Nunca é tarde demais.- Drarry escrita por fox1


Capítulo 26
Uma tarde na piscina.




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   — Eu pensei que nós já teríamos atravessado a parede e entrado na câmara a essas alturas — murmurou Cho.

      — A parede é duas vezes mais grossa que as outras — disse Luna.

     — Eu sei. — Draco flexionou as mãos, as quais ainda estavam doloridas pelo dia de trabalho. — Mas nós logo chegaremos lá, não é, Gregório? Greg?

      — Ele está dormindo nessa cadeira há uma hora — Vicente o informou. — E estamos todos exaustos.

      — Certo, então vamos tirar alguma folga. Há uma piscina aqui e nós todos fomos convidados para passar o dia, aproveitando-a.

     Todos comemoraram. Até mesmo Greg pareceu comemorar no seu sono.

     — Amanhã então — declarou Draco.

     Eles se reuniram na piscina no dia seguinte, todos dando gritinhos excitados quando avistaram a água clara. Em minutos, estavam pulando. Draco tentou não olhar quando Harry apareceu com Ginevra e Lilían, ambas de maiô. Eles pareciam uma família, o que, de certa forma, eram. Assim como ele,Astória e Scorp.

   Scorp já estava no fundo, emitindo sons de prazer enquanto subia no ombro de Astória e mergulhava. Mas atravessou a piscina nadando quando viu Lilían chegar e sentar-se no topo dos degraus na ponta rasa da piscina.

    Draco ficou onde estava, ouvindo tudo. Ginevra e Lilían tinham as cabeças juntas, e Draco escutou a palavra "meu bebê"diversas vezes, e viu sorrir com a menção do meio-irmão.

     — Olhe — exclamou Ginevra, alcançando a bolsa e pegando um pequeno álbum de fotos. — Draco, você nunca viu o meu bebê, viu?

    Era uma linda criança, cheia de sorrisos. Foto após foto o mostrava sorrindo feliz, na maioria das vezes envolvido nos braços da mãe, enquanto ela o olhava com expressão de encantamento.

      — Eu sempre as mantenho comigo — disse ela para Draco.

      — Ei, Gina! — Era a voz de Astória, chamando da piscina.

     Ginevra deu um gritinho e pulou na água.Assim que a mãe se foi, Lilían vasculhou a bolsa dela com mãos cada vez mais frenéticas, até que finalmente desistiu e colocou a bolsa de lado.

      — O que aconteceu? — Harry se aproximou para perguntar a Draco.

      — Lilían acabou de descobrir que Ginevra não guarda fotos dela, como faz com as do irmão — respondeu Draco com tristeza.

     Harry praguejou baixinho e foi sentar-se ao lado da filha. Pela primeira vez, a menina não se afastou, e Draco supôs que a presença de Ginevra agora fazia dele uma "boa pessoa". Ela até mesmo deu-lhe um sorriso, embora tenha sido claramente com esforço, e Draco pensou que a presença de Scorp ajudava. Ele foi para a mesa que Harry tinha arrumado ao lado da piscina e juntou-se a Astória para comer um sanduíche.

      — Isso que é vida — exclamou ela, estendendo-se sobre o gramado enquanto Draco o servia de vinho. — Como posso conseguir viver assim o tempo todo?

       — O que você precisa é de outro marido rico — observou Draco sem ressentimento.

       — Ah, isso não é justo — protestou Astória com uma careta. — Eu era louco por você, Draco. E você sabe disso.

       — Sim, era — concordou ele. — Mas quão louco você teria sido se eu não tivesse uma gorda conta bancária?

      Ela considerou aquilo seriamente.

      — O ponto é que era provável que você fosse rico. Eu tinha dinheiro o bastante para frequentar lugares de pessoas bem-sucedidas, portanto, conheci rapazes ricos. As probabilidades sempre estiveram a meu favor.

      Draco teve de rir. O rosto bem-humorado de Astória era ingênuo.

        — Estou surpresa que você não está jogando as probabilidades novamente a essas alturas — disse ele.

     Astória franziu o cenho.

        — O problema é saber exatamente quais são as probabilidades.

        — O que você quer dizer?

        — Se eu me casasse de novo, suponho que a pensão que você me dá acabaria.

        — Você quer dizer que eu poderia alegar que o emprego dele deveria sustentá-lo, em vez do meu?

        — Posso imaginar muitos homens sendo difíceis quanto a isso — murmurou ela.

