_ Não adianta Harry Potter, eu vou com vocês, e não há nada que possa me impedir. 

         Disse Vivienne, pelo que devia ser a décima vez naquela noite, Harry já havia tentado de tudo para que ela desistisse da ideia maluca de ir com eles até o duelo com Draco, mas ela era teimosa, estava firme em sua decisão. Para piorar, Hermione também estava indo junto, ela disse que não deixaria dois idiotas como Harry e Rony perderem pontos para a grifinória desse jeito, então impediria que eles fossem pegos. Neville também se juntou ao grupo, pois tinha ficado preso para fora da sala comunal, já que havia esquecido a nova senha, ele viu todos saindo e implorou para ir junto. Por isso, os cinco estavam agora subindo as escadas do terceiro andar, com Rony e Hermione brigando baixinho, para não serem pegos por Filch ou Madame Nor-r-ra. Neville tremia de frio, ou de medo, Vivienne não sabia precisar exatamente qual dos dois.

         Quando estavam chegando à sala de troféus, viram Filch e sua inseparável gata rondando os corredores, eles entraram na sala onde ocorreria o duelo. Quando avistou o homem, Neville se desesperou e saiu correndo, porém tropeçou em Rony, os dois caíram no chão, fazendo um estrondo tão alto, que Vivienne teve certeza que foi ouvido na cabana do Hagrid. Depois disso, ouviu-se Filch se aproximando, Harry gritou:

         _ Corram!

         Pegou na mão de Vivienne, que estava ao seu lado, e saiu em disparada. A menina se incomodou com isso, entretanto preferiu não protestar naquela hora, estava mais concentrada em fugir. Após muita correria, em que nenhum deles sabia exatamente para onde estavam indo, eles atravessaram algo que parecia uma espécie de passagem secreta, e saíram próximo a sala de feitiços, que ficava bem longe da sala de poções. Ofegando, Rony falou:

         _ Acho que... Conseguimos... Deixar ele... Para trás. Caramba, estou sem fôlego.

         _ Eu avisei que algo assim aconteceria, mas ninguém me ouviu. Draco enganou você Harry, Filch sabia que teria alguém na sala de troféus. Ele nunca planejou duelar com você, só queria que você fosse pego.

         Disse Hermione. Harry apenas fez uma cara feia, não queria concordar com ela, porém não tinha como discutir. Rony não se conteve e disse para Vivienne:

         _ Quero ver você defender seu amigo agora.

         A garota não tinha o que falar, eles estavam certos, Draco havia enganado Harry, tinha sido covarde e desonesto, ela estava muito decepcionada com ele. Por fim, ela apenas balançou a cabeça de um lado ao outro, sem concordar nem discordar, e declarou:

         _ Falamos disso outra hora, precisamos voltar para a torre da Grifinória.

         Dito isso, ela foi acudir Neville, que estava sentado no chão, choramingando. Ela se abaixou ao lado dele e falou gentilmente:

         _ Vamos, Neville. Temos que voltar, vai dar tudo certo, ficaremos bem, só precisamos andar mais um pouquinho.

         O garoto concordou e se levantou lentamente. Harry olhou para a garota com admiração, pensando no quanto ela havia sido gentil com o Longbottom, e pensando no motivo dessa gentileza nunca ser reservada a ele.

         No meio do caminho de volta, as crianças encontraram Pirraça, eles sabiam que estavam perdidos, Hermione tentou falar com ele:

         _ Por favor, fique quieto, Pirraça.

         _ Alunos fora da cama a essa hora? Que coisa mais feia, vão acabar levando uma detenção.

         Harry ainda tentou negociar:

         _ Não se você não nos denunciar, Pirraça. Faça-nos esse favor.

         O poltergeist não deu atenção a todas as súplicas infantis, logo começou a gritar: “Alunos fora da cama!”, os cinco saíram correndo, passaram por Pirraça, e encontraram uma porta trancada.

         _ Estamos perdidos! – Exclamou Neville.

         _ Saiam da frente – disse Vivienne, empurrando Harry e Rony, que estavam na frente da porta, então pegou sua varinha, apontou para a entrada, e recitou – Alohomora!

         A porta abriu-se, os cinco entraram em disparada, e então Hermione a fechou atrás de si. Eles ouviram Filch e Madame Nor-r-ra passando pelo local onde estavam. Quando os dois foram embora, soltaram um suspiro de alívio. Mas Harry estava incomodado, já fazia mais de um minuto que Neville puxava sua manga, até ele não aguentar mais e dizer:

         _ O que foi, criatura?

         Harry se virou, e viu algo para o qual não estava preparado, eles encontravam-se em um corredor, e no final dele, havia um enorme cachorro preto, de três cabeças, olhando fixamente para as crianças. Nessa altura do campeonato, todos já tinham percebido a presença do animal, e notaram que ele se preparava para atacar. Harry rapidamente abriu a porta e todos correram para fora, Vivienne se lembrou bem a tempo de fechar a porta, e então seguiu os outros.

         Chegando na comunal, Neville se jogou em um dos sofás, estava tão aterrorizado, que parecia que nunca mais poderia falar, andar ou simplesmente se mexer. Rony, também assustado, perguntou:

         _ O que eles querem, colocando uma coisa daquelas numa escola?

         Hermione, já irritada, falou:

         _ Vocês não usam os olhos? Não viram em cima do que ele estava?

         Harry se defendeu:

         _ Eu não fiquei olhando para as patas, estava mais preocupado com a cabeça, para ter certeza que o bicho não ia nos devorar.

         Vivienne, também sem paciência, disse aos garotos:

         _ Ele estava em cima de um alçapão, deve estar protegendo alguma coisa, algo muito importante. Não que algum dos dois fosse perceber alguma coisa, espero que estejam felizes, poderíamos ter sido mortos.

         Hermione complementou a fala da amiga:

         _ Ou pior, expulsos.

         Rony respondeu Hermione:

         _ Você precisa rever suas prioridades, menina.

         _ Agora nós vamos dormir, aconselho vocês a fazerem o mesmo, e ajudem o pobre Neville a se recuperar.

         Declarou Vivienne, ao que Harry respondeu em tom sarcástico:

         _ Sim senhora, tem mais alguma coisa que podemos fazer por vossa alteza?

         _ Tentem não destruir Hogwarts, já vou achar isso mais do que suficiente.

         Naquela noite, Vivienne foi dormir pensando em suas aventuras, e em como Draco enganou Harry e Rony, do quanto esse garoto fútil, mesquinho e nada confiável, era diferente do Draco que conheceu com nove anos. Ela adormeceu com a lembrança de sua mão na de Harry, e do rosto de Draco quando garantiu que ele não iria se meter em problemas.