Quase um mês escrita por annaoneannatwo


Capítulo 7
Capítulo 7




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Uma leve garoa cai lá fora, mas dessa vez Ochako está tranquila, confortavelmente enrolada em seu edredom no dormitório depois de ter tomado uma sopa quentinha — enlatada, nem de longe tão boa quanto a que a mãe costumava fazer em dias frios e chuvosos, mas ainda assim tava gostosa — ter mandado mensagens para o Deku e o Iida, e ter feito a ligação de boa noite para os pais, que também estão protegidos da chuva, provavelmente já indo dormir pois têm muito trabalho de manhã. Longe dela celebrar tragédias, mas tempestades costumam gerar demanda aos serviços deles, e não há como reclamar disso. Ochako só torce para que ninguém se machuque, claro.

Começou a chover um pouquinho depois que ela chegou do trabalho, o que a garota encarou como o universo lhe compensando pelo perrengue que a fez passar duas noites atrás na casa dos Bakugou. 

Foi mais desconfortável ali enquanto ela vivia o momento, mas Ochako sente que logo pode achar tanta graça da situação quanto a senhora Mitsuki. Por enquanto, ainda não dá. Não quando a memória das pontas das orelhas do Bakugou ficando vermelhas ao ouvi-la mencionando o que ele fizera na noite anterior volta à sua cabeça em momentos aleatórios. Ugh… ele ficou tão constrangido quanto ela… se não mais, pelo jeito como não tava querendo nem olhar pra cara dela. Até o Kirishima percebeu, que vergonha! 

Bom, dá pra entender o porquê, ela tava dormindo, então não viu nada, mas ele viu. Será que Ochako roncou? Babou? Soltou pum? Será que falou alguma coisa ou tentou socá-lo? Ela nem sabe qual dessas opções seria pior, e então percebe que, pela reação do Bakugou, nenhuma importa muito, ele não tava enojado nem nada, só muito envergonhado… ugh, ela só espera que não tenha grudado nele nem nada do tipo, ela tinha esse hábito quando o pai ou a mãe lhe levavam para a cama se ela adormecia no sofá quando era criança.

É, ok, essa é com certeza a pior das opções, até mais que soltar um pum ou babar nele.

Bom, mas hoje é diferente e ela está onde deveria estar. É meio solitário e um pouco enervante quando um feixe de luz invade seu quarto por conta de algum relâmpago lá fora, mas… é, pelo menos ela não está incomodando ninguém, principalmente sua chefe, o marido dela e um filho que deve ter feito um esforço gigante para ser um bom anfitrião. 

Aquele chocolate quente com marshmallow que o Bakugou fez cairia bem agora… Ochako suspira, afastando essa ideia da cabeça.

Ao invés disso, ela saca o laptop que a Yaomomo fez questão de deixar emprestado enquanto a garota tivesse que ficar aqui sozinha. A amiga mais alta disse que seria útil para Ochako concluir as lições de casa durante as férias — que, na verdade, ela nem começou ainda — e jogou um breve olhar de repreensão para a Kyouka, que disse que a manipuladora de gravidade deveria aproveitar para assistir a séries e filmes na conta que fica logada em todos os aplicativos disponíveis. Depois disso, a Yaomomo disse que ela podia usar mesmo, se quisesse, mas que não se deixasse distrair por isso e esquecesse da lição de casa. Ochako ainda não fez uso do privilégio, em parte por se sentir meio culpada por nem ter começado o dever, mas em parte também porque se sente sem-jeito, mesmo que a Yaomomo com certeza não se incomode.

Porém, ela está bem feliz por poder usar esse laptop para conversar justamente com a Yaomomo e com todas as meninas por chamada de vídeo, seu celular não tem essa função e Ochako ficaria meio frustrada se não pudesse participar desse encontro com as meninas.

“VOCÊS TÃO ME VENDO?” a Tooru pergunta, balançando os braços energicamente.

“Hagakure, é toda vez isso.” a Kyouka indica sua presença no chat com um suspiro enfastiado.

“E você nunca ri, sua sem graça.”

“OOOOI GENTE!!!” A Mina fica online logo depois, assustando Ochako com o alto volume de sua voz “Como vocês tão?”

“Com raiva dessa chuva.” A Tooru lamenta.

“É, bem por aí.” Ochako concorda.

“Ai, que peninha pra vocês, hein? Aqui tava um solzão daqueles.” ela faz uma cara pretensamente soberba. “Até me bronzeei hoje, e ai de você se fizer piadinha que me queimei toda porque tô rosa, Tooru.”

