Meu maior pesadelo aconteceu. 

― Isabella!! Olha pra cá!

Não pode ser.

― O que você veio fazer nessa cidadezinha?

Não…

― Esse rapaz é seu novo namorado? Você fugiu para ficar com ele?

NÃO! Isso não poderia estar acontecendo!

Olhei para Alice, que me encarava preocupada, e senti que ela me ajudaria no que eu precisasse. 

― Bella? ― Ouvi Edward me chamando baixinho ao meu lado, um tom de clara confusão em sua voz, expressada também em seu rosto. Enquanto isso, flashes e mais flashes atravessavam a praça em nossa direção. Fiquei sem reação, estática no meu lugar.

― Vem, Bella, vamos sair daqui ― Alice pronunciou, e quando percebi ela me arrastava para o outro lado, correndo o máximo que sua barriga a permitia. Conseguimos driblar alguns repórteres e finalmente entramos na pousada. Algumas lágrimas começaram a escapar dos meus olhos, a ficha finalmente caindo. 

Acabou.

Esme, que acompanhava a confusão pela janela, veio correndo ao meu encontro e me envolveu num abraço maternal, e deixei as lágrimas rolarem.

― Oh, querida, calma… Isso vai passar ― falava baixinho, dando tapinhas nas minhas costas.

― Eu… eu preciso sair daqui, dessa cidade. ― balbuciei as palavras, dirigindo-me às escadas.

― Calma, amiga. Senta ali no sofá, respira um pouco ― Alice pronunciou, me encaminhando até o móvel, e obedeci ao seu pedido. ― Tenho certeza que eles vão desistir e ir embora.

― Você não conhece essa gente, Alice… Eles não vão parar!

Nesse momento, a porta da frente bateu quando alguém entrou e a fechou com força.

― Posso saber o que está acontecendo aqui?! ― Edward perguntou, visivelmente estressado com toda a situação. ― Quatro pessoas tentaram me entrevistar para sei lá o que, e ainda estou vendo tudo piscando de tanto flash.

Olhei para ele, abri a boca algumas vezes, mas não consegui falar nada.

― Vem, querida, vamos deixá-los conversar sozinhos ― Esme puxou Alice para outro cômodo, dando-nos mais privacidade.

Edward permaneceu parado de pé no outro lado da sala, braços cruzados em frente ao peito, e o semblante mais sério que eu já havia visto em sua face desde que nos conhecemos.

― Então?

Suspirei, criando coragem para começar.

― Desculpe… Eu devia ter te contado antes…

― Me contado o quê? ― Edward me interrompeu. ― Que quando você me disse que trabalhava numa agência de modelos, na verdade, queria dizer que é super famosa? Ou que você estava me usando para algum projeto pessoal?

― Não... não é nada disso ― sussurrei enquanto as lágrimas escorriam pelo meu rosto. ― Edward, eu…

― Ora, ora… Demorei, mas te encontrei, mocinha. ― Concentrada em nossa conversa, não percebi a porta abrindo novamente e Tyler entrando. ― Isabella. ― Não consegui conter a cara de nojo ao ouvi-lo pronunciar meu nome.

― Tyler.

― Estou esperando seu pedido de desculpas por ter simplesmente desaparecido com apenas uma mensagem no celular.

― Vai cansar, então.

Sua feição se fechou numa expressão sombria.

― Vá fazer suas malas para voltarmos à… civilização ― proferiu olhando com asco ao seu redor. ― Agora mesmo!

― Não. ― Juntei todas as forças para pronunciar a palavra de forma clara.

― Não?! Quem você pensa que é para me responder assim? ― Sua voz adquiriu um tom ameaçador, e nesse momento Edward cruzou a sala para se posicionar entre nós.

― Se afasta.

― Ô, caipira, sai da frente.

― Fica. Longe. Dela. ― Edward falou entredentes. Mesmo bravo comigo e sem entender  a situação, ele ainda procurou me defender, e isso partiu ainda mais meu coração.

― Eddy… ― ouvi uma voz manhosa, e então notei a figura alta e loira se esgueirando em direção ao Edward. ― Eu sabia que ela não prestava! Tentei te avisar depois daquele dia na fogueira, e ontem a noite no seu quarto também, mas você não me deu ouvidos… Você achou que eu estava com ciúmes, mas não! Eu só quero o seu bem, coelhinho.

