Christmas at the lakes escrita por Mari Pattinson


Capítulo 1
Capítulo 1 - Hawkshead


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal! ❤

Espero que todos estejam tendo um Feliz Natal! Este é meu presente para vocês!

Talvez, vocês estivessem esperando por uma postagem em Um Amor de Natal, mas a história em si já está finalizada (só falta mais alguns bônus!).

Tenham uma boa leitura e me deixem saber o que vocês acharam através dos comentários!

A short ainda está sendo escrita, por isso não tenho certeza de quantos capítulos terão, mas acredito que no máximo 3 ou 4.

Beijos!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/808374/chapter/1

08 de dezembro de 2016, 10:30h, Cornelia Street, West Village, Cidade de Nova Iorque. Narração: Bella.

Coloquei a cadeira da cozinha de frente para o guarda-roupas e nela subi para tentar pegar minha mala de viagem na parte mais alta. Ainda tive que ficar na ponta dos pés para alcançá-la; puxei-a com o máximo de força e dei um pequeno passo para trás, mas ele foi maior do que o planejado e me desequilibrei. Se não fosse pelos braços firmes de meu namorado me segurando, teria ido ao chão e, provavelmente, me quebrado inteira.

─ Isabella! ─ Seu tom era assustado e preocupado ao mesmo tempo. Ele me colocou em pé, no chão, e puxou a mala do guarda-roupas com uma mão, sem qualquer esforço.

Edward era muito mais alto do que eu e alcançava sempre todos os lugares altos do apartamento, uma vantagem sobre minha baixa estatura.

─ Podia ter me chamado, né? ─ Ele pôs a mala no chão e me envolveu num abraço carinhoso e seguro.

─ Você estava tão entretido com a Bree que não quis atrapalhá-los ─ falei, apoiando meu queixo em seu peito para fitar seus olhos verde esmeralda que eu tanto amava.

Não pude deixar de sorrir ao perceber o quanto Edward tinha crescido em dois anos e pouquinho de relacionamento; se antes eu já achava que nossa diferença de idade – eu sendo 3 anos mais velha – não nos seria um obstáculo, a cada dia juntos era tomada por mais certezas. Sabia o quanto ele tinha abdicado e mudado, de certa forma, para viver comigo e com Bree: decidira-se por terminar sua faculdade de Inglês na modalidade online para nos acompanhar em minha turnê, e tinha concordado em manter o nosso relacionamento em segredo – mesmo sendo descobertos havia quase um ano e meio.

Ele podia até não ter vivenciado na pele, mas sabia de tudo o que eu tinha passado por causa da fama e, saber que concordava em proteger o nosso amor de todos os urubus ao nosso redor, me deixava aliviada e ainda mais esperançosa quanto ao nosso futuro. Porque mesmo após a mídia ter ficado sabendo sobre nós, continuamos sendo discretos e cautelosos ao nosso próprio respeito, algo realmente positivo e impressionantemente funcional – nós não estávamos mais nos escondendo, mas possuíamos certo poder de escolha sobre o que seria exposto ao mundo.

─ Mas foi tão rapidinho, meu amor, já pensou se você tivesse se machucado? ─ O vinco de preocupação em sua testa reapareceu e eu fiquei na ponta dos pés para dá-lo um selinho, sabendo que isso o tranquilizaria. Contato físico sempre deixava Edward mais relaxado.

─ E mesmo sem eu pedir, você apareceu, então, acho que nem precisava ter te chamado mesmo ─ brinquei.

─ É porque eu senti nos meus ossos que você estava aprontando! ─ revidou e sorriu torto para mim, fazendo meu coração disparar como da primeira vez em que eu o vi ─ Quando você fica muito quietinha, é porque está aprontando alguma, ou compondo, às vezes os dois!

Ele me conhecia tão bem! Tinha levado pouquíssimo tempo para perceber certas coisas em mim que nem mesmo as pessoas mais próximas notavam!

