Feiticeira Escarlate encontra The Boys escrita por MarcosFLuder


Capítulo 9
Ciência e magia


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo postado como prometido. Logo de cara temos referências a Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, com a aparição de uma personagem. Eu deixei de acompanhar quadrinhos de super-heróis a mais de 20 anos e estava muito desatualizado sobre as mudanças que ocorreram. Até por curiosidade eu fui a um site que publica histórias mais antigas e li histórias da Wanda, como os 15 números que mostram uma fase dela meio como uma espécie de “detetive do sobrenatural”, onde até um projeto de arqui-inimigo surge, um tal de Feiticeiro Esmeralda. Também li um arco mais recente de um grupo de Vingadores, do qual ela faz parte com o irmão. Digo isso para reafirmar o que deixei bem claro nas notas do primeiro capítulo da fanfic, ou seja, essa é estritamente a Wanda Maximoff do MCU. Se ela parece meio apelona nessa fanfic, e vai ficar mais ainda, podem esperar por isso nos próximos capítulos, tem muito a ver com o que vimos em WandaVision, e principalmente no filme do Doutor Estranho. Quem estiver lendo, tenha bem isso em mente. Agora vamos ao capítulo novo. Boa leitura.



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LOCAL DESCONHECIDO

WANDA MAXIMOFF NO MUNDO DE THE BOYS

DIA 21



Foram horas dentro do avião, sem ter ideia para onde estava indo. Não foi fácil para Wanda confiar nessas pessoas. De modo geral ela ainda confia mais em sua capacidade de lidar com qualquer situação inesperada do que realmente nas pessoas que a mantém escondida dos holofotes, e principalmente do Capitão Pátria. A ideia de que em algum lugar são feitos experimentos envolvendo a existência de outras dimensões e universos, atraiu Wanda para essa viagem cheia de segredos. Com ela estava a agente Malory, que garantiu a ela e Maria as identidades que permitiram manter a Feiticeira Escarlate escondida, mesmo com todo o alvoroço da mídia ainda em cima. A forma espetacular como Wanda escapou do prédio da Vought ainda é muito comentada, bem como o seu atual paradeiro. Ali também estava o casal de namorados, Hughie e Annie. Wanda gostava dos dois juntos, sentindo uma leve inveja da sorte de ambos.

Depois de horas voando, a aeronave finalmente pousou num galpão. O grupo saiu para ser recebido por um grupo de cientistas, todos visivelmente ansiosos. Wanda ficou ligeiramente chocada ao ser apresentada à cientista-chefe, ninguém menos que a contraparte da Christine Palmer que conhecera no universo 838. Ela tratou de disfarçar esse choque, seriam perguntas demais para serem respondidas, melhor evitar. O local onde os experimentos eram feitos parecia saído de um dos laboratórios de Tony Stark. Tecnologia de última geração, além de uma enorme máquina que parecia saída de um livro de ficção científica. Wanda procurou modular suas expectativas, mas ainda assim, havia nela uma esperança de finalmente obter com a ciência, o que faltava em magia nesse mundo.



— É com esse monstrengo que vocês fazem os seus experimentos extra-dimensionais? – Wanda não deixava de se impressionar com o tamanho da máquina.



— Exato – a doutora Palmer fez questão de responder, o olhar dela para Wanda ainda guardando um brilho de admiração – o problema é a quantidade muito grande de energia dispendida sempre que ligamos. Isso nos limita muito na coleta de dados.



— Nunca conseguimos manter a máquina ligada por mais do que 2 ou 3 minutos – outro cientista afirmou – quando nos falaram sobre como você poderia nos ajudar com isso, todos aqui ficaram muito felizes.



— Por que a minha presença aqui seria a razão dessa felicidade? – Wanda se volta para o cientista que falou.



— Nós analisamos as suas demonstrações de poder – o cientista responde – tem a ver com dispêndio de grandes quantidades de energias que seu corpo, sabe-se lá como, consegue canalizar.



— É magia, eu sou uma feiticeira, é assim que o meu poder funciona – Wanda retruca, notando o olhar um tanto desconfiado dos cientistas.



— Você pode usar o nome que quiser, mas para nós é uma forma de energia como outra qualquer – a própria doutora Palmer responde – se você topar, podemos conectá-la com a máquina, para que possa canalizar a sua energia e fazê-la funcionar. A máquina, por usa vez, ajudará você a encontrar o que está procurando.



— Uma forma de voltar para casa – Wanda complementa o pensamento da cientista – tudo bem, como vocês farão para me conectar a esse monstrengo? – um grande sorriso se forma no rosto de todos os cientistas.



