Touches You escrita por lamericana


Capítulo 18
Capítulo 17




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Londres, 06:40PM, 03/01/2011

Miko não estava ansioso pelo estalo que ouviu vindo da sala. Ele sabia que iria ouvir as reclamações e reprimendas da mãe pelo que fez durante a tarde. Já podia dizer, com quase certeza, quais seriam as palavras.

— Michael Dawud Thompson! Venha aqui agora! — Miko ouviu sua mãe gritar de andares abaixo

Ele desceu as escadas o mais devagar que podia sem que, com isso fosse piorar a briga com a mãe. Ainda estava com raiva do irmão, mas também estava muito amuado em relação à namorada que perdeu.

— O que foi isso que você fez com seu irmão? Por algum acaso foi isso que eu te ensinei? — Samira questionou

— Você perguntou pro santinho aí o que foi que ele fez, por acaso? Ele simplesmente foi um maldito boca grande sobre um assunto que ele disse que ia guardar com ele e, por isso, eu perdi a confiança da minha namorada, que; nossa; também terminou comigo.

— E isso é lá motivo para você bater no seu irmão em público?! Pois o senhor está de castigo. Sem saídas pra fazer o que quiser. Se for sair, vai ter que me avisar e me dizer o motivo. Vou mandar uma carta de Flitwick dizendo que você está proibido de ir aos passeios a Hogsmeade nos próximos dois meses.

— E ele? Vai ficar impune? Ele sabia que era pra manter em sigilo e saiu contando pra metade da comunidade bruxa.

— Acho que o murro que você deu nele já tá de bom tamanho. Vá pro seu quarto.

O garoto voltou para o sótão pisando duro. Achou injusta a punição da mãe. Sabia que não tinha feito a melhor escolha ao dar o soco no irmão, mas não conseguia colocar em palavras o que estava sentindo. Nem Rachel, irmã mais nova de Damon MacReady e sua última namorada, o deixava daquele jeito. Ficou tentado a escrever para a alemã, explicando, na medida do possível, o que tinha acontecido. Mas sabia bem o suficiente que só haveria duas respostas que poderia receber. Seria completamente ignorado ou completamente esculhambado. Preferiu se manter distante. Ver até onde iria a raiva e frieza de Astrid.

Durmstrang, 08:00 AM, 07/01/2011

— Ei, garota nova! — um menino sardento com o cabelo quase prateado chamou — Vem sentar com a gente.

Astrid foi em direção à mesa do garoto com a bandeja nas mãos.

— Qual teu nome? — o garoto perguntou

— Astrid. E o seu?

— Eu sou Timm van Dort e essa é Karo Königsmann. — ele apontou pra menina de cabelo castanho avermelhado ao lado dele — A gente percebeu que tinha alguma coisa diferente em você.

— É. Você não me parece ser búlgara, como uma boa quantidade de gente aqui. — Karo completou

— É porque eu não sou búlgara.

— Por favor, diga que é alemã. Não aguento mais ficar numa turma de cinco alunos alemães. — Timm praticamente implorou

— Sou de Munique. Você não precisava me implorar.

— Somos de Frankfurt. A gente se conhece desde quando mesmo, hein? — Karo perguntou

— Desde os cinco anos. A gente se tornou vizinho um do outro quando meus pais decidiram ir pro bairro que ela morava. — Timm explicou — Quando a minha carta chegou em casa, foi uma surpresa pra todo mundo, já que os meus pais são Squibbs.

— Já pra mim, não foi surpresa nenhuma. Meus pais já esperavam por isso. — contou Karo — Meu pai é Auror e a minha mãe é medibruxa. E pra você, como foi?

— Foi uma surpresa, mesmo meu pai sendo bruxo. — Astrid explicou — Os sinais que eu e a minha irmã demos eram fracos e ele não conseguiu reconhecer. E eu só recebi alguma carta no meio do ano passado.

— Como assim? Todo mundo recebe aos onze. — Karo se espantou

— Eu tenho duas nacionalidades. É que a minha mãe é inglesa. Por isso, em parte, seria obrigação de Hogwarts me aceitar. Mas como sou alemã, também era obrigação daqui de me aceitar. A primeira carta que eu recebi foi de Hogwarts.

— Hogwarts... Hogwarts... Eu conheço esse nome. — Timm comentou

— É a escola de magia da Inglaterra, talvez? Mas, continuando a explicar todo o problema, as pessoas começaram a duvidar de Dumbledore e de Hogwarts de uma forma geral.

