DEVIL MAY CRY 5-Devil Never give Up escrita por Daniela Lopes


Capítulo 1
Capítulo 1-POSSESSÃO-PARTE 01


Notas iniciais do capítulo

A filial móvel da Devil May Cry está ativa, apesar do número de ataques demoníacos ter diminuído após os eventos da Qliphoth e de Urizen. Nero, Kyrie e Nico desfrutam de um pouco de ócio até receberem um chamado de Morrison para um caso estranho, num vilarejo perto de Red Grave City, epicentro dos ataques anteriores.
O que poderia dar errado?



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A filial móvel wda agência de caça a demônios Devil May Cry, gerenciada por Nero e Nico, recebeu uma ligação de Trish. Morrison havia recebido uma solicitação de visita a um tempo em um vilarejo próximo a Red Grave City.

Em sua van, Nico lixava uma peça para sua nova “devilbreaker”, concentrada e silenciosa. O cigarro em sua boca estava pela metade e ela nem se dava ao trabalho de tragar a fumaça. Nero estava na cozinha com Kyrie, que tirava um bolo recém assado do velho forno. O caçador observava a namorada se mover graciosamente pelo cômodo e sorriu:

—O cheiro está muito bom...

            Ela sorriu de volta:

—Quando esfriar, vai me dizer se o sabor é tão bom quanto o cheiro.

            Ele se aproximou e a abraçou pela cintura. Ela se inclinou na direção dele e suspirou:

—Nero...

            Ele apoiou a testa na parte de trás da cabeça da jovem, aspirando o perfume dos cabelos dela:

—Estou feliz por passar mais tempo aqui com você as crianças. Acho que as coisas estão mais calmas por aí afora. Posso pensar em um trabalho comum...

            Ela riu e disse:

—Trabalho comum? Um descendente de Sparda dizendo algo assim soa bem engraçado.

—Isso não faz diferença agora... Eles... Estão no submundo agora. Sabem como ajeitar as coisas por lá.

            Kyrie se virou e fixou seu olhar no rosto do namorado:

—Eu... Imagino que você gostaria de poder ter uma conversa de pai e filho com Vergil...

            Ele balança a cabeça:

—Vergil? Hum... No mínimo eu estaria falando sozinho.

            Ela apoiou a testa no pescoço dele e o abraçou mais apertado:

—Não penso assim. Certamente ele percebeu que você é um homem forte, determinado e digno.

            Nero se inclinou par a namorada:

—Sou um cara sortudo... Tenho um anjo ao meu lado.

            Ela fechou os olhos e recebeu um beijo suave e apaixonado de Nero. Desde que voltou de Red Grave City e do evento de Urizen, o caçador ficou aflito em dizer à sua namorada que ele era neto de Sparda e um meio demônio. Na mesma noite de seu retorno, Nero mostrou sua forma devil trigger à Kyrie e esperou pelo medo e repulsa estampados em seu belo rosto. Recebeu um abraço afetuoso e um beijo de amor ainda em sua forma demoníaca. Surpreendido, ele ouviu dela que o amava em todas as suas formas e isso acalmou o coração do caçador.

            O bolo fumegante foi esquecido. Nero e Kyrie estavam envolvidos num beijo cada vez mais apaixonado quando o telefone do corredor tocou. O rapaz afastou-se da namorada e suspirou:

—Tsc... Sempre que a gente está...

            Ela sorriu:

—Vá atender... Pode ser importante.

            Ao telefone, a voz de Trish parecia animada:

—Nero? Olá! Morrison tem algo pra nós! Está dentro?

—Onde é o “negócio”?

—Perto de Red Grave. Uma comunidade religiosa ou algo do tipo. Provavelmente uma pequena infestação demoníaca.

—Você e Lady podem dar conta do recado, não?

            Trish é gentil ao falar:

—Eu penso que... Você e Kyrie têm as crianças e... Isso pode ajudar um pouco, não? Os negócios andam um tanto parados desde a queda da Qliphot...

            Nero fecha os olhos. Trish tinha razão. Com a grana curta, qualquer trabalho era bem-vindo:

—Ok! Vamos preparar a van. Te vejo no QG do Dante.

            Kyrie estava encostada no batente da porta da cozinha. Nero voltou-se na direção dela:

—Que tal isso? Temos um trabalho!

—Certo! Vou preparar uma lancheira para a viagem. Quero que leve bolo para a Lady, Trish e Morrison!

            Nero sorriu ao pensar que sua namorada adorava alimentar todo mundo. Saiu dali para a garagem e bateu na porta da van.  Nico apareceu com um maçarico ligado nas mãos e algo branco nos lábios. O caçador franziu a testa:

—Ah... Trish ligou. Temos trabalho! E... O que é isso aí na sua boca? Parece... Pasta de dente?