        — Não eu. Como pode pensar que eu deixaria a mãe do meu filho sem dinheiro?

      Ela deu uma gargalhada.

        — Esse é o espírito da coisa.

        — Por que isso é tão importante, de qualquer forma? — perguntou Draco. — Se ele for rico o bastante para sustentá-lo...

        — Sim, mas uma mulher gosta de ter alguma independência.

     Ela parecia tão séria que o deixou sem fala por um momento.

        — Você não tem um pingo de vergonha — murmurou Draco, finalmente. —Quero dizer, nunca conheci alguém como você.

       — Não existe ninguém como eu. Sou única. Compre enquanto o estoque dure. Apenas que, em breve, estarei velha demais para me colocar à venda, então, é hora de pensar no futuro.

        — Você tem algum ideal, Tory?

       __Nunca escondi de ninguém que gosto de me divertir sem me preocupar muito com o futuro. Mas a maioria das mulheres não é assim?

       — Ginevra é — apontou Draco com um suspiro.

       — Sim, mas ela está um pouco apertada financeiramente no momento. Harry ainda tem de devolver-lhe metade do dinheiro, e ela está cobrando-o mais rápido do que ele pode conseguir.

     Draco a olhou rapidamente.

        — Como você sabe disso?

      — Gina me contou. Temos conversado bastante nos últimos dias. Ela encontrou em mim um bom ombro para chorar. Eles têm discutido muito por causa disso. Harry não lhe contou?

        — Não, não contou.

     — Ah, bem, ele deve achar um pouco difícil. É um assunto delicado, afinal de contas. — Astória fez uma pausa e pareceu pensativa. Finalmente, falou: — É uma pena, porque num mundo ideal, você e Harry se casariam logo e isso resolveria os problemas de todos nós.

        — Tory, você vai ser vulgar de novo? — protestou Draco.

        — Provavelmente. As soluções mais práticas no geral são vulgares para as pessoas de sensibilidades refinadas.

        — Como você saberia? Não reconheceria uma sensibilidade refinada nem que surgisse diante de seu nariz.

        — Sim, eu reconheceria. Mas essa não é a questão que estamos discutindo agora.

        __E que questão é essa, afinal? — perguntou Draco, tentando falar sério, mas incapaz de não rir.

        — Estou dizendo que se você se casasse com Harry, ele poderia pagar o que deve a Gina, e então ela sairia do caminho dele, e do seu. E, é claro, quando recuperasse a fortuna... Bem...

        — Você vai ousar sugerir...

       — Você mesma falou. Eu preciso de um marido rico, mais pode ser uma amiga rica, também.__Astória gargalhou__ Não sou muito exigente. E acho que Gina e eu nos daríamos muito bem,somos bastante parecidas.

     Draco pensou que Astória estava absolutamente certa. Ela e Ginevra formariam um par ideal.

        — E as crianças adorariam isso — acrescentou Astória. Ficaria tudo em família.Você com Harry e eu com a amizade de Gina.Seriamos nós duas contra o mundo. Duas mulheres curtindo a vida e caçando marido rico. Seria perfeito.Cada um com sua alma gêmea.

    Astória tinha razão quanto àquilo também. Na verdade, estava tão certo em cada sugestão cínica que Draco teve de mergulhar de volta na piscina. Estava um dia quente e agradável, e todos se sentiram melhor quando estavam voltando para casa no fim da tarde, prontos para um banho e um bom jantar. Draco desceu primeiro e encontrou Ginevra na biblioteca.

       — Você está bravo comigo? — perguntou Ginevra. — Olhou-me de modo estranho durante o dia todo. Detesto quando as pessoas ficam bravas comigo.

        — Se estou bravo é por causa do jeito que você magoa Lilían.

        — Eu? Tenho sido encantadora com ela.

        — E quanto ao fato de exibir aquelas fotos de seu filho, quando não tem nenhuma de Lilíam? — questionou Draco seriamente.

        — Ela olhou na minha bolsa? Não deveria ter feito isso.

       — Lilían olhou para se assegurar de que você mantinha fotos dela também. E não encontrou nada. Isso a magoou, Ginevra.

      — Oh, meu Deus! — Ginevra deu um suspiro de desespero e deslizou as mãos pelos cabelos. — Olhe, eu... Você acha que sou um monstro, não acha?

      — Bem, não posso me imaginar mostrando tão pouco interesse por Scorp quanto você mostra por Lilían.

