Don't Forget Us escrita por Bê s2


Capítulo 2
Capítulo 2




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/808292/chapter/2

Sara não conseguiu pregar o olho depois do turno. Seus pensamentos sobre o eminente reencontro com o marido não deixavam sua mente descansar. Quando finalmente adormeceu, de tão cansada, acabou perdendo a hora do trabalho.

 

Faltava meia hora para estar no laboratório quando ela despertou. Apavorada, tomou um banho rápido, se vestiu, prendeu os cabelos em um rabo de cavalo, pegou suas coisas e saiu acelerando com o carro.

 

Esbaforida, entrou no laboratório apressada e atordoada. Mal se dando conta dos olhares e burburinhos dos ratos de laboratório, adentrou no locker agitada.

 

—-Boa noite, pessoal! 

 

Mal as palavras saíram de sua boca e ela estacou na soleira. Por alguns minutos, em meio a correria e ao atraso, esqueceu que encontraria seu ex marido no trabalho naquela noite. Como se levasse um soco no estômago, ela o viu.

 

Grissom estava radiante, ao ver dela. Com uma roupa mais leve do que o habitual quando era perito, barba feita e alguns quilos a menos, estava divino. Sara respirou fundo e percebeu todos os olhares voltados para ela, junto a um silêncio absoluto. Tentando controlar a voz trêmula e o coração aos pulos, disse:

 

—-Oi, Gil.

 

Grissom a olhou de cima à baixo e notou seu rabo de cavalo tão jovial. Mas também reparou que ela estava mais magra, abatida e com olheiras terríveis. Com um sorriso de lado, cumprimentou.

 

—-Oi, Sara.

 

—Você parece bem… -Ela comentou. 

 

Ele fez menção de se aproximar, mas ela se virou para Russell:

 

—-Desculpe o atraso. Problemas com o carro. -Improvisou. --O que eu perdi?

 

—-Estamos colocando Grissom a par do caso. --Respondeu. --Morgan e Greg vão terminar de processar as evidências da casa. Jules e eu vamos tentar identificar as vítimas.  Nick e Sara para os insetos com Grissom. 

 

Dadas as coordenadas, os peritos saíram da sala, deixando apenas Nick, Sara e Grissom para trás. O texano não fazia contato visual com Grissom. Na verdade, Sara só virá Russell conversando com seu ex-marido com naturalidade. 

 

—Hm… Vamos? -A morena chamou.

 

Os dois assentiram com a cabeça e a seguiram para a sala de análises. Grissom observou tudo o que estava catalogado e o que faltava. Seus olhos pousaram numa pilha de livros e ele sorriu de lado:

 

—Acho que esses livros são meus…

 

Sara o cortou seca:

 

—Na verdade, eu fiquei com a casa e com tudo o que tinha dentro no acordo do divórcio.

 

Grissom arqueou a sobrancelha e Nick o encarou pela primeira vez na noite. Mas o entomologista nada disse em resposta e voltou sua atenção para os insetos.

 

—Vejo que tem um bom repertório, Nick. -Grissom disse depois de um tempo. 

 

—Mas não o suficiente para esse caso. -Respondeu seco.

 

Grissom estranhou aquela resposta vinda do ex pupilo. Deu a volta na mesa, separou alguns potinhos e os nomeou dizendo:

 

—Eu tinha um besouro desse na minha coleção aqui em Vegas… Esse aqui eu conheci na Costa Rica… Essa formiga é  muito comum em florestas tropicais, também… Esse eu cataloguei na lua de mel…

 

Sara ficava mais vermelha a cada lembrança que Grissom lhe provocava. E ela o conhecia o suficiente para perceber que ele estava fazendo de propósito. Pensou em brigar, retrucar, mas antes de abrir a boca, Hodges entrou animado na sala:

 

—Eu sabia que não seria para sempre! -disse abraçando Grissom com força.

 

O entomologista fez uma careta e se desvencilhou do analista.

 

—Eu só estou fazendo uma consultoria.  Ainda tenho meu trabalho no governo do Peru. 

 

Hodges não se deu por vencido.

 

—Tenho certeza que vai mudar de ideia.

 

Grissom nada disse e indicou os papéis que David tinha nas mãos.

 

—Ah, sim. Claro! As amostras de terra encontradas na cena do crime indicam elementos compatíveis com o solo de uma floresta tropical. O que sugere…

 

—Que com tantos insetos exóticos e terra de floresta tropical, a cena do crime pode ser apenas o local de desova. - Sara concluiu, astuta.

 

—Acha que a cena primária foi em outro país? -Nick estranhou. -E como transportaram sete corpos em decomposição de um país a outro?

 

—Isso é o que precisamos descobrir.

