos, eles se encararam e Pansy engole em seco diante do que enxerga no reflexo dos olhos do Weasley mais velho. Por um momento, ela recorda-se de ver uma versão mais jovem daquele homem, sempre acompanhada de um gêmeo, olhos cheios de travessuras e risadas. Agora, no seu reflexo nas orbes azuis, Pansy não enxerga muito além de um curioso vazio. George aparenta permanecer ignorante do que se passa pela cabeça da Parkinson, que reage quase no automático aceitando quando ele oferece, então, um de seus braços.  

De algum lugar para além da pequena escada, a voz de Astra Selwyn reverbera até eles, com um tremor. 

— Vocês deviam ver isso. Logo.

Seguindo a voz, Parkinson começa a andar para a escada, apenas para ser parada por um Weasley com o rosto contraído, como se uma sombra houvesse se apossado de seus traços. Pansy diria que um Dementador está se aproximando se fosse se orientar somente por como ele está segurando seu braço. 

— Nunca dê as costas para ninguém em situações desconhecidas. Nem saía correndo para um lugar que você nunca pisou os pés – ele parece estar repetindo algo que ouviu tempos atrás, Pansy pensa, mas ela apenas mantém a face entediada. 

— Tarde demais para esse tipo de lição – há um amargor na sua voz que não consegue ser mascarado. 

George parece repensar com quem está falando. É a primeira vez que diretamente troca palavras com a herdeira dos Parkinson, afinal, tudo que já soube dela esteve entrelaçado com as reclamações de Ronald sobre os sonserinos do seu ano. 

— Para isso, nunca – ele deu de ombros, imperturbado. 

Pansy apenas dá uma olhadela para George antes de aumentar a distância entre eles, apesar de manter o enlace dos braços. Olhando para trás, em busca da porta pela qual entrou, Pansy depara-se apenas com uma parede de pedras cinzas marcadas por runas que parecem brilhar levemente. 

— Vamos – comanda, firme. 

Dessa vez, Weasley não hesita e eles sobem os degraus juntos, seguindo os murmúrios de uma Astra Selwyn claramente frustrada. Ao virarem, Pansy repara que uma luz amarelada desponta ao fim do corredor. Runas similares àquelas da porta parecem marcar as paredes, e ela sente que está sendo observada. Incomodada, ela larga o braço do homem, esfregando os braços com as mãos, como se estivesse com frio. 

— Você não faz ideia do que está acontecendo também, não é? – George murmura, quase que para si mesmo. 

Parkinson não encontra voz em si para respondê-lo e apenas continua a andar, deixando de lado, por ora, suas reticências sobre ficar exposta para o Weasley. Há algo naquelas paredes que lhe dão calafrios, que abrem reentrâncias entre as suas veias, tornando-as sensíveis demais. Pansy não pode sentir demais, ela teme o que aconteceria com o Hospital – eles ainda estão no Hospital? – se ela explodisse. 

Então, ela anda, seus sapatos fazendo um barulho ritmado no chão, sendo logo acompanhados pelas botas de George Weasley e ela não está preparada para encontrar, ao fim do corredor, terra batida no chão, hera espalhando-se pelas pedras e a luz amarelada proveniente de lampiões que claramente pertencem a outro século. Astra Selwyn está agachada mais adiante, os olhos vidrados no céu, e com um galho ela parece estar desenhando constelações, dando pouca atenção para a movimentação nas suas costas. 

George rapidamente alcança-a, e ela sente sua presença ao seu lado. 

— Onde nós viemos parar, Weasley? Como vocês pararam aqui? O que está acontecendo? –  a sua voz ganha contornos cada vez mais nervosos ao verbalizar cada questão em voz alta.  

— Excelentes perguntas que eu não sei, infelizmente, te responder, Pansy. E sobre acabar aqui com vocês, eu tinha uma entrega de Natal no Hospital St. Mungus, inesperado, não é mesmo? 

Pansy não responde o bruxo, mas Astra levanta a cabeça, os cabelos escuros revelando uma expressão pensativa. 

— Uma vez por mês, mais ou menos, eu venho tentar reconhecer os corpos não-identificados que acabam no Mungus. Sem sucesso, já que eles não deixam pessoas não convidadas entrarem no necrotério, com frequência, pelo menos – ela complementa, o tom inalterado apesar do conteúdo da fala. Brevemente, seus olhos vão para trás de Pansy, e ela pragueja. – Argh. Parece que nossa última rota de fuga está deixando de existir. 

