Millennium Odyssey: Réquiem do Último Solstício escrita por Aquele cara lá


Capítulo 1
Novo brilho de esperança dentre a escuridão


Notas iniciais do capítulo

Demorou, mas eu decidi começar a segunda parte. Muito obrigado a todos que leram a primeira parte, todos que apoiaram, e eu desejo uma boa leitura para vocês. :)



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Uma pessoa coberta por um manto preto todo rasgado e sujo está mancando, enquanto caminha por uma colina. Com muito esforço, ela chega até a ponta. A pessoa encara um vasto e furioso oceano e o terrível céu vermelho, cheio de nuvens pretas e com uma gigantesca esfera de chamas roxas. Um vento forte sopra, tirando o manto do rosto da pessoa. É Mira. Ela está com seu cabelo curto, um olhar vazio e há sujeira e sangue espalhados pelo seu rosto. Mira começa a se inclinar até a borda, até que cai no oceano, sendo engolida pela água.

Um garotinho de cabelo curto e olhos castanhos, vestindo uma camiseta vermelha e um shorts marrom, e um também com cabelo curto e olhos castanhos, vestindo uma camiseta verde e shorts preto estão brincando, em uma praia. Um deles joga uma pedra na água.

"Minha pedra foi beeem longe. Tenta ganhar dessa. Ehehehe !" - O garotinho de camiseta verde diz.

O garotinho de camiseta vermelha pega uma pedra, no chão. "Você acha que aquilo é longe ? Heh, então se liga nessa-" - Ele se interrompe, quanto vê algo boiando na água. O garotinho força sua visão. Ele se assusta, caindo para trás.

"O que foi ?" - O garotinho de camiseta verde pergunta. Ele também se assusta, quando olha para o mar.

Os dois garotinhos vão embora, correndo assustados. Algum tempo se passa. Mira começa a acordar. Ela olha em volta e vê que está em uma velha cabana de madeira.

"Finalmente acordou, huh ?" - Uma voz masculina desgastada diz.

Um senhor corcunda, careca, de olhos fechados, com uma grande barba grisalha, vestindo uma camiseta branca e um shorts vermelho rasgados e com uma bengala entra no local.

Mira põe a mão em sua cabeça, confusa. "Onde… eu estou… ?"

"Não vou te causar nenhum mal, não se preocupe." - O senhor diz. "Meu nome é Mansur, e essa é a minha casa. Meus netos acharam você na praia e te trouxeram para cá. Por acaso, você faz parte de algum exército ?"

Mira nega com sua cabeça.

"Peço perdão por ter assumido isso. É que não se vê armas como aquelas, recentemente." - Mansur diz, apontando com sua cabeça para as bestas de Mira, que estão encostadas em uma parede.

Mira tenta dizer algo, mas é interrompida pelo ronco de seu estômago.

Mansur solta uma leve risada. "Não se preocupe em conversar. Você está com sorte. O jantar estará pronto em alguns minutos. Talvez o cheiro da comida tenha te acordado." - Ele ri novamente.

Mira concorda com sua cabeça.

"Fique à vontade, enquanto isso. Se quiser tomar um banho, é só entrar ali." - Mansur diz. Ele vai embora, mas para na porta. "Quase me esqueço. Tem algumas roupas, naquela cômoda. Não são tão novas, mas devem servir em você. Bom, qualquer coisa é melhor que nada, não é ?" - Mansur vai embora, rindo.

Algum tempo depois. Mira está sentada na cama, vestindo uma camiseta branca, um colete marrom, um sobretudo preto aberto, calças também pretas e uma bota marrom. Ela termina de colocar a outra bota. Mira se levanta, pega as bestas e põe elas nas costas. Ela dá uma leve girada.

Alguém bate na porta. "Senhorita ? Tudo bem ?"

"Estou." - Mira diz.

"Bom saber. O jantar está quase pronto. Se quiser, já pode vir." - Mansur diz.

"Eu vou." - Mira diz.

Minutos depois. Mira está sentada à mesa. Em cima da mesa, há peixe. Os dois garotinhos e Mansur também estão dentados.

