Um papel em cada mundo escrita por AndyWBlackstorn


Capítulo 25
No conforto do lar




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/808358/chapter/25

Tuk foi a primeira a notar os inconfundíveis ikrans no céu, só podia se tratar de alguém de sua família, nesse caso, Neteyam e Lay'ti, ela correu até eles apenas para dar um oi e recebê-los em casa de volta, mas se surpreendeu com o que viu nos braços de Lay'ti.

—Por Eywa, isso é... é o seu bebê? Como assim? O que aconteceu? - ela a encheu de perguntas, também notando a ausência da barriga enorme.

—Bom, o seu sobrinho quis nascer no meio do nada e nos deu um belo susto, mas estamos bem, seu irmão se saiu bem - a moça mais velha elogiou, explicando calmamente o absurdo da situação que tinha passado.

—Neteyam fez seu parto? Mas como? Ele não é tsahik ou curandeiro - Tuk continuou confusa.

—Eu sei, Tuk Tuk, não precisa falar assim, Lay'ti foi quem soube o que fazer o tempo todo, eu só segui as instruções dela - o irmão dela explicou.

—Não estou caçoando, estou é admirada, você conseguiu fazer algo que nunca fez na vida - a irmã mais nova explicou.

—Ah sim, eu também estou espantado, mas correu tudo bem - Neteyam sorriu - falando em ficar bem, Lay'ti precisa de repouso, temos que ir pra casa.

—Claro, eu entendo, vejo vocês mais tarde - Tuktirey concordou, mas com mais algumas coisas em mente - posso avisar a família?

—Pode esperar até amanhã? Eu estou realmente exausta e eles vão perguntar muitas coisas - Lay'ti pediu, sentindo-se um pouco constrangida.

—Eu entendo - Tuk acabou rindo - apenas descanse.

—Obrigada - sua cunhada agradeceu e finalmente foi para casa.

Por mais preocupada que estivesse com Nimwey, com seus primeiros cuidados, Lay'ti se deixou vencer pelo cansaço depois de amamentá-lo. Apenas se virou de lado, observando o filho tão perto dela e sorriu, feliz por ele estar ali, bem, são e salvo. Fechou os olhos e dormiu.

Ao ver que a esposa tinha adormecido, Neteyam ficou alerta, vigilante, hesitante, até um pouco assustado. Era apenas ele e o bebê ali, o que o fez se agarrar às lembranças que tinha de como se cuidava de alguém como ele. Lembrou-se de Tuktirey imediatamente, como ele era prestativo e queria ajudar com tudo, mas sua mãe o achou muito novo no começo. Pela fascinação e cuidado dele com a irmãzinha, Neytiri acabou cedendo que ele ajudasse a cuidar de Tuk.

Apesar de muito tempo ter se passado, ele se lembrava das lições. Bem alimentado, só restava a Nimwey também dormir. A primeira vez que dormia, o que era algo tão comum, mas certamente especial para o seu pai. Neteyam se sentou ao lado dele, com cuidado, o balançando levemente, esperando que não se assustasse. Talvez fosse a emoção falando mais alto, mas Neteyam começou a cantar, compor uma canção exatamente como sua mãe fez com ele e seus irmãos. Não se considerava o melhor dos cantores, nem pretendia acordar Lay'ti com sua cantoria, então apenas murmurou baixinho, agradecendo a Eywa por tudo ter dado certo. Sua esposa e seu filho estavam bem e era tudo que ele poderia desejar no momento.

Naquele instante derradeiro, Neteyam sentiu uma compreensão jamais imaginada, tinha certeza que era exatamente assim que seu pai se sentiu quando tomou a decisão de se mudar. Faria qualquer coisa para ver a família a salvo, assim como Neteyam faria o mesmo. Depois de anos, compreendia essa decisão muito melhor do que antes.

Ele ficou de prontidão ali até que Lay'ti acordasse, até quando ela despertou o encontrando completamente tranquilo, admirando o filho. Notou as orelhas dele se mexendo, ouvindo o leve suspiro dela ao acordar.

—Faz tempo que está aí? - ela perguntou depois de um bocejo.

—Faz sim - ele assentiu quietamente, olhando para ela.

—E ninguém veio até aqui nesse meio tempo? - ela quis saber, curiosa, desconfiada.

—Não, acho que a Tuk fez um bom trabalho em afastar todo mundo - ele acabou rindo - como você está?

—Bem melhor, era tudo que eu precisava, além de um chá, confesso, pra recuperar as forças - ela mencionou.

—Não se preocupe, posso fazer isso por você - ele beijou a testa dela, mas acabou se demorando ali um pouco mais, olhando admiradamente para a esposa.

—O que foi? Eu pareço horrível por ter acabado de acordar? - Lay'ti brincou também.

—Não, eu só estou orgulhoso de você, por tudo que passou, você é incrível - ele elogiou abertamente, vendo-a corar com tamanho carinho.

—Eu não conseguiria se você não estivesse lá comigo - ela fez questão de apontar.

—Mas sabe, ma'Lay'ti, você me instruiu o tempo todo, concentrada no que tinha que fazer mesmo sentindo tanta dor, tão brava como um guerreiro - Neteyam disse maravilhado, muito menos traumatizado agora.

—Eu fiz o que o Nimwey e eu precisávamos - ela disse com convicção, mais uma vez contente por tudo ter corrido bem - falando nele, como ele está?

—Dormindo até agora, numa paz infinita - Neteyam avisou, voltando a olhar para o filho - parece que o nome tem tudo a ver com ele.

Lay'ti apenas sorriu em resposta, observando o filho mais uma vez. Eventualmente, Neteyam fez o chá que ela pediu, começando a se sentir ainda melhor depois de tomá-lo. Só então Nimwey acordou outra vez, chorando, com certeza querendo sua mãe e Lay'ti o atendeu prontamente.

Ela o segurou em seus braços tentando acalmá-lo, numa tentativa de ajudá-la, Neteyam começou a cantar outra vez, o que acabou dando certo, chamando a atenção de Nimwey e o deixando quietinho outra vez.

—Essa canção... achei que tinha sonhado com ela - Lay'ti comentou, olhando surpresa para ele - você criou uma canção de cordão, enquanto a gente dormia?

—Eu sei, é um pouco inusitado, mas não pude evitar, parecia o momento perfeito pra isso, por mais que seja algo que uma mãe faça - ele deu de ombros, um pouco constrangido.

—Não se preocupe, esse é nosso filho, podemos compor juntos pra ele - ela o tranquilizou quanto a isso, adicionando sua própria cantoria à de Neteyam.

Ouvindo seus pais, reconhecendo suas vozes, Nimwey sentiu-se completamente seguro. Seus pais, por sua vez, sentiam a responsabilidade e o amor por ele, contentes por estarem os três ali unidos, sem se importar com as circunstâncias.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Um papel em cada mundo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.