― Agora não, Tanya.

― No seu quarto? ― Praticamente sussurrei as palavras, mas Edward não me respondeu.

― É, coelhinho, vai lá com sua namoradinha, que a dona Isabella aqui tem um contrato para cumprir. ― Tyler retirou um papel, previamente preparado e dobrado em seu bolso, e ficou balançando o objeto no ar.

Fechei os olhos com força. Tanya esteve no quarto do Edward na noite passada? Fui traída de novo? Eu sei que não tínhamos nada sério, mas ele podia ter esperado eu ir embora para voltar com sua antiga namorada, né?

Levantei-me e corri em direção às escadas que levavam ao meu quarto. Só quero fazer as malas e sair daqui o mais rápido possível.

Guardava os últimos pertences quando ouvi batidas na porta e ela se abrindo em seguida.

― A gente não terminou de conversar.

― Não tenho mais nada para falar. Pode ir com sua coelhinha.

― Você não vai virar isso contra mim e me colocar como o vilão da história.

― Ah, então quer dizer que eu sou a vilã? ― Repentinamente, minha voz e minha coragem retornaram.

― Você quem escondeu coisas de mim. Tem noção que estou me sentindo usado agora? Enganado? Você não pensou em mim? Ou só estava preocupada com os seus sentimentos?

― Você não entende…

― Claro que entendo. Perfeitamente, agora. Por isso você achava que eu já te conhecia quando chegou aqui. Que idiota que eu sou!! ― Deu um tapa na testa e continuou. ― Assim que percebeu que eu não fazia ideia de quem você era, decidiu se aproveitar disso, não é?

― Não... quer dizer, mais ou menos… ― Eu queria explicar que não quis me tirar vantagem dele, e sim da situação inusitada em que ninguém me conhecia e eu podia ser eu mesma, mas não consegui, pois a porta se abriu novamente.

― Bella? Quer ajuda? ― Alice falou e Edward aproveitou o momento para sair do quarto. Mais lágrimas caíram pelo meu rosto, dessa vez de raiva.

― Por que tinha que acabar assim, Alice? ― A mulher veio em minha direção e me abraçou até eu me acalmar. Após alguns minutos, peguei minhas malas e descemos até o lobby. Tyler me esperava impaciente, Tanya e Edward não estavam à vista. Dona Esme se encontrava próxima ao balcão da recepção, fui até ela para me despedir.

― Obrigada por tudo, dona Esme. A senhora nem imagina o quanto adorei me hospedar aqui e, principalmente, conhecê-la. 

― O prazer foi meu, querida. Sabe que pode voltar sempre, né? ― Dei um sorriso triste para ela. ― Vou sentir sua falta. ― Falou e me deu um abraço apertado. Abri a minha bolsa e peguei o presente que comprei para Edward, ainda embrulhado com um bilhete, e entreguei nas mãos da Esme.

― Você pode dar isso para o Edward quando puder, por favor? Eu queria entregar para ele no momento perfeito… Mas…

― Tudo bem, eu entrego, fica tranquila.

― Bella, anotei aqui o número do telefone fixo do nosso sítio. Assim, a gente consegue conversar sempre que você quiser. ― Alice me entregou um pedaço de papel com alguns números escritos.

― Obrigada! ― Agradeci sinceramente, dando mais um abraço nela.

Peguei as malas e me virei para o Tyler.

― Estou pronta.

― Até que enfim. ― Falou desinteressado e caminhou até a porta da frente, abrindo-a e exibindo um sorriso falso no rosto. Imediatamente os flashes começaram, e eu respirei fundo, colocando óculos escuros no rosto para esconder meus olhos inchados antes de ir para a rua. Entrei rapidamente no veículo estacionado na frente da pousada, reconheci ser o carro do meu agente. Agradeci mentalmente pelas películas escuras, assim ninguém mais seria capaz de me ver. Ao longe, vislumbrei o Edward nos observando, e não soube decifrar sua expressão.

Tudo tem um começo, meio e fim. E o fim chegou mais rápido do que eu gostaria.