Lembranças de Você escrita por Eli DivaEscritora


Capítulo 19
De volta aos trilhos




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― Bella, não acho uma boa ideia ― minha prima mencionou quando cheguei no andar de baixo.

 

― Alice, não tenho estrutura para permanecer aqui enquanto o... ― Não consegui terminar a frase, pois só de imaginar que o Edward mentiu para mim, as palavras se embolaram na garganta.

 

― Mas e o bebê? Esse estresse pode afetá-lo, não é melhor você tentar se acalmar? Conversa com o Ed depois.

 

― Se eu não for, ficarei pior ― Busquei pela chave do carro, ainda com as mãos tremendo, entreguei para ela. ― Preciso que você me leve.

 

― Não vai dar, eu prometi que não me meteria nos seus assuntos de casada.

 

― Alice, estou sem condições de dirigir nesse momento e de jeito nenhum esperarei pelo Edward aqui.

 

― Quando você cisma com algo é difícil de voltar atrás, né? Eu te acompanho então, mas não sairei do carro. ― Acenei concordando com a sua afirmação.

O encontro dos dois seria em uma lanchonete perto da empresa, descobri após terminar de ler as mensagens do seu celular, à medida que a minha prima conduzia o veículo, eu passava as instruções do caminho para ela.

 

― Chegamos ― a Lice pronunciou receosa ao estacionar o carro. ― Talvez, ela não venha, Bella ― falou logo em seguida na intenção de me fazer mudar de ideia.

 

― Duvido ― respondi aborrecida e procurei pelo meu... marido. Suspirei pesadamente, olhando pelo vidro do estabelecimento.

Por quanto tempo eles estavam se vendo? Será que era um envolvimento recente? Por que o Edward esconderia isso de mim se não fosse nada demais? Minha reflexão se encerrou no mesmo instante já que avistei uma cabeleira loira entrando na lanchonete. Acompanhei com os olhos até onde a mulher se encaminhava.

 

― Hora do show ― declarei consumida pelas emoções.

 

― Só cuidado, tá bom? ― Alice advertiu protetora, antes de eu abrir a porta do veículo.

Eu afirmei em um aceno e parti rumo ao estabelecimento do outro lado da rua. Atravessei a estrada, com o coração disparado e então uma preocupação cruzou a minha mente. Edward realmente me amou? Nosso relacionamento ocorreu de forma tão rápida que ele poderia ter mudado de ideia. E, pensando bem, essas palavras nunca saíram de sua boca. Limpei, rapidamente, umas lágrimas que escorreram pela minha bochecha e adentrei na lanchonete. Localizei os dois mais ao fundo em uma mesa, Tanya acabava de entregar um envelope para ele.

 

― Qual é a mentira da vez? ― Apoiei um braço na cintura e fixei os olhos na mulher.

― Isabella? ― Edward falou com um tom de surpresa.

― Você, a gente conversa em casa. ― Apontei o dedo em sua direção e retornei a encarar a Tanya.

― Nenhuma, só a verdade sobre um assunto importante.

Eu enruguei a testa, não compreendendo, e o meu marido completou seu argumento:

― Ela veio trazer um teste de paternidade.

― Um teste... ― Não consegui pronunciar o resto da sentença.

Apertei os lábios um no outro, inspirando o ar com força.

 

― Independente de qualquer resultado, faça um favor a essa criança e seja uma boa mãe ― declarei antes de sair dali.

Ao embarcar no carro, Alice não questionou nada, apenas perguntou para onde eu queria ir.

 

― E agora? ― minha prima disse assim que desligou o motor.

 

― Será que você deixaria eu ficar alguns dias na sua casa?

 

― Claro, mas tem certeza? Espera o Ed para discutirem a sua decisão.

 

― Acho melhor não, eu vou pegar umas coisas e já volto.

Ela acenou e eu sai do veículo, percorrendo o caminho do jardim. Eu mal consegui arrumar algumas roupas dentro da mala quando o Edward apareceu no quarto.

 

― Bella, eu posso explicar. ― Ele reparou na pequena bagunça do cômodo. ― O que é isso?

 

― Você esqueceu seu celular. ― Joguei o aparelho na cama que havia retirado da bolsa. ― Preciso de um tempo em outro lugar. ― Enfiei algumas peças na bagagem.

 

― Vamos conversar, eu sei que errei em esconder esse encontro.

 

― E muito, só queria entender o motivo de não me contar antes. ― Suspirei. ― Caramba! É tão difícil me falar as coisas?

 

― Não, lógico que não. Eu tentei evitar uma briga desnecessária, já que você nunca foi muito fã da Tanya, para poupá-la de um aborrecimento.

 

― Pois piorou tudo. ― Fechei o zíper. ― Uma relação se baseia na confiança e nesse momento a minha está abalada, como poderei acreditar nas suas palavras agora?

