Vínculos das almas escrita por Yukiko Tsukishiro


Capítulo 6
Convocação


Notas iniciais do capítulo

Chang Yi e A-ji continuam conversando...

O príncipe herdeiro percebe...

O imperador decide...



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Ela enrola com o dedo um dos seus fios de cabelos, para depois, falar enquanto olhava para um dos corais:

— Confesso que quando era criança e comecei a treinar o meu pulso oculto, eu tinha outra visão porque estava começando a dominar os meus poderes e tinha uma visão limitada por viver em um só lugar e somente ouvir o que os outros falavam, fazendo com que moldasse erroneamente a minha visão. Eu sempre julguei que os demônios eram malvados e as práticas aceitáveis até que pude sair e andar além da capital. Isso fez com que eu mudasse a minha concepção. Um pouco porque ainda havia o medo e o ódio de demônios, mas, era menor de onde eu vinha. Inclusive, eu pensei que se tivesse poder para mudar a cultura dos Mestres de demônios, não permitindo a escravidão e somente atacando demônios malignos ao colocar como condição o julgamento do caráter do demônio, seria aceitável manter a cultura dos Mestres de demônios. Mas, isso era o meu pensamento quando era muito jovem antes de começar a ampliar ainda mais a minha visão. Quando eu cresci e passei a ler a história em pergaminhos sobre os Mestres de demônios, incluindo a sua história profunda e como era no início, percebi que o tempo iria corromper a missão e se fosse permitido a existência deles, a finalidade acabaria se perdendo e voltaríamos ao que é atualmente. É impossível se manter imune ao tempo com exceção dos monges e seus ensinamentos milenares, além das regras que seguem. Portanto, mudei de concepção e decide que os Mestres de demônios deveriam desaparecer. Se eu pudesse ter esse poder, iria erradicar a existência deles.

Chang Yi arqueia o cenho e pergunta:

— E como os humanos lidariam com os demônios?

— Bem, há demônios bons e demônios que não são cruéis, não se importando com os humanos, além dos cruéis que caçam e matam a minha raça. Se pudessem depender da ajuda de demônios em troca de algo como subsistência para eles ou acordos seria bom. Eu vi em algum lugar que no passado havia comunidades que eram protegidas por demônios que protegiam os humanos em troca deles o servirem com fornecimento de comida a partir da agricultura e criação de animais, assim como limpeza e cuidados, além de alguns servirem como servos, não sendo muito diferente de servos e famílias que vivem sobre a sombra da família real ou de alguma outra família nobre humana. Se formos analisar, é uma prática muito comum. Ademais, muitos demônios precisam se locomover por comida e nem todos atacam humanos. E se os humanos cultivassem e produzissem alimentos, ofertando a este demônio em troca de proteção? Seria viável porque é uma prática já existente em muitos locais, mas, que envolve somente humanos.

— E se houver demônios abusivos como líderes desse local?

— Que garantia os humanos tem que em uma família nobre que controla aquelas terras ou na família real não nasça um lorde que seja cruel? O risco existe tanto se forem humanos ou demônios que controlam aquele feudo ou vila. Não vejo qualquer distinção.

— E em relação aos demônios que atacam a sua raça?

— Há monges. Não são muitos por causa da existência dos Mestres de demônios que os suprimiram de forma indireta ao longo dos últimos dois milênios, além da perseguição implacável de gerações da família real apenas porque eles se recusaram a matar demônios indiscriminadamente. Ademais, eles foram contra a prática de escravizá-los, chegando ao ponto de protegerem demônios. Tudo isso fez o número deles serem reduzidos drasticamente junto da destruição de templos. Eles são praticamente caçados e por isso, se isolaram em locais de acesso difícil e igualmente ocultos. Em relação a demônios malignos, os monges podem agir se for necessário. Os mestres de demônios não são indicados para esse mundo porque como a história mostrou, eles se perderam e passaram a agir com crueldade e sem qualquer critério. Os monges, pelo que li, possuem critérios há milênios por causa dos ensinamentos de Buda. Portanto, não vão condenar um demônio apenas por ser um demônio e esse pensamento se manteve imutável ao longo dos milênios. Portanto, se é preciso haver humanos capazes de conter demônios, o mais indicado seriam apenas os monges. Se eu tivesse poder, gostaria de deter a perseguição contra eles.

