Feiticeira Escarlate encontra The Boys escrita por MarcosFLuder


Capítulo 12
O contato


Notas iniciais do capítulo

Postando o capítulo 12. Não sei dizer ainda qual será o último capítulo da fanfic. Comecei a escrever o capítulo 16 na última sexta-feira, mas ainda estou na dúvida se este será o último capítulo ou se terei de escrever mais um. O que sei é que a fanfic se encaminha para o seu encerramento. Este capítulo já começa com uma referência a algo acontecido no final da terceira temporada de The Boys, mas já deixo claro que os desdobramentos disso que são mostrados na minha história são invenção minha, com a sério muito provavelmente seguindo outro curso na sua já confirmada quarta temporada. Aliás, tudo o que diz respeito a série The Boys nessa fanfic, me referência ao que vimos na terceira temporada é pura invenção minha. Enfim, vamos aproveitar a história.



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RESIDÊNCIA DE VICTORIA NEUMAN

WANDA MAXIMOFF NO MUNDO DE THE BOYS

DIA 29



As lágrimas secaram já tem um bom tempo. Tudo o que resta agora é a espera pelo dia fatal. Lá fora está fazendo um dia ensolarado e luminoso, como se a natureza estivesse a zombar dela. Todo o calor e luminosidade entrando pelo quarto da filha, que virou uma UTI particular, com tudo de mais moderno, caro... e inútil. Ela sabe que nada pode ser feito, além de esperar pelo último suspiro da jovem deitada na cama. O coma já dura a dias e nenhuma atividade cerebral é mais detectada. O pior de tudo é a sensação de impotência. Victoria Neuman está acostumada a usar seus poderes para resolver tudo, mas sabe que essa é uma luta perdida. Imaginar que foi a decisão dela em aplicar o Composto-V na filha que levou a tudo isso é algo que ela evita agora, pois não irá mudar nada. Culpa e remorso são inúteis diante do quadro à sua frente. O som de sapatos é ouvido, ela não precisa se virar para saber quem está à porta.



— Como ela está, Vic? – a voz de Stan Edgar causa diferentes sentimentos ao ser ouvida.



— Tudo o que resta é esperar – ela se volta para o homem parado junto à porta, o mais próximo de um pai que já teve em sua vida. Os olhos estão secos, mas o desespero é visível neles – eu nunca pensei que o Composto-V fosse causar esse efeito nela.



— A Vought conseguiu que o Composto-V funcionasse em pouco mais de 100 crianças que o receberam, mas ele foi administrado em quase duas mil delas ao longo de décadas. Todas que não ganharam poderes acabaram morrendo – Victoria ouviu aquela informação sem nem ter forças para ficar chocada – parte da culpa é minha também. Eu deveria ter previsto que você iria querer que sua filha tivesse a chance de ter poderes. Teria te avisado se soubesse que você ia fazer isso com ela.



— Como isso nunca chegou a público, mesmo depois que se soube das experiências que a Vought fez?



— Muitos milhões de dólares em subornos, a grande maioria das vítimas de pouco interesse, alguns assassinatos selecionados – ele se aproxima da cama, mas se mantém ainda um pouco distante – nada além do usual.



— Você deve saber como conseguir as provas sobre tudo isso – ela se volta para ele, uma firme resolução em seu rosto.



— De que isso adiantaria, Vic? – há uma sincera empatia no rosto dele ao dizer isso – o Capitão Pátria dará o seu golpe a qualquer momento agora. Estou pronto para deixar o país. Você deveria fazer o mesmo. Seu acordo com ele não irá durar um minuto depois que aquele maníaco conseguir o poder absoluto com que sonha.



— Há uma chance de detê-lo!



— Você está falando da tal “bruxa”? Isso não pode ser sério.



— É sério sim. Eu tenho fontes dentro da Vought me garantindo que o Capitão Pátria tem medo dela – Victoria se levanta e vai até ele – me consiga as provas sobre os resultados das experiências da Vought e eu te ajudo a recuperar tudo o que perdeu – ela vê algo no olhar dele, o conhecendo a tempo suficiente para saber que havia alguma coisa mais que desconhecia.



