Lembranças de Você escrita por Eli DivaEscritora


Capítulo 15
Contagem Regressiva




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Morar com o Ed antes de casar foi a melhor decisão que tomamos, apesar de que cada um possuía seu jeito de fazer alguma tarefa ou até mesmo as manias, como uma toalha jogada em cima da cama, a pasta de dente aberta no banheiro, as roupas amassadas no armário, nós conseguimos nos adaptar um ao outro. Aos poucos, Edward e eu estávamos aprendendo a viver em harmonia. E, assim que nos mudássemos para a nova residência, todas essas questões seriam apenas uma parte da nossa rotina.

Eu contava os dias ansiosa para a chegada desse momento, a cerimônia iria acontecer em um mês. Um mês! O local escolhido combinou perfeitamente com a ideia que eu tinha fantasiado ainda criança. Algo simples e íntimo. O senhor Carlisle ofereceu em nosso "jantar" de noivado o sítio deles e aceitamos. O lugar era maravilhoso! Havia uma casa rústica no meio do terreno, toda cercada de flores com um gramado, entretanto o charme do quintal se encontrava no laguinho. Uma pequena ponte de madeira levava até um tipo de deque descoberto que no dia do casamento ficaria cheio de flores do campo, nossos convidados permaneceriam na parte de fora e o Edward me aguardaria no lado de dentro. Seria uma cerimônia mais reservada para a família e amigos próximos.

Só foi possível realizar os preparativos em tão pouco tempo por causa dos meus contatos na área de eventos e claro, pelas meninas. Eu deveria agradecê-las pelo resto da minha vida, sem elas não conseguiria resolver metade das tarefas, quase enlouquecemos com tanta coisa para organizar, pois, além da cerimônia, eu também cuidava da pequena reforma da nossa casa e ainda tinha um bebê a caminho! Um bebê! Sorri alegre ao lembrar de quando revelei para o Ed que estávamos esperando um menino.

― O que é isso? ― ele perguntou com a testa franzida assim que entreguei uma caixinha.

 

― Abre e você descobrirá ― respondi curiosa, desejando saber a sua reação. Edward puxou o laço envolta da embalagem e então observou o conteúdo.

 

― Não! ― ele comentou entusiasmado. ― Um garotinho? ― Com uma de suas mãos, retirou o minúsculo sapato azul de dentro do embrulho.

 

― Sim! ― Nos abraçamos contentes

E outra vez, surgiu uma felicidade que se estampou nos meus lábios ao reviver esse momento.

 

― Bella? ― Ouvi a voz da Rose ressoar no ambiente. ― Tá no mundo da lua, de novo? ― Notei uma expressão divertida em seu semblante.

 

― Sim, me desculpe. Sonhando acordada ― falei com um sorriso bobo. ― O que houve? ― Olhei para o lado, buscando por seus olhos azuis.

 

― A Lice acabou de enviar uma mensagem dizendo que vai se atrasar um pouco.

 

― Certo. ― Suspirei ao enxergar meu relógio de pulso.

Hoje era um dia muito importante, eu faria uma prova do vestido, na esperança de poder usá-lo sem que me apertasse e enquanto aguardávamos a minha prima em uma das salas do hospital, eu comecei a roer os cantos das unhas, impaciente.

 

― Ela por acaso mencionou que horas nos encontraria aqui? ― questionei, já que uma ansiedade se manifestava em mim.

 

― Deixa eu conferir... Não, ela está em uma consulta de emergência. ― Rosalie mostrou seu celular, talvez pensando que isso fosse diminuir a minha agitação.

Eu não sei por quanto tempo nós ficamos esperando a Alice, pois minha mente voltou a imaginar os detalhes do casamento e no que faltava para concluir os preparativos. Entretanto, não fui capaz de refletir nada, pois senti um chacoalhão em meu braço. Encarei a Rose confusa.

 

― Isabella!? A Lice chegou. ― Ela apontou o corredor com a cabeça e em seguida se levantou.

 

― Eu sinto muito pela demora. ― Minha prima caminhou ao nosso encontro. ― Final de plantão quase sempre aparecem casos urgentes.

 

― Tudo bem, não desejo que ninguém morra por minha causa ― declarei para tentar descontrair.