            Ela concordou:

— E é! A porra do cigarro queimou até o filtro! Eu não percebi!

            Nero riu:

—Essa merda ainda vai te matar!

            Nico deu de ombros:

—Quem quer viver para sempre?

—Ok! Vamos arrumar as coisa para sair!

            Uma hora depois, Nico esperava na van enquanto Kyrie se despedia de Nero:

—Se algo te afligir, sabe que pode me ligar... O momento que for.

—Eu sei, Ky...

            Ele beijou a testa da namorada e murmurou:

—Me espere para o jantar...

            Ela sorriu e ele se afastou, entrando na van ao lado de Nico. A artesã de armas acenou para Kyrie:

—Fique tranquila, querida! Vou trazer seu amado inteiro!

            Kyrie acenou de volta:

—Cuidem-se!

            A van arrancou pelo asfalto e Kyrie colocou as mãos juntos sobre o peito. Apesar de saber o grande guerreiro que Nero se tornou, ela sempre ficava preocupada, mas jamais poderia tirar dele o que  gostava de fazer, caçar demônios.

            Ao que parecia, os herdeiros de Sparda nunca fugiam de uma boa luta e com esse pensamento, Kyrie voltou para a cozinha, separando mais fatias de bolo, enquanto as crianças de quem ela cuidava assistiam TV na sala. Seria um longo dia de espera.

            A balsa que deixava Fortuna apitou pela última vez e partiu rumo ao continente. A van da agência móvel Devil May Cry estava estacionada entre outros veículos e perto dela, Nero se apoiava na amurada, olhando o mar. Nico aproximou-se:

—Fique frio, caçador! Sua garota vai ficar bem!

—Eu sei.

            Nico percebeu algo no semblante de Nero. Era mais que preocupação. Era angústia.

            Horas depois, Lady e Trish disputavam a última fatia de bolo enviada por Kyrie enquanto Morrison entregou um envelope com as informações da missão. Nero leu o papel e falou:

—Um templo?

—Uma pequena congregação em White Hound Field. O lugar é um tanto bucólico e as pessoas de lá se gabam de viver uma vida pacata, mesmo sendo vizinhos de Red Grave.

—Ou o que restou de Red Grave...

Morrison sorriu. Nero tinha o senso de humor parecido com o de Dante:

—Muito bem. Acho que isso é tudo. Agradeça a Kyrie pela deliciosa guloseima. Sua noiva tem mãos de fada.

            A voz de Nico foi ouvida do outro lado da sala:

—É anjo!

            Eles riem e Morrison deixa a agência. Trish se aproxima e apanha o papel das mãos do rapaz:

—Partimos agora?

—Dentro de algumas horas vai anoitecer... Que acha, Nico?

—Tanto faz! Quanto mais rápido a gente chegar nesse lugar, melhor!

            Lady se aproximou:

—O que sabemos dessa congregação? Já tivemos muitas experiências com fanáticos e eu não gostaria de arriscar com mais um grupo desses!

            Trish explicou:

—São religiosos de uma ordem pacífica. Acreditam em vida após a morte, redenção e paraíso. Paz mundial e essas coisas!

            Nico murmurou, cantarolando:

—Que chato!

            Nero falou:

—Certo. São manifestações físicas? Essas coisas estão...

—Parece que um portal para o submundo está se materializando lá. Sem criaturas no momento, mas algo está acontecendo. Eu li isso num jornal daqui. Depois de Urizen, pouco estão ligando para esse vilarejo.

            Lady esfregou o queixo, pensativa:

—Humm... Dante e Vergil estão lá... Achei que já tinha fechado todos os portais para o mundo humano!

            A loura balançou a cabeça:

—Existem diferentes níveis no submundo e também classes diferentes de portais. A preocupação maior de Dante e Vergil é selar aqueles que se abrem para criaturas mais poderosas e aterrorizantes, como Mundus, Argosax e... Urizen.

            Lady suspirou:

—Então nos resta combater diabretes?

            Nico se espreguiçou ruidosamente:

—Uuuhaaaa! Chega de papo! Estou indo para a van. O último a chegar é mulher do padre!

            Todos se voltaram para ela, que percebeu os olhares de desaprovando o trocadilho. Ela deu de ombros:

—Humpf! Gente sem senso de humor!

            A van atravessou as avenidas que saíam de Red Grave. Havia muitos trechos mal iluminados e prédios em ruínas escuras e silenciosas. Lady olhou ao redor:

—O governo local vai demorar a reconstruir algumas partes da cidade. Foi um prejuízo e tanto!

