Sete Desejos de Natal escrita por Ly Anne Black, Indignado Secreto de Natal
Notas iniciais do capítulo
Essa história foi escrita para o Indignado Secreto de Natal 2022, um evento de troca de fanfics organizado entre os leitores da série Black Destiny.
Minha amiga secreta, Sofia, pediu "Sirius Black e Bellatrix Black, com um final feliz (com filhos preferencialmente) na época natalícia.", então, aqui estamos :)
Para quem conhece Sete Atos do Impossível, esse poderia ser um pequeno epílogo daquela história?“ ao menos foi assim que eu a pretendi.
O número favorito de Bervely era sete. Sete laços de fita para o seu cabelo muito negro, sete estrelas preferidas no céu, e quando tia Andrômeda fazia biscoitos de gengibre e chocolate-branco, ela sempre comia sete. Quando seu pai lhe perguntou o que ela esperava que papai noel lhe trouxesse de natal aquele ano, ela (que já era bem grandinha e sabia que papai noel era um elfo trouxa que não devia ser discutido na frente de mamãe) lhe disse que queria sete presentes.
— A maioria das crianças ganha um, e isso se ela foi boazinha durante o ano — Sirius sussurrou para a garotinha sentada em seu colo. Eles precisavam sussurrar, porque Bellatrix ainda estava dormindo ao seu lado na cama do casal, o cabelo negro espalhado no travesseiro como tentáculos de tinta, o rosto mais relaxado do que em qualquer momento em que estava acordada.
— Eu fui extra-boazinha esse ano! — Retrucou Bervely, que obviamente já não se lembrava do pequeno incidente incendiário com a varinha de Bella no mês anterior, ou o grande levante das flores carnívoras na estufa quando ela as tinha alimentado com diabinhos de pimenta. — Eu mereço sete!
— Ok, ok. Vamos ouvir essa lista, bem baixinho — Sirius sussurrou ainda mais baixo, para lembrá-la de que deviam manter aquele tom. Bervely apertou os lábios, frustrada com a condição, mas um movimento adormecido de Bellatrix a convenceu a voltar aos sussurros também.
A menina se ajeitou no colo de Sirius de forma que os dedos de ambas as mãos ficaram visíveis, e começou a enumerar, um vinco de concentração sob a franja desarrumada:
— Um laço novo, preto e branco. Um passeio na vassoura do tio Jamie. Uma faca como a da mamãe. Um gato preto e branco para combinar com o meu laço. Um pote de sorvete de pistache. Um dragão que respira debaixo d'água e... um irmãozinho.
Sirius, cujo sorriso foi se abrindo à medida que a lista avançava– nem um pouco surpreso com a ambição da sua filha, ou o conteúdo da lista - engasgou com o último item.
— Acabou? — Ele perguntou quando ela terminou de enumerar.
Bervely deu mais uma olhada para os dedos que tinha estendido a cada item e confirmou, mostrando a ele os cinco de uma mão e os dois da outra.
— Sim, sete, viu?
— Alguns desses pedidos podem ser complicados de arranjar a tempo para o natal, filhota.
— Por quê? Você disse que papai noel era mágico!
O protesto aumentou o volume de sua voz, e Sirius a apertou ligeiramente com o braço que a segurava em seu colo, para lembrá-la da mãe adormecida. Bellatrix suspirou, mas não abriu os olhos. Os dois esperaram em suspense por mais alguns segundos, e quando ela pareceu continuar adormecida, Sirius recomeçou:
— Ele é, mas até magia tem limites. Além do mais, eu ouvi dizer que o Ministério da Magia proibiu garotinhas de manterem dragões como bichos de estimação, já faz algum tempo. Algo sobre elas acabarem virando lanche.
Bervely fez um biquinho amuado, que tinha o efeito infalível de derreter o coração de Sirius em uma poça de caramelo quente, e persuadí-lo dos seus pedidos mais absrudos.
— Mas podemos ver uma visita à uma reserva de dragões durante as férias. O que acha?
O bico se desfez em um sorriso relutante.
— `Tá bem. E quanto aos outros?
— Vou ter que conversar com a sua mãe sobre o gato. E a faca está fora de questão.
Bervely soprou ar de um jeito dramático que ela só podia ter aprendido com Bellatrix, e que a fazia parecer uma cópia em miniatura da bruxa adulta.
— Ugh. Está bem. E o outro?
— Que outro? — Sirius se fez de desentendido, aproveitando para passá-la de uma perna para outra. Bervely, que ainda estava em seus pijamas com estampas de bolas de quadribol– presente de James para o aniversário da garota no último agosto– se aninhou em seu peito como um bichinho.
— O último presente, papai. O irmãozinho.
Ilusão a sua, esperar que ela ia se esquecer justamente daquele.
— Eu acho que irmãozinhos estão fora das capacidades de papai noel, pequena. Imagina se ele tivesse que carregar todos esses irmãozinhos no trenó, que confusão?
— Eu não gosto mais do papai noel. Ele não pode nada!
Tão naturalmente quanto tinha se aninhado Bervely se desvencilhou de Sirius e saltou de seu colo, escorregando da cama para o chão sobre os pés descalços.
— Bervely — Sirius chamou num sussurro urgente, mas a menina o ignorou, correndo para fora do quarto. Ele suspirou, encostou as costas contra a cabeceira da cama e a ouvindo correr até o próprio quarto no fim do corredor e bater a porta.
