Lembranças de Você escrita por Eli DivaEscritora


Capítulo 8
Haveria nós dois?




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/808123/chapter/8

O contato de seus lábios roçando nos meus provocou várias batidas frenéticas do meu coração. Isso estava realmente acontecendo!? O toque da sua língua me fez experimentar um formigamento diferente, aprofundei a carícia ao envolver as minhas mãos em seus cabelos e ele desceu as dele, pousando na minha cintura. Apertou meu corpo contra o seu, levantando um pouco a barra do meu casaco e um fervor se alastrou pelo meu âmago. Ajudei-o a retirar o meu blazer sem que desgrudássemos nossas bocas. Eu não queria que esse momento acabasse, o mundo lá fora já não importava mais. Apenas nós dois. Quando deslizei meus dedos por sua nuca, seduzida pela paixão, o Ed se afastou. E, eu o olhei desnorteada.

― Bella, eu... ― Botei o meu indicador em sua boca, impedindo-o de continuar.

― Vamos deixar para nos arrependermos amanhã. ― Em seguida, ele acompanhou as minhas mãos se deslocarem até a gola da minha camisete, desabotoando a peça por completo.

A expressão no rosto do Edward era de embasbacado, acho que ninguém estava esperando pelo comportamento desenfreado do outro. Mas logo que se recuperou, me puxou pela parte da blusa aberta, retomando o beijo. Porém, dessa vez foi muito mais intenso. Enquanto ele retirava lentamente o tecido fino que eu vestia, eu segui para o seu peito atlético. Imaginando o trajeto daquele pingo de água, eu fui irradiada por um calor, de novo. Quando a minha roupa se espalhou no chão, o contato quente de seus lábios em meu pescoço eriçou todos os meus pelos e com a respiração ofegante senti que o Edward se animou. Com isso, um pensamento tentador surgiu pela minha mente.

Havia uma pequena barreira entre nós, a toalha macia e felpuda, desde que coloquei meus olhos nela tive vontade de arrancá-la. Aliás... Poderíamos resolver nosso problema inicial também, a cama. Eu sorri divertida ao fantasiar os meus próximos movimentos. Empurrei-o com delicadeza em direção à beirada do móvel, seu semblante parecia extasiado... de desejo. O que atrapalhou todo o meu raciocínio, mas segundos depois, recordei das intenções luxuriosas. Antes de derrubá-lo em nosso "inconveniente" dilema, puxei a bendita toalha e fui ao seu encontro. Aproximei a minha boca da sua pele e trilhei o mesmo caminho daquela gota de água. Eu estava completamente entregue a ele, não conseguia mais evitar isso, a cada toque seu, eu o queria mais. Hoje seu coração e tudo de você seria meu. Memorizaria seu corpo por inteiro, pedaço por pedaço, em minhas lembranças. Era pedir muito para que esse momento não acabasse?

—--

Horas mais tarde, assim que despertei, o lençol tapava metade da minha silhueta, abri os olhos receosa e virei a cabeça à procura do Ed... Não foi um sonho! Ele ainda dormia ao meu lado, eu sorri sem acreditar. E, quem diria que no final das contas dividiríamos a cama mesmo, eu deixei uma risadinha escapar e logo tapei a boca para não acordá-lo. Ao afastar o tecido fino de cima de mim, levantei para checar o horário. Quase uma da tarde, acho que daria para tomar um banho e depois almoçar, mas sem demorar muito para não nos atrasarmos para a apresentação.

Abri o registro do chuveiro, entrei embaixo da água, sentindo os pingos quentes escorrerem pelo meu corpo. Aquela sensação de relaxamento me invadiu e, para aproveitar melhor o momento, fechei os olhos.

― Ai que susto! ― Eu elevei um pouco a voz, ao perceber o toque de suas mãos em minhas costas. ― Ed, a gente não pode se atrasar para a apresentação, o seu pai está apostando em nós nisso ― comentei tentando manter a sanidade mental, pois assim que seus lábios tocaram o meu pescoço eu perdi a lucidez.

Ele apenas respondeu:

― Uhum... ― Beijando o mesmo lugar, terminar aquele banho não foi uma tarefa fácil.