Pansy imediatamente vira o corpo para onde Selwyn aponta a sua varinha, e movimenta-se para correr na direção do portal que some em si mesmo, mas quando dá o primeiro passo, com um clarão de luz dourada, não há mais paredes de pedra onde segundos antes havia um caminho. Agora, a bruxa encontra três lampiões diante do que nota serem árvores grandes o suficiente para que se projete uma sombra eterna no fundo de uma enorme floresta. 

George aproxima-se lentamente dela. 

— Eu não entraria aí se eu fosse você. 

Pansy olha para o homem, incrédula. 

— Eu tenho algum instinto de autopreservação, muito obrigada, Weasley. 

Ele dá de ombros. 

— Nós estávamos em um aparente necrotério, eu e Astra. 

Pansy olha para a garota agachada, uma antiga colega de quarto ácida na medida certa, mas autêntica demais para gastar tempo com os jogos de poder da casa das serpentes. 

— Quem diria que uma serpente como Astra Selwyn seria amiga de George Weasley – ela joga, curiosa para ver a reação. A fala capta a atenção da outra bruxa. 

— Weasley – ela pronunciou lentamente, testando o sobrenome na boca. 

O rapaz é rápido, revidando:

— Sel-wyn – ele estala cada sílaba como se estivesse cantarolando. – Encantado. Achei que você tinha deduzido pelo meu cabelo ruivo. Você não seria neta dos mesmos Selwyn que tentaram controlar a Grã-Bretanha alguns séculos atrás com magia das trevas? 

Astra franze as sobrancelhas.  

— Nós acabamos de nos conhecer, Parkinson – ela responde ao comentário da ex-colega de casa – e sei lá, George, é bem provável. Quem me dera saber mais, talvez eu tivesse mais conhecimentos para lidar com essa situação. 

— Você realmente vai defender as Artes das Trevas depois de tudo que aconteceu nesse ano? – ele questiona imediatamente, indignado. 

Astra levanta-se, limpando o pó dos joelhos. 

— Eu não sei o que te aconteceu em detalhes neste ano, e independente do meu sobrenome, você poderia fazer a mesma cortesia comigo, antes de me acusar de . 

Pansy opta por ficar calada. George revira os olhos. 

— No fim do dia, é muito simples – ele aponta – existem pessoas que lutaram contra Voldemort e pessoas que lutaram a favor de Voldemort. 

Parkinson balança a cabeça. Ela não deveria perder seu tempo discutindo com Weasley, mas isso é preferível do que a realidade em questão.

— Sim e não. O mundo é um pouco mais complicado que isso. Entre os Comensais da Morte e a Ordem da Fênix, mora a maioria do Mundo Bruxo. Alguns colaboraram ativamente, outros olharam para o outro lado. Muitos se esconderam, alguns ajudaram a esconder outros. Muita gente se viu sem opção e com muito a perder ao se colocar na linha de frente. Poucos caberão no seu critério, fato.

O rosto dele se avermelhou. 

— É muito conveniente não fazer nada diante da injustiça – disse. 

As feições de Astra suavizam. 

— Sim – concordou –, circule pelo Ministério e quase nada mudou. Há apenas mais festas e medalhas. Sobre as diferentes esferas de colaboração com a perseguição, silêncio. 

George parece reavaliar a bruxa e Pansy anda para perto deles, que continuam a se encarar. 

— A maioria das pessoas, Weasley, no fim do dia vai tentar se manter viva, e impedir que as pessoas que ama se machuquem. Autointeresse não é uma qualidade inerentemente sonserina – falou –, mas se nós pudermos focarmos na situação atual, eu ficaria grata

Astra e George fitam-se por mais alguns momentos, parecendo concordar em desviar o olhar. A garota faz um gesto circular com a varinha. Embora seus dedos estivessem vibrando, a varinha parece morta. 

— Só a minha magia está estranha? 

Os outros tentam fazer seus próprios feitiços, mas nenhuma luz sai de suas varinhas, também. 

— Isso só fica melhor – murmura Weasley. 

Os três se encaram e, quando Pan vai abrir a boca, eles ouvem o barulho de galhos sendo quebrados, sinal evidente de passos apressados. Eles viram os rostos para os lampiões no momento em que uma figura aparece entre as três lamparinas, com longas vestes azuladas, capuz cobrindo o rosto e um cajado na mão. 

—  Já faz tempo – a figura diz, sua voz lembrando o sibilar do vento em um dia de chuva –, mas eu vejo porquê vocês tardaram tanto a chegar. 

 

 


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