CIDADE DE RED RIVER

ESTADO DO COLORADO

WANDA MAXIMOFF NO MUNDO DE THE BOYS

DIA 28



Já fazia mais de duas horas que ela se encontrava nessa posição. Estava assim desde que chegara do trabalho. Desde que voltara do laboratório secreto, ela se esforçava ao máximo para chegar naquele lugar outra vez. Wanda precisava de uma conexão mágica, que sabia, não encontraria nesse mundo. O que poderia fazer então era voltar àquele lugar onde esteve, no período de sua inconsciência na Vought, e depois disso, poucos dias atrás. Por mais que tenha tentado desde então, tudo tinha sido uma grande frustração. Ainda assim, ela não desistia. Sua mente esvaziou-se de outras preocupações, seus pensamentos se focaram naquele lugar. Todo o seu poder voltado para conseguir o que queria. Nos últimos dias ela tinha feito muito progresso, esteve bem perto de conseguir. Dessa vez ela conseguiria.

Wanda Maximoff era persistente. Desde a infância, nunca deixou que dificuldades a impedissem, por maiores que fossem. Ela precisava encontrar aquele lugar de novo. Era lá que estavam os meios que precisava, não nesse mundo. O esforço começou a valer a pena. Sua mente vagando pelo que podiam ser lembranças, sonhos, delírios ou alucinações. Todas as imagens, longe de distraí-la, tornavam-na ainda mais focada. Ela concentrou toda a sua força de vontade em seus poderes, todo o seu foco em sua busca. Uma luz finalmente apareceu, a luz que ela buscava. Caminhou decidida em sua direção. A luz ficou ainda mais intensa até envolvê-la completamente. Ao vê-la se dissipar, Wanda se permitiu um sorriso de orgulho pessoal. Ela tinha conseguido.



— Eu sabia que você conseguiria, Wanda – ela reconheceu a voz de imediato.



— Você me mandou para um mundo sem magia – Wanda afirmou – por que fez isso?



— Você espera respostas fáceis de mim, Wanda – a figura que emulava o Visão se mantinha distante dela – da minha parte, eu espero que você mesma descubra as respostas. Exatamente como vem fazendo esse tempo todo.



— Isso é algum tipo de lição que você quer me fazer aprender? Eu não tenho interesse na sua mentoria.



— E nem você precisa dela, Wanda – ele retruca – de qualquer forma, já é um avanço que por enviá-la a esse mundo, você não me veja mais como um amante contrariado.



— Você tem um plano, um objetivo que tem a ver com o seu desejo de se libertar – Wanda toma a iniciativa de se aproximar dele. Ela vê o sorriso surgindo no rosto conhecido.



— Eu tenho plena confiança de que você irá descobrir tudo sem que eu precise dizer, Wanda – ele também dá um passo em direção a ela – tudo o que você precisa fazer é observar o que acontece à sua volta.



— Eu não quero perder o meu tempo com isso – ela retruca – tudo o que quero é voltar para o meu mundo.



— E você acha que pode conseguir isso por aqui – ele olha em volta antes de falar novamente – é uma boa ideia, sem dúvida. Não esperaria menos de você, Wanda.



— Você vai tentar me impedir?



— É claro que não – ele responde – só me responde uma coisa, Wanda. Por que você quer voltar para um mundo que nesse momento a considera uma vilã?



— Ainda é o meu mundo. Eu tenho um lugar nele, e ninguém vai me impedir de encontrá-lo.



— É claro que você tem um lugar nesse mundo, Wanda – o sorriso dele parece maior – a questão é saber quando você finalmente se disporá a ocupá-lo de fato.



— Você continua com essa história de que meu destino é virar uma divindade, que tenho de me livrar de vez de qualquer aspiração à humanidade em mim.



— É a verdade Wanda – ele se aproxima dela, até estarem bem próximos – quanto mais cedo você entender isso melhor. O seu destino é estar totalmente distante dessa humanidade da qual ainda insiste em se vincular. Tudo o que aconteceu no dia da sua fuga da Vought já não deveria ter sido suficiente para você entender isso?



CIDADE DE NOVA YORK

WANDA MAXIMOFF NO MUNDO DE THE BOYS

DIA 4



O mundo parecia em câmera lenta enquanto as armas dos soldados eram apontadas para Wanda. A atitude inflexível do general, que a vida toda só conheceu o poder das armas, e daqueles que controlam quem as usa, parecia indicar a consumação de uma tragédia. A síndrome do pequeno poder costuma cegar. Seus portadores, ainda mais com uma vida inteira vivendo nela, não costumam ver nada além do poder que controlam. Suas vidas são sempre essa linha reta. O general Desmond Mosley, no entanto, iria aprender naquele dia que a vida traz surpresas. Que o poder que sempre controlou está longe de ser absoluto, ainda mais diante de um poder que ele jamais havia conhecido antes.