— Tem algo mais, além dos resultados das experiências da Vought com o Composto-V – ele afirma.



— Do que você está falando?



— Você se lembra daquela luta com os terroristas de armadura? – ela sorri ao ouvi-lo. Seu primeiro sorriso em muito tempo – foi tudo uma armação da Vought e do Capitão Pátria.



CIDADE DE RED RIVER

ESTADO DO COLORADO

WANDA MAXIMOFF NO MUNDO DE THE BOYS

DIA 35



Nos últimos 2 dias, não se tem falado em outra coisa nos noticiários. Wanda desliga a TV. Ela já está saturada de ver a repercussão das provas levadas à público por Victoria Neuman, sobre os crimes cometidos pela Vought, e pelo Capitão Pátria. O impacto das revelações sobre as práticas da empresa com o Composto-V, que teriam resultado em milhares de vítimas, tem sido enorme. Como se não fosse escândalo suficiente, veio junto a informação de que o ataque promovido semanas antes, por um grupo de terroristas com armaduras, também foi obra da Vought. Um golpe publicitário que custou a vida de dezenas de pessoas. Todo esse acúmulo de escândalos leva Wanda a refletir sobre o que o Capitão Pátria fará a respeito de tudo isso. Ela especula sobre essa questão, ao lembrar de uma conversa com Annie. Esta relatou a ameaça feita por ele, caso sua real natureza fosse revelada ao público.

Com tudo isso, a mente de Wanda também está ocupada com outros tipos de pensamentos. Na noite anterior ela tinha sido informada pela agente Malory que a máquina dimensional finalmente estava pronta para ser religada. A ex-Vingadora foi tomada por sentimentos conflitantes ao ouvir a notícia. Ela estava no apartamento de Tyler nessa ocasião. A relação dos dois efetivamente havia deixado de ser um envolvimento de uma noite só. Wanda sabia, no entanto, que deveria cortar qualquer expectativa da parte dele. A conversa que se seguiu foi difícil, mas ela deixou bem claro que estava se preparando para voltar para onde viera, e que seria em definitivo. Embora soubesse que tinha tomado a decisão certa, uma certa melancolia toma conta dela, ao lembrar de tudo o que aconteceu na noite anterior.



NOITE ANTERIOR – APARTAMENTO DE TYLER



— Eu só queria entender, Wanda – apesar do seu desagrado ser visível, Tyler procura manter a calma ao falar – eu nunca te pressionei para falar do seu passado, mas eu sei que há algo nele. É por causa disso que você está indo embora?



— Tem a ver com a minha vida antes de te conhecer sim, Tyler – ambos estão no terraço do apartamento dele – eu só não sei se quero te envolver nisso.



— Independente do que você queira, Wanda, eu já estou envolvido – ele pega nas mãos dela – eu vou respeitar qualquer decisão que você tomar, goste eu dela ou não, mas pelo menos quero saber o porquê disso.



A ideia veio na cabeça dela, mas ainda houve pelo menos alguns segundos de hesitação, até resolver pô-la em prática. Tyler olhou para ela um tanto confuso, até ver as vestimentas de Wanda mudarem para um uniforme de cor vermelha, vendo surgir também uma tiara em sua cabeça. Levou ainda alguns segundos para ele perceber que estava diante da Feiticeira Escarlate de que ouvira falar. Antes mesmo que Tyler pudesse dizer algo, Wanda levantou voo, levando-o consigo. O susto dele foi enorme, mas aos poucos foi se acalmando, principalmente por ver a facilidade como ela fazia aquilo. Wanda os levou até bem alto, com Tyler não tendo muito tempo para experimentar a sensação. A ex-Vingadora logo decidiu voltar para o apartamento dele. Foi um pouso suave e elegante, assim como tinha sido o voo.