— E os OWLs? Como ficou pra você? — Karo perguntou

— Normal. Pelo menos foi isso que ficou combinado com o Ministro inglês. Já não sei como vai ser aqui.

Timm e Karo se entreolharam.

— Então se prepare pra ter muita dor de cabeça. O diretor daqui, o professor Becker, não é muito simpático com os alunos, a não ser que você seja uma estrela de Quidditch ou algum tipo de celebridade. — Timm comentou — Mas eu realmente espero que você tenha sorte.

— Obrigada.

O estômago de Astrid pareceu afundar.

— Mas e aí? O que tá achando de Durmstrang até então? — perguntou Karo, curiosa

— Não posso dizer muita coisa, já que ainda não tive nenhuma aula nem nada, mas me sinto extremamente incomodada com o uniforme. Muita pele. — Astrid respondeu, torcendo o nariz e mexendo no casaco que usava

— Você se acostuma com a quantidade de pele no uniforme. Inclusive, isso é incrivelmente útil nessa época do ano, principalmente nas aulas que são do lado de fora.

— Fräulein Hoff? — uma voz masculina pergunta

Astrid se virou pra ver quem chamava por ela. Um homem que parecia não ser muito mais velho que o pai da jovem olhava diretamente para ela.

— Sou eu — ela respondeu

— Bom dia. Creio que a conversa com seus novos colegas deve estar bastante interessante, mas gostaria de dar uma palavrinha com você em particular. — o homem falou

— Sim senhor.

A menina seguiu o homem.

— A senhorita deve estar se perguntando quem eu sou — o homem começou a falar e, sem esperar uma resposta, continuou — Não sei se Fräulein Königsmann e Herr van Dort chegaram a falar sobre isso com você, sou o diretor da escola, professor Becker.

— Sim, sim. Timm e Karo falaram no senhor.

— Como eu ia dizendo, como você é nova na escola, vou lhe explicar algumas das regras. Uma das principais é em relação ao uniforme. É interessante que ele esteja sempre arrumado, principalmente em dias de prova e em eventos estudantis.

— Desculpe a minha interrupção, Herr Becker, mas vou ter que usar uniforme inclusive nos eventos?

— Sim. Mas não se preocupe. Não temos muitos eventos nessa época do ano letivo e, pelo que vejo, você aprendeu rápido a forma correta do uso do uniforme. Outro aspecto que você deve prestar bastante atenção é pontualidade. Acredito que você deva ter aprendido um pouco nesse quesito em Hogwarts. — diretor fez uma pausa, procurando alguma coisa nas próprias vestes — Aqui está o seu horário. Espero que aproveite o seu tempo aqui no Instituto Durmstrang.

Astrid olhou pro papel com seus novos horários.

— Ah, mais uma coisa. Assim como os outros alunos, você irá fazer os OWLs no final desse semestre. — o diretor lembrou

— Sim senhor. Obrigada.

— E, antes que eu me esqueça, falei com professor Dumbledore e ele me sugeriu que você atendesse a aulas de defesa contra as artes das trevas, ao invés de conhece-las. Devo admitir que fiquei surpreso com a sugestão, mas acatei, como pode ver em seu horário. Mas espero que isso não se espalhe por entre os alunos.

— Pode ficar tranquilo, Herr Becker. Não falo nenhuma língua nórdica, que possa ser entendida por muitos de meus colegas.

— Acredito que é isso. Boas aulas. Espero revê-la no dia das provas dos OWLs. Qualquer dúvida que tiver, pode procurar Fräu Kiefer. Ela dá aulas de História da Magia que, se eu não me engano, é a sua primeira aula.

— Obrigada, Herr Becker.

Londres, 04:40PM, 07/01/2011

— Eu não acredito que eu concordei em aceitar esse caso, Klaus! É óbvio que eu vou perder! — Sarah repetiu pela centésima vez na frente do fórum — Eu não estudei a papelada direito. Vou acabar perdendo o emprego.

— Sarah, se acalme, por favor. Você vai conseguir. Nós dois sabemos que você já ganhou casos mais perdidos do que esse e com bem menos informação na papelada toda. Agora, respire fundo. Vá lá dentro e mostre a melhor versão que existe da advogada com quem eu casei.

— Falando assim parece até que é fácil. Que horas?

