Rosana: A Dariganiana que conquistou Meridell escrita por Anne Claksa


Capítulo 2
Um pretedente?


Notas iniciais do capítulo

Palavras utilizadas: Andrajo:Roupa velha, esfarrapada; Trancelim:fio de ouro que se usa ao pescoço; Desdita:Sem dita; ausência de sorte; má sorte, desventura, infelicidade, infortúnio: aguentou uma vida de infelicidade e desditas.
P. S: Todos os jovens humanos tem 17 anos nesta história.



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Rosana estava na praça conversando descontraidamente com Olga, que é uma de suas poucas amigas e também é como os outros, arrogante e soberba, mas pelo menos dava para se ter uma conversa com ela.

— Olga, pensas que esse namoro do Kevon com a Arissa, vai muito longe? — Perguntou Rosana.

— Ora, Rosana que pergunta é essa. — Disse Olga, enquanto ajeitava seus cabelos escuros fazendo um laço com uma fita azul claro. — O próximo passo é o casamento.

— Casamento? Não é um pouco de exagero?

— Exagero nenhum, Kevon e Arissa sempre foram apaixonados um pelo outro. Desconfio que estão até pensando nos detalhes da cerimônia, os pais dos dois vivem se reunindo.

— Podem tratar de negócios, por qual motivo todos acham que quando duas famílias se reúnem é para tratar de casamento?

— Disse que desconfio, não tenho certeza. Até porque, Arissa tem dormido no castelo algumas noites e pelo, o que ela me contou, Kevon e ela...bom, entendes o motivo de tanta pressa.

— Sabia que eles eram apaixonados, mas não imaginava que iriam avançar tanto.

— Aconteceu e pelo que conheço dos dois, até demorou. Sabe Rosana, Arissa sempre teve porte e modos de rainha, chego a pensar que Kevon também reparou nisso. Já imaginou a Arissa como a nossa rainha?

Rosana sentiu um arrepio com isso e seria uma desdita ter a garota que não suporta como rainha. De fato, Arissa seria a rainha perfeita para os dariganianos, afinal, é tão esnobe quanto os outros. Se for possível, queria estar longe quando acontecer.

Rosana se despediu de Olga e foi para casa. Quando chegou, teve uma surpresa, Otto estava na sala conversando com seus pais. Lígia olhou para a filha de cima a baixo, viu que ela estava vestindo um singelo vestido branco com detalhes cor de rosa. Ficou espantada, se levantou e foi até Rosana.

— Vamos trocar este andrajo, temos uma visita. — Disse Lígia.

— Mãe, é falta de educação deixar uma visita esperando, vou demorar se eu for me trocar. — Rosana tentou convencer a mãe, para ela não havia problema com sua roupa.

— Tens razão, mas não podes receber visitas vestindo uma roupa dessas. Otto é importante e mais importante ainda é você estar bem vestida. Eu a ajudarei.

Lígia pediu ao marido e Otto que aguardassem um pouco, iria com Rosana até o quarto. Enquanto subia com a mãe, Rosana pensava na conversa que teve com Olga, será que sua mãe estava lhe arranjando um pretendente? Um casamento? E Otto era o escolhido? Era o tipo de rapaz que ela não gostava de ter como amigo e odiaria ter como marido, é muito soberbo, se acha superior e é extremamente arrogante. Com certeza, não aguentaria nem um segundo ser casada com ele.

— Vamos ver. — Disse Lígia ao abrir o armário de roupas e começou a escolher. — Este não. Muito menos esse. Que tal uma blusa e uma saia?

— Mãe, Otto deve estar muito ocupado e não poderá ficar me esperando. — Disse Rosana. — Posso usar qualquer vestimenta.

— Qualquer vestimenta não, tem que ser a melhor. E devo avisar a senhorita que, falei com os pais dele e Otto não terá compromissos hoje, então, poderá a esperar o tempo que for. Ah! Este aqui é perfeito.

Lígia pegou um vestido azul de mangas curtas e um pouco bufantes, com detalhes de margaridas na barra rodada. Rosana suspirou de desanimo, mas vestiu o vestido. Quando ia descer, foi impedida por sua mãe, que fez questão de arrumar seus cabelos, Ligía passou a escova pelos ondulados fios, pegou uma parte, prendeu com uma presilha e deixou o resto solto. Para completar, fez uma maquiagem leve e delicada.

— Agora sim, está pronta e linda. — Disse Lígia satisfeita.

Rosana não disse nada, apenas deu um sorriso amarelo. As duas desceram e assim que viu Rosana, Otto lhe fez um elogio.

— Está graciosa, Rosana. — Otto beijou sua mão.

Rosana agradeceu.

— Nossa Rosana é muito bonita, um encanto. Não é mesmo, querido? — Lígia perguntou ao marido.

— Com certeza, tenho certeza de que ela terá lindos filhos. — Respondeu Reginald.

— Papai! — Exclamou Rosana um pouco envergonhada.

— Por que não vão dar um passeio? — Perguntou Lígia. — Será ótimo e assim poderão conversar melhor.