Ela sentiu uma certa tristeza ao ver o olhar dele, ver ruir diante dela todo o encantamento natural que Tyler tivera. Wanda sabia que dali em diante ele não a veria mais da mesma maneira. Era melhor assim, foi o que pensou. Ela deu um pouco de tempo para que Tyler se recuperasse da surpresa. Suas mãos ainda estavam juntas, e Wanda ficou feliz em ver que ele não tomou qualquer iniciativa para se afastar. Pouco mais de um minuto se passou até ele finalmente se desvencilhar dela. A ex-Vingadora sentiu a perda do contato, mas nada disse. Ele ainda demoraria alguns segundos para finalmente falar.



— Eu sabia que havia algo de grave sobre você, mas não esperava nada disso – não havia nenhum sinal de raiva ou decepção no tom de voz dele, e isso deixou Wanda mais aliviada do que esperava. Ela encurta a distância entre os dois e novamente entrelaça as mãos de ambos.



— Eu gosto de pensar que existe um mundo em que uma Wanda Maximoff tomou decisões diferentes na sua vida em Sokovia – ela disse – em vez de se perder na raiva, essa Wanda decidiu buscar uma nova vida em outro lugar. Que por uma série de razões ela tenha parado numa cidade do Colorado e conhecido um certo médico, alguém que acredito ser o mesmo homem decente em qualquer universo – ele tem uma expressão um tanto confusa, mas ela prossegue – eu tenho certeza de que essa Wanda é muito feliz, assim como tenho certeza de que nunca poderei ser ela – a ex-Vingadora se aproxima para dar um delicado beijo nele, indo embora logo depois, agora saindo normalmente do apartamento, já em roupas civis novamente. Só quando estava no elevador é que deixou cair uma discreta lágrima.



RESIDÊNCIA DE VICTÓRIA NEUMAN

WANDA MAXIMOFF NO MUNDO DE THE BOYS

DIA 35



Pai e filho aterrissaram juntos em frente a casa. Ryan não tinha muita ideia do que viriam a fazer nesse local. Tudo o que seu pai dissera é que um dos inimigos que atrapalhavam o trabalho que precisava ser feito estava aqui e que iriam confrontá-lo. Ainda não era a tal supervilã de que seu pai falara. Ryan tinha ouvido falar muito pouco sobre a tal Feiticeira Escarlate. Foi só a muito custo que conseguiu burlar o acesso a internet e visto os relatos sobre ela. Não passou despercebido ao garoto como muitos desses relatos contrastavam bastante com o retrato que o Capitão Pátria fizera dela. Havia uma grande ansiedade dele em encontrá-la, embora evitasse falar disso com o pai. Esses pensamentos foram interrompidos pelo susto que tomou, ao ver como o Capitão Pátria adentrava na casa, usando o seu poder para derrubar uma parede.



— Onde você está, Victoria? – o Capitão Pátria grita com toda a força, usando os disparos de seus olhos para destruir os móveis e utensílios que vê pela frente – apareça desgraçada, traidora.



— Você poderia por favor, poupar os meus móveis? – uma Victoria Neuman aparentemente tranquila se dirige ao Capitão Pátria.



— Você achou que podia fazer o que fez e não esperar a minha retaliação? – o sorriso maníaco no rosto dele é recebido com um muxoxo de impaciência da parte dela.



— E o que você pretende fazer? – assim que terminou a sua pergunta, Victoria notou a figura de Ryan – trouxe o seu garoto para aprender como ser um psicopata?



— Eu trouxe o Ryan sim, agora traga a sua garota – o tom de exigência em sua voz é bem claro.



— Minha filha morreu a dois dias, Capitão – a voz de Victoria chega perto de falhar nesse momento. O sorriso morreu no rosto de um Capitão Pátria visivelmente surpreso – o Composto-V a matou.



— Foi por isso que você fez a denúncia? Remorso por ter matado a sua filha com as escolhas que fez?



— Talvez – ela responde, para depois fixar o olhar nele – ou talvez eu só tenha feito isso porque sabia que você viria atrás de mim.