─ É, você realmente me conhece. ─ Levei minhas mãos até a base de sua nuca, acariciando seus cabelos ruivos rebeldes e foi a minha vez de dar um sorriso travesso quando Edward estremeceu com os meus toques.

Eu amava tanto aquela cabeleira, mais uma mudança desde que havíamos nos conhecido – Edward estivera mantendo os cabelos raspados naquela época, por apoio à avó em seu combate ao câncer, infelizmente não superado.

Ô papai, por que você demorando? ─ Bree gritou de algum lugar do apartamento, provavelmente da sala.

Bree, a garotinha de olhinhos castanho-chocolate e cabelinhos loiro escuros mais linda do mundo, era... A nossa filha. Biologicamente apenas minha e registrada no nome de Edward havia pouco mais de um dois anos. Ele tinha feito o papel de pai dela desde o primeiro instante em que se conheceram, realmente tinham se escolhido para construir aquela linda relação de pai-e-filha. Ficava maravilhada em poder presenciar tanto carinho e paciência por parte de Edward, principalmente porque eu havia levado um tempo até conseguir realmente entrar de cabeça em nosso relacionamento – pois a única coisa de que precisava, na época, era dar estabilidade e certezas à Bree.

Até os três aninhos de idade, as figuras masculinas mais constantes e seguras da vida dela eram o meu pai, meus dois irmãos mais velhos e o padrinho dela – meu melhor amigo. Ela nunca os tratara como pai e só quando conhecemos Edward eu entendi o porquê: os dois pareciam destinados àquela relação e não faria sentido tê-la com quaisquer outras pessoas.

─ Já vou, meu amor, sua mamãe que quase caiu da cadeira, aí tive que vir aqui resgatá-la!

Segundos depois de Edward fechar a boca, ouvimos os passinhos apressados de Bree até o nosso quarto.

─ Mamãe, você tava subindo na cadeira de novo? ─ Ela me olhou com uma expressão reprovadora e senti-me como a filhinha travessa da relação.

De novo? ─ Edward me perguntou com uma sobrancelha arqueada e dei um sorriso amarelo.

─ A mamãe subiu na cadeira na semana passada pra pegar o meu cobertor no meu guarda-roupas ─ Bree me caguetou ─ Você tava trabalhando, mas eu vi.

─ Ah, que coisa, hein, dona Isabella.  ─ Edward deu duas cutucadinhas em meu ombro direito e cruzou os braços.

─ Eu nem caí ─ brinquei e ri quando ele soltou um ofego indignado ─ Agora vamos parar de trelelê que temos muita mala pra arrumar ainda!

Nós três estávamos prestes a ir, em dois dias, à nossa segunda viagem oficial em família – sem qualquer requisito profissional – para o vilarejo de Hawkshead, no Distrito dos Lagos na Inglaterra. Ficaríamos hospedados, pela segunda vez, por um mês inteirinho no chalé da família do namorado da minha irmã mais velha, Leah, aonde posteriormente nossa família chegaria para o Natal.

─ Eu posso terminar de ver o desenho primeiro? ─ Bree me perguntou e, então, olhou para Edward, como se requerendo de volta a companhia dele.

─ Vai lá terminar, meu amor ─ concordei, ganhando um sorriso brilhante e um abraço apertado em troca ─ Você também está liberado. ─ Pisquei na direção de Edward que me roubou um beijo antes de sair do quarto acompanhado por nossa filha.

Sentei-me em minha cama e apreciei o sentimento de completude me atingindo em cheio. Eu tinha uma família! Havia sido capaz de trabalhar todos os meus medos e aceitar Edward não somente na minha vida, mas também na de minha filha e as consequências daquela escolha inicial me preenchiam de um forma tão sublime que palavras não eram o suficiente para descrever tal sensação. Era até estranho pensar que seis anos antes eu estava sozinha, grávida e sofrendo por ter sido abandonada pelo genitor de Bree, por um amor não correspondido e, pior, com o meu coração pisoteado e destroçado.