— Bem, pelo que ouvimos sobre eles, os monges parecem sensatos e não purificam demônios indiscriminadamente, além de não escravizarem a minha raça. Nós não sabíamos que eles estavam sendo exterminados pela família real.

— Sim. Por isso, falo que eles são a melhor escolha para este mundo. Se suprimimos os Mestres de demônios e determos a perseguição, os monges vão se recuperar. Ademais, só entra nos templos quem deseja entrar. Não é obrigatório e ninguém é arrancado de sua família ao contrário de quem possuí o pulso oculto. Os monges possuem alguns ensinamentos para pulso oculto pelo que li. Então, não seria uma perda total de habilidades com o fim dos Mestres de demônios.

— Nunca esperei ouvir isso de um de vocês.

Ela olha para ele e pergunta por estar curiosa:

— Mudando de assunto. Qual a sua forma verdadeira? Eu ouvi dizer que vocês não costumam mostrar. Eu posso ver, peixe de cauda grande?

Ele fica pensativo e depois, consente, sorrindo ao ver a animação dela, assim como a ansiedade ao mesmo tempo que ficava aliviado pela magia do seu canto anterior ainda ter efeito sobre ela porque não estava chorando embora soubesse que era questão de tempo para o efeito terminar.

— A minha forma verdadeira é de um tubarão branco e tenho quatro vezes o tamanho dele, atualmente. Eu sou jovem ainda para os padrões da minha espécie. Eu posso ficar maior ainda no futuro.

A princesa fica embasbacada enquanto vê um brilho branco azulado tomá-lo em forma de névoa, com o seu corpo crescendo enquanto as características humanas desapareciam, com a névoa se intensificando cada vez mais até que cessa, revelando um tubarão branco imenso e imponente, com a jovem ficando surpresa por não sentir medo do tubarão branco gigante parado na sua frente e que exalava mesmo naquela forma, uma áurea majestosa.

A-ji fica empolgada e encosta animada a ponta da palma no topo do snout dele, o acariciando ao mesmo tempo em que sentia a maciez da pele que era como seda, não percebendo que o príncipe sorria ao ver a ausência de medo nela e o imenso sorriso de felicidade que exibia em seu semblante enquanto acarinhava o topo da ponta do seu focinho.

— Você é imenso! É tão grande e majestoso!

— Eu fico feliz em ver que não tem medo. – Ele fala com a sua voz barítono que soava como um trovão.

Após olhar para o tamanho imenso do tubarão, percebe que em virtude da forma verdadeira dele, a mestra de demônios devia esperar alguma mudança em sua voz.

Afinal, além de manter a sua voz de barítono, ela ressoava agora como se fosse um trovão no céu.

— Você é incrível.

O jiaoren brilha e assume novamente a aparência de uma névoa branca azulada que regredia de tamanho ao mesmo tempo em que surgia características humanas, com ele voltando a sua aparência usual.

— Eu achei fantástico. Muito obrigada por mostrar.

Então, o príncipe suspira e olha para o lado, estreitando o cenho, atraindo a atenção da jovem que segue o seu olhar, arqueando o cenho enquanto tentava compreender o motivo dele olhar para aquela direção porque não estava vendo nada de anormal.

De repente, o tritão a tomou em seus braços musculosos e usou o mesmo método anterior ao fazer as barbatanas em forma de lótus florescerem e a ponta da sua cauda também ao mesmo tempo em que as escamas reluziam intensamente em resplendor, com ele saindo como um raio para fora da água, para depois, voar, visando se afastar do local porque havia percebido uma sereia nas proximidades e que estava oculta na fina areia do recife, com ele acreditando que era do clã dos polvos ou das lulas para conseguir se camuflar impecavelmente no leito do oceano e por possuir a habilidade de reduzir temporariamente os seus poderes demoníacos para ajudar na camuflagem, além de conseguir restringir o seu cheiro e presença.

