Nunca é tarde demais.- Drarry escrita por fox1


Capítulo 2
A família Potter.


Notas iniciais do capítulo

Desculpe o atraso nas postagens.



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  —Que, droga, toque!

      Príncipe Harry fixou o olhar no telefone, o qual continuou obstinadamente mudo.

      — Você deveria ligar toda semana, sem falha — murmurou ele. — E faz duas semanas.

     Silêncio.Ele se levantou da mesa de trabalho e, impaciente, foi até as altas janelas, através das quais podia ver o terraço de pedra. No último dos largos degraus que levavam ao gramado, estava sentada uma garota de nove anos, os ombros arqueados em pesar infantil. A visão aumentou a raiva de Harry. Voltou ao telefone e discou os números com movimentos bruscos. Sabia que ninguém nunca tinha forçado sua ex-esposa a fazer o que não queria. Mas desta vez, iria insistir, não por si mesmo, mas pela garotinha que ansiava desesperadamente por um sinal que a mãe se lembrasse dela.

     — Ginevra? — ele falou finalmente. — Você deveria ter telefonado.

   — Caro — veio o sussurro suave que um dia enviara arrepios ao longo da coluna de Harry. —Se você soubesse como ando ocupada...

     — Ocupada demais para sua filha?

    — Minha pobre pequena Lilían Luna. Como ela está?

     — Desejando a mãe — replicou ele furioso. — E agora que eu a tenho na linha, você vai falar com ela.

      — Mas, querido, eu não tenho tempo. Você me pegou de saída, e, por favor, não ligue novamente...

    — Não importa sua saída — disse ele. — Lilían está lá fora e pode chegar aqui em um momento.— Ele podia ouvir os passos da menina correndo ao longo do terraço.

      — Tenho de ir — veio a voz de Gina. — Diga-lhe que eu a amo.

      — Eu não farei isso! Diga você mesma. Gina... Gina?

      Mas ela já tinha ido, desligando no exato momento em que a filha entrou correndo na sala.

      — Deixe-me falar com mamãe — gritou a garota, pegando o telefone da mão do pai. — Mamãe, mamãe.

      Harry viu a alegria desaparecer do rosto da filha quando ela ouviu o sinal de ocupado da linha. E, como temia, a expressão que ela o olhou era cheia de acusação.

     — Por que você não me deixou falar com ela?

     — Querida, sua mãe estava com pressa. Não era um bom momento para ela...

       — Não, foi culpa sua. Eu ouvi você gritando com mamãe. Não queria que ela falasse comigo.

      — Isso não é verdade...

      Ele tentou abraçar a filha, mas ela resistiu, não exatamente lutando para sair dos braços dele, mas mantendo-se rígida, o rosto não revelando as emoções. Exatamente como eu, pensou Harry com tristeza, lembrando-se da época em sua vida quando escondia as emoções interiores da mesma maneira. Não havia dúvida que aquela era realmente sua filha, diferente do segundo filho de Gina, cujo nascimento havia precipitado o divórcio.

     — Querida — tentou ele de novo, mas desistiu diante do silêncio hostil da menina.

    Ela o culpava pelo abandono da mãe e pelo fato de ter sido deixada para trás, porque não podia suportar acreditar em qualquer outra coisa. E, pensou ele, seria mais amável forçá-la a entender a verdade, ou permitir-lhe fantasiar com uma mãe que a queria e um pai cruel que as mantinha separadas?

    Harry desejava que pudesse saber.Relutantemente, liberou-a e ela correu para fora de novo. Resignado, ele sentou-se à mesa e enterrou a cabeça nas mãos.

      — Cheguei numa hora ruim?

      Harry olhou para cima e viu um homem idoso em roupas surradas e manchadas, que estava parado ao lado da janela alta, secando o suor da testa.

      — Não, entre — convidou Harry com alívio, abrindo um bonito armário do século XVIII e revelando um pequeno refrigerador dentro. — Como vão as coisas? — perguntou, pegando duas cervejas e servindo para ambos.

    — Tenho feito o máximo possível — respondeu professor Albus Dumbledore, ofegando pelos seus esforços recentes. — Porém minha especialidade é limitada.

      — Não na minha experiência — disse Harry com lealdade.Eles eram amigos há oito anos, desde que Harry tinha permitido que seu palácio fosse usado como uma convenção arqueológica. Albus era arqueólogo de grande reputação, e quando fundações antigas haviam sido descobertas recentemente na propriedade de Harry, ele chamara Albus primeiro.

    — Harry, esta é potencialmente a maior descoberta do século, e você precisa de profissionais sérios. Snape é o melhor. Ele vai adorar a oportunidade. — Albus deu a Harry um olhar perspicaz. —Você não está ouvindo?

      — É claro que estou. É apenas... Bem, estou irritado!

      — Ginevra?

     — Quem mais? Não é tanto pelo fato de ela ter me traído com outro homem, ter tido um filho dele e me feito de tolo. Detesto isso, mas posso suportar. O que não posso perdoar é a maneira que ela partiu abandonando Lilían, e agora nem mesmo se importa em manter contato. Minha garotinha está sofrendo e eu não posso ajudá-la.

    — Nunca gostei muito de Gina — admitiu Albus. — Lembro-me de tê-la conhecido alguns anos depois de seu casamento. Você estava totalmente apaixonado, mas ela sempre me pareceu um pouco distante.

    — Totalmente apaixonado — murmurou ele com um sorriso amargo. — É verdade. Acreditei nela por tempo demais, mas tive de fazer isso. Para me casar com Ginevra comportei-me muito mal com uma outra pessoa que eu deveria ter me casado, e suponho que precisava acreditar que o "prêmio" que eu ganhei valia a pena.