     — Eu sei, eu sei, mas não posso evitar. Não é culpa minha — defendeu-se ela.__Alguma coisa aconteceu quando Lilían nasceu... ou talvez, nada tenha acontecido. A primeira vez que eu a segurei em meus braços, esperei por aquela onda de amor que se supõe que toda mãe sente, e não houve absolutamente nada. — Ginevra suspirou com tristeza. — Eu tentei e tentei, mas não pude sentir nada.

     Draco lembrou-se da primeira vez que tanto ele quanto Tory tinham visto Scorp, e do amor gigantesco que os tinha percorrido como um ciclone ao ver aquele embrulhinho azul sendo entregue pela enfermeira. Draco sentiu pena de Ginevra por um momento, por não ter sentido aquela incrível felicidade de ver, tocar, sentir seu filho pela primeira vez como se fosse uma dádiva dos céus.

   Talvez não devesse ser tão culpada por sua incapacidade de unir-se à filha. Mas, no momento seguinte, um pouco da pena e cumplicidade que estava sentindo evaporou quando Ginevra disse:

      — Se ela ao menos fosse menino! Eu queria tanto um filho homem. Todos aqueles meses engordando, ficando mais feia e me sentindo péssima. É claro que Harry queria um herdeiro, e eu queria lhe dar um e sair do caminho dele.

     Draco apenas franziu o cenho.

      — Meu parto foi difícil. Pareceu demorar séculos e o tempo todo eu fiquei rezando: "Por favor, faça com que seja um garoto, de modo que eu nunca mais precise engravidar". E então nasceu uma menina e eu fiquei furiosa.

        — Furiosa? — perguntou Draco impressionado com tamanha frieza.

      — Eu estava cansada — disse Ginevra na defensiva. — Sentia muita dor, e Harry dizia coisas como: "Não importa, querida. Da próxima vez será um garoto".Como se isso fosse fazer eu me sentir melhor. E eu sabia que todas as pessoas de nosso meio, da propriedade, iriam ficar desapontadas comigo, e me senti irritada.

        — Irritada? — ecoou Draco.

     O egoísmo de Ginevra era tão absurdo que era difícil acreditar.

       — É claro que as pessoas da propriedade estavam interessadas no sexo do bebê — apontou ela. —Se o príncipe não tem um herdeiro, afeta a todos da família. Sim, bem, não era divertido ser princesa. No começo, achei que seria, mas acabei concluindo que não era, afinal.

       — Foi por isso que você se casou com Harry? -questionou Draco interessado.— Pelo título? Você não o amava?

    — Eu realmente não sei — respondeu Ginevra com honestidade e parecendo considerar. — Sim, suponho que eu estava apaixonada por Harry, de certa maneira. Ele parecia elegante e excitante na época. Pensei que era como viveríamos, indo a muitas festas, viajando a lugares interessantes pelo mundo todo, e conhecendo pessoas da alta sociedade. Mas tudo que Harry queria era ficar enterrado em casa e gastar cada centavo em sua propriedade.

        — Entendo — murmurou Draco apenas para que ela continuasse.

     — Oh, nós viajamos algumas vezes. Ele me levou a Nova York todos os anos. Mas mesmo lá, passava metade do tempo ao telefone com a babá de Lilían, querendo saber se estava tudo bem. E não via a hora de voltar para casa. Meu Deus, ele é uma pessoa muito chata para se conviver.

        — Harry, chato?

        — Ele não sabe se divertir.

        — Suponho que ele tenha sua própria idéia de divertimento — disse Draco.

      — Sim, velhos ossos e tijolos. História. Contas da propriedade. Não, obrigada! —Subitamente, Ginevra explodiu: — Não posso fazer nada já que sou assim. Não é culpa minha. Não posso me obrigar a sentir o que não sinto.

        — Não, suponho que não. — Draco suspirou.

        — Eu tentei por anos, mas não consegui. Eu nunca devia ter me casado com ele. Harry devia ter se casado com você, que é tão tedioso quanto ele.

       — Sim, suponho que sou — concordou Draco sem ressentimento. Não era possível zangar-se com Ginevra, concluiu. Parte dela ainda era uma criança, e não podia realmente fazer nada quanto a isso. Pensando bem, ela e Astória tinham muita coisa em comum. Ambas só pensam em levar a vida sem preocupação, curti-la e de preferência com dinheiro. — Imagino que o jantar esteja pronto — disse ele. — Vamos?

         — Dê-me apenas um momento — replicou Ginevra. — Eu ainda não liguei para Sibila.


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