“Vocês não têm um pingo de senso de humor.” ela lamenta “A Tsu-chan e a Yamomo-chan não vão entrar?”

“A Tsu-chan já deve estar chegando, tava falando com ela agora há pouco, a Yaomomo talvez não, né? Por causa do fuso horário.”

“Ah é, deve ser de madrugada lá na Grécia, né?” a Mina suspira “Gente rica é outra história.

“Falou a que tá na Tailândia.” Ochako rebate zombeteiramente.

“Ai, meus pais tavam pagando por essa viagem tinha quase um ano, duvido que a Yaomomo saiba o que é uma prestação.” elas riem “E você, Ochako-chan? Tá tudo bem?”

“Tá, sim. Hoje eu tô bem escondidinha da chuva.”

“Ah é, fiquei sabendo que você teve que dormir no Bakugou antes de ontem por causa de um temporal, que barra.”

“Pois é.” ela dá um sorriso sem-graça, pensando em corrigir a Mina sobre dormir NA CASA do Bakugou, e não NO Bakugou, mas… a amiga não está de todo errada, ela dormiu nele mesmo. “Ele… ele que te contou isso?”

“Quem? O Bakugou? Até parece! Foi o Kiri mesmo.”

Ah sim, isso faz sentido. Por um breve segundo, Ochako imaginou se a Mina disse desse jeito propositalmente pois o Bakugou teria contado o que aconteceu naquela noite, mas… ele deixou bem claro que evita alimentar as fofocas da Mina, então lógico que não disse nada, não deve nem ter contado para o Kirishima. Provavelmente foi a senhora Mitsuki que comentou por alto com o ruivo. Se o Bakugou ficou tão constrangido, é lógico que não falou nada disso pra ninguém. Ainda bem, a vergonha fica concentrada somente neles dois.

“Por um momento, eu esqueci que você tava trabalhando com a mãe do Bakugou e já tava chocada com você dormindo na casa dele, Ocha.” a Kyouka comenta aos risos.

“Chocante de verdade seria se ela tivesse dito que dormiu com ele, ribbit.” a Tsu surge do nada e faz Ochako quase sair do chat de susto.

“Ôloco, Tsu-chan! Ninguém tinha pensado isso!” A Kyouka ri.

“GENTE, A OCHAKO-CHAN TÁ ROXA, ALGUÉM ACODE!” a Tooru berra aos risos.

“E depois vocês falam que eu é que vejo besteira em tudo.” a Mina ironiza “Tá tudo bem, Ocha?”

“S-sim, eu só… não te vi entrar, Tsu.” ela meio que mente.

“Vocês tavam tão entretidas na conversa, eu não quis interromper, ribbit.” ela se ajeita diante da câmera “Só fico aliviada que você não estava sozinha na hora do temporal, Ochako-chan.”

“Sim, eu… eu tava pensando nisso agora, que tá chovendo de novo. Hoje tá bem mais tranquilo, mas ainda assim tomo uns sustos com alguns trovões. Foi legal mesmo o Bakugou-kun ter feito companhia pra mim aquela noite.”

Todas elas ficam em silêncio por alguns segundos, e Ochako se pergunta se a internet caiu ou algo do tipo, mas então ouve a Kyouka.

“Pera, então… ele realmente te fez companhia?”

“Sim, a gente conversou por  um tempo.” as meninas lhe observam pela câmera “Óbvio que não foi a noite toda, mas… foi legal.” ela dá um sorriso sincero.

“E obviamente você não dormiu com ele.” a Mina completa, e Ochako sente o rosto pegar fogo de vergonha “Ou dormiu? Que reação é essa, Ochako? EU QUERO RESPOSTAS!”

"Pare de deixá-la envergonhada, Mina-chan, ribbit.” a Tsu intercede, e Ochako aprecia, mas a garota sapo não pode falar muito já que literalmente a primeira coisa que disse quando chegou foi algo nesse sentido, mesmo que não tenha sido com a mesma malícia da amiga rosada.

“Hahaha, ok, ok parei. Que bom mesmo que você não ficou sozinha, miga. Acho tão uó você aí nesse dormitório sem mais ninguém.” a Mina faz biquinho.

“Ah, eu já me acostumei.”

“Eu queria ter ficado pelo menos uma semaninha por aí pra te fazer companhia, Ocha, mas meus pais precisavam de mim em casa.” a Kyouka lamenta.

“Os meus também.” a Tooru concorda.

“Ah, vocês são muito gentis, meninas. Mas tá tudo bem, não se preocupem.”

“Pelo menos a gente vai se ver sábado que vem no Festival, ribbit.”

“Ah é, tem o festival.” a Kyouka parece se lembrar.