            Trish suspirou:

—Se não fosse por nós, nem haveria cidade para reconstruir. Não recebemos nem um obrigado!

            Nico fez uma curva fechada com a van:

—Agradeça que não mandaram a conta para a Devil May Cry do que foi destruído durantes as lutas!

            A van saiu do perímetro urbano e ganhou a estrada que levava ao interior. A região era fartamente arborizada e a luz do luar emprestava uma aura sobrenatural à paisagem. As sombras das árvores criavam uma ilusão de vultos e os sons noturnos mexiam com a imaginação dos viajantes.

            Quanto mais rápido saíssem dali, menos tentados a acreditar em seus olhos. A noite era aliada do medo.

            Chegaram na entrada de White Hound por volta das 22 horas. A maioria das casas estava fechada e as luzes apagadas. Postes de iluminação estavam distribuídos ao longo da avenida que cortava o lugar, mas sua luz não ajudava a melhorar o ambiente.

            Havia algo no ar. Uma estranha tensão pairava sobre o vilarejo e era quase tangível. Trish cheirou o ar e Nero olhou para as sombras que caíam nos becos e ruelas.

            Nico soltou um comentário:

—Vocês estão sentido algo, não estão? Esse lugar tá bem ferrado...

            Trish suspira:

—Ainda não. Mas eu apostaria que breve encontraremos o foco dessa ameaça.

            Seguindo as coordenadas fornecidas por Morrison, a van parou frente à uma igreja simples, mas de arquitetura antiga. O sacerdote estava parado à porta, esperando pacientemente, cabeça baixa e semblante carregado de preocupação. Ele parecia rezar em silêncio.

            Nero desceu da van e subiu as escadas até o pároco. O homem parecia bem velho, mas seu olhar carregava jovialidade:

—Vocês são enviados de Morrison?

—Sim. O senhor contratou nossos serviços!

            O homem sorriu, aliviado e gesticulou:

—Venham! Vamos entrar. Está esfriando e devem estar cansados da viagem.

            Trish fica parada junto à van:

—Podem ir. Eu fico aqui.

            O sacerdote olhou a caçadora por um tempo e disse:

—Você também é bem-vinda, criança!

            Lady olhou a amiga:

—Vem, Trish. Precisamos da equipe toda reunida para essa conversa! Nero já entrou...

—Eu... Não sou como ele, Lady...

            Lady sorriu:

—Não mesmo! Você é mais esperta!

            A mulher riu e seguiu o grupo. Ao passar pelo batente da porta, Trish sentiu como se tivesse atravessado uma cortina de teias. Sua pele formigou de leve e depois ela se sentiu aquecida. Ergueu os olhos para a arquitetura interna da igreja e todos os símbolos nela representados. Avaliou a decoração, os afrescos e as imagens em mármore e granito.

            Eram estranhas para a caçadora, mas ao mesmo tempo carregavam um tipo de energia e reverência. Lady cutucou seu braço:

—Achou que fosse pegar fogo ou algo do tipo?

            Trish baixou o olhar e sorriu:

—Desde que traí Mundus e me aliei a Dante, sou uma párea nas duas esferas...

            Lady balançou a cabeça:

—Nada disso. Você está do lado dos mocinhos!

            Ambas sorriem e entram na sacristia logo após o padre. Ele ofereceu chá e comida, mas o grupo estava interessado nos detalhes da missão.

            O sacerdote apresentou-se como Seymour Davenport. Conduzia aquela congregação há pelo menos 30 anos e estava aflito com estranhos eventos que aconteciam desde o incidente em Red Grave City.

            White Hound Field era um lugar tranquilo, longe do burburinho das cidades próximas e era considerada um lugar ideal para viver e criar uma família. Após o que havia acontecido em Red Grave, criaturas das sombras foram avistadas, crianças tinham pesadelos constantes e os animais domésticos passaram a se comportar de forma estranha e agressiva, principalmente com as crianças.

            Trish estava parada junto ao batente da porta quando escutou algo. Ela virou-se e Nico olhou-a, curiosa:

—Ei! Que foi?

—Ouço… Música.

            O padre ergueu os olhos para as mulheres e franziu o semblante. Suas mãos começaram a tremer e Nero tocou seu ombro:

—Senhor? O que há?

            O homem engole em seco e murmura:

—De novo! De novo! Oh, Senhor!

