ATENAS – GRÉCIA – 1990

Após o fim da guerra Santa contra Hades, ocorreu uma explosão do Submundo. Tudo ainda estava um pouco caótico, mas Saori conseguiu com seu cosmo envolver Seiya, vitimado pela espada de Hades e lançar seu cosmo para auxiliar os demais cavaleiros de Bronze. Saori consegue chegar com Seiya ao Santuário, mas não avista nenhum dos demais cavaleiros, ficando preocupada. A Terra já está na normalidade, o grande eclipse não existe mais e tudo está tranquilo. No dia seguinte Saori está andando com Seiya em uma cadeira de rodas em um campo de flores próximo ao Santuário. Ela criou uma pulseira de flores e coloca em seu braço.

— Seiya te fiz essa pulseira de flores. Certamente ela te protegerá. Volte logo Seiya, não demore...

Saori percebe alguém se aproximando. Logo ela é chamada.

— Senhorita Saori!

Saori avista a pessoa e demonstra um misto de alegria e surpresa. Era Shun com sua urna com a armadura nas costas.

— Shun... Você está a salvo!

— Sim estou. Não ocorreu nada comigo. Consegui regressar a Terra.

Saori olha ao redor e percebe que Shun está sozinho.

— E os outros?

— Não sei dizer. Nem Shiryu, nem Hyoga, nem meu irmão Ikki. Não sei o que aconteceu com eles depois que derrotamos Hades nos Campos Elísios. Mas creio que eles retornaram a Terra em segurança assim como nós.

Saori abaixa a cabeça e fecha os olhos, balançando a cabeça positivamente.

— Também creio nisso.

Shun avista Seiya na cadeira de rodas e se assusta. Ele não sente o cosmo de Seiya e questiona se Seiya está vivo ou morto. Saori explica a Shun que a espada de Hades está ainda perfurada no peito de Seiya desde o momento em que ele a protegeu de Hades. Shun não avista a espada e Saori explica que a espada surgiu da maldição de Hades, uma espada invisível que as pessoas não conseguem enxergar.

— Provavelmente com essa maldição a vida de Seiya irá acabar dentro de três dias. – Revela Saori. — Depois desses três dias a espada encontrará o coração de Seiya e ele morrerá sem dúvidas.

Shun entende que devido à maldição de Hades a espada se move pouco a pouco. O cavaleiro de Andrômeda questiona se há algo que eles podem fazer para tentar salvar Seiya.

— Já não nos resta tempo. Então eu vou encontrar uma pessoa.

— Então eu a acompanharei! – Responde Shun.

Saori traja sua armadura divina. Shun olha impressionado para a deusa Athena novamente trajada em sua armadura.

— Por que vestiu sua armadura Saori? Por acaso irá encontrar algum inimigo?

Nesse momento alguém surge no local os chamando a atenção. Shun arregala os olhos.

— É você? June!

Era a amazona de Bronze de Camaleão June. A companheira de treinamento de Shun na Ilha de Andrômeda surge no local trajada de sua armadura. Ela reverencia Athena.

— Mas June... Você havia desaparecido... – Diz Shun.

— Na realidade Shun, quando vocês foram para o Santuário enfrentar os cavaleiros de Ouro eu fiquei na mansão da senhorita Athena no Japão, mas logo me recuperei e enfrentei alguns soldados marinas de Poseidon espalhados pelo Japão. Depois enfrentei alguns espectros de Hades que rondavam a Ásia. Me feri, mas nada de grave. Agora já sei que Hades foi derrotado e Athena está a salvo.

Shun conta a June o ocorrido com Seiya. June se propõe a ir com eles.

— Muito obrigada June. Então vamos. – Apressa Saori.

Saori os chama para irem ao Star Hill, o local proibido onde os Grandes Mestres liam as estrelas e previam as guerras Santas por várias gerações. Shun a questiona se aquele era mesmo o tal local e ela confirma.

— Sim. Aqui também é o local mais próximo da Lua em toda a Terra.

Shun e June se olham e estranham. Shun já tem ideia de quem Saori pretende encontrar.

— Vamos encontrar minha irmã mais velha, a deusa da Lua Ártemis!

Saori pede para Shun e June não se afastarem dela. O espaço e o tempo se estremecem. Logo eles estão em outro lugar que Saori diz que é a base de Olimpo.