“Você vai também, Kyouka-chan?”

“Ah, não sei ainda, o Kami mandou mensagem perguntando se eu queria ir, mas sei lá. Se estiver muito calor, não vou não.”

“Ai, Kyouka-chan, se liga!” a Tooru adverte.

“O quê?”

“Digamos que você tem que ir exatamente porque vai estar muito quente, meu bem.” a Mina abre um sorriso ardiloso.

“Hã?”

“Ele vai se confessar!”

“Ah…” a Kyouka arregala os olhos um pouco

“Oh…” Ochako abre a boca em surpresa “Será?”

“É o evento perfeito pra isso, gente! Não sei porque vocês tão surpresas!”

“Bom, é que mais gente vai, né? Não vamos ser só eu e ele.”

“Óbvio que ele não ia te chamar pra ir sozinha, o Kami não teria essa coragem toda, eu conheço ele.” a Mina diz com certeza.

“Conhece, é?” e a garota de cabelos roxos ergue uma sobrancelha, será que… ela ficou com ciúmes da Mina com o Kaminari? É isso que parece.

“Uhum, vai por mim.”

“Talvez ele também não queira te pegar desprevenida, Kyouka-chan. Se você estiver com seus amigos, vai ficar mais à vontade e tal.” Ochako oferece complacentemente.

“É, parece algo que ele faria.” ela analisa.

“Você parece surpreendentemente tranquila com isso, Kyouka-chan. Eu achei que você estaria mais nervosa, ribbit.”

“Ah, bom… eu meio que já tinha entendido como uma declaração aqueles chocolates que ele me deu de Dia dos Namorados, então não vou ser pega de surpresa se ele disser com todas as letras.”

“E você vai aceitar?” a Tooru pergunta.

“E-eu…” e aqui ela cora e desvia o olhar “Eu não vou dar a resposta de uma confissão que nem recebi ainda pra vocês, né? Até porque a Mina ia correndo contar pra ele.”

“Bom, se ele me perguntasse, eu contaria sim. Tadinho do Kami, merece saber se vai tomar um toco.”

“E-eu… eu nunca disse que vou dar um toco nele.”

E com isso, a videochamada explode em gritinhos e risadas. Ochako se diverte enquanto conversa com elas, feliz por poder participar graças ao laptop da Yaomomo e aliviada por não ter ficado sob a mira por muito tempo com esse papo sobre dormir no Ba- dormir na casa do Bakugou! 

Elas seguem conversando por mais uma hora e desligam um pouco depois de Ochako dizer que tem que ir trabalhar amanhã. Nenhuma das meninas disse nada, mas ela sabe que essa chamada foi em prol dela, para que não se sentisse sozinha. Ela está feliz e grata por ter amigas tão boas.

E quando coloca o notebook na escrivaninha e volta para a cama, ajeitando-se para dormir, Ochako pensa na Kyouka e na provável confissão que receberá do Kaminari no festival. Parece coisa saída de mangá shoujo… super romântico.

Deve ser legal.

 

***

 

Não tá chovendo muito, mas Katsuki consegue sentir o cheiro de terra molhada tomando conta do ambiente e escuta os pingos batendo contra a janela. Tsk, que caralho de verão é esse que só chove? Essa merda só atrapalha seus treinos, principalmente a corrida pela rua, fora que sua individualidade fica meio cagada, não tão forte quanto o normal, ugh.

Olhando o relógio, ele pensa que até poderia ir dormir, mas nem tá tão cansado assim, então só se cobre e dobra seus travesseiros na metade para formar um bom apoio para o pescoço enquanto fica de bobeira no celular, só lendo a caralhada de mensagens que os idiotas mandaram em um grupo aí do qual Katsuki já tentou sair um monte de vezes, mas é sempre colocado de volta, então desistiu, apenas silenciando e dando uma olhada quando acumula mensagem demais, o que acaba sendo todo dia.

Só as mesmas merdas de sempre: o Pikachu mandando um monte de piada idiota, o Kirishima e o Fita Crepe dando risada e a Rosinha falando umas coisas que ninguém perguntou. Agora pouquinho, ela tava falando da viagem na praia e mandando um monte de emoji em resposta ao Pikachu pedindo foto dela de biquíni. O que se segue é um monte de áudio do imbecil chorando depois que a Rosinha ameaçou contar pra Orelhuda, chega a ser engraçado de tão ridículo.

Mas logo depois eles voltaram pra uns papos chatos sobre o idiota querendo se confessar pra Orelhuda e como a melhor chance dele só pode ser no tal festival que eles tão marcando de ir no sábado que vem. 