Chang Yi agradecia o fato de ter assumido a sua forma verdadeira porque não tinha conseguido detectá-la com os seus sentidos naquela forma hibrida.

Afinal, os seus sentidos na sua forma verdadeira eram mais refinados.

O príncipe concordava com o fato daquela sereia ser proficiente na arte de espiar e de emboscar porque nunca viu uma lula ou polvo com o nível de habilidades que ela demonstrou porque foi a primeira vez que alguém de um desses clãs conseguiu espioná-lo sem ser detectado em um primeiro momento.

No recife de coral, a lula suspirava tristemente pelo príncipe ter se afastado antes da chegada do imperador. A jiaoren esperava que a sua experiência como espiã do reino a ajudasse naquele momento, mesmo quando estava de férias, com a espiã compreendendo que o nobre só percebeu a sua presença por ter assumido a sua forma verdadeira.

Embora tenha ficado surpresa com os pensamentos da Mestra de demônio conforme se recordava do que foi falado entre eles, ela ainda continuava receosa e com medo porque a humana podia estar mentindo.

Afinal, como os jiaorens não mentiam, eles não tinham prática em detectar mentiras.

Na visão dela, o que aparentemente parecia uma opinião sincera podia ser um engodo visando enganá-los, além do fato dele estar se envolvendo demasiadamente com alguém que devia manter distância. Por isso, a sereia temia pelo príncipe herdeiro.

Então, o imperador do oceano surge acompanhado da sereia com cauda cinza, com ela sendo a golfinho de outrora que decidiu assumir a sua forma metade humana.

A lula assume a mesma forma do golfinho, com a diferença da cauda ser da mesma cor da sua grande forma animal e se curva respeitosamente enquanto o monarca suspirava pesadamente ao ver que chegou tarde demais.

— E o meu filho?

— Ele está bem. Ainda está com aquela humana. Ela é uma Mestra de demônio.

Quando a jiaoren fala o final, o monarca fica aterrorizado e pergunta:

— O que eles falaram?

A lula repete resumidamente o que eles falaram, inclusive as informações que a jovem deu, comentando:

— Ela parecia sincera. Mas, como é uma mestra de demônios não podemos acreditar nela. Eles são manipuladores e mentirosos, além de odiarem nós, demônios.

— Sim.

O imperador executa um canto rápido na linguagem deles cujas ondas sonoras se propagam velozmente pela água em todas as quatro direções.

Alguns segundos depois, surgem vinte e quatro atuns Bluefin que atenderam ao chamado e que tinham quatro vezes o tamanho da sua versão animal. Eles pertenciam ao único clã composto por peixes. Seus membros eram muito velozes ao mesmo tempo em que não possuíam um grande poder físico. Era a velocidade deles que os destacava, com eles a utilizando nas batalhas para compensar a força física, garantindo assim um lugar dentre as mais importantes tribos dos jiaoren. A velocidade deles somente era inferior a velocidade do imperador e do seu filho.

— Estamos a vossa disposição, majestade. – Eles falam em usino enquanto se curvavam.

— Encontrem o meu filho e reportem a localização dele sem que ele perceba.

Os jiaorens se curvam novamente e após combinarem entre si as direções que tomariam em par, passam a nadar velozmente, se espalhando pelo oceano ao mesmo tempo em que sumiam de vista em questão de segundos.

— Com a velocidade deles é questão de tempo até encontrá-los. Preciso encontrar uma forma de fazer o meu filho perceber o risco que corre.