Quando retornamos para o quarto, eu resolvi me arrumar para não perdermos tempo, já que iríamos procurar algum lugar para comer que estivesse aberto a essa hora. Provavelmente um fast food. Enquanto procurava o meu terninho azul na mala, percebi que o meu celular vibrou no bolso do meu blazer, o que eu vestia mais cedo. Cinco ligações perdidas das meninas e uma mensagem: Isabella Swan, cadê você? Elas deveriam estar muito curiosas por causa do meu último recado. Eu balancei a cabeça, manifestando um sorriso arteiro ao imaginar a reação delas sobre o que tinha acontecido entre mim e o Edward.

― Você me dá cinco minutinhos? ― declarei para o Ed ao apontar o banheiro com as peças de roupas em uma mão e o celular na outra.

― Claro, vai lá. ― Ele acenou.

Caminhei até o cômodo e assim que fechei a porta, decidi efetuar uma chamada conjunta para ser mais rápido. Eu queria um pouco de privacidade para falar com aquelas duas.

― Ah, já não era sem tempo. Muito bonito, nós ficamos tão curiosas ― a Rose foi a primeira a se pronunciar. ― Conta logo o que você descobriu.

Eu relatei para elas sobre o motivo do Edward estar namorando a Bianca até hoje.

― Agora está explicado o porquê dele não ter encontrado ninguém melhor ― a Lice disse após eu terminar de falar.

 

― Coitado! Pelo menos se livrou desse encosto ― a loira comunicou e eu concordei ao balançar a cabeça.

 

― E tem mais uma coisa. ― Fechei os olhos, como iria começar esse assunto? ― Preciso confessar algo para vocês.

 

― Ai meu Deus! O que você fez? ― a Rose perguntou animada.

 

― Foi impossível lutar contra... Meninas!? ― Ouvi um silêncio do outro lado.

E de repente a ligação caiu.

 

― Certo, eu telefono mais tarde ― declarei ao desligar o celular.

Após sair do banheiro, usando o terninho azul que encontrei no meio da mala, observei o Edward terminar de colocar seu paletó. Era tão estranho essa situação! Não por falta de proximidade ou pelo o que aconteceu, mas porque parecia tudo muito natural, como se a vida inteira fossemos um casal.

 

― Já está pronta? ― ele perguntou e eu demorei alguns segundos para compreendê-lo, acenando em resposta.

Depois do almoço nos dirigimos para o local da apresentação e como chegamos com um pouco de antecedência, pudemos revisar alguns tópicos.

 

― Cadê as minhas anotações? ― Vasculhei os documentos dentro da minha pasta ― Por que eu tenho a sensação que esqueci de algo? ― pronunciei impaciente.

 

― Vai dar tudo certo. ― Ele segurou a minha mão.

 

― E se o seu pai não conseguir conexão?

 

― Acabei de falar com o papai, ele está aguardando a chamada na sala dele. ― Eu suspirei, ainda nervosa e o Ed acariciou a minha mão. ― Você não estará sozinha... Ah, quer saber de uma coisa? ― Seus olhos se animaram e eu o encarei confusa. ― Se a apresentação for um sucesso, eu irei levá-la em um lugar especial.

Um convite para turistar? Eu sorri entusiasmada.

 

― Combinado! ― Estendi a mão para ele e até fiquei mais empolgada.

Assim que encerramos o aperto de mãos, uma moça apareceu para comunicar que os clientes nos esperavam. Caminhamos pelo prédio e a cada passo, meu coração acelerava, voltando ao meu estado nervoso anterior. Eu só pensava em como seria uma grande oportunidade para a nossa empresa.

Logo que acabamos a apresentação, olhei para a tela enorme da televisão, o senhor Carlisle sorriu contente e gesticulou um "muito bomcom a boca. Eu respirei aliviada, confiante de que tínhamos realizado como o ensaiado. Por outro lado, Edward estreitou as sobrancelhas, preocupado, talvez?

 

― O que aconteceu? ― cochichei para ele.

 

― Não sei, eles estão muito sérios. Não falaram nada ainda.