Edward fora paciente e respeitoso o bastante para pegar cada caquinho do meu coração, e nutri-lo com amor e carinho até o ponto de ele se reconstruir. Não como antes, pois haviam cicatrizes que jamais sumiriam de sua superfície, mas elas tinham um significado muito belo, quando olhadas por outra perspectiva: embora quebrado uma vez, meu coração tinha sido tratado e curado. Considerava-as como cicatrizes de combate e eram a prova de que eu não tinha perdido a guerra, apenas algumas batalhas.

Bree, claro, havia sido o motivo de eu continuar lutando por tanto tempo, mas, depois de anos, finalmente tinha aprendido que eu também era digna de amor – e o devido tipo de amor que merecia receber. Após alguns instantes de reflexão e agradecimento, levantei-me e comecei a separar as roupas que levaria na viagem: peças bem quentinhas para me aquecer no rigoroso Inverno inglês.

10 de dezembro de 2016, 15:20h, Aeroporto Internacional John F. Kennedy, Cidade de Nova Iorque – Narração: Bella.

Segurei Bree bem firme em meu colo enquanto esperávamos o nosso embarque. Uma comoção tinha se formado ao meu redor conforme algumas pessoas me reconheciam, e embora ela já estivesse um pouco mais acostumada, ainda era pequena demais para lidar com tudo aquilo; aliviava-me ter Edward ao meu lado, pois ele me ajudava a acalmá-la. Já tinha dado alguns autógrafos e tirado fotos, e tentei ser o mais educada possível quando perguntada sobre aonde estava indo: respondia que estava tirando férias. Amava a troca e o carinho com os fãs, mas precisava de sossego depois de meses tão intensos de trabalho; tinha sorte de eles me entenderem, ao menos, estava livre dos urubus da mídia.

Assim que nosso voo para o Aeroporto Internacional Teesside foi anunciado, despedi-me dos meus fãs e, junto de Edward e nossa filha, caminhei até o portão da Classe Executiva. Tinha o privilégio de poder proporcionar não somente a mim mesma, mas aos meus dois amores um pouco mais de conforto; nosso voo levaria cerca de 9 horas e meia e ainda teríamos mais duas horas na estrada até o vilarejo de Hawkshead, então, era bom poder não me preocupar com tal aspecto.

Acomodei-me com Bree nos dois assentos do meio, enquanto Edward ficou num dos assentos individuais da janela, pois as fileiras da Classe Executiva não nos permitiam sentar todos juntos – pelo menos não nos momentos de decolagem e pouso. Prendi o meu cinto de segurança, depois o de nossa filha – que se recostou em meu braço esquerdo –, e dei um chiclete de tutti-frutti para ela mascar antes de o avião decolar. Bree estava bastante acostumada a viajar, já que quando voltei para a estrada ela tinha apenas dois aninhos e três meses; não tinha sido tão fácil no início, com uma bebezinha tão nova, mas amava poder passar mais tempo com ela, algo impossível se tivesse deixado-a em casa, sob o cuidado de outras pessoas.

─ Fecha os olhos e segura na mão da mamãe ─ instruí-a assim que o avião começou a deslizar pela pista. Estar acostumada não significava que Bree sentia menos medo, mas nós duas tínhamos aprendido as melhores formas de lidar com ele.

Bree fechou os olhinhos e se aconchegou ainda mais contra meu braço. Coloquei seu casaquinho azul ao redor de seus ombros para aquecê-la do ar-condicionado frio do avião e senti sua mãozinha apertando a minha. Toquei seu rosto com carinho, fazendo uma massagem suave em sua pele macia de criança e beijei o topo de sua cabeça conforme o avião se inclinava para cima, para nos levar àquela tão esperada viagem.

Logo depois que o avião se estabilizou no céu e as luzes indicando para colocar o cinto de segurança se apagaram, Edward se levantou. Como tínhamos bastante espaço para nos acomodarmos sem ficarmos apertados, ele aconchegou Bree no colo dele e se sentou ao meu lado. Nossa filha sorriu, fazendo chamego, e nós três passamos a primeira parte do voo fazendo planos para a nossa estadia nos lagos.

