Ashes for ashes escrita por SILVAN


Capítulo 1
Triss, a ladra


Notas iniciais do capítulo

Nas notas iniciais de cada novo capitulo vou colocar informações desse mundo para não ocupar o espaço da história.

Aqui vai a primeira:

Barbara, a cidade do porto.
Localizada ao sul desse reino é uma cidade de atividade portuária, pescaria, comercio com o resto do continente, porta para imigrantes e exilados.



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A feira da cidade de Bárbara, bela e iluminada. O sol da manhã deixava a visão das barracas bem avantajada, deixando os produtos belos e os feirantes um pouco mais simpáticos.

Esse local parecia uma grande rua com barracas e lojas bem posicionadas parecendo um lugar bem civilizado, o que quebrava esse belo sincronismo eram os fregueses que saíram das duas pontas, parte das pessoas vinham do porto ao sul e a outra metade entrava pela porta norte que levava para as vilas e cortiços.

Dessa porta ao norte eu entrava para feira, logicamente não compraria nada. Um grupo de pessoas na minha frente e o mais ao fundo tinha a bolsa de moedas bem exposta, chegando perto meus dedos finos e lisos deslizam rapidamente por aquela bolsa e puxei qualquer coisa rápida de puxar.

Pronto, moedinhas e uma listinha de compras que logo despachei.

Assim eu segui por um tempinho até chegar no sul perto da saída para o porto...

— Triss, vem cá.

De um barraco perto do portão Roy, o ferreiro, me chamou. Ao lado desse barraco ficava a oficina onde ele estava batendo a marreta em ferro fazendo ele tomar a formar que desejar, um homem corpulento e um tanto forte com a idade avançada aparente na barba grisalha e a rugas.

— Opa, o que foi?

— Tem um pacote pra levar no porto, leve para mim e te dou um agrado.

— Tá, pra quem é ?

Ele deu a descrição de um marinheiro, ele estava em um navio rumo ao velho mundo, com certeza era uma espada ou coisa assim.

Roy me deu o pacote e sem mais perguntas segui ao porto.

O lugar era aberto poucas barracas, os marinheiros ficavam pra lá e para com mercadoria no lombo então eu passava despercebida.

Nem me atrevo a tentar rouba-los, além de terem pouco o que levar ainda tem a fama desse tipo de gente ser cruel com ladrões.

Uma figura pequena chama minha atenção, ela estava perto do portão da feira sentada na calçada, olhava para os lados como se esperasse alguém.

Não dei bola e continuei meu trabalho.

Depois de entregar o pacote me deu vontade de molhar a garganta, não muito longe tinha um bar com cerveja preta, fui lá e passei parte da manhã.

Perto da hora do almoço eu sai do bar pra dar o pagamento ao Roy que já devia estar fumegando de raiva, no caminho da feira a figurinha ainda estava no mesmo lugar.

Chegando na oficina ainda dava pra ver a pequena criança pelo portão.

— Roy, ta vendo aquela menina ali no porto?

— Eu to reparando ela ali acho que desde ontem, não sabia que ainda tava ali.

— Será que ela ta abandonada?

— Talvez. La no norte ta acontecendo a caça as bruxas, tem muita gente fugindo pra cá.

Ela era uma menina de uns 8 anos, tinha pele morena e o cabelo era liso que chegava um pouco a baixo do queixo. Ela parecia ser mesmo do norte

Roy foi até seu barraco e voltou com 2 pães.

— Dei um pouco de sopa para ela ontem, mas hoje eu só tenho isso. Leva lá pra menina.

Esse velho tinha dentro do peito o que lhe faltava no bolso.

Fui até ela pelas costas pra  não ser percebida e ver o quão alerta ela estava.

— Ta sozinha?

Ela virou para mim muito rápido, o seu rosto que em um instante estava radiante foi ficando triste logo em seguida.

Ela definitivamente não é uma mendiga a muito tempo.

— Ei, o senhor lá da feira mandou pra você.

Ela de maneira tímida pegou um pão e comeu. Não falou nada apenas voltou para a posição original.

— Cadê a sua mãe?

— To esperando ela.

— Posso ficar aqui?

— pode.

Sentei no lado dela e fiquei ali a tarde inteira.

Cumprimentava as  pessoas e deixava ela perguntar para quem passava se tinham visto a mãe dela, mas a cada negativa ela ficava retraída e perto de escurecer ela não falava com mais ninguém.

— Faz quanto tempo que você tá esperando por ela?

— 2 dias.

— E ela não disse nada antes de te deixar?

— A mamãe disse que minha irmã vinha, mas ela não apareceu.

Já estava escuro e o porto adotava sua população noturna. Os marinheiros trabalhadores eram agora bêbados mulherengo, prostitutas tomavam seus cantos visíveis debaixo das lamparinas próximas aos becos e os poucos transeuntes se dirigiam para bares ou as estalagens.

Olhei para trás e vi a menina se encolher em um cantinho escuro, se embrulhar com o próprio vestido e adormecer.

Senti meu coração apertar. Quantas crianças que nem ela são esquecidas por todos em cantos como esse só para se perderem em desespero. Eu já estive assim e definitivamente não desejo isso para ninguém.

Peguei ela no colo e levei onde minha consciência julgou o melhor lugar.

Cheguei na casa do Roy, ele só me olhou, me deu passagem para dentro e ajeitou um lugar pra deixar ela perto do fogo.

Deixei ela por ali. Me sentei na mesa que Roy estava.

— Ela estava sozinha a 2 dias.

— Se eu soubesse eu mesmo tinha trazido ela ontem.

— Eu sei.

Ficamos ali em silêncio por um tempo até eu puxar a conversa.

— Ela disse que a irmã viria buscá-la.

— Eu já ouvi essa história.

— Ver ela daquele jeito ...

— Você se viu nela?

— Sim.

— Olha, sei que você quer ajudar, mas devemos tomar providências por ela.

Assim se seguiu a noite Roy falando que devíamos procurar as autoridades, mas eu consegui convencê-lo de esperar.

As vezes é isso que muitos precisam e eu estou disposto a dar a ela, uma oportunidade.


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