— Sério mesmo que você acha que pode usar o seu poder para explodir a minha cabeça? – o Capitão Pátria começa a rir, mas para de fazê-lo, ao notar o sangue escorrendo do seu nariz – sua vaca maldita – usando sua velocidade ele chega até ela. A ideia de matá-la do mesmo jeito que matou a Stillwell passou pela sua cabeça, mas ele tratou de usar os seus polegares para destruir os olhos de Victoria.



Ryan assiste tudo. Em seus ouvidos se misturam os gritos de dor de Victoria e a risada maníaca de seu pai. O quadro fica ainda mais terrível ao ver o homem por quem sente uma estranha mistura de medo e admiração levar os dois polegares à boca, chupando a mistura de sangue e os pedaços dos globos oculares da mulher, agora caída aos pés dele. Ryan sente vontade de vomitar, mas tem medo do que o homem a frente dele pensaria se o fizesse. Ele trata de se segurar, evitando ao máximo olhar para a figura da mulher, ainda gritando. Ela é erguida com facilidade e encostada numa parede.



— Onde está o Edgar? – ele faz questão de sacudi-la, como um pedaço de carne sem importância, enquanto faz a pergunta.



— Eu não sei, e não diria mesmo que soubesse – toda a dor que está sentindo não impede Victoria de cuspir nele, torcendo para ter atingido o rosto de seu algoz, o que efetivamente consegue.



— Eu vou encontrá-lo mesmo sem a sua ajuda – ele limpa o cuspe do rosto com a mão livre, ainda sorrindo – quanto a você, não vou te matar. Quero você bem viva para ver... – ao se dar conta do que diz, ele começa a gargalhar – quero você bem viva enquanto eu moldo esse país, e depois o mundo todo, à minha imagem e semelhança – Victoria é jogada no chão como um objeto inútil e o Capitão Pátria se vira para ir embora – vamos Ryan, ainda temos muito o que fazer.



Em toda a sua vida, o homem que já foi chamado de John, nunca se preocupou muito com quem estava à sua volta. Ele se acostumou a ter suas vontades atendidas, mesmo quando cercado de cientistas que o viam como um experimento. As ordens que recebia em sua infância, geralmente eram para testar o seu poder, sua resistência, sua força e invulnerabilidade. A cada vez que tudo isso se provava parte dele, aumentava sua confiança. Hoje ele é incapaz de olhar em volta e reconhecer alguém como próximo, menos ainda como igual. Seu filho é o mais perto de uma relação algo afetiva que ele experimentou em sua vida. Com Tempesta era mais algo físico, uma proximidade que era resultado da certeza de ambos sobre como eram superiores aos demais. Por isso mesmo, ao chamar Ryan, nem se preocupou em olhar para o rosto do menino. Se tivesse feito, veria a confusão refletida nele.

Ryan apenas obedeceu a ordem, não sem antes lançar um último olhar para uma Victoria Neuman caída, os olhos vazados, com sangue escorrendo pelo rosto. O choro dela era de dor, mas o garoto podia ver que havia mais do que isto. Ele se virou para acompanhar o pai, que seguia impávido, como se a mulher caída atrás dele nada mais significasse, o que era verdade. Ryan queria falar, mas lhe faltava coragem, queria entender. Os últimos meses, desde que passou a ficar sob a responsabilidade do Capitão Pátria, foram solitários, pois este o visitava muito pouco. O casal que ficava com ele o tratava de maneira estranha, pois pareciam ter uma mistura de medo e reverência. A senhora Sanders era até mais assertiva, Ryan gostava de ficar com ela na cozinha. O senhor Sanders apenas cumpria uma obrigação. Ele sentia falta da mãe, do carinho e do cuidado dela, mas não tinha coragem de falar sobre isso.



— O que foi amigão? – Ryan levou um pequeno susto ao ouvir a pergunta do Capitão Pátria, pois ele tinha acabado de pousar – por que você ficou parado? Eu quase fui embora sem você.



— Você pretende ferir outras pessoas além dela? – Ryan fez a pergunta, um receio bem evidente em seu tom de voz. Ele se sentiu melhor quando o pai se ajoelhou para ficar na sua altura.



