Um papel em cada mundo escrita por AndyWBlackstorn


Capítulo 35
Partida e reencontro




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Depois de uma longa viagem, onde Nimwey dormiu a maior parte do caminho, porém aproveitava para observar as novas paisagens e todo novo mundo a se desbravar em sua frente quando estava acordado, sua família estava mais próxima de seu destino agora. Ao ver quilômetros e quilômetros de floresta que se estendiam sem fim, o menino estava bem desperto. Para Neteyam e Lay'ti, era como uma visão, uma miragem, um sonho do lar que tinham deixado há tanto tempo para trás, mas que agora estava bem ali na sua frente, vívido, convidativo, como se realmente estivesse esperando por eles durante todos esse anos. Nenhum dos dois conseguia conter as lágrimas que surgiram pela emoção do momento.

—Você está bem, mamãe? Achei que ficaria feliz de estar voltando pra cá - Nimwey notou o choro de Lay'ti apesar de sua própria observação do novo lugar.

—Eu estou, estou mais que feliz, tanto que não posso me conter e meu corpo tem que demonstrar isso de alguma forma, são lágrimas de alegria, meu amor - a mãe do menino esclareceu, o que acabou o confortando.

Levaram mais um pouco de tempo ali no ar, sobrevoando os lugares que eram mais familiares para Neteyam do que para Lay'ti agora, o fazendo lembrar de quando caçava e patrulhava na companhia dos pais. 

Para a sorte da família, os Omaticaya continuavam no mesmo lugar onde o casal tinha se despedido de seu povo, onde os mensageiros Metkayina indicaram que eles estariam. Por segurança, lembrando-se novamente dos riscos que corriam, apesar de toda sua emoção, Neteyam cobriu a cabeça com o capuz da manta que usava, entendendo o motivo para aquilo, Lay'ti fez o mesmo com seu xale. Procuraram um bom lugar para deixarem os ikrans, e aos poucos, procurar alguém que os ajudasse a se localizar ali.

Um dos jovens guerreiros percebeu a família e se aproximou deles, vendo que estavam exaustos, mas não deixavam de ser estranhos, de qualquer forma.

—Quem são vocês, de onde estão vindo? - disse o jovem desconhecido diretamente para Neteyam.

—Não se preocupe, viemos em paz - ele ergueu as mãos mostrando que estava desarmado - eu procuro Mingnah, Tupi e Mo'at, buscamos... a ajuda deles.

—Não poderei fazer muito se não disser seu nome e o que quer com essas pessoas, responda minha pergunta - insistiu o guerreiro.

—Tudo bem, isso é justo, eu só peço que mantenha discrição da minha presença aqui - Neteyam deu um suspiro cauteloso antes de prosseguir - eu sou Neteyam te Suli Tsyeyk'itan, sou neto de Mo'at, faz muito tempo que não nos vemos, gostaria de visitá-la, por favor.

—Você é filho de Toruk Makto? - o guerreiro percebeu o que aquilo significava.

—Por favor, não espalhe essa informação, eu só gostaria de rever minha avó e os parentes da minha esposa, por favor - Neteyam tentou conter o rapaz, que parecia lisonjeado e assombrado ao mesmo tempo.

—Venha comigo - resolveu o jovem e Neteyam assim o fez, com Lay'ti e Nimwey em seu encalço.

Eles não ousaram abaixar o capuz enquanto passavam pelo mar de pessoas, observando quem poderiam ser aqueles forasteiros, usando ornamentos tão distintos. A criança que os acompanhava os comoveu, dava para imaginar que eles tinham vindo de longe e talvez quisessem abrigo entre os Omaticaya.

Neteyam e a família subiram a grandiosa árvore cuidadosamente, até encontrarem um pequeno trecho, uma senhora ocupada com algo, de costas, com seus movimentoe agora um pouco mais lentos. Ele sabia quem ela era, e sem conter a emoção, baixou seu capuz.

—Vovó! - ele deu um passo para frente, chegando a deixar um soluço sair esbaforido.