Perguntava-me se todos os lagos estariam congelados quando chegássemos, pois da primeira vez que visitamos o Distrito era Verão, então, pudemos passear de barco, nadar e fazer piqueniques e diversas outras atividades ao ar livre pela região. Nós sabíamos, mesmo assim, que aproveitaríamos ao máximo nossos momentos juntos, afinal, o mais importante era estarmos perto um do outro.

Cerca de duas horas após o início do voo, foram nos oferecidas algumas opções de refeição e sentamos os três lado a lado, com Bree no meio dividindo o assento comigo.

─ Bolo de chocolate com frutas vermelhas, mamãe ─ Bree deu um gritinho de animação, como se estivesse surpresa com o cardápio (eu também estava), e o orgulho me abateu quando percebi que, cada vez menos, precisava ajudá-la a ler, pois estava aprendendo direitinho, como uma bela e aplicada filha de um professor de Inglês.

─ Eu também vou querer ─ Edward disse, aquele era o sabor favorito dos dois, então, eu já estava esperando que ele escolhesse o mesmo ─ Mas vou pegar uma coisinha salgada antes, você não quer?

Bree pareceu um pouco pensativa e me perguntou o que eu ia comer. Olhando todas as opções, preferi por um sanduíche natural e o bolo também – podia não ser o meu preferido, mas era uma boa opção de doce.

─ Então eu quero esse também. ─ Ela apontou para o cardápio, no lugar certinho do “sanduíche” e sorri, orgulhosa novamente.

─ Ai, essa minha filha é tão inteligente ─ Edward praticamente gritou (ele teria gritado ainda mais alto, para toda a tripulação do avião ouvi-lo, se não quiséssemos ser discretos) e Bree deu uma risadinha antes de abraçá-lo de lado.

─ Puxei a você, papai! ─ Bree sorriu brilhante para ele, encarando-o com seus olhinhos castanhos.

Eu guinchei, indignada, porque ela era minha filha biológica, então, para certas coisas, só poderia ter puxado a mim! Parecia estar revivendo os primeiros meses com os dois, quando os ciúmes tomavam conta de mim por causa das interações entre eles. Achava conseguir me controlar bem, na época, mas conforme o tempo foi passando, Edward me contou que aquilo só estava na minha cabeça: eu era péssima em disfarçar ciúmes.

─ Eita, Bree, a mamãe está com ciúmes ─ Edward disse em tom zombeteiro e tentei fazer minha melhor cara de paisagem, sem muito sucesso.

─ Mamãe, eu te amo, não precisa ficar assim. ─ Bree sorriu para mim, também me abraçou e beijou meu braço tranquilamente.

Eu estava feliz por ela não ter mais medos de chatear um de nós com suas demonstrações de carinho direcionadas ao outro; antes, Bree ficava um pouco desesperada em mostrar a nós dois que nos amava de maneira igual e, após ela começar suas sessões psicológicas, descobrimos que ela o fazia por medo de perder o amor daquele que não estava recebendo o carinho na hora (era uma das consequências de ter sido abandonada pelo pai biológico). Como se aquela garotinha nos devesse algo.

─ Eu também te amo, meu bebê. ─ Novamente beijei o topo de sua cabecinha e ela resmungou.

Bree sempre resmungava quando eu a chamava de bebê, mas era inevitável, uma vez que ela tinha saído de dentro da minha barriga e me lembrava perfeitamente de seus primeiros dias de nascida – e de toda a vida dela também!

─ E amo o seu papai também! ─ Pisquei para Edward que soltou uma risada e pegou minha mão direita, prendendo Bree entre nós dois.

Nossa filha riu e olhou-nos com amor e carinho, como se fôssemos a realização de seu sonho de criança e, de certa forma, estarmos juntos era o que ela sempre sonhou quando nos conhecemos.

─ Beijinho! ─ ela pediu, unindo os dedinhos indicadores enquanto continuava a nos encarar.