— Não se deixe enganar pelo que ela disse, Ryan – o Capitão Pátria procurou manter um tom de voz calmo enquanto se dirigia ao filho – ela é má. Ela tentou usar o seu poder para explodir a minha cabeça, e teria feito o mesmo com você. Tem muita gente má como ela por aí e teremos que combater essa gente para salvar esse país, talvez até o mundo todo.



— Você está falando da tal Feiticeira Escarlate?



— Ela é a pior de todos, mas nós estamos perto de liquidá-la – Ryan vê o pai sorrir, mas é um sorriso que o deixa desconfortável – e quando ela for liquidada, ninguém mais poderá me impedir de salvar esse país e o mundo. Eu posso contar com você para isso, não posso amigão? – Ryan balança a cabeça timidamente, com o sorriso do Capitão Pátria alargando-se ainda mais.



LOCAL DESCONHECIDO

WANDA MAXIMOFF NO MUNDO DE THE BOYS

DIA 36



O avião pousa na base secreta e já tem várias pessoas esperando por seus passageiros, em especial pela mulher que surge diante dos cientistas daquele projeto, vestida em roupas civis. Wanda sabe que esse é um momento decisivo. Ela nota o sorriso da doutora Palmer, evitando lembrar da contraparte desta no universo 838. Junto a ex-Vingdora vieram a agente Malory, além de Bruto e do casal Annie e Hughie. Maria também fez questão de vir. Francês, Kimiko e Leitinho permaneceram em Nova York, monitorando os passos do Capitão Pátria. Wanda aceita os cumprimentos da doutora Palmer e dos demais cientistas, contendo a sua impaciência em fazer uso da máquina para seus propósitos.



— A máquina já está pronta? – Wanda faz o seu melhor para não demonstrar muita ansiedade em seu tom de voz.



— Está sim – é a doutora Palmer quem responde – imagino que você queira resolver isso de imediato.



— Com certeza esse é meu desejo, doutora Palmer – a resposta de Wanda é rápida.



A caminhada deles pela base é marcada pela curiosidade que Wanda desperta em todos ali. A ex-Vingadora faz o seu melhor para evitar o incômodo pela atenção recebida, mas é difícil. Vir em roupas civis foi uma forma de evitar isso, mas ela logo se deu conta de que fora uma perda de tempo. Os cochichos e comentários baixos, porém muito audíveis, foram intensos. Felizmente havia apenas o pessoal indispensável na base, limitando um pouco o incômodo. Após alguns minutos de caminhada, seguido de uma descida por elevador, eles finalmente chegaram ao local onde a máquina estava instalada. O maquinário ainda era impressionante, como da primeira vez que o viram, mas Wanda estava ansiosa demais para se deixar impressionar por muito tempo.



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— Você tem certeza disso, General? – além do Capitão Pátria, estavam no recinto apenas seu filho Ryan, o homem da comunidade de inteligência e dois outros militares.



— A fonte do agente Craig na instalação secreta onde fazem os tais experimentos deu certeza absoluta, Capitão – o general Bradley manteve uma posição marcial enquanto falava – a bruxa e mais alguns cúmplices chegaram a poucos minutos no local.



— Perfeito – Ryan viu o sorriso do pai alargar, já tinha se tornado um padrão que ele era capaz de entender – vou precisar de algo “emprestado” dessa base.



— Não é tão simples assim, Capitão – um certo nervosismo toma conta do general – não tem como tirar uma arma nuclear dessa base sem alertar Washington.



— É bom que fiquem alertas mesmo – o Capitão Pátria mantém o sorriso – será o primeiro sinal para que os nossos aliados devidamente posicionados saibam que devem estar preparados para agir.



— Agir quando? – dessa vez foi o agente Craig quem perguntou.



— Assim que eu der cabo da bruxa, nós iniciaremos o resgate desse país, meus caros – o Capitão Pátria responde – e depois desse país, todo o mundo.



— Só tem um pequeno problema, Capitão – o general tremeu, ao ver o sorriso morrer no rosto do homem a quem se dirigia, as feições dele ganhando um ar ameaçador.