— Hora de você entrar. Vá. Qualquer coisa, eu estou com celular e você me liga quando sair que eu posso vir te buscar.

Sarah concordou com a cabeça e entrou no fórum, ainda nervosa. Klaus aproveitou o tempo que teria sozinho pra ir no banco bruxo. Precisava trocar uma quantidade mínima de dinheiro bruxo para o Muggle pra que não levantasse ainda mais suspeitas de seus vizinhos.

Quando estava fazendo o caminho de volta para o fórum, parou na frente de uma loja de eletrônicos, em que as TVs da vitrine exibiam um vídeo com dançarinos e alguma celebridade que ele não sabia o nome. Mas o que chamou a sua atenção não foi a dança que estava sendo exposta, mas uma moça que falava com um dos vendedores. Ela lhe parecia estranhamente familiar.

Suas dúvidas sobre onde conhecia a moça acabaram quando viu Leon passar o braço pela cintura dela. Pelo que Klaus conhecia do seu irmão mais velho, aquele tipo de ação significava que as coisas estavam se tornando sérias. Por um lado, ficou feliz em ver que, depois de tantos anos, Leon se deixou aproximar de alguém, mas temeu que aquilo fosse levar a problemas sérios, já que estava surgindo na comunidade bruxa uma corrente anti-Muggle.

Continuou sua caminhada de volta ao fórum. Parou numa barraca para comprar uma flor para Sarah.

— Para sua esposa? — perguntou a florista, tentando puxar conversa

— Queria eu que fosse. Ela é uma amiga. — Klaus respondeu, se sentindo um pouco envergonhado de estar contando uma mentira

— De qualquer jeito, espero que ela goste. Porque não é toda mulher que tem a sorte de ter um amigo que dá flores assim, sem razão aparente.

Klaus sorriu com a resposta da florista. Involuntariamente, desejou que aquela flor, que ele sabia que era a preferida de Sarah, fosse mostrar o quanto ele estava disposto a retomar o relacionamento que tinham antes do divórcio.

Antes que ele voltasse para o fórum e ficasse esperando num café próximo, uma coruja desconhecida pousou em seu ombro, piando baixo. Ele tirou o envelope do bico do animal para que ele retornasse. Pela primeira vez, em vários meses, Klaus estava recebendo uma carta em alemão que não vinham de sua família nem envolviam seu trabalho. Esperou chegar no café para poder ler com calma.

“Herr Hoff,

Como o senhor já deve saber, uma de suas filhas está estudando no Instituto Durmstrang. Como diretor da escola, gostaria de garanti-lo que já designei uma pessoa de extrema confiança para cuidar da adaptação da srta. Hoff à rotina escolar. O senhor também deve saber que parte da grade escolar foi adaptada aos conhecimentos prévios de sua filha, para causar o mínimo de estranhamento possível.

Ainda referente à educação da srta. Hoff, gostaria de pergunta-lo acerca de algumas questões que não ficaram esclarecidas nos documentos apresentados pelo prof. Dumbledore. Antes de se apresentar a Hogwarts, a menina teve acesso a algum conhecimento mágico, mesmo que através de uma educação informal? Porque as notas e comentários dos professores que acompanham o histórico escolar demonstram uma excelente performance.

Desde já agradecendo a sua atenção,

Prof. Günther I. Becker

Diretor

Durmstrang Institute”

Klaus suspirou. Sabia que, em algum momento seria questionado pela educação das filhas, mas nunca estava propriamente preparado para explicar que nunca contara uma frase sobre feitiços contra artes das trevas ou sobre plantas mágicas para as filhas. Não se orgulhava disso, sabia que deveria ter contado alguma coisa além de aventuras de bruxos que fizeram história. Mas já era tarde demais pra isso.

Olhou de volta para a carta do diretor da Durmstrang. Se prometeu escrever uma resposta assim que chegasse em casa, com acesso a um pergaminho, tinta e pena.

Assim que se deu conta de onde estava a garçonete, pediu um café.

— Klaus! — gritou uma voz masculina conhecida

Ele se virou para onde veio o som e encontrou seu irmão. Acenou para que ele viesse. Leon sentou à mesa um pouco ofegante.

— O que você tá fazendo por aqui? — Klaus perguntou

— Faço a mesma pergunta pra você, irmãozinho.

— Leon, você sabe que eu vim acompanhar Sarah no fórum. A surpresa é você nessa área.