— Está dizendo o Olimpo, morada dos deuses? – Pergunta June.

— Exato. Um pouco distante daqui está o Templo da Lua de Ártemis. Por favor, Shun e June, me acompanhem.

Shun resolve abrir sua urna sabendo que pode encontrar inimigos e estranha sua armadura de Bronze estar no aspecto normal.

— A armadura divina é a forma mais evoluída de uma armadura, que chega a essa forma quando um cavaleiro que recebeu o sangue de Athena eleva seu cosmo ao infinito. Como sua missão acabou a armadura retornou a sua forma original.— Explica Saori.

Shun revela que gostou, porque gosta mais de sua armadura em forma de Bronze, com a qual já enfrentou inúmeras batalhas.

— Eu tenho participado de muitas batalhas e sido salva por vocês. Chegou a minha hora de salvá-los. – Diz Saori. – Vamos ao Templo de Ártemis.

Os três entram em um labirinto que se leva para vários caminhos. Saori percebe que eles estão perdidos. Logo uma voz os interrompe.

— Aonde pensam que vão?

Eles avistam uma mulher baixinha com aparência de anciã e com expressão bem feia logo acima deles.

— Quem é você? – Pergunta Saori.

— Eu sou Hécate, a bruxa da Lua. Os humanos não podem vir aqui, voltem imediatamente.

— Queremos ir ao Templo da Lua. – Diz Saori.

Hécate se surpreende com a intenção de Saori. Saori revela ser Athena, irmã mais nova de Ártemis e que quer se encontrar com sua irmã.

— Senhora diga-me, por favor, que caminho devemos tomar.

Hécate fica impressionada com a beleza de Saori e percebe que ela é mesmo Athena. Ela diz que irá lhes mostrar como chegar ao Templo da Lua, mas pergunta o que eles lhe darão em troca. Saori revela que eles não possuem nada de valor, mas a bruxa diz que não quer objetos e retira uma faca. Shun e June se colocam na frente de Saori para protegê-la.

— Não fiquem na minha frente garotinho e garotinha. O que eu quero é esse belo cabelo. O cabelo de Athena é o único que dizem que preparando uma beberagem estende a vida por cem anos. – Diz Hécate.

June se irrita e diz que isso é bobagem. Hécate diz que se não quiserem dar o cabelo irão continuar vagando por esse caminho cheio de labirintos.

Saori pega a faca e diz que se é só o cabelo dela que ela quer ele a dará. June grita para Saori não fazer aquilo. Saori corta seu cabelo curto e entrega as madeixas à bruxa.

— Aqui está senhora, pegue isso. – Diz Saori.

Hécate aceita e pega. Shun questiona sobre o caminho e Hécate diz para eles seguirem a direita.

— O que quer dizer com direita? – Pergunta June.

— Devem seguir a direita. – Diz a bruxa que se afasta com os cabelos em mãos.

— Espera! Nos enganou e esperava que déssemos o cabelo para ela fugir. – Grita Shun tentando ir atrás da bruxa.

Saori intervém chamando Shun. June está olhando para o mesmo lado que Saori.

— Shun está tudo bem, olha por ali. – Pede Saori.

Eles avistam agora um único caminho. Shun diz que aquele foi um ato covarde os enganar com tal ilusão. Saori o tranquiliza, dizendo que há tempos queria ter os cabelos mais curtos, pois é mais prático. June sorri. Saori avista o Templo da Lua ao avistar uma imensa Lua logo atrás de um grande templo. Eles são atacados por flechas, que Shun defende com sua defesa circular. Shun diz que eles não são inimigos, mas várias garotas dizem que eles não irão entrar sem permissão. Uma mulher surge dizendo para as garotas pararem.

— Esperem satélites. Essa pessoa é a irmã mais nova da senhorita Ártemis.

— Senhorita Calisto! – Gritam as garotas.

Saori confirma ser Athena e Calisto a pede perdão e pede para as satélites se afastarem. Saori diz querer ver Ártemis e Calisto diz que é melhor ela não fazer isso, pois suas más ações chegaram aos ouvidos de Ártemis e ela está desgostosa.

— De quais más ações se refere? – Pergunta Saori.

— Você acabou com o Imperador dos mares Poseidon e o Imperador do Submundo Hades, dois dos maiores deuses somente inferiores ao supremo senhor do Olimpo Zeus. – Responde Calisto.