Instantes depois, os clientes disseram que entrariam em contato até amanhã para finalizar o acordo. Entretanto, eu também notei que havia algo esquisito. Por que não fecharam logo o negócio depois da apresentação?

 

― Vamos ligar para o seu pai ― eu disse enquanto apertava o botão do elevador. ― Tem alguma coisa errada.

Quando a porta se abriu no hall da recepção, disquei o número do senhor Carlisle e aguardei o homem atender. Coloquei no viva voz para eu e o Ed escutarmos, ele comentou para nós dois não nos preocuparmos, pois era muito normal esse tipo de conduta. Os clientes poderiam fazer alguma sugestão de mudança antes de assinarem qualquer documento. Já eu possuía minhas dúvidas, com certeza eles souberam daquele incidente com o cara casado e a nossa funcionária e agora irão repensar se valia a pena investir na empresa.

 

― Por que vocês não vão jantar? Ou passear? Aproveitem para descansarem. A nossa parte foi feita, eu gostei muito da apresentação.

 

― O senhor tem certeza que não vazou aquela história na mídia? ― Eu quis me certificar de que tudo estava em ordem.

 

― Sim, sem nenhum imprevisto até agora. ― Em seguida, uma voz ao fundo chamou por ele. ― Certo, já estou indo ― o homem respondeu-a. ― Preciso resolver um assunto com a secretária, vejo vocês amanhã.

Após desligarmos, eu e o Ed decidimos explorar a cidade. A ideia do senhor Carlisle veio em uma boa hora, pois se eu permanecesse naquele quarto iria enlouquecer tentando descobrir se o negócio daria certo ou não.

Às seis da tarde, chegamos em frente da CN Tower desde que eu botei meus olhos nela lá na sacada, tive vontade de conhecê-la e ao sugerir o programa para o Edward, ele aceitou imediatamente. Observei admirada toda a sua extensão, era tão enorme que da calçada eu mal conseguia enxergar a ponta. Havia tanta coisa para fazer na torre que eu não sabia se daria tempo para todas as atrações. Por isso, compramos só um ingresso que disponibilizava acesso a cinco delas. No Lookout Level as janelas panorâmicas proporcionavam uma visão espetacular da cidade, contemplando aquele horizonte sem fim. O Sky Terrace era dividido em duas partes, uma delas a Glass Floor, possuía um piso de vidro que daqui de cima fazia os prédios da cidade parecerem minúsculos, com a sensação de estar sobrevoando-os. A outra ficava no lado externo, o Outdoor Sky Terrace é uma espécie de varanda, sendo possível tomar uma taça de vinho no bar sentindo o sopro do vento em seu rosto. E, para fechar, o 360 Restaurant, um restaurante giratório que, lentamente, em setenta e dois minutos dá a volta completa.

 

― Nossa, incrível! Você viu que tinha até uma pista de dança? ― comentei impressionada quando ele abriu a porta do quarto.

Edward balançou a cabeça e em seguida respondeu:

 

― E aquele restaurante? Por sorte é baixa temporada. De jeito nenhum arrumaríamos uma reserva de última hora.

Eu concordei com um aceno e logo depois meus olhos foram atraídos pelo pôr do sol. Gradualmente, o quarto perdia sua iluminação, e eu observei perplexa, já que meu relógio marcava nove da noite. Eu conferi duas vezes!

 

― Como junho se aproxima, os dias serão mais longos. Por isso que o sol se põe nesse horário ― ele explicou bem-humorado ao notar o meu semblante.

 

― Caramba! Bota longo nisso. Eu podia jurar que era mais cedo, só me dei conta agora.

 

― A gente acaba se perdendo no tempo sempre que se diverte. ― Edward firmou seus olhos em mim. Como se quisesse transmitir um recado.

Em seguida, enfiou suas mãos no bolso da calça, sem deixar de me olhar, e eu percebi que ele refletia algo. Em nossa situação atual, talvez? Definitivamente nós precisávamos conversar, mas se colocássemos em palavras, nesse momento, seria a mesma coisa que apagar o que vivemos. A realidade nos atingiria e teríamos que lidar com os dilemas que nos cercavam. Edward enfrentaria o pai? E a Bianca? Ela nos deixaria em paz? Com certeza não! Qual seria a mentira da vez? Eu suspirei, afastando os pensamentos.