Tsk, só de lembrar do Kirishima gastando a orelha dele pra ir nesse bagulho lhe faz apertar o celular em irritação, que diabos o paspalho tava querendo tentando fazer a Uraraka convencê-lo a ir? Não, que porra foi aquela dele falando que Katsuki ficou tímido depois que ele apareceu? Imbecil! E se ela levou essa besteira a sério? 

Ele não duvida, pelo jeito que a Cara de Lua tava quando tentou agradecer pela outra noite. Nem foi nada demais, mas ela fez parecer como se fosse, tava até querendo retribuir. Pagar yakitori pra ele no festival… o que tem a ver? E falando pra ele pensar “com carinho”, que merda foi aquela? Por que ela tava tão vermelha, por que segurou na camiseta dele daquele jeito? 

Por que ela não para de pensar nisso desde ontem? Não foi nada demais, porra!

Aliás, Katsuki viu no grupo que seu nome foi mencionado brevemente, a Rosinha tava lá reclamando sobre ele ter sumido desde que as férias começaram, dizendo que ia pedir pra Uraraka relatar se ele ainda tava vivo. Maldita.

A verdade é que hoje ele nem viu a Cara de Lua durante o dia, ela ficou pra fora durante boa parte do expediente e foi embora antes de Katsuki voltar do treino da tarde. Começou a chover quando anoiteceu, então pelo menos não tinha chance da idiota querer inventar de se aventurar pela chuva pra se enfiar na casa do Deku.

Ou vai ver ela foi, vai saber.

De repente um impulso esquisito lhe passa pela cabeça, e Katsuki pensa em mandar mensagem perguntando se ela já morreu de pneumonia ou com um raio na cabeça, mas qual o sentido disso? O que ele ganha mandando mensagem pra ela sendo que eles nunca conversaram?

Ou não… pera, ela já mandou uma mensagem pra ele, sim. Fuçando um pouquinho, Katsuki encontra uma conversa com ela no Natal do ano passado. Oi, é a Mina aqui!! Tô mandando mensagem no celular da Ocha porque não achei o meu. Traz um pacotinho de requeijão também.

 

Ah, é de quando ele se viu obrigado a ir fazer as compras da festa de Natal da sala no ano passado porque nenhum dos idiotas teve a decência de comprar as coisas certas, e a Rosinha mandou isso aí. A única mensagem que ele tem trocada com a Cara de Lua nem foi mandada por ela, então por que raios Katsuki puxaria assunto com essa menina agora? Que ideia besta.

Mesmo assim, ele chega a digitar a mensagem enquanto pensa se manda ou não. Não tem motivo nenhum pra isso, mas imaginá-la fazendo aquela cara de tonta enquanto tenta entender o que ele quer é engraçado pra caralho.

— Katsuki? — a voz do velho sai abafada por trás da porta, seguida por três leves batidas.

— Que foi?

Ele abre a porta lentamente, como se não tivesse certeza que Katsuki tá acordado mesmo ele já tendo confirmado que tá. 

— Não costumo ver você acordado a essa hora. — ele sorri — Não está conseguindo dormir?

— Tô de boa, nem tentei ainda. — ele dá de ombros — O que você quer?

— Oh, nada demais! Só vi a luz do seu quarto acesa e pensei em passar pra te dar boa noite. Foi um dia corrido, não?

— Normal, só saí pra correr e treinar, depois comecei o dever.

— Nossa, mas já? Ainda tem bastante tempo até as aulas voltarem.

— Fica pior se eu ficar enrolando. Quanto mais cedo eu começar, mais cedo eu acabo. — ele diz exatamente a mesma coisa que disse pro Kirishima. que também o questionou sobre já ter começado a lição.

— Bom, parabéns pela diligência, filho. — ele sorri.

— Vai ficar aí parado em pé por quanto tempo? — Katsuki questiona com um olhar incisivo, ficando incomodado com o velho em pé perto da porta, que aflição do caralho.

— Oh, já estou indo dormir, não planejava ficar por muito tempo. 

— Tá indo dormir mesmo ou vai ficar trabalhando igual a um zumbi?

— Haha, vou dormir mesmo. Não é toda noite que faço isso.

— Fez isso quase todo dia desde semana passada que eu sei.

— É… ando tendo muito trabalho, só dei uma descansada na noite em que a Uraraka-san dormiu aqui, por conta do apagão e tudo.

— Sei.

— Falando nisso, filho, eu… tive a impressão de que a Uraraka-san ficou envergonhada por eu ter dito que vocês ficaram conversando naquela noite, era algo para ninguém ficar sabendo?