Mira engole sua comida muito rápido. "Hah… Hah… Eu gostaria de mais, por favor… !"

"Você é nossa convidada, pode comer o quanto quiser." - Mansur diz.

"Muito obrigada." - Mira diz, pondo mais peixe em seu prato.

"A moça estranha realmente gosta desse peixe ruim ?" - O garotinho de camiseta vermelha pergunta.

"Eu sei que você está cansado de peixe, Elijah. Mas é nossa única opção." - Mansur diz. "Você poderia tentar aguentar mais um pouco, igual ao Muhammed ?"

"Desculpa…" - Elijah diz, triste.

"Vocês só têm peixe para comer ?" - Mira pergunta.

"Desde que o Cataclismo começou, um ano atrás, é extremamente difícil sobreviver." - Mansur diz. "Poucos lugares são férteis, para poder plantar... Os animais se descontrolaram e começaram a matar uns aos outros… É raro demais achar uma fonte de comida, nesses tempos."

"Eu sei bem disso…" - Mira diz. "Por causa do mar ter elevado, acabei ficando presa em um ilha muito pequena. Eventualmente, os recursos começaram a acabar e eu… decidi terminar eu mesma o sofrimento…"

"Como assim ?" - Muhammad pergunta.

"É uma conversa de adultos. Não se intrometam, ok ?" - Mansur diz. "Seu barco encalhou ?"

Mira concorda com sua cabeça. "Eu estava procurando meus amigos, quando acabei ficando presa. Desde que dois deles foram embora, começamos a ficar mais distantes uns dos outros, e acabamos nos separando. Eu queria achar eles."

"Tenho certeza de que você vai." - Mansur diz. "Por que não trabalha aqui comigo, por um tempo ? Puxar uma rede não é tão difícil assim. E você não faz ideia das informações que as pessoas gostam de contar, quando vêem pegar minha mercadoria."

"O senhor me deixaria trabalhar aqui ?" - Mira pergunta.

"Assim que você recuperar suas forças, é claro." - Mansur diz.

"Eba ! Mais alguém pra brincar com a gente !" - Elijah diz.

"Ela não está aqui para brincar. A moça está aqui para achar alguém importante." - Mansur diz.

Galopes podem ser ouvidos, se aproximando.

"Oh, lá vem os mercadores. Eles vêem verificar a mercadoria e, se gostarem, compram elas. Se dermos sorte, eles trouxeram alguns temperos e ingredientes." - Mansur diz.

Um homem de cabelo preto, olhos também pretos, vestindo uma armadura de ferro e com uma bainha na cintura, e um homem de cabelo loiro, olhos castanhos, também usando uma armadura de ferro e com uma espingarda nas costas chegam, montados em cavalos.

"Ora, ora. Se não é o velho Mansur." - O homem de cabelo preto diz. "Ei, Cid. Ele parece bem, né ?"

"E como, Crim." - O homem de cabelo loiro diz. "Se tá feliz, é porque tem produto bom."

"Eu e os meninos pescamos peixes muitos bons, essa semana." - Mansur diz.

Muhammed e Elijah trazem duas cestas cheias de peixe.

"Huh ? Ei, isso é uma piada, velho ?!" - Cid pergunta, bravo.

"Não... Sei que parecem poucos, mas são de boa qualidade." - Mansur diz. "Ficamos acordados por dias, pescando eles."

"O que você acha, mano ? Isso é uma piada ?" - Cid pergunta.

"Eu acho que é uma piada." - Crim diz.

"Se é uma piada, vamos dar outra piada, em troca." - Cid diz.

Os dois chutam os garotinhos, jogando os peixes no chão.

"P-Parem ! Por que estão fazendo isso !?" - Mansur pergunta, desesperado.

"É o seguinte. Eu vou dizer isso bem claro, pra essas suas orelhas cansadas ouvirem. Nós não queremos essa droga." - Crim diz. "Você acha mesmo que vamos ganhar alguma coisa com esse peixes nojentos ?"

"Se vai oferecer uma coisa ruim, pelo menos ofereça em grande quantidade." - Cid diz.

"Patéticos." - Mira diz.

"Opa~ O que temos aqui ?" - Pergunta Crim. "Pescou uma sereia, velho ?"