— O problema, vossa majestade, é que eu vi o olhar dele escurecendo quando a fêmea humana o abraçou enquanto ele estava procurando instintivamente a orelha dela – o que a sereia disse o deixou embasbacado – O príncipe recobrou a consciência e conseguiu subjugar de novo o seu tubarão interior porque ele se afastou e lutou para clarear os seus olhos novamente, com eles voltando a cor normal após algum tempo.

O imperador suspira de alívio ao mesmo tempo em que massageava a sua testa, sentindo uma imensa dor de cabeça que havia surgido naquele instante porque a situação era mais grave do que ele imaginava inicialmente.

Se o que a espiã disse era verdade, os atos do seu filho eram completamente explicáveis e igualmente lógicos.

Afinal, ele havia agido como um jiaoren protegendo a sua companheira. A caudada que aplicou nele era uma prova irrefutável disso.

Pelo que compreendeu, o seu filho se sentiu triste pelo que fez, demonstrando com isso que ainda havia meios de conversar com a sua cria.

A partir desse momento era plenamente ciente de que matar a fêmea humana estava fora de cogitação considerando a atitude do seu filho. Agora, não havia outra opção além de prendê-la no oceano com um feitiço do seu cedro ao impossibilitar que ela pudesse sair.

Afinal, não era uma magia complexa e podia ser executada tranquilamente mesmo com a fêmea humana possuindo o pulso oculto.

Ademais, para ser justo, forneceria a habilidade eterna de respirar embaixo da água e de lidar com qualquer pressão ao redor após oficializar o feitiço que o seu filho usava para permitir que um humano ficasse no fundo do mar, desde que a humana não tentasse usar os seus poderes contra outro jiaoren por ter o pulso oculto.

O motivo de querer contê-la de ir a superfície era por temer as informações que ela podia fornecer a terceiros. A segurança do oceano era a sua obrigação e mantê-la presa naquele ambiente garantiria essa proteção.

Também havia a outra hipótese que consistia em selar as memórias dela, permitindo assim que voltasse a superfície.

Porém, o problema com esse método seria o seu filho porque se ele a escolheu como companheira por mais deprimente que fosse esse pensamento para o rei, Chang Yi não permitiria que a jovem se afastasse devido à natureza da sua espécie. No quesito possessividade, poucos se comparavam a eles.

Enquanto isso, muito longe de onde estavam anteriormente, ambos ainda se encontravam voando novamente.

De repente, o príncipe desce no oceano usando magia para que a jovem não se ferisse e ao entrarem na água, ela observa uma concha imensa, quase do tamanho de uma mansão e após entrar, observa uma grande pérola cuja luz iluminava tudo.

Ela senta em um dos locais mais elevados daquele interior, com Chang Yi sentando lateralmente ao seu lado enquanto a sua cauda grande e majestosa repousava ao lado dele.

Após olhar maravilhada para o entorno e depois, para a grande pérola que brilhava, a jovem pergunta:

— É o seu lar fora do complexo do palácio?

— Sim.

— Todos da sua raça gostam de dormir em lugares assim?

— Não. Cada tubarão gosta de descansar em um lugar diferente. Quanto aos membros das demais tribos, eles têm as suas próprias preferências. Eu, por exemplo, gosto de dormir nas conchas de mariscos grandes após comê-los.

A-ji vira o rosto enquanto engolia em seco com a resposta sincera inesperada porque pensava que aquela concha e pérola haviam sido abandonadas pelo dono anterior.

Claro, aquele jiaoren era um tubarão imenso em sua forma verdadeira e havia lógica no que ele disse. O motivo dela ficar chocada é que como conversou com o tritão antes, não conseguia formar a imagem dele devorando outras espécies e depois, usando os espólios deixados pelas suas presas após serem abatidas.

Afinal, o fato dele pegar a casca da sua presa para dormir nela após abatê-la podia ser considerado perturbador e até cruel se ela pensasse muito nisso.

Então, a princesa pergunta timidamente:

— O que o marisco fez de errado?

— Ele não fez nada de errado. É simplesmente delicioso.