—Eu vejo você, Ma'Neteyam - Mo'at se virou, um pouco surpresa, mas logo abraçando o neto que não via há anos - esperava por você, por vocês na verdade.

—Agradeço a Eywa por ainda estar viva! - exclamou Neteyam admirado, olhando para o rosto marcado da avó, ela não tinha mudado muito.

—Aproxime-se, Lay'ti, minha filha, também senti sua falta - Mo'at a convidou a se aproximar, também se aproximando.

—Não faz ideia do quanto senti sua falta... - a mulher mais jovem chorou no ombro da tsahik.

—Enxugue as lágrimas, querida, aproveite esse tempo que temos juntos - Mo'at pediu, notando Nimwey ali por perto - eu vejo você, meu menino.

—Eu vejo você - ele respondeu educadamente, ainda tentando entender toda a situação.

—Não tenha medo, eu sei que tudo parece diferente, e vocês fizeram uma longa jornada até aqui, mas não se preocupe, estávamos esperando por vocês - Mo'at garantiu ao menino.

—Como sabe disso tudo? - Nimwey teve a coragem de perguntar.

—Intrépido como seus avós - constatou a bisavó, olhando para Neteyam rapidamente, numa referência direta aos pais dele - Eywa me disse que viriam de volta, e eu poderia vê-los de novo, ou ver você pela primeira vez, diga-me qual seu nome.

—Eu sou Nimwey, filho de Neteyam... - recitou o menino.

—Ah sim, é um lindo nome, isso faz de você meu bisneto, seja bem vindo à floresta, ma'Nimwey - disse sua bisavó, muito receptiva - sou Mo'at, mãe da sua avó Neytiri.

—Eu lembro dela contar sobre você - respondeu Nimwey.

—Que bom, nunca esqueci dela também, de nenhum deles - contou sua bisavó - eu quero saber tudo que aconteceu desde que partiram e como estão todos, mas acredito que Lay'ti queira ver os pais dela também.

—Sim, senhora, eles estão bem? Como eles vão? - respondeu a esposa de Neteyam, ansiosa por apenas imaginar aquele reencontro.

—Eles estão bem sim - a anciã confirmou.

Lay'ti deixou Neteyam com a avó e NImwey a acompanhou até encontrar o restante de sua família. O mesmo rapaz que os trouxe até ali a levou até seus pais.

Ela queria chamar por eles ao vê=-os, mas a emoção acabou a deixando em silêncio. Tupi se virou e sabia exatamente quem ela era, apesar das leves diferenças que trazia no rosto, a marca do tempo que havia se passado.

—Ma'Lay'ti! Como pode? - a mãe a envolveu num longo e apertado abraço, sem deixá-la escapar.

—Nós conseguimos voltar, achamos um jeito no mínimo seguro - a filha se explicou rapidamente - não ficaremos muito tempo aqui, mas eu sou grata por vê-la outra vez.

O pai de Lay'ti então se aproximou também, a abraçando logo em seguida, mas a inspecionando, checando se estava realmente bem.

—Eu estou bem, papai, passamos por muita coisa até chegar aqui, mas estou bem - ela garantiu.

—Quem é esse rapazinho com você? - Mingnah percebeu a presença de Nimwey.

—Esse menino é um dos motivos por eu querer voltar até aqui - Lay'ti confessou, emocionada, segurando os ombros do filho - esse é meu filho, Nimwey, ele é seu neto.

—Esses são meus avós? Seus pais, mãe? - ele compreendeu - é muito bom conhecê-los.

—É bom conhecer você também, ma'Nimwey - sua avó se aproximou.

—Um neto, você nos deu um neto, ah mas que dia mais alegre é esse! - o pai de Lay'ti celebrou.

Ela por sua vez deu um sorriso enorme, grata por estar ali, por viver toda aquela emoção, por ter seu desejo de anos finalmente realizado. O que a deixou ainda mais feliz foi ver o quanto Nimwey estava se dando bem com os avós maternos. Era tudo que Lay'ti precisava no momento.


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