"Não envolva ela nisso. Só está aqui porque eu a salvei." - Mansur diz.

"Hmm… Não sei… Pra mim, ela parece uma mercadoria bem melhor do que essas coisas." - Cid diz, olhando Mira de cima à baixo.

Crim aproxima seu rosto ao de Mira, por trás, e começa a passar a mão em seus ombros. "O que me diz, gracinha ? A gente pode levar você na melhor pousada da cidade mais próxima e brincar um pouquinho. Uma boneca como você merece duas pessoas que vão te tratar muito bem."

"Vocês têm razão. Eu realmente mereço alguém que vai me tratar bem." - Mira diz.

"Aí sim ! Ganhamos na loteria, Cid-" - Crim diz, sendo interrompido por uma cotovelada de Mira em sua barriga.

Cid pega sua espingarda. Mira rapidamente bate a cabeça de Crim na mesa, a jogando em sua frente. Cid atira, mas acaba acertando a mesa. Mira joga a mesa na direção dele, o acertando.

"E não vai ser nenhum de vocês." - Mira diz.

Crim se levanta, com seu nariz sangrando, e pega sua espada. "Ugh ! Sua vadia de merda ! Vai pagar pelo que fez !"

Cid também se levanta. "Seus órgãos devem valer bastante no mercado negro !"

Mira solta um suspiro. "Desculpa pela bagunça que eu vou fazer, Mansur. Mas eu prometo jogar o lixo fora." - Ela pega suas bestas.

Crim corre na direção de Mira, com sua espada erguida. Ela se defende do ataque com uma besta. Cid recarrega sua espingarda e atira. Mira rapidamente atira nas balas dele com sua outra besta, espalhando elas. Ela força, jogando Crim para trás. Mira move sua cabeça para o lado, desviando de um tiro. Cid começa a atirar várias vezes, mas Mira usa suas duas bestas para desviar as balas. Mira atira uma munição com uma corda de luz em Cid e uma em Crim. Ela puxa essas cordas, fazendo os dois se baterem com força. Os dois se levantam rapidamente e vão embora, correndo.

"I-Isso vai ter volta !" - Crim diz.

"Na próxima vez que nos virmos, é melhor começar a rezar !" - Cid diz.

Mira dá um olhar sério para eles. "Humpf. Eu não rezo para deuses. Eu mato eles."

"Moça ! Você foi muito legal !" - Diz Muhammed.

"N-Não foi nada. Ehehehe…" - Mira diz, constrangida.

"Muito obrigado por nos ajudar !" - Mansur diz.

"Não precisa me agradecer, eu só retribuí o favor." - Mira diz. "Tem mais deles por aí ?"

"Eu gostaria de dizer que não…" - Mansur diz, entristecido. "As pessoas perderam o amor pelo próximo, quando tudo isso começou. Cada um quer sobreviver, mesmo que isso custe a vida do outro."

"Acredite em mim, isso não é uma novidade." - Mira diz. "Sabe qual é a cidade mais próxima ?"

"Essa seria Suldania." - Mansur diz. "Para chegar nela, você precisaria entrar no deserto de Nah'Bah. Aquele lugar é perigoso demais para qualquer pessoa ! Se não bastasse o calor insuportável, as criaturas que vivem lá estão completamente descontroladas ! Sem contar que o líder de lá e sua esposa são tiranos que não deixam ninguém se aproximar do local !"

"Se é só cruzar esse deserto, então é fácil." - Mira diz. Ela começa a ir embora.

"Um momento ! Não pode ir para aquele lugar !" - Mansur diz, surpreso.

"Eu sei bem o que me espera lá, senhor." - Mira diz.

"Que estranho… Olhando ela assim, de costas, até parece com aquela tal de Miranda Seaglass…" - Mansur diz.

"Claro que não, vovô ! A Miranda tem um cabelo maior." - Muhammed diz.

"E se ela fosse a Miranda, estaríamos todos mortos." - Elijah diz. "Ela não é uma das mais procuradas pelos líderes de Suldania ?"

"É, você tem razão." - Mansur diz. "Eu desejo boa sorte para ela."


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