— Sua filha tem um temperamento — A voz de Bellatrix caçoou ao seu lado. Ele abaixou o olhar e encontrou a esposa de olhos bem abertos, um sorriso zombeteiro no rosto, a prova de que obviamente estivera fingindo dormir enquanto espiosa a conversa. Sirius torceu a boca numa careta:
— Me pergunto de quem ela o herdou.
O sorriso de Bellatrix se ampliou enquanto ela se espreguiçava, devagar e com uma qualidade felina que Sirius não se cansava de admirar sempre que acordavam juntos.
— Você ouviu a lista inteira?
Bellatrix assentiu, as pálpebras pesadas, ainda sonolenta.
Sirius resistiu a vontade de deslizar para perto dela e encaixar-se ao seu corpo, que certamente estaria quente e convidativo. Cinco anos morando juntos não tinha enfraquecido o magnetismo que a proximidade dela lhe causava.
— O gato está fora de questão, mas a faca pode ser considerada.
— Ela tem cinco anos, Bellatrix.
— Idade o suficiente para começar a aprender a se defender.
— Por que apenas não lhe damos uma varinha? — Ele retrucou, ao que ela deu de ombros como se não fosse uma má idea.
— Eu não tenho dúvida de que ela já poderia aprender alguns feitiços, Bervely é tão magicamente precoce quanto eu era nessa idade.
— Oh, ela aprenderia. Especialmente os que podem colocar fogo na casa.
O sorriso de Bellatrix se ampliou, porque é claro que ela também era uma piromaníaca inveterada e tinha achado o pequeno incêndio que a filha aprontara "adorável". Não fora de Sirius que Bervely tinha herdado o seu gosto por pôr fogo nas coisas.
— E quanto ao outro item da lista? — Ele perguntou, meio brincando, meio sério.
— O passeio na vassoura de Potter? Nem sob o meu cadáver. Talvez sobre o dele...
Sirius perdeu a guerra contra si mesmo e rolou para o lado dela, afundando o rosto em seu pescoço exposto e aspirando o cheiro concentrado em seu cabelo, tão inebriante pela manhã. Após uma pequena pausa, ela correu as mãos pelas costas dele em encorajamento.
— Bella. Você sabe qual.
— Eu não vou limpar excremento de dragão do meu tapete persa, Sirius. Está fora de questão.
Ele riu contra a pele dela, concedendo. Distribuindo beijos lentos. Correndo as mãos pelos contornos de sua esposa, por cima, e então por baixo da seda macia de sua camisola. Os dedos de Bellatrix encontraram o cabelo dele e se entranharam entre os fios compridos. Ela murmurou um encorajamento quando Sirius a apertou contra ele.
Mas aquele era um ensaio que, eles sabiam bem, não podia se tornar uma dança. Não quando Bervely estava acordada e...
— Eu tenho outro! — A garotinha entrou correndo no quarto, esquecendo-se de manter a voz baixa. Sirius sorriu contra o pescoço de Bellatrix e se afastou devagar, com um suspiro, antes de sorrir para a filha:
— Outro o que, filhota?
— Bom dia, Bervely. O que aconteceu com seus sapatos? — Bellatrix a interrompeu, percebendo o seu estado descalço no chão frio.
— Monstro comeu — Bervely deu um sorriso que, na opinião de Sirius, era um pouquinho endiabrado. Adorável, sim, mas endiabrado. Bella rolou os olhos na direção de Sirius, numa acusação muda: o senso de humor vem do seu lado da família.
— Eu tenho outro pedido! — Bervely explicou para Sirius, quando ficou claro que Bellatrix não pretendia mandá-la imediatamente atrás de seus sapatos.
— Outro dragão?
— Outro irmãozinho — O sorriso endiabrado se renovou. — Eu quero gêmeos! Assim eu posso brincar com um enquanto o outro está dormindo. Monstro disse que bebês dormem um bocado.
Sirius tentou manter uma expressão imparcial, mas falhou miseravelmente.
— Tem certeza? Isso são oito pedidos, não sete.
Bervely franziu, refazendo os seus cálculos em seus dedos, enumerando-os baixinhos. Sirius, não pela primeira vez, e não pela milésima, tentou estender como podia amar tanto uma coisinha tão pequena.
— Está bem — Bervely suspirou. — Podemos deixar o gato para o ano que vem.
Sirius olhou para Bellatrix, fingindo considerar o assunto com sóbria seriedade:
— O que você acha?
Bellatrix analisou a filha com severidade, os olhos estreitos em sua figurinha coberta naqueles pijamas de mal gosto que Potter a arranjara. Bervely se aprumou, os olhos enormes e cheios de esperança, as mãos juntas na frente do corpo, a perfeita imagem de uma garotinha bem comportada (exceto pelos pés descalços).
— Está bem — Bellatrix disse por fim, em tom de decisão incontestável. — Vou negociar a sua lista com esse tal Noel pessoalmente.
O gritinho de Bervely só não foi maior do que o choque no coração de Sirius. Ele arregalou os olhos numa pergunta muda para Bellatrix, mal se atrevendo a ter esperanças. Eles tinham discutido aumentar a família uma série de vezes nos últimos anos, sem chegar a uma decisão.
Sério?
Ela assentiu, uma sobrancelha erguida em desafio, um sorriso torto nos lábios.
— Não posso garantir gêmeos, mas... milagres de natal às vezes acontecem, certo?
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Feliz Natal! ;*