Desmond olhou para a mulher diante dele com um misto de vários sentimentos. Seu corpo apresentava diversos cortes de algum tipo de lâmina. O sangue escorria em abundância nela. Ele nem imaginava como aquela mulher ainda poderia estar de pé. O velho militar foi designado para essa missão de última hora, pois ninguém queria se envolver numa confusão envolvendo “Supers”. Como um soldado da velha guarda, o seu desprezo por estes que considera um bando de palhaços fantasiados, era enorme. Odiava ainda mais a ideia deles atuando no lugar de soldados verdadeiros. O surgimento dessa mulher só aumentou ainda mais o sentimento negativo do velho general pelo que considerava uma escória. Tudo o que queria era que fosse encontrado um meio de se livrarem dessas criaturas. Agora ele estava aqui, tendo que lidar com um deles, ainda por cima uma mulher.

O homem com o uniforme cheio de medalhas abriu um sorriso arrogante ao ver a mulher, de quem todos falavam o que ele considerava um monte de absurdos, levantar a mão. Em seu mundo limitado, isso indicava um gesto de rendição. Ele só considerou que algo estava errado quando viu o brilho vermelho nas mãos levantadas, o mesmo brilho nos olhos. O rosto dela permaneceu inescrutável, mas havia uma placidez ali. Desmond Mosley percebia nela um ar de grande tranquilidade, como se a enorme quantidade de armas apontadas para si não fosse nada realmente perigoso. O velho militar ficou furioso com tamanha demonstração de desprezo pelo poder a que serviu durante toda a sua vida.



— Matem essa vadia – Desmond gritou para seus homens, mas nada aconteceu. A mulher continuava ali – o que estão esperando, homens? Atirem na vadia, é uma ordem.



— Eles não vão obedecê-lo, general – a voz de Wanda se fez ouvir para aquele homem. Ela fez um pequeno gesto, e todas as armas apontadas se voltaram para quem imaginava controlar aqueles que as portavam.



— O que estão fazendo? – pela primeira vez em sua vida, Desmond Mosley sentiu realmente medo, ao ver todas as armas apontadas para ele.



— Wanda, por favor – era a voz de Maria que se ouvia agora – não faça isso. Eu entendo que você queira se defender, mas não ultrapasse esse limite, por favor.



— Você não sabe nada sobre mim – Wanda se dirige à Maria – eu já ultrapassei esse limite a um bom tempo. Várias vezes.



— Não aqui – Maria retrucou – nesse mundo tudo o que você fez foi proteger pessoas, salvar vidas.



— Tem algo muito errado com o seu mundo – há um quê de angústia na voz de Wanda, ao dizer isso para Maria – eu estou demorando demais para me curar. Tem algo no seu mundo que afeta a minha magia.



— Tente se concentrar em se curar, mas por favor, não faça esses homens atirarem num superior deles – ela se volta para os olhares vazios dos soldados, ainda apontando suas armas para um cada vez mais apavorado Desmond Mosley – por favor, Wanda. Foque em se curar, mas não ultrapasse um limite que não terá retorno.



Havia muito a fazer e Wanda sabia disso. Ela mantinha os soldados sob controle, suas armas ainda apontadas para o general. Mas ela estava em dor, os cortes em seu corpo a fazendo sangrar. A ex-Vingadora fechou os olhos e se concentrou. Evocou sua magia, o poder de cura nelas. Em seu mundo isso era tão natural e espontâneo, como se parte de sua natureza. Era tão fácil porque a magia estava em volta dela sempre, flutuando no ar, guiada pelo vento. Em seu mundo, Wanda podia sentir a magia no cheiro das flores, no verde das árvores, na limpidez das águas. Nada disso era possível sentir aqui, e Wanda, os poucos, deu-se conta do porquê. A verdade fez-se clara para ela. A razão de não conseguir encontrar um foco para sua magia nesse mundo, porque era tão difícil manter sua concentração, evocar o seu poder. Simplesmente não havia magia nesse mundo.