Estava muito satisfeita de finalmente estar podendo demonstrar meu sentimentos por Edward daquela forma, na frente dela – depois do período em que nós dois havíamos combinado em irmos com calma para não atrapalharmos nosso relacionamento com ela e a confundirmos, caso as coisas não dessem certo. Inclinei-me na direção de Edward e ele se inclinou na minha; nós selamos nossos lábios com carinho e ouvi nossa menina rir de felicidade.

Nós havíamos nos preocupado, também, sobre o quanto demonstrar a ela e, com a ajuda da psicóloga, descobrimos que não faria mal algum trocarmos alguns beijos e carinhos (na medida certa, sem afobação ou sexualização) na frente de Bree, porque depois de tanto tempo convivendo num círculo restrito de pessoas, era bom ela ter, como minha filha, o meu exemplo do que era um relacionamento amoroso saudável, para além do casamento dos meus próprios pais, avós dela.

Bree entendia perfeitamente o significado de nos pedir um “beijinho”, ela tinha praticamente implorado para eu e Edward trocarmos um, desde a primeira semana em que nos conhecemos, bem mais de um ano antes. No entanto, havíamos nos controlado até nos sentirmos confiantes o suficiente sobre a nossa relação, para matarmos a vontade dela.

─ Isso! ─ Bree bateu palmas e depois apoiou suas duas mãos em nossas cabeças, para que continuássemos o beijo por mais alguns segundos.

Assim que paramos o beijinho, foi a vez de Bree ganhar alguns. Ela gargalhou conforme Edward e eu a enchemos de beijos e a risada dela me acalentava sempre, era como uma sinfonia para os meus ouvidos.

─ Opa! ─ Nós dois nos distanciamos um pouco para que Bree pudesse respirar melhor, depois que ela começou a tossir ─ Tudo bem?

─ Sim, mamãe! ─ Ela respondeu com um sorriso largo.

Suspirei em alívio; Bree já tinha passado por muitas crises respiratórias quando menor até receber o diagnóstico de asma. Embora já houvesse um bom tempo desde a última crise, sempre me preocuparia com sua saúde, principalmente aquele aspecto.

─ Então vamos fazer nossos pedidos! ─ Edward exclamou, animado, e meneou com a cabeça na direção de um dos comissários de bordo que caminhava na nossa direção.

11 de dezembro de 2016, Hawkshead Village, Cumbria, Lake District, Inglaterra, 09:00h – Narração: Bella.

Nove graus Célsius marcava o termômetro na parede da sala de estar do chalé de Garrett, o namorado de minha irmã. Os dois haviam ficado para nos receberem; estavam morando juntos ali havia alguns meses e eu estava impressionada por Leah finalmente ter se rendido aos encantos do seu garoto londrino, depois de tanta insistência da parte dele para os dois assumirem algo sério. Até então, ela preferira as aventuras sexuais virtuais entre eles.

Os rapazes estavam levando as nossas malas para o andar de cima enquanto eu me certificava de que Bree estava agasalhada o suficiente. Devido às 5 horas de diferença do fuso horário entre Nova Iorque e Cumbria, ela não era a única a querer tirar uma boa soneca. Sentada sobre o sofá, eu a aconcheguei em meu colo até meu amorzinho pegar no sono, sob os olhares atentos de minha irmã.

─ Sabe que não precisa mais me vigiar, não é? ─ brinquei ─ Já passei dessa fase e achei que você já tivesse aprovado o Edward.

Leah continuava sendo Leah, superprotetora, mas a minha maior companheira e eu a amava, mesmo quando me tirava do sério. Ela fez uma expressão de espanto e apoiou o braço direito no encosto do sofá para sustentar a cabeça, virada totalmente na minha direção.

─ Sei de tudo isso e você sabe que gosto do Edward ─ respondeu-me, estendendo a mão esquerda e segurando a minha carinhosamente. Ela não era dada a muitos gestos de carinho físico, então, estranhei sua postura.

