Touches You escrita por lamericana


Capítulo 35
Capítulo 34




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Berlim, 12:16PM, 20/05/2014

— Eu simplesmente não consigo acreditar que isso aconteceu justo com a Leslie! — Astrid protestou ao lado de Miko — Princípio de incêndio em meio aos Muggles. Só ela mesmo.

— Quem foi que acidentalmente tocou fogo na peruca da professora de inglês mesmo? — Miko lembrou

— Sem essa! Aquilo foi quando eu tinha 10 anos de idade e tava começando a demonstrar sinais de magia. Agora, aos 18, tocar fogo num auditório acidentalmente? Não, muito obrigada.

— Mas alguma notícia dela? Se ela tá bem e tudo mais?

— Bem, a última notícia que ela deu foi que tinha chegado bem na casa de Onkel Leon e que tinha conversado com ele. Nada além disso.

— Então se acalme. Vai dar tudo certo. Ela deve avisar se acontecer alguma coisa.

— Assim espero.

Londres, 12:21PM, 20/05/2014

Leslie procurava sua mãe com os olhos. Tinha combinado em almoçar com Sarah ali naquele restaurante que era o preferido das duas.

Estava tão concentrada na busca que levou um susto quando o celular começou a tocar.

— Les? — a jovem ouviu a voz da mãe do outro lado da linha

— Oi, mãe. Já cheguei.

— To aqui na porta. Onde você tá sentada?

— Na mesa da gente, perto da janela.

As duas desligaram assim que se viram. Mãe e filha deram um abraço apertado como cumprimento.

— Como você tá? Fiquei sabendo dos detalhes do incêndio na faculdade e a suspeita dos bombeiros é de que tenha sido um curto circuito.

— Eu to bem, mãe. Mas prefiro não falar sobre o incêndio. E como vai você? Pelo seu desespero em falar comigo ontem me pareceu que aconteceu alguma coisa grave.

Sarah encarou a janela por um tempo antes de responder.

— Lembra quando eu, seu pai e sua irmã nos mudamos da casa dele e fomos para Godric’s Hollow?

— Lembro. Mas papai não tinha dito que teve uma tentativa de invasão ou alguma coisa assim?

— Foi uma tentativa de invasão sim. Na época, eu não tinha entendido direito o que era, mas recentemente eu consegui entender melhor.

— E o que foi, então?

— Isso vai soar muito como a Segunda Guerra Mundial para você, mas vamos lá. No mundo bruxo, tem um cara que quer se livrar de pessoas nascidas em ou ligadas a famílias não bruxas. Quando teve a invasão lá em casa, tentaram levar seu pai e seu tio por estarem ligados a mim e a Claire. Só que, numa forma de livrar seu pai e seu tio, a Asta-

— Disse pros caras que você nunca contou pra gente que tinha sangue bruxo, apesar de não ser uma. Lembro disso.

Leslie viu os olhos da mãe marejarem.

— Mãe? O que foi? Eu disse alguma coisa errada?

— Não, filha. É só que... — Sarah respirou fundo, tentando controlar as lágrimas — O que a sua irmã disse era verdade, mesmo sem saber.

— Isso é bom, né? — Leslie perguntou incerta, recebendo a concordância da mãe — Ótimo, porque estamos com um problema sobre esse assunto na casa de Onkel Leon e vamos precisar dos seus dotes como advogada para isso.

— Não acredito que ele contou para Claire só agora. Do jeito que ele é apressado com as coisas, imaginava que ela já sabia.

— Não só não sabia como também está com dificuldades de processar toda a história. Aparentemente, ela é bem mais cética do que você.

— Ele não fez mágica na frente dela, fez? Porque se ela não acreditou vendo, não vai acreditar de jeito nenhum.

— Bem, quanto a esse ponto não temos muitos problemas. Claire entendeu que mágica existe, mas não tá conseguindo lidar com o fato de que Onkel Leon não tenha contado pra ela antes. Ele explicou algumas vezes de ontem pra hoje que a escolha não era dele, que ele tem que obedecer leis de sigilo e tudo mais, mas ela não acredita.

— Já sei o que eu vou fazer. Ela chega em casa de que horas?

— Por volta das cinco.

— Eu vou ter que passar em casa e depois vou com você pra casa do seu tio. Seu pai ainda guarda a constituição que ele usou para me convencer. Mas mudando de assunto completamente, como vai a Anke?