Rosana pensou em protestar, mas foi interrompida por Otto.

— É uma ideia excelente, senhora Villar.

Lígia abriu a porta, Rosana não estava afim de sair de casa e buscava socorro em alguém. Olhou para a mãe, implorando para que ela fizesse algo para impedir, mas o rosto dela dizia “Vá, Rosana. Vá passear com o Otto”. Pensou em pedir ajuda para o seu pai, mas ele fazia o mesmo. Seu pai, é isso. Rosana teve uma ideia.

— Lamento, Otto. Mas não poderei sair convosco. — Disse Rosana com certo alívio. — Acabo de me lembrar que tenho que ajudar meu pai na confecção dos enfeites e devo dizer que é uma tarefa árdua e longa, não terei tempo para passearmos.

— Não se preocupe, minha doce filha. Eu e sua mãe, estaremos aqui e faremos todo o serviço. Tu tens que aproveitar seus dias de folga, viver e não ficares enfurnada em uma oficina com papeis e tecidos. Vá passear com o Otto. — Reginald deu um beijo no rosto da filha.

E assim a última tentativa de Rosana caiu por terra. Poderia mentir dizendo que não estava se sentindo bem ou que amanheceu um pouco resfriada, porém não iria dar certo. Lígia a desmentiria logo e outra, ninguém adoecia em Darigan. Não teve escolha e aceitou sair com Otto. Mentalmente Rosana se preparava para o passeio e dizia “Vai ficar tudo bem, é apenas um passeio por alguns minutos. ”

...

Durante o passeio, Otto deu um presente para Rosana.

— Rosana, não poderia vir a este passeio sem um presente para ti.

— Otto, não precisava se incomodar. Este passeio em vossa companhia está perfeito. — Rosana mentiu.

— Ora, Rosana. Não precisa ser tímida, apenas queria lhe dar um presente, para lembrares desse nosso encontro. És para ti.

Otto entregou uma pequena caixa, Rosana agradeceu. Abriu o embrulho e viu que era um trancelim delicado com algumas pequenas pérolas. Ele também fez questão de o colocar em seu pescoço, enquanto fazia isso, começou a falar.

— Sabes que minha família tem tradição em adornos, fazemos os melhores de toda Neopia. Todos conhecem os adornos dos Salles. Eu escolhi este, eu que o fiz, especialmente para você.

— Fico grata, Otto. É muito bonito. Tu tens talento.

— Tirando meus pais, só eu tenho este talento. Quando vou à Central de Neopia, vejo os outros adornos e todos são simplórios, não estão à altura dos que são feitos por minha família.

E chegou na parte que Rosana odeia em Otto, quando ele começava a se vangloriar. Sempre se exaltando com arrogância, rebaixando o trabalho de outros. Enquanto falava, ajeitava seu cabelo marrom escuro com um gesto metido, olhava Rosana com seus olhos castanhos e perguntava se ela concordava. Mais uma vez ela mentiu, acenando positivamente com a cabeça e dando um pequeno sorriso, na verdade, não concordava em nada com que Otto falava.

— Rosana, eu gostaria, se tu permitir, de lhe dar um beijo.

Rosana saiu de seus pensamentos e se assustou com que ouviu.

— O quê?

— Gostaria de te dar um beijo. Há muito tempo tenho vontade de te pedir isso, mas nunca tive coragem. Tu és tão bonita, tão delicada, que quero realizar este desejo.

Rosana ficou sem reação. Está certo que ela não gosta de jeito nenhum de Otto, jamais o teria como namorado, muito menos como marido, porém, que mal um beijo poderia fazer?

— Está bem, Otto. Pode me dar um beijo. Mas fique ciente, deixo me beijar, porém, isso não significa que assumiremos um compromisso, está bem?

Não era o que Otto queria ouvir, mas acabou concordando. Os dois se aproximaram, Rosana fechou olhos e deixou que os lábios dele tocassem os seus. Otto não era o seu tipo de garoto, mas não podia negar, ele beijava bem, sentiu até seu coração bater um pouco mais rápido. O beijo durou apenas alguns minutos, Rosana se afastou e se despediu de Otto, que não conseguia conter o sorriso em seu rosto.

...

Rosana voltou para casa e subiu as escadas correndo, nem deu atenção para a sua mãe, que estava ansiosa para saber como havia sido o encontro. No quarto, a garota tentava organizar os seus pensamentos. Talvez Otto levaria aquele beijo como um compromisso firmado, logo apareceria em sua casa com um buquê de rosas e um anel para firmar o noivado. Quando esse momento chegasse, teria a resposta pronta “não”. Poderia magoar Otto, não havia nada pior do que magoar um dariganiano, não aceitavam bem respostas negativas. E iria magoar seus pais, que teriam o desgosto de ver a filha rejeitar um casamento. Mas teria que fazer o certo, não gostava de Otto Nander Salles e seria um casamento infeliz. São só teorias, mas que deveriam ser levadas a sério quando se trata deste pretendente.


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