            Trish seguiu rumo à nave principal do templo e viu um grupo de crianças, em fila, entrando enquanto entoavam um hino em coro. A música poderia ser considerada angelical se não fosse pelo fato de todas aquelas crianças terem seus olhos completamente brancos. Nico estava logo atrás da caçadora e viu a cena:

—Que diabos é…

            Trish levou o polegar aos lábios, pedindo silêncio e voltou seu olhar para a cena que se seguia. Eram treze crianças com idades que variavam se 5 a 10 anos. Eram sete meninas e seis meninos e estavam vestidos com roupas de dormir e descalços. Nero e Lady se juntaram às mulheres e o padre veio em seguida:

—Oh, Criador! O que o Senhor deseja de nós? Dessa humilde igreja?

            Nero olhou para a porta da igreja, totalmente aberta e do lado de fora, aterrorizados, os pais das crianças esperavam.

            O coral de crianças organizou-se no altar e continuou entoando o estranho canto. Trish e Lady se entreolharam e a loura murmurou:

—Não é uma música sacra… Padre? Há quanto tempo isso vem acontecendo a essas crianças?

—Uma semana contando com essa noite. Elas vêm, ficam por algum tempo… Não mais que uma hora e depois retornam para suas casas e voltam a dormir, sem lembrar do que aconteceu no dia seguinte. Como pode ver, elas parecem estar num sonho.

            Nico esfregou os braços:

—Urgh! De repente esfriou aqui!

            Trish andou rapidamente para o centro na nave e Lady se posicionou à esquerda de sua amiga. Nero ficou frente ao altar, de costa para as crianças, preparado para protegê-las se algo viesse de cima ou das laterais. Nico ficou ao lado do sacerdote e esperou.

            A música cantada pelas vozes infantis era quase hipnótica. Trish percebeu que elas não pararam de cantar nenhum minuto sequer desde sua entrada na igreja e isso deixou a caçadora alerta. Lady falou:

—Trish! O que estamos esperando?

—Não sei, Mary. E isso é a pior parte!

            De repente, o coro cessou e as crianças baixaram o olhar para o chão do altar. Nero se voltou para elas, que não se moveram.  Após exatos 3 minutos de inação, uma das crianças, um menino de uns seis anos ergueu o rosto e pareceu confuso. Ele voltou seu olhar para o padre e este lhe sorriu:

—Tim?

            O garoto inocente sorriu de volta quando, de repente, um tentáculo negro e repleto de espinhos vermelhos e brilhantes rompeu do seu peito e atingiu Nero um pouco abaixo do externo, erguendo o caçador do chão uns dois metros. O ato foi tão surpreendente que ele não emitiu nenhum som.

            As outras crianças despertaram, gritando horrorizadas com a cena e correram para fora da igreja, passando por Lady e Trish, anestesiadas pelo terror ao verem seu companheiro de luta empalado.

            O garoto Tim está curvado para trás, numa posição impossível para uma criança de sua idade. O apêndice maldito ainda sustentava Nero no ar, revolvendo em seu peito enquanto o rapaz tentava se libertar.

            Lady mirou sua arma na direção da criança e gritou:

—Nero! Se prepare! Eu vou estourar essa criatura!

            Nero gritou em agonia:

—Não! É só um menino!

            E num ato desesperado em meio à dor que sentia, Nero apanhou sua espada e cortou o tentáculo que o segurava, caindo pesadamente no chão da igreja.

            O grito que partiu da criança congelou o sangue de todos ali presentes e ela caiu para trás, convulsionando violentamente, enquanto o que restou do tentáculo se agitava no ar, espirrando uma gosma preta e malcheirosa ao redor. A coisa desmanchou-se e sumiu, deixando a roupa da criança suja e rasgada. Naquele instante, o menino se sentou e, após olhar para os caçadores, começou a chorar.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Há um tempo atrás tive contato com esse game Devil May Cry. Creio que foi o 4 e achei muito interessante a trama sobre os filhos de um demônio que passou a defender a humanidade, traindo o rei do submundo.
Tempos depois, vi o último game da franquia lançado, com uma história ainda mais complexa e a parte gráfica de tirar o fôlego. Daí foi um pulo para ler as novels lançadas, os quadrinhos e o maravilhoso "Visions of V", que acrescentou ainda mais para a trama do último jogo.
Fiquei tentada a escrever uma fic sobre o tema, abordando partes que achei interessantes e poderia render uma história divertida.
Meu personagem favorito? O poeta magrelo V. Meu malvado favorito? Vergil. O bad boy que toda garota gostaria de flertar? Dante.
Depois de outra vez sem conseguir ler uma linha ou escrever nada, retomo a jornada do escritor e me obrigo a sair da "zona da página em branco". NEVER GIVE UP!!!!!!
Espero que se divirtam muito.



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