— Precisava renovar os ares.

— Não me engana. Eu fui no banco e vi você com uma moça numa loja de máquinas Muggle.

— Ai, meu Deus, como eu vou falar isso sem parecer um completo babaca?

Klaus começou a rir.

— Eu não estou acreditando, Leon. Quem é ela? — começou a perguntar

— Claire McDermott. Muggle, completamente. Ela começou a trabalhar pro exército daqui, apesar de não ser militar. Klaus, não acredito que estou me apaixonando a uma altura dessas da minha vida. E por uma garota que não é muito mais velha do que as meninas.

— E quantos anos ela tem?

— Uns 25. Tá vendo? Ela tem idade pra ser minha filha.

Manchester, 05:20PM, 07/01/2011

Leslie sabia que, tecnicamente, o que estava fazendo não estava errado, mas que, se a sua mãe descobrisse, iria ficar de castigo. Ela revisou o texto da carta para Max mais uma vez antes de colocar dentro do envelope e selar. Agora, só faltava terminar de escrever a da irmã.

“Querida irmã” lia-se no topo do papel com a letra quase toda desenhada da jovem.

“Eu sei que você está muito longe, que provavelmente está estudando feito uma condenada e que deve estar tentando fazer mil coisas ao mesmo tempo como sempre fez. E também sei que eu não deveria estar me metendo nesse assunto que só te diz respeito. Mas só peço que você leia essa carta com carinho.

Lembra quando a gente era pequena, antes de toda a confusão do papai com a mamãe começar, quando a gente brincava de montar os casamentos das nossas bonecas? Você sempre tinha as histórias mais detalhadas. Eu me lembro muito bem que, numa dessas histórias que você criou, a boneca já tinha fugido de um casamento anterior com outro cara e estava em dúvida se realmente casava com o ‘atual’ ou não.

Deixa eu te contar uma coisa: você é a boneca. Você já fugiu de um relacionamento anterior (nem pense que eu esqueci de Nicholas logo que a gente chegou aqui em Manchester) que realmente estava fadado ao fracasso. Agora, fugir de Michael? Por favor, não seja boba feito personagem de telenovela mexicana. NÃO. FUJA. DELE.

Eu sei que você tá me xingando de todos os nomes que você conhece tanto em alemão quanto em inglês. Eu não ligo. To mandando essa carta para, basicamente, esfregar na sua cara que você está sendo extremamente idiota, egocentrada e cega de mágoas.

Não seja idiota, Astrid. Eu sei muito bem que você não é.

Como uma pessoa que só quer seu bem, obriguei o Max a escrever uma confissão dele sobre essa história toda da sua ida pra Durmstrang ter saído no jornal. Eu garanto a você que ele também quer seu bem e também acha que você é uma ridícula se não perdoar o que Miko pelo que aconteceu.

Te amo muito,

Les

P.S.: Deixe de ser ridícula e volte a falar com o garoto.

P.P.S.: Quero saber de tudo sobre esse colégio. Ai de você se deixar de me contar algum detalhe.”

Em anexo, a jovem colocou a carta que pediu seu amigo escrever.

“Astrid,

Eu não deveria estar remoendo esse assunto, principalmente depois de ver como você ficou magoada com essa história toda. Mas vamos lá. Vou te explicar, com todos os detalhes, o que aconteceu.

Mike chegou em casa praticamente deprimido depois que ouviu que você realmente teria que ir pra Durmstrang. Ele não quis falar com ninguém até nossos pais obrigarem ele a contar o que tinha acontecido, que foi quando eu fiquei sabendo que você iria sair de Hogwarts.

No dia seguinte, quando eu estava no Leaky Cauldron, a jornalista do Daily Prophet começou a puxar assunto comigo. Eu nunca iria adivinhar que ela era repórter. Por isso, acabei contando que você iria para Durmstrang no novo semestre.

Por favor, entenda que o meu irmão não tem culpa daquela matéria ter saído, nem de a informação ter saído. A culpa foi minha. Eu te imploro que volte a falar com ele. Você não tem ideia do quanto ele fica insuportavelmente chato e pessimista quando acontece esse tipo de coisa.

Mike não vai dar o primeiro passo pra falar com você. Ele é idiota assim pra falar com garotas que ele gosta. Por isso que você precisa tomar a iniciativa de deixar isso de lado.

Espero que você me entenda,

Max Thompson.”


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