Touches You escrita por lamericana


Capítulo 29
Capítulo 28




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Godric’s Hollow, 02:40PM, 1º/12/2013

— Nunca mais você me chamou de Dawud. — Miko reclamou enquanto olhava a namorada terminar de se arrumar — Eu gostava quando você me chamava assim.

— Em público você só me chama de Asta, furão. Praticamente a mesma coisa. — a garota revirou os olhos enquanto terminava de prender o cabelo em um rabo de cavalo. Ela se afastou um pouco do espelho para conferir o resultado.

— Mas só te chamo de Asta em público porque se eu te chamar de Biene o tempo todo vai banalizar. — ele se apoiou no arco da porta — E mudando de assunto antes que você me dê um fora pesado, seus pais tão realmente ok com o nosso casamento?

— Miko, é claro que eles tão ok. Eles acham que você é a melhor coisa que me aconteceu, ganha até da minha ida à Hogwarts. Minha mãe só tá meio carregada no drama ultimamente porque eu sou a primeira filha a casar e todo o resto. Mas ela entende a nossa pressa. Só Oma Hoff que é meio contra. Mandou uma carta dizendo que eu sou uma doida varrida quando soube.

— Eu deveria ficar tranquilo com isso? — Miko fez uma cara de dúvida

— Mais do que tranquilo. Oma Hoff confia nas minhas decisões, por mais absurdas que pareçam no começo. E ela só me chamou de doida varrida por eu estar me “rendendo às garras da monogamia”.

— Pra ela, o nosso casamento é uma ideia absurda?

— Pra ser bem sincera, ela acha a ideia de casamento monogâmico em si uma coisa absurda. Ela diz que assinar um papel para dizer que uma pessoa está ligada a outra é ridículo e idiota. Mas ela respeita quem toma essa decisão. Oma Hoff aceitou meu pai se casando e recasando com a minha mãe, além de aceitar que meu tio vai casar assim que Anke tiver um ano, então...

— Seus pais recasaram? Quando foi isso?

— Pouco antes de eu voltar de vez de Munique. Mas fique tranquilo. Vai dar tudo certo com a gente.

— Astrid! Miko! — o casal ouviu a voz de Lily vindo do andar de baixo

— Já vamos! — Astrid respondeu, puxando o noivo pela mão.

O casal desceu as escadas correndo. Assim que os dois estavam a sós com Lily, a ruiva levantou a mão onde estava um anel com uma pedra brilhante.

— Eu disse, Lily! Eu disse que isso ia acontecer! — Astrid quase berrou para a amiga, dando um abraço apertado

— Astrid, sem chilique. Menos. Bem menos. — Miko tentou acalmar a noiva — Parabéns, Lily. Finalmente o James tomou coragem, depois de umas duas semanas enfurnado no meu departamento nervoso como quem tava pra morrer.

— Juro que to meio sem acreditar ainda — confessou Lily — É como se tudo estivesse acontecendo tão rápido! Outro dia, eram vocês dois os apressados.

— Ah, tá, dona Lily. Não deixamos de ser apressadinhos só porque você e o James vão casar, viu? Vocês dois só se juntaram ao clube. — Astrid ironizou

Lily levantou as mãos num sinal de rendição. O trio ganhou a praça do vilarejo.

— Talvez eu seja tão apressadinha quanto vocês. — a ruiva concordou — Pelo menos a Petunia não estava em casa quando eu tive que contar pros meus pais.

— Por sinal, como foi isso? — Miko perguntou

— Foi estranho. Minha mãe começou a chorar assim que eu contei, meu pai foi tentar consolar ela, o que piorou um pouco, já que ela começou a chorar ainda mais forte. Minha mãe foi pro quarto dela e chorou por quase uma hora. No fim, quando ela se acalmou, veio conversar comigo, dizendo que se sentia orgulhosa de mim e que meu pai tinha o mesmo sentimento.

— Não pediram nenhuma formalidade? — Astrid questionou

— Sem formalidade nenhuma. Por isso que foi estranho. Quando a Petunia disse que existia uma possibilidade remota do Vernon pedir ela em casamento, teve toda uma comoção para que ele fizesse o pedido lá em casa, num jantar que envolvia a família Evans inteira. Comigo não teve a mesma coisa, nem sequer pediram para o James ir lá em casa falar com o meu pai.