Talvez, fossem só saudades, pois era mais difícil nos vermos com frequência desde sua mudança de país.

─ Mas...?

Ela franziu o cenho, encarou-me como se eu fosse doida e riu.

─ Não tem “mais”, Bella! ─ Leah deu de ombros ─ Só estou feliz por vocês, pelo lar que têm dado à minha afilhada lindinha... ─ Ela sorriu ao olhar para Bree e seus olhos brilharam de um jeito que eu nunca tinha visto antes.

Uma pulguinha se instalou atrás de minha orelha e ela não precisou me dizer mais nada. Apertei sua mão na minha e Leah voltou a me encarar; ali estava aquele brilho especial em seus olhos e eu sorri ao reconhecê-lo. Seus olhos pequeninos se arregalaram e ela retesou o corpo, como se eu não devesse ter descoberto algo, mas não me importei. Ela era a minha irmã e eu não podia estar mais feliz.

─ O que foi? ─ Edward, o meu fofoqueirinho favorito perguntou assim que ele e Garrett retornaram para a sala. Ele também devia estar desconfiando da proximidade física de Leah comigo.

Minha irmã apertou a minha mão discretamente, como se precisasse me pedir por silêncio, e assenti discretamente com a cabeça.

─ Só estava comentando sobre como vocês dois são lerdinhos, a Bree acabou dormindo ─ Leah respondeu, levantando-se rapidamente e quando passei os olhos pela metade superior de seu corpo, tive a certeza de que estava certa. Muito certa.

─ Opa! Deixa que eu a levo lá para cima, Bella. ─ Edward se aproximou e pegou Bree de meu colo com facilidade, meu namorado era muito forte. Ouvi-o subindo as escadas com Garrett a seu encalce e aproveitei para curtir a minha irmãzinha.

Levantei-me também, a abracei apertado e quando encarei seus olhos, percebi que ela estava com um pouco de medo.

─ Não conta pra ninguém, bom? ─ Pediu-me e levou a mão esquerda discretamente para a barriguinha ainda imperceptível.

─ Você vai...

Não precisei completar a minha pergunta, Leah a entendeu rapidamente.

─ Ah, tirar? Não! ─ Ela balançou a cabeça negativamente ─ É que eu tive um pouco de sangramento nos últimos dias, o médico disse que está tudo bem, mas estou sendo cautelosa.

Últimos dias! De quantas semanas ela estava grávida?!

─ Umas quatro semanas, mais ou menos ─ disse ela, como se tivesse lido a minha mente. Leah soltou uma risada e me abraçou de volta.

─ Parabéns! ─ afaguei suas costas, feliz com a perspectiva de ter mais um sobrinho, o meu primeiro biológico em nossa família!

─ Obrigada, Bella. Agora que você já sabe, estou até mais aliviada, se bem que você é uma olhuda mesmo, hein! ─ Ela afastou nosso abraço, mas manteve os braços ao meu redor para me mostrar a língua de pertinho.

─ Minha filha, foi você quem deu bandeira! ─ Exclamei indignada e ela apenas riu ─ Já contou pro London boy?

Leah fez uma pequena careta em referência ao apelido que eu tinha dado para o seu namorado – antes mesmo de eles se assumirem –, por causa da cidade natal dele, e negou com a cabeça. Ela me puxou pela mão para a cozinha, onde começou a esquentar água na chaleira e começou a me responder:

─ Eu ia contar pra ele na noite de Natal, fazer uma surpresa e aí sim, começaríamos a espalhar a novidade. Teria contado antes se não tivesse começado com os sangramentos.

─ Independente desses sangramentos, Leah, ele merece saber sobre o bebê, não só por ser direito dele, mas também porque vocês precisam passar por esse momento juntos, não importa o que aconteça.