 

― Fica Bella, para resolvermos isso. Gostaria de provar que você pode. ― Seus braços me contornaram, em um abraço apertado.

 

― Não me toque, Edward. ― Eu me afastei enquanto balançava a cabeça. ― Eu tô me sentindo traída.

 

― Deixa eu me explicar pelo menos. ― Ele colocou as mãos no bolso da calça e eu me sentei na beirada da cama, aguardando. ― O papai foi atrás da Tanya para pedir o exame, ele queria confirmar por um meio legal que o bebê não era meu para prevenir surpresas futuramente. Eu sei que não apaga a minha omissão, mas por favor me permita mostrar que isso não irá se repetir.

 

― Eu realmente preciso de um tempo.

 

― Tudo bem, mas não saia de casa. Eu durmo no quarto de hóspedes. ― Pensei por alguns segundos em sua proposta, se ele se arrependeu, merecia uma segunda chance, certo? Só não garantiria que a minha confiança seria conquistada tão fácil.

 

― Vou avisar para a Lice que ela pode ir embora. ― Eu me levantei. ― Essa é a última vez que não sou informada dos problemas, Edward.

Ele acenou com uma expressão entristecida e então fui falar com a minha prima que ela estava liberada.


***

 


O clima do mês seguinte, com toda certeza, não era o dos melhores, Edward tentava corrigir seu erro a cada instante. Antes de ir trabalhar, pendurava um bilhete na geladeira com dizeres do tipo, "tenha um bom dia", "comprei seu suco favorito", "cuide-se", além de me enviar mensagens durante o dia. Busquei focar no meu plano de parto, já que em breve o bebê nasceria, porém às vezes eu me questionava se havíamos feito a escolha certa de nos casarmos. E, também, não era fácil tirar da mente que, talvez, aconteceria novamente. Em uma noite de sexta-feira, as coisas pareciam voltar aos trilhos.

 

― Marquei uma consulta na segunda, às cinco da tarde ― comuniquei ao passar pela porta do quarto de hóspede.

 

― Vou anotar na agenda então. ― Ele tirou o celular do bolso e reparei na sua roupa arrumada, uma camiseta e calça preta casual. O cheiro do seu perfume amadeirado inebriou o cômodo.

 

― Algum compromisso? ― mencionei curiosa.

 

― Sim... Com você ― Edward se aproximou.

 

― Comigo? ― Enruguei a testa.

 

― Sim, deixei um bilhete na geladeira hoje de manhã. Jantar às sete. ― Ameacei respondê-lo, entretanto me senti culpada por esquecer completamente. ― Acho que irei sozinho ― declarou desanimado.

 

― Não, só me dá uns dez minutinhos para vestir algo mais ajeitado. ― Ele apoiou um braço no batente da porta e seus olhos se encontraram com os meus.

 

― Ótimo, porque tenho a sensação de que você gostará do lugar.


Meia hora depois, Edward estacionou o carro em frente ao estabelecimento e observei a pizzaria, a mesma que estivemos após a viagem ao Chile.

 

― Você comentou esses dias que bateu uma vontade enorme de comer essa pizza ― ele falou enquanto me ajudava a sair do veículo.

 

― A sua memória é realmente muito boa. ― Enganchei meu braço no dele e outra vez, notei escondido no meio daquela luz brilhante cor de mel, um convite silencioso.

Caminhamos na direção da entrada e logo localizamos uma mesa mais ao fundo. O jantar foi muito agradável, consegui esquecer nossos problemas, Edward me atualizou nos assuntos da empresa. Ele havia marcado uma reunião com o senhor Carlisle para apresentar aquelas suas sugestões de inclusão, sustentabilidade e adquirir novas tecnologias. Entretanto, ao chegarmos na garagem de casa aquele ambiente me recordou o clima esquisito do nosso convívio.

― Bem, boa noite, então ― Edward anunciou ao me acompanhar até a porta do meu quarto.

 

― Boa noite ― eu pronunciei assim que minhas mãos alcançaram a maçaneta.

 

― Isabella... ― Ele tocou no meu pulso.

 

― Oi. ― Virei o rosto me deparando com os seus olhos.

 

― Vamos repetir o programa qualquer dia desses. ― Coçou a nuca.

Em um aceno, afirmei que sim, totalmente hipnotizada de novo, com aquele brilho que parecia me chamar. No momento seguinte, Edward enfiou as mãos no bolso da calça e de cabeça baixa se retirou. Espiei seus passos pelo corredor, sentindo que ele queria me dizer outra coisa, mas no último instante mudou de ideia. Adentrei no meu aposento com a intuição de que aos poucos nosso casamento poderia voltar aos trilhos. E, quem sabe, isso ficaria apenas no passado como uma lembrança do nosso amadurecimento.   


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Notas finais do capítulo

É, agora o Ed tá tentando correr atrás do prejuízo, vamos ver se ele vai reconquistar a Bella.



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