O desfile de lançamento se aproximava, Marcela e Mário haviam passado notícias de que haviam conseguido alguns interessados nas franquias e os mesmos ficaram de vir conhecer a sede da empresa e a melhor oportunidade seria do lançamento a ser realizado em um hotel, cujo salão de festas e convenções atendia com perfeição ao que Catalina planejava. Havia conseguido parcerias a fim de fazer permutas, assim reduzia bastante os custos. Entre as empresas, cosméticos e salões que se ocupariam de preparar as modelos, joalherias que cederiam as jóias a serem usadas, sapatos e etc, enfim, como Ecomoda apenas produzia roupas masculinas e femininas, logo, conseguiram vários parceiros. Catalina também lançou uma campanha ``Seja modelo por um dia`` onde sortearia 5 meninas consideradas pouco agraciadas que poderiam realizar uma mudança de look completo, a exemplo do que aconteceu com Betty, Nicolás e Sandra. Estes dois por sinal, desde que haviam ido ao coquetel da Colorín  não paravam de pensar um no outro. Sandra, porque já estava encantada com ele, apesar de não cumprir a condição de ter 2 metros e Nicolás porque, a parte de ser inteligente, nunca havia reparado que era charmosa e tinha belos olhos. Assim que, com a desculpa de levar relatórios à Terramoda sobre o lançamento, o homem sempre estava pela sede de Terramoda.  Beatriz, logicamente, havia percebido, mas fingia não ter notado, preferia que o amigo se abrisse  afinal, estava mais que feliz por seu amigo estar se interessado por uma boa moça e procurando algo mais profundo que um mero encontro. Mas Nicolás, preferiu abrir-se para uma pessoa que poderia ensinar-lhe a algumas estartégias.

—Armando.

—Sim, Nicolás. Que foi?

—Queria aproveitar que Betty não está para te perguntar uma coisa.

—Não venha com esta! Que jartera com você, está parecendo o Mário, só fala de sair com estas modelos. Não quero saber disso e não pense que vai aproveitar que Betty está fora –-Não é isso!

—Sou comprometido. Amo esta mulher que é como sua irmã e se gosta dela assim como diz não tente complicar minha vida, não posso sair aí com você te apresentando mulheres, o que ele vai pensar de mim?

—Mas já deixe de ser neurótico e gritão, homem! Será que tem tanto medo assim de minha irmã?

—Medo? Medo tenho que mal interprete as coisas, sabe que minha fama é ruim, não quero que pense...

—Pois já deixe, homem que está entendendo tudo errado. Não quero que me leve para aprender a caçar por aí, como te pedi antes. Isto já fiz também com seu amigo Mário e não é isso.

—O que é então?

—Estou interessado em uma moça.

—Uma moça?

—Sim, mas não como essas. Ela é inteligente, doce, mas somos amigos e não sei como chegar nela e ser mal interpretado.

Armando sorriu, Sabia pelo que seu quase cunhado estava passando pelo que passou. Não era uma mera atração física ou carinho. Sabia que nenhum homem deixava uma vida sem regras e compromissos, podendo se sentir o homem mais atraente da cidade e poder desfilar com as mulheres mais atraentes da cidade se não por estar possuído de amor pela dona de seu coração. Hoje, não trocaria Beatriz nem por mil mulheres, mas foi difícil aceitar que havia se apaixonado sem remédio por aquela mulher quando ainda não era tão bonita como agora.

—O que foi?

—O que precisa?

—Bem... estou confuso.  Para começar, preciso que seja discreto. Não pode contar nada disso à Beatriz.

—Nicolás. Te ajudo, claro, mas é difícil, não tenho segredo para minha mulher.

—Eu sei, também não temos segredos, mas que elas se conhecem, são amigas e.

—Está interessado em Sandra?

—É tão evidente assim?

—Sim.

—É que, que... Não sei como aconteceu. Ela é diferente de tudo que procurava. Queria uma modelo, sabe? Assim, siliconada, toda oxigenada e...

—Entenda que sei o que fala!

—Mas... como foi quando se apaixonou?

Armando começou a contar. Nicolás não imaginava que aquele homem estava ainda mais envolvido com sua irmã que pensava. Logicamente, não contou os detalhes íntimos, nunca iria expor sua relação, mas apenas incentivar Nicolás a descobrir se era uma simples atração.

—Mas vá devagar. Nicolás, creio que você é a primeira experiência dela, nunca a vi com um homem e... não a magoe.

—Pode deixar, cabeção. Além de tudo sinto muito carinho e amizade por ela.

Neste momento, Betty abriu a porta e os encontrou ali juntos conversando.

—Nicolás, é o seguinte...  Armando? O que faz aqui?

—Er... estava aqui com Nicolás.

—Isto eu já vi.

—Er, Betty, Armando estava passando... eu estava passando as despesas do lançamento para o cabeção.

—É é isso, até que não ficou tão caro.

—Despesas?

—Sim.

—Creio que já havíamos discutindo com Catalina, não? Os quatro!

—Sim, mas...

—Ótimo, então volto depois!

—Betty!

Betty olha para os dois, balança a cabeça e sai da sala.

—Está vendo? Ela está desconfiada.  Deve achar que estou mentindo.

—Você está enganado. Ela não acha que estamos mentindo, ELA TEM CERTEZA!

—Ai, corro risco.

—Acalme-se, homem.

—Não sabe.

—Acredito que sei.

— Agora deve pensar que estou com algum planinho com você! Se por conta disso eu perder esta mulher, vou ter que contar.

—Não, por favor, Armando não conte, não. Prometo que vou resolver as coisas, mas preciso desse tempo.

—Não posso, Nicolás. Ela vai...

—Acalme-se. Me ajude, Armando, eu te ajudei com Betty e ainda ajudo, os cubra com don Hermes, lembra?

—Ah joga na cara? E o que vai adiantar, meu maior problema não é don Hermes e sim esta mulher.

—Não entendo!

—Don Hermes eu consigo driblar, mas se Betty colocar naquela bela cabecinha teimosinha que estou de planinho contigo não vai ter santo que...

—Entendi, conheço o quão teimosa é.

—Entendo.

Nicolás pede segredo a Armando para poder resolver as coisas com Sandra com menos pressão possível, apesar de estar contrariado, o cabeção promete ajudá-lo, mas a coisa se torna mais difícil, pois como previa a mulher lhe olha de lado e claro que está desconfiada e ciumenta de vê-los de segredinhos por aí.

—Betty, está acontecendo algo?

—Não sei. Você que deveria me contar, está acontecendo algo?

—Como assim?

—Escuta, tem certeza que ainda quer se casar comigo?

—Claro que sim. Acha que iria dar o anel de meus avós se não tivesse certeza?

—È que anda por aí de segredinhos com Nicolás.

—Segredinhos? Não.

—Tem algo para me contar?

—Er, não.

—Está bem, então.

—Betty, que tal se inventarmos uma reuniãozinha para ficarmos juntinhos?

—Reunião?

—Sim, estou que não me aguento, afinal faz uma semana que não ficamos...

—É eu sei, mas acontece que estou cansada e com muito trabalho e só penso em dormir, ainda mais sabe como é meu pai.

Armando sabia que não era isso, Betty daria um jeito de estar com ele se quisesse.

—Nicolás me paga! Mas não vou perder minha mulher por bobagem!  Ele que arrume um jeito de se ajeitar com Sandra.

Armando havia tentado conversar com ela sem sucesso, pois a mesma foi para casa e desligou o celular.

—Maldita sea! Amanhã falo com ela e conto tudo.

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