Leah sabia a que eu estava me referindo. Pouco mais de um ano antes, eu tinha sofrido um aborto espontâneo daquele que seria o bebezinho meu e de Edward. Ele já estava sabendo da gravidez – além de alguns familiares e amigos mais próximos –, havíamos descoberto juntos, e tal fato tinha facilitado muito todo o processo de luto. Eu ainda me sentia triste às vezes, pela vida e pelos sonhos interrompidos em relação ao nosso bebê, mas ter o apoio mútuo de Edward tinha sido imprescindível para que conseguíssemos nos reerguer.

À Bree, que na época não sabia sobre a gravidez, mas já fazia algum tempo nos pedia por um irmãozinho – uma das razões para Edward e eu termos planejado a gravidez –, falamos sobre um bebê morando de passagem, em minha barriga, mas que já tinha voltado para o céu, como um verdadeiro anjo. Era a forma como gostava de pensar sobre meu bebezinho, que era um anjo nos cuidando lá do céu!

─ Que insensível da minha parte! ─ Leah fez uma careta ─ Nem te perguntei como você está em relação a esse assunto! ─ Ela colocou as duas mãos em meu rosto e me fitou profundamente.

Ainda doía e tinha certeza de que Leah conseguia enxergar aquilo em meus olhos, mas ela também sabia: eu ficaria bem. Ela me puxou para um abraço – estava até ficando meio zonza com tantas demonstrações de carinho em pouco tempo – e deitou minha cabeça em seu peito, afagando meus cabelos, como fazia quando éramos crianças – e em muitas fases posteriores. Fechei meus olhos, permitindo-me ser cuidada por aquela mulher tanto amava.

─ Hoje eu percebo que de frágil você não tem nada, Isabella Swan ─ murmurou, ainda tocando em meus cabelos ─ Ter essa vida crescendo dentro de mim me faz ter a certeza de que é preciso ser uma mulher muito forte para aceitar a dádiva de gerar uma criança.

“Pensar que fez isso tão jovem e com tanta segurança do que queria, mesmo sem o apoio do genitor da Bree... Hoje eu entendo a força vinda de dentro de você. Não era apenas a Bree querendo nascer, era a sua própria força gritando para ser ouvida”.

Eu chorei, chorei muito. Trazer Bree ao mundo em circunstâncias tão adversas para tal fato se concretizar havia me assombrado por um longo tempo. Minha família tinha me apoiado, mas todos sempre tinham sido muito protetores, como se eu fosse quebrar a qualquer momento, diante de qualquer escolha. Ter Leah me dizendo aquelas palavras significava que ela confiava em minhas escolhas, que ela realmente me entendia.

─ Obrigada, significa muito vindo de você! ─ murmurei com a voz embargada.

Sons de passos mais pesados fizeram eu me desvencilhar dos braços de minha irmã e tentar limpar o meu rosto, mas fui pega no flagra por Garrett. Ele pareceu meio desconfortável ao perceber que tinha interrompido aquele momento emotivo entre nós duas.

─ Hum... Edward disse que vai ficar com a Bree lá em cima ─ ele disse, olhando discretamente de mim para Leah e notei que os dois se entendiam perfeitamente através dos olhares ─ Algo sobre ela não estranhar o ambiente assim que acordar.

Aquilo era importante, afinal de contas, já havíamos estado naquele chalé, mas nem eu estava completamente acostumada com o local. Eu o agradeci pelo aviso e Garrett deu um sorriso pequeno:

─ Vou... Deixar vocês a sós. Leah, estarei colocando as nossas malas no carro se precisar de mim.

Minha irmã assentiu e Garrett saiu da cozinha rapidamente, como se não quisesse mais presenciar um chororô. O casalzinho estava de viagem marcada para Londres para passar algum tempo com os familiares dele.

─ Você é a primeira a saber ao contrário do que fez comigo! ─ Leah tinha que fazer uma piadinha para aliviar o clima e, de praxe, me dar uma cutucada sobre o tema. Ela apontava para a barriga, como se para deixar claro sobre o que estava falando.

Não pude evitar uma risada ao me lembrar de seus rompantes de ciúmes em relação ao meu melhor amigo quando descobrira que eu tinha contado para ele primeiro sobre a gravidez de Bree. Leah me olhou de soslaio.