Leslie começou a contar sobre a prima e acabou emendando no jantar da noite anterior, quando seu colega de classe tinha aparecido em casa para saber se estava tudo bem com ela. Com isso, recebeu uma reprimenda da mãe.

— Como assim você tá saindo com um menino não me conta sobre ele? Um absurdo isso! — Sarah protestou

— Absurdo nada, mãe. Ele ainda é só um amigo e nada mais que isso. E eu não to saindo com ele.

— Posso apostar quanto nisso? Meu salário?

— Seu salário todinho, dona Sarah. Até o último centavo. Aaron é só um amigo. Eu sei que ele quer alguma coisa a mais, mas eu não quero.

— E porque você não quer?

— Mãe, por favor, né? Aaron é um fofo, mas eu realmente não quero nada com ele. É só que não acho que seja o momento.

— E se Max aparecesse pra falar com você?

— Qual o problema que você e a Asta têm com a minha amizade com Max? Toda vez as duas ficam me cutucando sobre ele.

— Sabe o que é, Les? Vocês dois viviam se correspondendo quando vocês estavam na escola. Entendo que, agora, com faculdade e tudo mais, esteja mais complicado pra conversar, mas vocês tinham o que parecia diferente. Como se vocês fossem ficar juntos.

— A gente pode não falar nisso, por favor?

Sarah levantou os braços em rendição.

— Ok. Mas por favor, não me esconda esse tipo de coisa. Vivo torcendo pelo seu bem e o da sua irmã.

— Por falar na Asta, tem notícias dela?

— Desde quando sua irmã me mantém atualizada da vida dela? Eu fico sabendo das coisas pelo seu pai.

— Menos drama, mãe. A Asta sempre foi assim e não vai ser hoje que ela vai mudar. Você sabe disso.

— Do que ela contou pro seu pai, ela encontrou com um amigo dela da Durmstrang por lá, assistiu um jogo do Borussia Dortmund com Miko e deve voltar pra Londres assim que a lua-de-mel acabar.

O olhar de Leslie parou na porta do restaurante e ela pareceu assustada.

— O que foi, filha? — Sarah perguntou, estranhando a reação da jovem

— Meu chefe tá na porta. E Onkel Leon ligou pro meu estágio dizendo que eu não estava bem pra eu não ir e ficar em casa estudando magia.

— Qual o nome dele?

— Qual o meu?

Sarah revirou os olhos.

— Fique aqui. Quando ele não estiver olhando pra cá, saia. Vá para o metrô. No caminho, me ligue. Eu te encontro lá. — ela se levantou da mesa e levou a taça de vinho tinto consigo

Leslie apenas acenou com a cabeça. Jogou o celular dentro da bolsa e se preparou para sair em disparada. Quando percebeu, viu sua mãe andando em direção ao seu chefe, que estava no bar. Assim que chegou perto do homem, Sarah fingiu tropeçar e derramou o conteúdo da taça nele.

— Perdão! Mil desculpas! — ela começou a falar, fingindo seu melhor sotaque alemão

A adolescente aproveitou para sair correndo pela porta e não ficou para ver o final da encenação da mãe. Enquanto ela saía, Sarah fingia não entender muito bem o que o chefe da filha falava.

— Qual o seu nome, moça? — ele perguntou

— Nome? Sarah — ela respondeu, estendendo a mão

— Leslie Desmond. Seu rosto não me é estranho.

— Tenho um rosto muito comum. Mas como posso ajudar? Derramei vinho na sua camisa.

— Não tem problema. Posso pagar uma nova taça pra você?

— Muito obrigada.

O celular de Sarah começou a tocar.

— Minha irmã. — ela disfarçou — Oi.

— E aí? Tá saindo daí?

— To saindo. Já chego aí. — assim que desligou o telefone, ela deu um sorriso amarelo — Acho que o vinho fica para outro momento. Tenho que ir.

— Tudo bem. — ele colocou a mão no bolso e tirou a carteira — Fique com o meu cartão. Pode me ligar quando tiver tempo prum vinho ou café.

— Obrigada.

Sarah pagou a conta dela e saiu. Foi até a estação de metrô e logo encontrou a filha.