— Hã? — ele ergue uma sobrancelha.

— O Kirishima-kun me disse que você também estava meio constrangido em conversar com ela. Eu… espero que não tenha acontecido nada que tenha criado alguma tensão entre vocês.

Katsuki pensa um pouco. Será que ele deveria contar? O velho não ia criar caso com isso nem começar a fazer gracinha como o Kirishima com certeza faria se ele tivesse contado alguma coisa. Não, o velho é de boa. 

O problema é que ele é gado da velha, que não é nem um pouco de boa. Se ficar sabendo que Katsuki carregou a Uraraka pro quarto, ela vai fazer uma baita de uma cena, ele conhece a figura. E o velho já tinha dado o recado sobre tentar manter o profissionalismo e tal. Tudo aquilo que rolou naquela noite foi um grande “foda-se” pro profissionalismo, mas foi um caso excepcional, não tem porque se manter agora que passou, e Katsuki sabe que o velho vai achar ruim ele ter carregado a funcionária de sua mãe no colo e a colocado na cama… merda, olha como isso soa ruim, mesmo que no contexto nem tenha sido nada demais.

— Porra nenhuma. O Kirishima só tava me enchendo o saco pra ir no festival com ele semana que vem e tentou fazer a Cara de Lua entrar na onda dele.

— Oh… o festival de verão! Eu fui com sua mãe quando éramos mais novos. — ele sorri — E você não quer ir?

— Não, e nem vou.

— Porque o Kirishima-kun e a Uraraka-san ficaram tentando te convencer ou porque você só não quer mesmo?

— As duas coisas.  — ele resmunga — Eu vou fazer o quê nessa bagaça? Só vai um bando de idiota pra ficar zanzando pelas barraquinhas, sendo que desses idiotas, um monte aí é casalzinho que vai ficar de melação, eu que não quero perder meu tempo com essa merda.

— Bom, talvez não. Você pode se divertir com a Uraraka-san e o Kirishima-kun.

— Tsk, a Uraraka é uma que tá indo pra ficar de melação que eu sei.

— C-com o Kirishima-kun? — ele arregala os olhos — Não sabia que eles-

— Não, com o Kirishima não. Com aquele nerd do Deku.

— Ah… ah sim, você disse que eles são próximos mesmo. Bom, mas… tem certeza? Talvez seja um encontro entre amigos e você não vai se sentir excluído. Acho que você deveria ir, Katsuki, sair e se divertir um pouco. Eu até tenho um yukata que ficaria bom em você, se você quiser.

— Não, esquece isso. Eu não vou.

— Bom, ok… — ele suspira — Mas hã… talvez você…

— Talvez eu o quê?

— Nada.

— Fala logo, velho, você tá se coçando pra falar.

— Talvez você deveria verificar se é isso mesmo que está pensando e não se precipitar sobre os relacionamentos de seus amigos.

— Hã? 

— Nada! Só… não deixe de fazer algo divertido por receio de algo que você nem sabe se é real, filho. Boa noite.

— Tá, boa noite. — o velho sai logo depois com um sorriso sereno.

E Katsuki fica ali querendo gritar pra ele voltar e falar direito, que essa porra de se fazer de enigmático é chato pra caralho, mas antes que possa, seu celular vibra. Tsk, deve ser o Kirishima enchendo o saco de novo e…

 

não morri, mas tomei um susto com sua mensagem! eu já tava quase dormindo!

 

Ah porra, é a Uraraka. Ele acabou mandando aquela mensagem ridícula pra ela, ugh! Agora Katsuki tá se sentindo bem idiota! O loiro pensa em uma resposta, mas não faz ideia do que dizer.

 

então por que respondeu se já tava quase dormindo?

 

Ele manda uma pergunta, então. E ela não demora pra responder.

 

ué, se eu não respondesse, você podia achar que eu morri mesmo

 

Katsuki precisa levar a mão à boca pra não rir, que porra é essa? E por que ela tá toda engraçadinha quando ontem tava toda sem graça e esquisita?

 

engraçadona. vai dormir.

 

eu ia, mas agora lembrei de uma coisa

me passa a receita do seu chocolate quente, por favor? vou fazer aqui agora

 

Tsk, o vício que essa menina tem em coisa doce! Katsuki revira os olhos e pensa em ignorá-la. Ele chega até a se ajeitar nas cobertas, pronto pra dormir, mas puxa o celular e manda a receita seguido de um “toma aí, agora vou dormir.” e bota o celular em modo não perturbe pra não ver a resposta dela.

Por algum motivo, o sono finalmente vem um pouquinho depois disso.


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