─ Isso não significa que eu ame o Demetri mais do que eu te amo ─ falei, cutucando seu ombro levemente.

Leah deu um pequeno sorriso e desligou o fogo assim que a chaleira começou a apitar.

─ E trate de manter sua boquinha fechada para o Edward. Vocês dois às vezes parecem uma coisa só de tão fofoqueiros.

Arfei e Leah riu da minha cara. Não era culpa minha se gostávamos de compartilhar tudo um com o outro (e não termos a mínima dificuldade em fazê-lo!).

─ Não sei se vou conseguir guardar segredo dele, agora que sei da verdade. ─ Fui sincera com ela ─ Nós não escondemos nada um do outro. Se ele me perguntar sobre o que conversávamos na sala, porque eu duvido que ele tenha engolido sua desculpinha, não vou saber disfarçar.

─ Isabella, deixa de ser fofoqueira, mulher! ─ Leah revirou os olhos enquanto servia quatro xícaras com chá de camomila e uma com leite, a qual esquentou no microondas.

Ri porque nós nos conhecíamos o suficiente para sabermos que eu não fazia aquilo de propósito e sim, se Edward me perguntasse, contaria a verdade a ele.

─ Só manda ele não contar pros amigos dele, então. ─ Leah disse após soltar um suspiro..

Concordei e a ajudei a organizar a mesa da cozinha para o nosso café. Logo, Garrett voltou, parecendo meio cauteloso por causa da cena que presenciara momentos antes e, depois, Edward desceu com Bree em seu colo, toda manhosa e quentinha com um cobertor enrolado no corpo.

─ Oi, mamãe, olha o que o papai fez! ─ Bree riu e se moveu para livrar os bracinhos do cobertor e apontar para si mesma.

─ Hum... Papai esperto, tem que manter nossa menina aquecida mesmo! ─ Pisquei para ela, que deu uma risadinha.

Afastei uma das cadeiras para que Edward se sentasse com Bree no colo, pois a mesa tinha quatro lugares, e ele me agradeceu antes de fazê-lo. Sentei-me ao lado dele e Garrett e Leah sentaram-se de frente para nós. Tomamos o nosso café da manhã conversando sobre nosso voo, e os nossos planos para a estadia, assim como os deles para Londres.

Fiquei aliviada de Garrett não mencionar ou me perguntar sobre meu momento emotivo na cozinha com Leah. Aquilo poderia acarretar em faltas de desculpas e uma revelação antecipada da surpresa de minha irmã – e eu me ferraria bonito como consequência.

Ao terminarmos nosso café da manhã, despedimo-nos do casal e enquanto observava-os partindo em seu carro, eu torci para que tudo desse certo para eles; para a gravidez de Leah evoluir e trazer ainda mais felicidade na vida dos dois.

─ O que foi, meu amor? ─ Edward perguntou baixinho, ao pé do meu ouvido esquerdo. Bree estava no chão, ainda enrolada no cobertor, e acenava para o carro, cada vez mais distante de nós.

─ Depois eu te conto ─ sussurrei e ele assentiu.

Edward era sensível o bastante para ter me perguntado naquele tom, porque sabia que algo estava acontecendo, mas não se o conteúdo seria adequado para ser ouvido por nossa filha. E eu amava o fato de ele não ficar insistindo; tinha captado que Bree não deveria saber do assunto, pelo menos não de cara.

Pela nossa própria experiência, e devido às circunstâncias em que Leah se encontrava, seria melhor esperar mais um pouco até contarmos para nossa preciosidade. Talvez, Edward e eu mesmos pudéssemos ter uma notícia como aquela para dar novamente no futuro e, quem sabe, no próximo ano retornarmos àquele lugar incrível com mais uma criança nos braços.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Nos vemos no próximo capítulo (devo postar um dia sim, um dia não). Espero que tenham gostado! Não se esqueçam dos comentários!

Beijos,
Mari ❤



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Christmas at the lakes" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.