Alice relaxou o corpo ao analisar as minhas palavras e quando me virei para o lado para chamar a Rosalie para irmos, escutamos um grito meio abafado. Observei preocupada a cena, a loira havia se chocado com um rapaz no meio do corredor. Como ela foi parar lá? A Rose segurava um copo plástico de água na mão que se espalhou no chão e o jovem homem de cabelos pretos quase deixou cair uma pasta cheia de papéis. Engraçado, sua fisionomia não era estranha.

 

― Não acredito! ― Rosalie pronunciou após se recuperar do susto. ― Outra vez, garoto? ― Colocou uma mão na cintura.

E imediatamente eu recordei de onde o conhecíamos. Os dois já tinham colidido no restaurante em que ele derrubou o suco na roupa dela.

 

― Eu estava distraído, desculpa, não te vi. ― Ele inclinou o rosto. ― Parece que a gente gosta de se esbarrar.

 

― Pelo jeito, acho que sim. ― Uma risada escapou de sua boca e eu e a Lice nos entreolhamos curiosas. ― Você trabalha aqui? ― A loira indicou com o dedo para o jaleco branco dele.

 

― Sim, hoje é o meu primeiro dia. ― Seus olhos castanhos esverdeados vidraram nela. ― Vou iniciar o meu internato.

 

― Então, espero que você não derrube nenhum paciente ― a Rose mencionou em um tom de brincadeira.

 

― Eu também! ― Ele riu. ― Sou só um pouco atrapalhado. ― Os dois sorriram ao mesmo tempo. ― Puxa, eu nem me apresentei, Emmett. ― Estendeu a mão para ela meio desajeitado por causa dos papéis que segurava.

 

― Prazer, Rosalie Hale. ― A loira apertou seus dedos em torno dos dele. ― E o hospital mesmo assim contratou você? ― ela disse caçoando do rapaz.

 


Alice e eu trocamos mais uns olhares, com certeza imaginava a mesma coisa: a Rose estaria flertando? Levantamos as sobrancelhas sugestivas e sorrimos cúmplices. Eu já não me lembrava mais do seu último relacionamento sério. Teria sido o Rodrigo? Que a coitada acabou descobrindo, de uma forma desastrosa, que ele gostava de homens? Balancei a cabeça, quem sabe agora seria diferente? Espantando esses pensamentos, observei sua cabeleira loira caminhar em nossa direção, após ela se despedir do moço com um aceno.

 

― Talvez, na próxima, dê sorte! Será a terceira trombada ― falei dando umas batidinhas em seu ombro.

 

― Engraçadinha. ― Ela fez uma careta. ― A gente não precisa ir na loja do vestido, não? ― Rosalie mudou de assunto.

Eu concordei com um gesto e nós seguimos para o nosso destino. Como o estabelecimento não possuía muita gente nesse horário que agendei, logo entramos na sala especial para noivas.

 

― Uau! Olha só para você.

A Rose comentou assim que apareci na frente do espelho enorme do lugar. Alisei o pano branco rendado e não consegui evitar que um sorriso se formasse em meus lábios.

 

― Aquele outro ficou muito melhor ― Minha prima implicou de novo com o traje.

 

― O que está acontecendo, Alice? Já reclamou das rendas, do modelo e praticamente encontrou defeito em tudo ― a Rose declarou com as sobrancelhas franzidas.

 

― É a minha opinião.

 

― Não, não é. Pois de uns dias para cá você só se queixa das coisas que envolvem a cerimônia. ― A loira cruzou os braços e eu refleti sobre o seu argumento. Imaginei o que poderia ser.

 

― Lice, vamos conversar. ― Andei até um sofá e a convidei para se sentar ao meu lado. ― A nossa relação não irá mudar em nada por causa do meu casamento.

 

― Eu sei disso. ― Ela suspirou. ― Eu apenas não quero que você se machuque com a sua decisão. Se fosse por mim, eu te protegeria de todas as decepções. ― Uma risada nervosa escapou de seus lábios.

 

― Infelizmente, isso não é possível. Quantas vezes eu já fiquei triste? Você tem que me permitir errar, cair e levantar com as minhas próprias pernas. ― Segurei em sua mão. ― Mas um braço estendido para me ajudar a curar as feridas não negarei.