O Ed se aproximou de mim, retirou suas mãos do bolso e enlaçou a minha cintura. Encostando sua testa na minha, permanecemos assim por alguns segundos. Apenas sentindo um ao outro, parecia até que ele havia lido a minha mente e dizia em silêncio que tudo ficaria bem. Logo que seus lábios tocaram os meus, esqueci de todas essas dúvidas, pelo menos por enquanto.

—--

― Não acredito! Edward, ai meu Deus. ― Abracei-o entusiasmada. ― Eles fecharam o acordo!

 

― Claro que sim ― ele falou contente ao me apertar em seus braços.

 

― E ainda por cima, ofereceram uma parceria. ― Sorri radiante.

No instante depois, eu me separei dele e nos encaramos.

 

― Bem, acho que estou te devendo uma coisa ― o Ed pronunciou após ficarmos quietos. ― Vem, vamos. ― Ele me puxou pela mão.

Ao sairmos do prédio, entramos em um táxi que finalizava uma corrida, o Edward comunicou ao motorista um endereço e seguimos para o destino. Eu tentei arrancar dele para onde estávamos indo, porém, a única coisa que ele disse foi "para um lugar especial".

 

― Nossa, quanto mistério ― comentei assim que desembarcamos do carro.

Só então meus olhos se fixaram na fachada do estabelecimento. Observei encantada o letreiro em marrom.

 

― Um zoológico? ― Olhei para o Edward.

 

― Sim ― ele respondeu com um sorriso nos lábios vendo a minha reação. ― Há muito tempo atrás uma garotinha chegou falando sobre um passeio que fez.

 

― Você lembra disso? ― O Ed balançou a cabeça concordando e em seguida foi até a bilheteria, enquanto eu o encarava com a boca entreaberta.

 

― Sabia que aqui tem ursos polares? ― ele mencionou assim que retornou com os ingressos

 

― Jura? ― Eu podia, quase, afirmar que meus olhos brilharam. Eu certamente parecia aquela criança de cinco anos. ― Então vamos vê-los logo. ― Enganchei meu braço no dele.

Apesar do zoológico ser enorme, nós ficamos um bom tempo admirando aquelas criaturas de habitat gelado, eles eram engraçados e muito semelhantes aos pandas em seu jeito. O lugar possuía um projeto de proteção a animais ameaçados de extinção, além de um trabalho de pesquisa e reabilitação de espécies. Muito incrível! Eu também aproveitei para comprar alguns presentes para as meninas. O programa foi muito agradável, como se voltássemos no tempo e estivéssemos continuando de onde paramos.

 

― Muito obrigada pelo passeio ― eu disse ao pegar uma pipoca do saco. ― Isso me trouxe memórias tão felizes.

Ele sorriu e sua expressão facial se alegrou.

 

― Você e a Lice comentavam direto sobre como se divertiram com os macacos. Eu nunca vou esquecer de como o seu rosto se iluminou naquele dia.

 

― Eles ficavam incomodando uns aos outros. ― Eu devolvi o sorriso, relembrando da cena.

Nós nos olhamos por alguns segundos, eu podia sentir a realidade quase nos atingindo agora, precisávamos retornar para o hotel e arrumar as malas, já que nosso voo sairia em breve. E, imediatamente, meu peito se comprimiu.

Duas horas mais tarde, nós descemos para efetuar o check out e eu permaneci em silêncio. O medo de não ter nenhuma certeza de como as coisas seriam daqui para frente me pegou em cheio. Esse nosso... lance tinha sido algo precipitado? Pelo visto chegou o momento do arrependimento. Eu continuei calada o resto da viagem, apenas respondia umas perguntas aqui e outras ali. Ao embarcarmos no avião, a minha mente ainda se questionava sobre a nossa aproximação. Aquelas dúvidas regressaram, o que aconteceria com nós dois? Haveria nós dois? Acho que só o futuro poderia revelar isso.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Ai, ai e agora gente? Eles estão voltando para a "realidade" como será que vai ser isso?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Lembranças de Você" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.