Uma certa tristeza tomou conta dela ao constatar esse fato. Ao mesmo tempo, deu-lhe o incentivo para se concentrar mais. Se não havia magia nesse mundo, havia de sobra dentro dela, em suas lembranças. Pensou no dia em que sentiu seus filhos dentro de si pela primeira vez, na dor do parto e em quando os vislumbrou assim que nasceram. Não importa o que Stephen ou qualquer outro possa dizer, eles eram reais para ela, o sentimento era real. Era magia, assim como qualquer mãe, ela criou os filhos dela assim. A lembrança era toda a referência que Wanda precisava agora.

Todos ali ficaram espantados com o que aconteceu. Aos poucos os cortes foram fechando. O sangue se diluiu em seu corpo, até desaparecer por completo. Até mesmo as manchas de sangue no uniforme desapareceram. Wanda abriu os olhos, firme e revigorada. Ela olhou em volta, dos soldados sob seu controle, para o apavorado general. Ela viu o sorriso de Maria e sorriu de volta. Tudo o que queria agora era um momento sozinha. Foi com isso em mente que ela levantou voo, rápida e de maneira elegante. Todos ali olharam para cima, impressionados, vendo-a desaparecer no ar.



LOCAL DESCONHECIDO

WANDA MAXIMOFF NO MUNDO DE THE BOYS

DIA 21



Wanda tentou não se sentir incomodada com todos aqueles fios a ligando na máquina monstruosa que poderia ajudá-la a acessar o seu mundo. Ela ainda desconfia muito de seus pretensos protetores, embora essa desconfiança seja bem menor em relação ao casal que se mantém a uma boa distância de onde ela está agora. A ex-Vingadora se prepara, colocando-se em sua posição de meditação, flutuando acima do chão, ignorando como isso deixa os cientistas impressionados. Ela se concentra em seu poder, buscando liberá-lo, ao mesmo tempo em que a máquina é ligada. O que ela quer é chegar novamente naquele lugar que atingiu na primeira vez quando estava inconsciente na Vought. Wanda pensou muito sobre como poderia voltar para casa, sentindo-se tola quando a resposta chegou, justamente por não ter pensado antes. Ainda assim, ela sabia que muitos obstáculos estavam em seu caminho.

O mundo à sua volta meio que deixou de existir para Wanda, agora que está focada em chegar naquela estranha dimensão. Ela sabia que estava correndo um certo risco em se colocar numa situação de certa vulnerabilidade, mas decidiu seguir com seu objetivo assim mesmo. Foi até mais fácil do que imaginava, não parecendo ter demorado mais do que um minuto para chegar naquele lugar. Nenhum sinal da presença de Chthon, o que era muito bom. A última coisa que queria era algum tipo de distração. Wanda volta a se concentrar. Ela tenta fazer algo muito próximo do que foi a dominação onírica, embora não seja possuir o corpo de alguém que deseje, mas sim entrar em contato com uma certa pessoa. Difícil dizer quanto tempo se passou, mas uma forte sensação de fadiga toma conta dela, como se a energia que estivesse dispendendo a consumisse. Ela queria continuar, sentia sua consciência vagando por vários universos, mas a fadiga só aumentava. Wanda sentia-se mais fraca a cada segundo, até abrir os olhos repentinamente.

Ela se colocou de pé com muita dificuldade. A sensação de amparo de ambos os lados se devia a Annie e Hughie segurando-a. Sentia-se muito fraca, as pernas com dificuldades em sustentar o próprio corpo. Voltou a se concentrar, fechando os olhos. Aos poucos suas forças voltaram e ela abriu os olhos novamente, vendo claramente a máquina desligada, os fios em seu corpo sendo delicadamente removidos pela doutora Palmer. Um pouco distante, podia perceber dois outros cientistas discutindo com um acalorado entusiasmo. Menos de um minuto depois já dispensou o apoio de Annie e Hughie, perfeitamente recuperada que estava agora.



— O que aconteceu? De repente eu senti como se tivesse sido desligada de algo – Wanda se voltou para a cientista.



— Tivemos que interromper tudo – ela respondeu – mais um minuto e a máquina poderia explodir. Nunca vi tanta energia sendo usada nela – o ar impressionado da doutora Palmer para Wanda, indicando que ela foi a responsável por isso.



— Foi incrível – um dos cientistas veio até eles, mal contendo o entusiasmo – a quantidade de dados que conseguimos foi impressionante. Vai levar anos para analisar tudo.



— Eu estive bem perto de conseguir o que queria – Wanda afirmou – quando a máquina poderá ser ligada novamente?



— Com certeza não nos próximos dias – agora foi o outro cientista que declarou – por um breve momento eu cheguei a pensar que ela ia explodir. Vamos ter que fazer uma avaliação meticulosa para saber se é seguro ligá-la novamente.