— Você me deve uma, viu? — Sarah disse, entregando o cartão a Leslie — E sempre tenho que me controlar pra não rir quando lembro que ele tem o mesmo nome que você.

— Isso só é engraçado quando não me chamam de Leslie fêmea. E muito obrigada por me salvar dessa.

— Vai voltar pra casa do seu tio?

— Acho que sim. Se você quiser, pode vir. Tem espaço no meu quarto. Você pode passar a noite lá.

— Tentador, mas tem umas coisas que eu teria que pegar em casa.

— Mãe, o papai pode trazer. Sabe do que mais, me passa o celular.

— O que você tem em mente?

— Eu não sou a Astrid.

— Mas passou tempo demais com ela pra aprender os truques.

— Só vou ligar pro papai dizendo que vai ter jantar de família na casa de Onkel hoje à noite. E ele traz a constituição bruxa.

— Pra isso você liga do seu.

— E as chances dele atender caem drasticamente.

Sarah entregou o celular para a filha, entendendo o argumento. Viu Leslie conversar com o pai e o convencer a ir a Londres para um jantar em família. Assim que devolveu o celular para a mãe, a adolescente começou a descer as escadas.

— É o seguinte: enquanto a gente espera o trem, eu falo com Onkel Leon. Ele não vai achar muito legal ter esse jantar. Maaas, como eu sou a sobrinha querida dele e ele tá precisando de ajuda, ele não vai dizer não. Depois a gente desce na estação anterior, só pra poder ir no mercado comprar as comidas que vou precisar. Ok?

— Ok.

Leslie tirou o celular do bolso e ligou pro tio. Combinou o jantar de mais tarde e avisou quem iria.

— Und nicht, dass Jungen gestern Abend bringen. Nicht ohne zu deinem Vater zu sprechen. Es ist absurd zu Ihnen auf diese Weise freigesetzt werden. — Leon quase gritou no telefone (Tradução: E não traga aquele garoto de ontem à noite. Não sem antes falar com seu pai. É um absurdo você ser solta desse jeito.)

— Onkel, stoppen neidisch zu sein. Dies wird auch Sie sehr krank machen. Denken Sie daran, Dass Sie eine Tochter zu kümmern haben. (Tradução: Tio, deixe de ser ciumento. Isso ainda vai te fazer muito mal. Lembre que você tem uma filha pra cuidar.)

— Ok, ok. Nicht zu spät. (Ok, ok. Não chegue tarde.)

Leslie desligou o telefone e contou à mãe o chilique que o tio teve em relação ao amigo que a visitou na noite anterior.

— É impressionante, mãe. Desde que a Anke começou a interagir, ele tá desse jeito! O ciúme dele tá ficando absurdo.

— Les? — uma voz masculina chamou um pouco mais adiante no vagão chamou

— Max? Ai meu Deus! — a jovem se levantou e foi até o amigo, com um abraço — Quanto tempo! Você não mudou quase nada! Como tá lá no St. Mungus?

— Calma, respira. Tá tudo bom. Vivo cheio de coisa, mas to bem. E você?

— Eu to bem. Fazendo faculdade de design aqui em Londres.

— Oi senhora Hoff! — ele cumprimentou antes de voltar a atenção para Leslie — Tem planos para agora de tarde?

— Meio que tenho. Vou ter que fazer um jantar de família hoje. — ela fez uma pausa — Porque você não vem? Você é família.

— Pode ser. — ele respondeu com um sorriso.

— Então vem logo com a gente. Tem muito tempo que a gente não se vê e quero botar a conversa em dia.

Os três desembarcaram do metrô tentando atualizar a conversa. Max contou que estava quase terminando o treinamento para ser um medibruxo e que já estava com vaga quase garantida para trabalhar no St. Mungus.

— O curso é um pouco mais puxado do que eu imaginava, mas estou gostando bastante. É desafiador. To pensando em me especializar na parte de cuidados infantis ou em geriatria, mas acho que vou fazer um rodízio de teste nas duas áreas antes de bater o martelo.

— Alguma coisa me diz que você se daria melhor com os velhinhos. — Leslie comentou

— Porquê você acha isso?

— Você tem paciência para ouvir histórias compridas sem interromper.

— Então você lembra...

— De quando a gente tava junto? Lembro.

Ela fica vermelha e continuou andando olhando pro chão.