A jovem não conseguia deixar de conceber como um crime o que eles faziam enquanto assimilava o fato do mundo deles ser sangrento.

A princesa confessava que, de repente, sentiu que ao jiaoren na frente dela ganhou uma aparência sangrenta quando imaginou ele devorando o marisco, para depois, usar a concha como casa e a pérola para iluminar o local.

Porém, conforme se recordava que a forma verdadeira dele era de um tubarão branco imenso havia lógica dele ser sangrento. Os tubarões eram os maiores predadores do oceano, segundo o que leu em livros. Comer um marisco e provavelmente, outras espécies, era o esperado de um predador.

Ela ficou em silêncio por um longo tempo, assimilando o que ouviu, para depois, falar:

— Vocês jiaorens... de fato, podem ser considerados como os maiores e mais poderosos monstros do fundo do mar. Vocês conseguem comer um molusco imenso, além de usar a sua casca para dormir enquanto pegam as pérolas para poder iluminar o local. Bem, nós humanos ainda somos razoáveis. Pelo menos, a maioria.

Chang Yi pensou por um tempo e disse com um semblante sério ao se recordar da fama dos humanos de mentir:

— Ao contrário dos humanos, eu não minto para eles. Quando um molusco me vê, ele tenta fugir porque sabe que não pretendo deixá-lo vivo porque aprecio a sua carne. Eu utilizo a concha para fazer um melhor uso dele. Nós, jiaorens, não gostamos de extravagância e desperdício.

A-ji concordava internamente que a espécie dele eram dedicadas, obstinadas e sinceras mesmo quando comem os outros. Tal conhecimento a fez ficar surpresa. Era sangrento, mas, não havia mentiras ou engodo. Somente a brutal sinceridade.

Então, ela comenta ao andar dentro da concha com ele a acompanhando, uma vez que a princesa não queria perder um único detalhe por não saber se teria oportunidade de ver novamente tudo o que havia visto até aquele instante enquanto corava com a proximidade dele:

— Bem, como o seu tamanho real é enorme e o seu poder acompanha o seu tamanho, com certeza, você é capaz de devorar a carne de um molusco tão grande. Mas, todos tem esse tamanho para conseguir transformar moluscos enormes em comida e depois, em casa?

Ele reflete por alguns minutos a melhor forma de explicar para ela, para depois, falar:

— Depende da tribo e da linhagem. Como eu sou o filho do imperador das tribos do oceano e venho de uma longa linhagem de imperadores e imperatrizes que possuem o controle do cedro do oceano, nós somos imensos. Somos maiores do que qualquer outro jiaoren, além de sermos mais poderosos e velozes. Nossas caudas também se destacam em beleza, tamanho e força. Em matéria de força física, velocidade e magia, nós conseguimos sobrepujar qualquer outro demônio. Portanto, em relação a sua pergunta, nem todos conseguem fazer o que eu consigo fazer. É uma pena que não tem moluscos maiores para que eu possa conseguir mais carne.

— O que vocês comem?

— Bem, a minha espécie come de tudo. Camarões, algas, moluscos, crustáceos, outros peixes e demais seres, dentre eles, outras espécies de demônios também caso eles entrem no oceano por algum motivo. A única exceção é que não como seres que são da mesma espécie que a minha. Ou seja, não como outros jiaoren porque nenhum jiaoren se alimenta da sua própria espécie. Podemos no máximo matar em alguma batalha até a morte. Ademais, quando morremos, viramos espuma do mar ao mesmo tempo em que o nosso poder e vida é dissipado para o oceano. Quanto a alimentação das outras espécies, eu não posso falar com certeza quais são as suas preferências alimentares.

Essa explicação final a deixa aliviada enquanto julgava que a espécie dele era melhor que a humana nesse aspecto.

Afinal, os humanos matam, estupram e destroem a sua própria espécie enquanto que os jiaorens não fazem isso entre si. Nesse aspecto, eles são muito melhores do que os humanos.