— Se a máquina ficar anos sem ser ligada, só com os dados que já temos... – o outro cientista disse.



— Minha vinda aqui pode ter beneficiado a pesquisa de vocês, mas foi inútil para mim – é uma Wanda claramente irritada que se dirige a agente Malory – não tenho mais nada o que fazer aqui.



— Tudo bem – a agente Malory, que tinha ficado em silêncio até então, abre caminho para voltar ao avião em que vieram. Wanda, Annie e Hughie a seguem.



CIDADE DE NOVA YORK

WANDA MAXIMOFF NO MUNDO DE THE BOYS

DIA 4



— O lockdown do prédio foi suspenso, Capitão – a voz de Ashley veio do interfone, com o Capitão Pátria saindo rapidamente, tão rápido que nem ouviu a outra informação que ela passou.



Ele voou para fora com toda a rapidez. Sua ideia era aproveitar que a mulher apresentava inúmeros ferimentos de sua experiência, onde quer que tenha estado. Fez o seu pouso bem diante da multidão, do jeito que sempre gostou de fazer. Tudo o que esperava era a aclamação daqueles que o admiravam, e que estavam ali em bom número, mas foi apenas silêncio que se seguiu à sua chegada. O que ele viu foram pessoas olhando para o alto, o que acabou fazendo também. Sua visão superpoderosa lhe permitiu ver a figura sumindo rapidamente, até que mesmo ele já não conseguisse mais localizá-la. Da multidão, ele olhou para a policial que encontrou no hospital. O olhar que ela lhe deu continha nada menos que desprezo. Foi um olhar rápido, pois ela tratou de voltar para junto dos demais policiais.



— Agora é que você aparece – ele se virou para ver a figura do general Desmond – onde estava quando a tal mulher ameaçava provocar um massacre?



O desejo dele é incinerar o velho militar, derreter o corpo dele junto com todas as medalhas que exibia em seu uniforme. Seu olhar voltou-se para a multidão silenciosa, o mesmo desejo se intensificando cada vez mais. A visão dos corpos incinerados, do pavor se generalizando entre os que buscavam escapar da sua fúria, tudo isso fez surgir em seu rosto um sorriso maníaco. Ele poderia fazer isso, mas e depois? Seu olhar voltou-se novamente para o céu, uma tola esperança de conseguir ver para onde ela foi. A vontade de massacrar toda aquela gente ainda fervia dentro dele. O homem que todos diziam ser o maior super-herói do mundo, não podia ficar mais ali, mas também não queria voltar para o prédio da Vought. Ao levantar voo, fez questão de continuar olhando para baixo, para ver toda aquela gente como realmente eram no seu entendimento, insetos embaixo de suas botas.



***********************



— Vocês viram o olhar dele? – estavam todos na sede do grupo agora, Annie tinha um tom de angústia na voz – meu deus eu pensei que ele ia começar a massacrar todo mundo ali.



— Infelizmente teremos que concordar com a Victória Neuman – disse Leitinho – ele está a ponto de explodir. Não é questão de “se”, mas de “quando”.



— Algo me diz que não vai demorar muito – é um assustado Hughie quem diz.



— Por isso mesmo que não podemos mais perder tempo com erros do passado – a voz de Bruto não deixa dúvida sobre o que ele irá falar a seguir – vamos precisar daquela bruxa para acabar com ele.



— Mesmo que ela seja a nossa única alternativa, Mon Ami, como iremos encontrá-la? – Francês se dirige direto à Bruto – ela pode estar em qualquer lugar do mundo agora.



— Ela foi jogada num mundo que desconhece, sem referências, nem conhecidos. Creio que dá para concluir que o maior desejo dela é voltar para o lugar de onde veio – é Annie quem pondera – ainda assim, por mais poderosa que seja, ela irá precisar de ajuda, se quiser voltar para sabe-se lá de onde veio.

— Mas quem ela poderia procurar para conseguir alguma ajuda, Annie? – Hughie não obtém resposta da namorada, pois Annie está voltada para os gestos de Kimiko.



— Você tem razão, Kimiko – é uma sorridente Annie quem fala – tem uma pessoa que ela deve procurar. Temos que mantê-la sob vigilância para quando isso acontecer.


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Notas finais do capítulo

Capítulo postado. Espero que quem esteja acompanhando continue gostando de como a história está se desenrolando. No próximo domingo tem eleição, talvez o capítulo atrase um pouco, pois eu sempre gosto de votar de manhã, mas vai ter capítulo 10, estou me comprometendo com isso. Aguardem.