— Mas isso é bom. Porque eu também não esqueci. — Max faz uma pausa — Por falar nisso, você arranjou alguém?

— Não. Fiz novos amigos na faculdade, mas ninguém foi tão significativo, sabe?

— Sei como é. To na mesma situação.

Mais à frente, Sarah pegou o carrinho de compras e chamou a filha para escolher o que seria feito no jantar.

— Eita. Não pensei direito no que ia fazer. O que você sugere? — ela perguntou pra Max

— Não sei. — ele pensou um pouco — Já sei. Vocês têm algum problema com cebola ou batata?

— Não. E se Onkel Leon tiver, ele não está em posição de argumentar muito. O que você tem em mente?

— Um prato que a minha mãe me ensinou um dia desse. É simples e gostoso. Ela disse que era uma receita que a mãe dela tinha ensinado, então é altamente confiável.

Max ajudou a separar os ingredientes e os colocava no carrinho. Terminaram as compras e seguiram para casa. Assim que chegaram na frente da casa de Leon, Leslie levou um susto. Aaron a esperava na porta.

— Sério? Você não devia estar na aula não? — ela tentou disfarçar o susto

— Você também deveria estar na aula e não foi. E menos de 24h depois de me receber pra jantar você já vê outro?

— Duas coisas pra você, Aaron. Uma: eu te avisei que eu não iria pra aula porque iria encontrar a minha mãe. Que, por sinal, você nem sequer cumprimentou. Dois: não fui eu que te chamei pra jantar. Foi minha tia. Eu não te dei abertura pra você pensar que é meu namorado.

— Já entendi o motivo. O paqui é.

— Sai da frente da minha casa. E nem ouse dizer que é meu amigo de novo depois dessa.

— Deixa de frescura, Leslie.

— Frescura?! Você ainda tem a audácia de vir me dizer que é frescura? Você vem até a minha casa sem ser chamado duas vezes seguidas em menos de 24h. Depois chama o meu melhor amigo de paqui. Você tem certeza de que sou eu que estou sendo fresca? Sai da minha frente e vê se me esquece. E, de preferência, vá se foder.

Aaron empurrou Max com o ombro antes de sair. Sarah olhou assustada pra cara da filha. Nunca tinha imaginado uma reação dessa vindo dela.

— Mãe, não. Nem vem. — Leslie falou

— Mas eu não ia dizer nada.

— Mas já tava pensando. E vamos ignorar que esse babaca esteve aqui, ok?

Max e Sarah deram de ombros e entraram na casa. Claire ajudou a organizar as compras enquanto Leslie tentava acalmar o tio pelo fato de ter uma pessoa a mais no jantar.

— Onkel, ist nur der Bruder von Asta. Es ist nicht wie er ein Ausländer war. (Tradução: Tio, é só o cunhado da Asta. Não é como se ele fosse um alienígena.)

— Okay. Aber was das Kind gestern Abend? Er klopfte wieder an der Tür. (Ok. Mas e aquele moleque de ontem à noite? Ele bateu na porta de novo.)

— Ich habe ihn in die Hölle. (Mandei ele pro inferno.)

— Sind Sie sicher, dass Sie ist Leslie? Dies ist etwas, das Astrid würde. (Tem certeza que você é a Leslie? Isso é coisa que a Astrid faria.)

— Nicht meine Schuld, wenn er verdiente. (Não tenho culpa se ele mereceu)

A jovem deu de ombros e foi ajudar a tia e Max a arrumar as compras e a separar o que seria utilizado pro jantar. Assim que Claire saiu da cozinha, deixando os dois jovens a sós, Max bateu com o ombro no de Leslie.

— Eu sei que você não quer falar sobre isso, mas quem era aquele cara?

— Um cara da faculdade. Ele vivia dando em cima de mim, mas nunca quis ficar com ele. Nunca me pareceu certo, mesmo ele nunca tendo sido um babaca como foi agora. Mas simplesmente ficou desconfortável ele vir até aqui em casa duas vezes seguidas querendo falar comigo. No que ele foi preconceituoso, eu não podia ficar na minha.

— Obrigado.

— Por ter brigado com ele? Qualquer pessoa razoável faria aquilo.

Max se aproximou dela e encostou o nariz no dela.

— Queria te dizer que senti a sua falta.

— Eu também.

Leslie diminuiu a distância entre os dois com um beijo.


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