 

—________________________________________________________________________

 

No fim do turno, toda a equipe estava reunida no Locker à espera de Philip Gerard para discutir o andamento do caso. 

 

—Boa noite,  pessoal. -DB chegou acompanhado de um senhor conhecido por muitos ali. -Este é Philip Gerard, e vai acompanhar nosso trabalho nos próximos dias a pedido da família Legace.

 

— Boa noite. -Se cumprimentou a todos e se virou para Grissom, gesticulando em sinais. -Há quanto tempo, Gil!

 

DB, Morgan e Julie olharam curiosos para a interação dos dois. 

 

—Nao precisa dos sinais, Phillip. -Grissom respondeu irônico. -Fiz a cirurgia há alguns anos e foi um sucesso.

 

—Quando soube que seria consultor no caso eu comecei a treinar. -Ele deu de ombros. -Gostaria de saber sobre o processamento das evidências até o momento.

 

—Sente-se, por favor. -Russell indicou uma cadeira. -Como estamos até agora, pessoal?

 

—Encontramos uma digital do antigo parceiro musical de Jake Legace na cena. O nome dele é John Smas. Os dois se separaram há alguns meses. Ele não teve muito sucesso, mas Legace estourou na carreira solo.- Greg disse.

 

—O que significa que Smas esteve na cena. Nós também verificamos suas chamadas telefônicas e os dois conversaram bastante no último mês. -Morgan completou.

 

—Além disso, Smas travava uma batalha na justiça com Legace pelos direitos autorais de algumas canções. -Jules finalizou.

 

—Temos nosso principal suspeito, então. --DB concluiu. -O que os insetos nos dizem?

 

Todos se viraram para Grissom:

 

—Temos uma infinidade de larvas, pupas, besouros e formigas. Não é um conjunto comum de decomposição encontrado em Las Vegas. A maioria desses insetos são mais comuns em florestas tropicais. 

 

Todos ouviam atentos.

 

—A quantidade de insetos e a umidade aceleraram o processo de decomposição. Assim que terminar de catalogar todos, posso passar a traçar a linha do tempo. Não são insetos com os quais estamos acostumados a trabalhar.

 

—-Ainda não conseguimos identificar os corpos. Mandamos amostras para o DNA. Foi impossível fazer uma identificação facial ou por digitais. --Finlay completou.

 

—Pois muito bem, acho que tenho o suficiente para começar. -Gerard se levantou. -Acompanharei vocês amanhã e peço que me mantenham informado. Tenham uma boa noite.

 

O perito mal saiu e outra pessoa adentrou na sala. Alguém muito conhecido de todos, com cabelos ruivos e um largo sorriso:

 

—Cheguei numa hora ruim? -Perguntou baixinho, olhando Gerard.

 

Catherine Willows estava com uma roupa casual e um ar leve. Seus olhos passaram por todos na sala, mas pararam no seu amigo de longa

 

—Que saudades, Gil! - Ele se levantou e recebeu seu abraço.  -Você está tão bem!

 

Eles se separaram e ela cumprimentou todos na sala, sendo apresentada para Finlay. Os amigos estavam saudosos.

 

—Jim me ligou e por coincidência eu estava na cidade. Estou de férias com a Lindsay. -Disse animada. -Ela é caloura na UNLV. Pensei em ver vocês. Que tal um café da manhã no Frank’s?

 

—O Frank’s fechou depois do que houve lá. -Greg disse. -Uma verdadeira chacina.

 

Catherine e Grissom o olharam espantados. Sara, atormentada pelas lembranças de Basderic, focou sua atenção na organização da papelada do caso. DB a observava.

 

—Nos levem em outro lugar e aproveitem para nos contar sobre isso. --Catherine pediu.

 

—Agora vamos em uma lanchonete nova que abriu a dois quarteirões daqui. -Nick sugeriu. -O que acham?

 

Os CSIs concordaram.

 

—Ok, vou ligar para o Brass nos encontrar lá. -Cath disse animada.

 

Os peritos foram até o locker pegar seus pertences. Somente Russell e Grissom ficaram para trás. O silêncio constrangedor reinava na sala.

 

—Sua ajuda tem sido muito preciosa para nossa investigação. -DB disse depois de um tempo.

 

Grissom agradeceu com um aceno de cabeça e perguntou direto:

 

—Como a Sara está?

 

Russell não sabia ao certo como responder. Tinha certeza que a resposta honesta causaria diversos conflitos para Sara. Optou por responder com outra pergunta:

 

—Já perguntou à ela?

 

Ele arqueou uma sobrancelha, pois sabia que não era um bom sinal.

 

—Não temos nos falado muito. Ela não me parece bem. -Gil respondeu. 

 

—Talvez devessem conversar. --Russell sugeriu.