— Então, o marisco é a sua comida favorita?

— Sim. A carne deles é muito tenra.

Com a resposta dele, ela torna a olhar para a concha onde outrora vivia um marisco.

De fato, a preferência dele estava explicita na sua frente.

Então, a princesa se refaz e pergunta sentindo um leve receio, temendo pela resposta ao se lembrar de algo que ele disse:

— Tem alguma exceção além da sua espécie?

— Não.

A resposta a assusta um pouco, com a jovem perguntando em tom de confirmação enquanto gaguejava:

— Come tudo sem exceção?

— Sim.

— Quer dizer, você come tudo? – A princesa pergunta novamente por estar estarrecida com a adição de mais um olhar sobre aquele belo jiaoren.

Mais precisamente, um olhar sangrento ao pensar no fato dele comer tudo.

Ela olha ele de cima para baixo, buscando ignorar a aparência bem constituída e forte que enchia os seus olhos porque estava analisando tudo o que conhecia sobre o tritão.

— Sim. – O príncipe herdeiro responde enquanto não compreendia o semblante preocupado da humana que o fazia arquear o cenho.

— Vocês comem de tudo?

— Sim. Nós comemos qualquer carne disponível, desde que não seja da mesma espécie que a minha. Afinal, a única exceção é que não atacamos a nossa própria espécie em busca de comida.

— É só a sua espécie que entra na exceção?

— Sim. Inclusive, podemos devorar outros demônios, mas, nunca outro jiaoren. – O tritão explica novamente enquanto tentava compreender o motivo dela se fixar em perguntar sobre exceções.

Com essa resposta, ela sente um leve arrepio de medo porque ele não citou humanos como exceção.

Após suspirar, a jovem tenta evitar pensar muito no fato dos humanos não estarem inclusos na exceção.

Afinal, conforme se recordava do que ele disse, se alimentar de tudo devia implicar humanos também e ao pensar nisso, se recorda de que esse é o domínio da espécie dele e que os jiaorens não saem em terra firme para caçar.

Portanto, se um humano entra na água, acaba se oferecendo como refeição se for muito azarado.

Ademais, ele é um tubarão e apesar do fato de um tubarão atacar um humano por acidente ao confundir com uma foca, por exemplo, dificilmente voltando para um segundo ataque, um jiaoren podia atacar um humano para comer e se olhasse friamente para o fato de ambos serem de raças diferentes, não podia julgar como uma atitude condenável por parte de Chang Yi.

Naquele instante em diante, a jovem ficou aliviada e imensamente grata dele estar protegendo ela ao mesmo tempo em que cuidava dela para que não virasse comida de outro tritão ou sereia.

Afinal, a princesa acreditava que o príncipe não permitiria que outro membro da sua espécie a atacasse ao se lembrar de que ele a defendeu do ataque do cedro dos oceanos e com este pensamento em mente, a mestra de demônios fica aliviada, passando a não temer estar no fundo do mar junto dele enquanto conhecia esse belo e majestoso mundo que era inacessível para os humanos.

A-ji sai dos seus pensamentos e cora ao ver que o tritão olhava curiosamente para ela, com a proximidade de ambos a fazendo corar intensamente enquanto lutava para controlar o seu coração, além de evitar que os seus olhos vagassem pelo magnifico exemplar masculino ao seu lado.

A princesa sai dos seus pensamentos com a pergunta em tom de confirmação dele quando o jiaoren percebeu o motivo da insistência dela:

— O motivo de insistir tanto é porque quando falei tudo, você compreendeu que envolvia a sua raça?

— Sim. Então... você come humanos? – Ela pergunta enquanto tentava dissipar a mente dela que estava indo para outro tipo de comer, com a jovem amaldiçoando a sua mente que resolveu ficar pervertida na presença daquele belíssimo jiaoren.


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Notas finais do capítulo

Yo!

Eu quero agradecer aos comentários de: ChadW e BlueBalls.



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