 

― Acho que chegou a hora do meu passarinho voar do ninho. ― Ela afirmou com um aceno e nos abraçamos.

 

― Alguém deseja mais champanhe? ― A vendedora entrou na sala trazendo duas taças e um copo de água em uma bandejinha.

 

― Eu! ― Rosalie pegou uma. ― Muitas emoções ― ela mencionou antes de beber.

Ao me retirar da loja, eu respirei fundo e mentalmente marquei um x na tarefa: vestido. Agora faltava somente um item pendente, a entrega dos convites. As meninas se despediram de mim no estacionamento e cada uma seguiu para a sua casa. E, enquanto eu dirigia, uma sensação de dever cumprido misturado com uma satisfação de ter o controle total sobre a minha vida se apoderou de mim.

 

― Oi, como foi a prova? ― Edward desviou sua atenção do filme que assistia e me encarou.

 

― Ah... O vestido continua servindo. ― Tranquei a porta e deixei as minhas coisas no aparador.

 

― Então por que essa carinha triste?

 

― A Lice está sentida pelo nosso casamento. ― Caminhei até o sofá, aconchegando-me em seu peito. ― Gostaria de fazer alguma coisa para ela não ficar desse jeito.

 

― Talvez ela precise de um tempo para se acostumar com a ideia, vocês sempre viviam grudadas. ― Ele acariciou meus cabelos.

Balancei a cabeça, pensando em suas palavras. Edward possuía certa razão, quem sabe aos poucos minha prima entenderia que a nossa relação não mudaria.

 

― Ed! ― Eu me afastei e olhei para cima. Recordando de outra coisa. ― Acredita que a Rose topou duas vezes com o mesmo rapaz?

 

― Como assim? ― Ele achou engraçado. Comecei a relatar para o Edward desde o dia em que eles se esbarraram no restaurante.

***

Busquei pelo meu celular, mais uma vez, não havia passado nem um minuto. A cada segundo meu coração batia freneticamente. O tão sonhado dia chegou.

 

― Bella, para de se mexer ― Rosalie comentou pela vigésima vez. ― Vai faltar só colocar o acessório no cabelo. ― Ela fechou o último botão do vestido.

 

― Estou nervosa. ― Inspirei o ar e a loira apareceu em meu campo de visão.

Em suas mãos trazia a tiara de brilhantes que ao contrário lembrava a letra v. A Rose encaixou no topo da minha cabeça e observei com atenção a peça no reflexo do espelho. Os seus detalhes reluzentes pareciam com ramas. Então, notei pela primeira vez o vestido em meu corpo. Ele possuía as mangas compridas e as costas de tule transparente, uma parte era toda bordada em renda com desenhos de flores. Tinha um decote não muito avantajado e seu modelo não marcava minha cintura, já que agora eu estava de quatro meses e a barriga despontava moderadamente. Para completar, uma camada de babado, também de renda florida, além do véu imenso e do buquê de ar romântico.

Eu havia decidido a uma semana atrás mudar o tom do meu cabelo. Como eu me encontrava no segundo trimestre de gestação, foi possível fazer a pintura. Agora, minhas madeixas aderiram uma coloração mais clara, resolvi clarear as pontas, pois gostaria de começar essa nova etapa em novo estilo. Meu penteado escolhido para a cerimônia foi deixá-lo solto, em cachos que caiam pelos meus ombros. A maquiagem também não possuía nada extravagante, pedi apenas para as profissionais que nos arrumavam algo brilhoso no canto dos olhos, um contorno marrom na pálpebra, o batom nude e bastante rímel. Respirei fundo novamente, apertei um botão do celular que eu segurava nas mãos e espiei a tela, quase cinco da tarde. A essa altura, o sol se enfraquecia e uma brisa mais amena soprava, típica do mês de outubro.

 

― Está na hora ― Alice anunciou e senti um frio na barriga.

Finalmente a contagem tinha cessado, indicando que não restava mais nenhum minuto para o primeiro dia de nossas vidas como marido e mulher.


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Notas finais do capítulo

Alice precisa deixar seu passarinho voar, não é?



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