— A sua irmã já tá sabendo da novidade? — Miko perguntou

— Já. Minha mãe ligou pra ela toda animada pra contar. Mas a Tunia não tentou nenhum contato direto comigo. Ela disse pra minha mãe que achava que eu sou muito nova pra casar e que isso cheira a gravidez não planejada. E eu acho que ela vai continuar a fazer comigo a mesma coisa que fez nos últimos oito anos: me ignorar. Agora eu e o James temos outra coisa pra pensar, que é planejar esse casamento.

— Ei! — Astrid parou os outros dois — Já sei o que a gente pode fazer!

— Não me apareça com algum plano absurdo seu, dona Astrid. — Miko se intrometeu

Astrid se dignou a fazer uma careta.

— Me ouça antes de tirar uma conclusão, menino do deserto. Porque a gente não junta os dois casamentos num só? Já vamos ter que gastar pra fazer um mesmo. Só teríamos que aumentar um pouco pra ser um casamento duplo, mas isso não vai ser de todo mal, já que vai reduzir custos pra todos nós.

— Por mim, pode ser. Não é uma ideia tão absurda quanto imaginei. — Miko concordou — O que você acha, Lily?

— Gostei da ideia, mas tenho que ver com o James se ele concorda. Não quero passar por cima da vontade dele.

— Tudo bem. Se precisar de alguma informação no que a gente já tinha planejado, você sabe onde encontrar qualquer um de nós dois. — Miko comentou

Os três jovens sentaram em um dos bancos da praça e ficaram conversando até James aparecer e puxar a namorada pro lado.

— Desculpa, pessoal. Vou precisar sequestrar a ruivinha aqui por uns instantes — James fingiu pedir desculpas — E aproveitem o tempo de vocês.

— Ei, James, cuida da ruiva direitinho! — Astrid brincou enquanto o casal se afastava — Eu posso muito bem te caçar e pegar ela de volta se você fizer alguma besteira!

— Prometo que deixo ela bem! — devolveu o moreno com um sorriso

Pouco tempo depois de o casal Potter se afastar, Astrid vê sua irmã chegando com uma mochila que parecia estar pesada.

— Ei! Astrid! Dá uma mãozinha aqui! — Leslie pediu

A jovem correu pra ajudar a irmã.

— Pra que tanta coisa, criatura? Custava cortar pela metade a lista de coisas a trazer? — Astrid reclamou

— Juro que aí dentro tem presente pra você, pra mamãe, pro papai e pro seu noivo, irmãzinha. Então para de reclamar e ajuda aqui. Vou deixar isso no seu quarto. Não quero que a mamãe fuce o que tem aqui dentro.

— Sim senhora, dona Leslie. Então se afasta aí da mochila.

Astrid tirou a varinha do cós da calça e lançou um feitiço na mochila, a fazendo levitar em direção à sua casa. Assim que deixou a bagagem em seu quarto, ela fez Leslie explicar o que tinha ali dentro.

— Basicamente? Presente. — Leslie tentou explicar — Não posso ficar muito tempo aqui porque tenho aproximadamente um milhão de trabalhos pra entregar na faculdade. — Leslie falou enquanto tentava sair do quarto da irmã, que bloqueava a passagem.

— Só libero a saída se você me contar uma coisa, dona Leslie.

— O que é que a sua mente maligna tá pensando, dona Astrid?

— Namorado? Já se engraçou com algum carinha por lá em Londres? Porque soube pelo Max que você tinha meio que parado de conversar por cartas com tanta frequência.

— Eu deixar de ter tempo pra carta significa que eu estou namorando? É isso? E ele parou de escrever cartas também, tá? Desde que o Max entrou no curso de medibruxo, ele tá escrevendo menos e menos.

— Não foi isso que eu perguntei, Leslie. Responde logo. Por favor.

— Eu não estou namorando. Mas também não estou propriamente solteira.

— Que tipo de resposta é essa, pelo amor de Merlin?

— To com um rolo. Satisfeita?

— Se esse rolo evoluir, traga o cara pro meu casamento. Quero nem saber de desculpas.

Astrid abriu passagem para Leslie e a seguiu de volta para a praça.