Saori resolve explicar, mas Calisto diz que é melhor esperar outra ocasião para evitar despertar a ira de Ártemis. Saori diz que se ela não a deixar passar terá que usar a força e aponta seu báculo. Calisto percebe a valentia de Athena e resolve guiá-la até o trono de Ártemis. Saori é guiada com Shun e June logo atrás, e chegando próximo ao trono da Lua, fica diante de sua irmã Ártemis. A bela deusa de cabelos longos loiros e olhos bem pretos pequenos avista Athena se aproximandando e diz que irá puni-la. Ártemis aponta sua lança da Lua, mas antes Saori diz que precisa fazer um pedido para ela.

— Pedido? – Questiona Ártemis.

— Sim. Em pouco tempo a vida do cavaleiro de Pégaso Seiya chegará ao fim, ele que se sacrificou por mim, por causa da espada invisível de Hades. Por isso peço que me empreste seu poder irmã. – Diz Saori.

— Meu poder?

— Sim. Você e nosso irmão maior Apolo são os deuses da Lua e do Sol, significa que ambos estão monitorando o tempo da Terra.

Shun e June se olham e arregalam os olhos. Eles entendem a intenção de Saori.

— Então você quer voltar no tempo? Para roubar a espada de Hades, é isso que está dizendo?— Pergunta Ártemis.

— Sim, não tenho outra opção. Não há outro método para salvar Seiya. Eu te imploro minha irmã, me empreste seu poder...

— Silêncio! – Interrompe Ártemis.

Ártemis volta a apontar sua lança para Saori e diz que ela é insolente, que além dos conflitos com Hades e Poseidon quer distorcer a continuidade do tempo. Ártemis diz que a castigará. Shun e June gritam.

Saori lança seu báculo contra a lança de sua irmã e diz que ainda não pode morrer, que tem que salvar Seiya. Ela diz que mesmo ela sendo sua irmã mais velha terá que lutar contra ela. As duas confrontam suas armas com Ártemis falando mal dos humanos, dizendo que eles devem ser dizimados e Athena dizendo que eles são sim pecadores, mas que possuem algo chamado amor, e enquanto houver amor ela acreditará nos humanos. Calisto não permite que Shun e June se aproximem. Ártemis derruba o báculo de Athena e diz para ela tomar cuidado, que se continuar agindo assim logo despertará a ira de Zeus e será rebaixada de sua posição de deusa para de uma humana. Saori diz que ainda assim quer acreditar nas pessoas da Terra. Saori volta a insistir para Ártemis emprestar seu poder.

— Athena você está entendendo mal. Nem eu nem nosso irmão Apolo somos capazes de controlar o tempo, apenas vigiamos seus movimentos. O único ser que tem essa capacidade não está entre os doze deuses do Olimpo. O único que está além deles... – Revela Ártemis.

— Está se referindo a...

— Aquele que rege o tempo... Chronos, o deus do tempo!

Saori quer saber onde consegue encontrar Chronos, mas Ártemis diz que Chronos é um deus sem forma e nada se sabe onde ele se encontra. Logo seu pedido é impossível de se realizar.

— Se compreendeu então vá embora e esqueça-se de tudo que se refere a esse humano. – Diz Ártemis virando de costas a Athena.

Saori, Shun e June são lançados para fora do templo por Ártemis.

Calisto percebe a preocupação de Ártemis e resolve agir. Ela deixa a sala do trono da Lua e convoca uma satélite.

— Senhorita Calisto, sou Lascoumoune, comandante das forças das satélites, as suas órdens.

— Você que não permite que nenhuma presa escape, necessito que me faça um favor. – Pede Calisto de costas a satélite.

A satélite questiona o que seria e se surpreende com a resposta.

— Quero que mate Athena!

— Como? Quer que eu mate a irmã mais nova da senhora Ártemis?

Calisto fecha os olhos e responde Scoumoune.

— A deusa Athena se tornou um problema para os doze deuses do Olimpo. Se seguirmos ignorando suas ações, eu não sei o que poderá acontecer. Mas a nossa senhora Ártemis não pode saber disso, entendeu?

Calisto se vira de frente a Lascoumoune, que confirma balançando a cabeça.

— Sim. Pode ficar segura que minha víbora carmesim se encarregará do que é necessário.

Scoumoune se retira e Calisto fica pensativa.