     — Comportou-se mal? — Os olhos do professor brilharam com interesse. — Você quer dizer, realmente mal?

     — Sinto muito desapontá-lo — disse Harry com um sorriso relutante —, mas não houve nenhum grande drama. Nem o rapaz nem eu estávamos apaixonados. Era um casamento adequado, na verdade, um casamento arranjado.

    Albus não ficou chocado. Apesar da existência de um mundo moderno, tais coisas ainda eram comuns entre as grandes famílias aristocratas da Europa. Dinheiro movia-se para títulos, e no que se referia a vastas propriedades e casas antigas, era um dever da família protegê-las.E se havia algo que Harry entendia era seus deveres.

     — Então, o que aconteceu com esse casamento arranjado? — perguntou Albus agora.

     — Meu pai estava vivo na época e a situação financeira não era muito boa para nossa família. Uma amiga de minha mãe sabia de um rapaz inglês que possuía uma grande fortuna. Eu o conheci e nós nos demos bem.

     — Como ele era?

     Harry considerou por um momento.

    — Era uma boa pessoa — disse finalmente. — amável e compreensivo. Alguém com quem eu podia conversar. Nós teríamos tido um bom casamento, de uma maneira tranquila. Mas então Ginevra apareceu e, de repente, tranquilidade não era o bastante. — Ele suspirou. — Ela era... como um cometa iluminando o céu. E me fascinou. Eu não pude ver a verdade, que ela era cruel e egoísta. Enxerguei isso mais tarde, mas então já estávamos casados.

       — Como você terminou com seu noivo?

     — Eu não terminei. Ele acabou comigo. Foi maravilhoso. Viu o que estava acontecendo e disse que, se eu preferia Ginevra, não tinha problema. Afinal, que homem quereria um marido relutante? Que se casaria por honra com quem não amava. Esse foi o argumento dele e me pareceu muito razoável.

      — Suponha que ele tivesse se recusado a libertá-lo? Você teria ido até o fim com o casamento? —perguntou Albus.

      — É claro.— Harry pareceu levemente chocado. — Eu tinha dado minha palavra de honra.

      — E quanto à reação de sua família?

     — Eles não ficaram felizes, mas não havia nada que pudessem fazer. Nós apresentamos o fato ao mundo como uma decisão mútua, a qual, de muitas maneiras, foi, uma vez que acho que meu noivo ficou secretamente feliz de se ver livre de mim. Ele sorriu e continuou:— Quando digo "nós" apresentamos o fato ao mundo, realmente quero dizer que ele o fez. Falou tudo enquanto eu fiquei lá parado, mudo. Meu pai ficou furioso por ter perdido a herança.

      — Ginevra era pobre, então?

      — Não, ela possuía uma fortuna, mas era mais modesta.

     — Então você não colocou os interesses da família em primeiro lugar naquela época? —questionou Albus.  — Ginevra devia ser muito especial.

    Harry assentiu e ficou em silêncio, lembrando-se do impacto que sua esposa tivera em sua juventude. Ela tinha sido alegre e sensual, impulsiva e entusiasmada, ou assim ele havia acreditado. Foi somente mais tarde que entendeu o quanto era egoísta e desonesta. Ele tinha caído na armadilha de pensar que, porque os sentimentos de Gina eram expressos livremente, deveriam ser profundos. Com ele foi o oposto. Seus sentimentos eram profundos demais para serem falados, e, por isso, o mundo o chamara erradamente de frio.

      Mas o amigo que o observava com cumplicidade nesse momento sabia das coisas. E não persistiu no assunto.

      — Quanto antes você estudar esta posição para Snape e a equipe dele, melhor — observou Albus.

      — Suponho que ele seja um profissional de alto custo — murmurou Harry.

      — O melhor sempre é. Você está com dificuldades financeiras de novo?

      — Gina quer cada centavo de volta. Ela tem direito a isso, mas está me pressionando demais.

      — Bem, talvez esta descoberta acabe sendo uma mina de ouro.

      — Talvez — concordou Harry sem convicção. — Certo, vamos contatá-lo.

      Albus pegou o telefone.

      — Farei isso agora.

      Enquanto ele telefonava, Harry voltou à janela para ver o gramado, onde podia avistar sua filha a distância, sentada num tronco de árvore, abraçando os joelhos contra o peito.Ela olhou para cima e, embora estivesse muito longe para que ele discernisse-lhe o rosto, Harry tinha certeza que a expressão de Lilían era hostil.

     Ele sorriu e acenou-lhe, mas ela desviou os olhos.Harry queria bater a cabeça contra a parede, castigar-se de culpa e desespero porque não podia tornar as coisas melhores para a filha. Albus estava conversando ao telefone e soava exasperado.

     — Snape, velho amigo, esse é um trabalho muito mais importante... Oh, esqueça seu contrato. Diga-lhes que mudou de idéia, e quer fazer isso agora... Quanto? Oh, entendo.

      Ele olhou para Harry com um ar de resignação.

      — Então quem mais? — falou de volta ao telefone.

     — Sim, ouvi falar dele, mas o sr. Black é inglês. Nós vamos querê-lo procurando artefatos italianos? Muito bem, acredito em você. Tem o número do telefone dele?Ele anotou alguma coisa e desligou o telefone para encontrar Harry ralhando.

        — Inglês?

        — Especializado na Itália — Albus o informou. — Snape diz que ele foi seu melhor aluno. Porque não me deixa lidar com isso? Eu o contato, marco uma visita, e então você pode conhecê-lo e decidir o que fazer.

        — Obrigado, Albus. Eu deixarei tudo em suas mãos.


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