— Miko, como você aguenta a minha irmã voluntariamente? Digo, ela é louca. — brincou Leslie, enquanto se sentava ao lado do cunhado

— A culpa não é minha se a baixinha me enfeitiçou. — Miko fez como se fosse inocente — E o feitiço funcionou direitinho, porque eu adoro ela. — o rapaz puxou sua noiva para o seu colo

O trio ficou conversando por algumas horas até que uma coruja pousou no ombro do rapaz, como se o chamasse para ir para casa. Ele se despediu das irmãs, as deixando sozinhas.

Astrid e Leslie foram para casa, onde tentaram escolher um filme para assistirem juntas, mas sem muito sucesso. Por fim, Leslie deitou de costas na cama da irmã, com um sorriso no rosto.

— É impressionante o quanto você é apressada — comentou a garota — Mal terminou aquele treinamento do banco e já vai casar.

— Muito engraçado, dona Leslie. — Astrid falou seca — Mas a verdade é que eu já tenho emprego garantido. E tenho um alvo pintado nas minhas costas em qualquer lugar que eu ande dentro desse país e tenha um bruxo.

— Mas isso não piora o seu trabalho? — Leslie perguntou curiosa — Digo, você já tem um certo tipo de fama pelo país, até onde eu consegui entender.

— Na verdade, não muito. Que a mamãe não saiba disso nunca, mas o meu emprego é bastante perigoso sim, e muitos caça-recompensas não chegam à velhice ou sequer constroem uma família. Só que agora eu não consigo me ver fazendo outra coisa, sabe? Eu teria que abrir mão de uma série de benefícios, como o salário maravilhoso, atendimento preferencial da minha família inteira em qualquer hospital bruxo no mundo, verba quase que ilimitada durante as missões...

— Tá, tá, já entendi. — Leslie riu — Não precisa me lembrar que eu vou eternamente ser do proletariado lascado. Por sinal, esqueci de contar a novidade.

— Que novidade? — Leslie começou a fazer suspense, fazendo sinais para que a irmã tentasse adivinhar — Você é a primeira de turma? Conseguiu uma monitoria concorrida na faculdade?

— Não tem muito a ver com faculdade, Asta. Você tá chutando pelo caminho errado.

— Então me diga logo e deixe de enrolar!

— Eu consegui um estágio que me dá chances boas de contratação quando eu terminar o curso. — Leslie soltou num fôlego só. Assim que processou a frase, Astrid abriu a boca para reagir, mas foi logo impedida pela irmã — Ninguém sabe disso ainda. Só a Claire e Onkel Leon. Claire me ajudou a arranjar o estágio e Onkel Leon ficou sabendo porque a Claire contou no dia em que o resultado saiu. Vou contar pra mamãe e pro papai no jantar, então mantenha esse seu bico grande bem fechado sobre isso.

Astrid concordou com a cabeça, esperando a irmã destampar sua boca.

— Ok. Isso é maravilhoso! De verdade. Quando você começa?

— Comecei essa semana. O ambiente é muito bom, o povo me ajuda pra caramba, mas tem uma coisa que é meio esquisita.

— Vocês, designers, são esquisitos por natureza, então ter alguma coisa esquisita não me surpreende.

— Deixe de ser ridícula, que eu to falando sério. É que o meu chefe tem o mesmo nome que eu. Um cara tem o mesmo nome que eu.

Astrid fez uma cara intrigada.

— Que estranho. Outra pessoa com o mesmo nome que você. Outro Leslie Hoff.

Leslie revirou os olhos.

— O nome dele é Leslie Desmond, não Leslie Hoff. Se fosse um nome literalmente igual ao meu, seria o cúmulo da bizarrice. O mais estranho de tudo é que ele quer que eu e todo mundo chame ele pelo primeiro nome.

— E...? Já estudamos juntas, na mesma sala de aula, sendo chamadas apenas pelo sobrenome e nunca tivemos problema.

— Somos irmãs, Astrid. Óbvio que iriam usar o mesmo sobrenome. Dessa vez é diferente. É que é estranho ter que ganhar o maravilhoso aposto de ‘fêmea’ só porque seu chefe homem tem o mesmo primeiro nome que você.

— A solução é simples, cara irmã. Você tem um segundo nome. Use. Eu uso o meu de vez em quando.