 

Um barulho no final do corredor indicava que os peritos já estavam indo para o estacionamento. Percebendo Grissom deslocado, DB perguntou:

 

—Quer uma carona? -Ofereceu. 

 

Por um momento, Grissom acreditou que Sara o convidaria para ir com ela, talvez depois o levasse para sua antiga casa… Mas percebendo que isso não sairia de sua imaginação, resolveu aceitar a carona de Russell. Assim, os dois foram até a lanchonete conversando sobre o caso.

 

Quando chegaram na lanchonete, os CSIs já estavam acomodados e conversando. Grissom sentou-se ao lado de Catherine e Brass, enquanto Russell se acomodou ao lado de Sara, do outro lado da mesa.

 

A conversa animada preenchia a mesa, mas em grupos distintos. Sara, DB, Jules e Nick conversavam em uma ponta; Greg e Morgan no meio; e Grissom, Brass e Catherine do outro lado. Em determinado momento, as atenções acabaram se voltando para Grissom e Catherine, que contavam de suas novas experiências.

 

—Estou fazendo expedições marítimas na costa do Peru, atrás de pescadores com práticas ilegais. É um programa interessante de preservação ambiental que o Governo está investindo. -Grissom explicava. -Na semana passada coletei evidências em um barco clandestino que pescava tubarões.

 

—Nossa! --Morgan se surpreendeu.

 

—É um CSI do mar? -Brass riu.

 

—Mais ou menos isso. -Grissom concordou sorrindo. -Eu tenho até uma identificação…

 

Ele sorriu como uma criança que vai mostrar seu brinquedo novo e Catherine não pôde deixar de rir junto. Grissom revirou seus bolsos, colocando seus pertences sobre a mesa e uma chave de hotel chamou a atenção da amiga.

 

—Por que você tem uma chave do Eclipse no bolso? -Ela riu e se virou para Sara. -Ele foi expulso por dormir com escorpiões no quarto de novo?

 

A mesa emudeceu. Grissom e Sara se olharam constrangidos e isso não passou despercebido pela ruiva:

 

—Gil, você não veio até aqui no carro do Russell para discutirem sobre trabalho no caminho, não é?

 

Ele abriu e fechou a boca, como um peixe fora d’água, sem saber o que responder. Olhou para Sara buscando apoio, mas ela o olhava friamente.

 

—Isso é sério ou é só uma crise? -Catherine perguntou incrédula.

 

—Estamos separados há alguns meses. Pensei que soubesse. -Grissom disse por fim.

 

Ninguém falava nada. A ruiva mal conseguia digerir o que acabara de ouvir.

 

—Podia ter mencionado isso no telefone, Jim. -Disse brava.

 

O detetive estava aflito:

 

—Eu também pensei que soubesse, ainda mais depois do caso do Basd…

 

O barulho de Sara se levantando o interrompeu.

 

—Pessoal, acho que vou para casa. Estou cansada… -Ela olhou para Catherine. -Foi bom te ver, Cath.

 

Rapidamente ajeitou suas coisas para ir embora. Ninguém a impediu.

 

—Acho que também vou. -Greg também se levantou. 

 

—-Vou aproveitar o momento. Estou exausto! Vou sonhar com besouros essa noite. -Nick também se despediu.

 

Logo, um a um, os peritos foram saindo. Somente Catherine, Brass e Grissom ficaram na lanchonete. Depois que todos se foram, Catherine não se aguentou:

 

—O que você fez?

 

Grissom arqueou uma sobrancelha e respondeu:

 

—Eu não fiz nada.

 

Ele fez menção de se levantar, mas o olhar ferino de sua amiga o impediu.

 

—Ela está magoada. O que você fez?

 

Brass olhava de um para o outro, sem saber o que fazer.

 

—Eu pedi o divórcio. -O entomologista disse por fim.

 

—Baseado em que? -A voz da ruiva estava esganiçada. -Você não está saindo com Lady Heather de novo, está?

 

Grissom revirou os olhos cansado.

 

—Ela merece ter uma vida. Nosso casamento não estava fazendo ela feliz.

 

Brass bufou e disse:

 

—Achei que tivesse superado essa paranoia, amigo.

 

Grissom se mexeu incomodado na cadeira.

 

—Eu fiz o melhor para ela. E minha vida amorosa não é da conta de ninguém.

 

Nervoso, Grissom também se retirou. Chamou um táxi e foi para o hotel Eclipse, onde estava hospedado. Por todo o caminho sua cabeça martelava. Rever Sara foi mais difícil do que imaginava, seus amigos estavam distantes e depois da declaração de Brass, ele sabia que algo ruim havia acontecido à sua morena. Decidido a descobrir no dia seguinte o que acontecera, se rendeu ao sono.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí, pessoal? O que estão achando?
Aguardo os comentários.
Até mais!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Don't Forget Us" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.