Leslie apenas lançou um olhar enviesado para a irmã antes de retomar o assunto do casamento. As duas ficaram conversando sobre o que seria feito ou não na festa, onde seria a lua-de-mel, quais eram as expectativas quanto ao futuro dos dois juntos. Algum tempo depois, Sarah apareceu na porta.

— Ames, você vai ficar para jantar?

— Vou sim, mãe. Mas não vou dormir aqui. Vou ter que voltar pra Londres. Tenho algumas coisas pra terminar pra faculdade.

— Tá certo. E Astrid, Samira pediu pra avisar que seria interessante você aparecer no almoço de amanhã com os Thompson. Pelo que eu entendi, alguns familiares por parte dela vieram e queriam te conhecer antes do casamento.

— Sem problemas. Almoço, amanhã, com os Thompson. Recado recebido. — Astrid brincou — Ah, Griphook disse que eu posso ter a minha primeira missão oficial em breve. Só precisam detectar em que área da Alemanha está essa espada que eles estão querendo.

— Não repita a mesma estripulia do seu treinamento. — Sarah advertiu

— É o que, mãe? Eu já expliquei um milhão de vezes que aquilo foi uma exceção, o normal é eu sair inteira e ilesa.

— Só quero que não se repita.

Sarah saiu do quarto da filha e Leslie virou um olhar questionador para a irmã.

— Do que ela está falando? — perguntou

Astrid resumiu a confusão do primeiro dia do seu treinamento de briga Muggle. No final, levantou a camisa e mostrou a cicatriz que ficou, apesar da ida ao St. Mungus.

— É por isso que a mamãe não pode saber que Oma Hoff é uma exceção no mundo dos caça-recompensas, entende? Ela vai querer me proibir de fazer qualquer coisa nesse sentido.

— E desde quando proibição da mamãe te impediu de fazer alguma coisa que você queria?

— Antes eu podia usar o medo de eu voltar a morar com o papai a meu favor. Agora eu não tenho isso. Além do que, ela ficou, de algum jeito estranho, mais controladora. E eu vou usar o que? O medo dela que eu me machuque?

— Não, dona Astrid. O medo dela de que você se torne uma burocrata.

— Ah, tá. Ela morre de medo disso. — Astrid ironizou — Leslie, entenda: o sonho da mamãe é que tenhamos os empregos e carreiras menos perigosas possível. Você vai ser designer, o que leva a uma vida dentro de um estúdio, agência, ou seja lá onde você vai ficar enfurnada. Eu não. Eu saio, vou enfrentar Merlin sabe o que, e tento voltar o mais inteira possível para casa no final do dia. Até agora, ela conseguiu perceber que eu tenho boas chances de morrer trabalhando.

— Ok. Já tentou ser, sei lá? Policial do mundo bruxo? — sugeriu Leslie — Deve ter alguma coisa que envolva uma boa dose de riscos e inteligência.

— O nome do cargo de “policial do mundo bruxo” é auror. E não, eles não têm muito a parte de inteligência. A não ser que eu corte completamente relações com a minha família e me mude pra outro canto na Inglaterra com uma nova identidade.

— Astrid! Leslie! O jantar está pronto! Venham se servir! — Sarah chamou do andar de baixo

Assim que a família Hoff se sentou na mesa, Astrid começou a cutucar a irmã com o pé por baixo da mesa. Sarah percebeu que tinha alguma coisa acontecendo entre as duas filhas quando recebeu um chute acidental de Astrid.

— Alguma de vocês duas podem me contar o que está acontecendo e parar com a brincadeira de chutes por debaixo da mesa? — a matriarca reclamou

Klaus arqueou a sobrancelha. Aparentemente, a situação tinha chamado a sua atenção, já que estava distraído.

— Mãe, acho melhor a Leslie contar. Ela parece mais entendida do assunto — Astrid fingiu falsa inocência

— Leslie, você tem alguma coisa pra contar? — Klaus perguntou, percebendo a cara de culpada da filha

— Eu consegui um estágio com chances de contratação. — Leslie contou da mesma maneira que tinha feito para a irmã — A Claire me ajudou a conseguir. Comecei essa semana.

— Isso é maravilhoso! — comemorou Sarah, com um sorriso enorme de orgulho


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