— Que problema?



— O nosso informante só vai nos dar a localização da base depois que estiver bem longe de lá. É como se ele pudesse adivinhar o que o senhor pretendia fazer – o general Bradley, juntamente com o agente Craig, ficam ainda mais temerosos ao ver o Capitão Pátria encurtando mais a distância entre ambos – precisaremos esperar um pouco até agirmos.



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Wanda nem sabe mais quanto tempo está levando nesse processo. Ela apenas sente sua mente flutuando no tempo e no espaço, numa quantidade de universos e dimensões que parecem infinitas. Podem ter se passado alguns minutos, talvez até segundos no mundo de onde saiu, mas ela sente como se eras tivessem sido atravessadas. É como se tivesse visitado mil mundos que poderiam ser o seu, mas assim que chega num deles, já é possível perceber, instintivamente, que não é o seu mundo, onde está a pessoa que deseja encontrar. Uma parte dela teme não ser capaz de encontrar o que procura, quem ela procura. A mulher que todos conhecem como Feiticeira Escarlate afasta esse pensamento assim que surge. Medo é uma péssima companhia nessa jornada. Ela precisa continuar tentando.



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— Quanto tempo você acha que essa máquina continuará funcionando? – Bruto olha assustado para os barulhos e luzes, cada vez mais altos e luminosos.



— Estou preocupado doutora – um dos cientistas se dirige a doutora Palmer – talvez seja a hora de desligar.



— Não! – os gritos de Annie e Maria se dão ao mesmo tempo, conseguindo ser mais altos do que o barulho da máquina. É Annie quem retoma a fala – nós devemos essa chance a ela – o olhar dela e de Maria são dirigidos à doutora Palmer.



— Dessa vez vamos até onde for possível – a doutora Palmer afirma resoluta.



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Uma alegria genuína toma conta de Wanda, pois ela sente que finalmente sua busca chegou ao fim. Ela olha para aquele mundo de onde emerge com o brilho de quem volta a um lar amado, depois de longa ausência. Mesmo estando numa forma astral, consegue sentir o ar mais respirável, o vento como uma carícia em seu rosto, o sol parecendo brilhar mais. Ela sorri, um sorriso que deve ter sido percebido também pelos que ela deixou na base, velando pelo seu corpo físico. A ex-Vingadora trata de se concentrar, pois ter encontrado o mundo certo não significa que encontrou a pessoa certa. Onde ela poderia estar? A dúvida dura muito pouco em sua mente. Ao mesmo tempo aliviada e apreensiva, ela sabe onde encontrá-la. O que Wanda não sabe é como será recebida, ainda que na sua forma astral.



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Meditar foi algo que ela gostou muito de aprender no Kamar Taj, mais até que qualquer truque mágico. Ela já estava assim a quase uma hora. Era muito bom esvaziar sua mente, deixar-se levar pela sua consciência. Nessas horas seus pensamentos vagavam pelos universos que já visitou, tudo o que conheceu e vislumbrou, ao longo de sua curta vida. Às vezes seus pensamentos também iam para suas mães, mas se deu conta que a lembrança não causava dor, mas uma ligeira saudade, e junto com esta, também a esperança de um reencontro. América Chaves seguia em sua meditação, sentindo como seu corpo flutuasse, até que algo como uma perturbação fez seus sentidos ficarem alertas. Um minuto se passou e a perturbação virou uma sensação de que alguém parecia estar a sua procura. A sensação virou certeza quando se deparou com a figura diante dela. Ainda lembrava do rosto bonito e de olhar sofrido, do uniforme vermelho e da tiara. América levou um grande susto, como se um fantasma tivesse surgido diante dela.



— Está tudo bem, América – a forma astral de Wanda tenta acalmar a forma astral de América – eu só quero conversar com você.



— Não pode ser – América estava um pouco assustada, mas também curiosa – eu... todo mundo tinha certeza de que você estava morta – ela franziu as sobrancelhas um momento – você não está morta, não é?



— Eu estou viva, América – Wanda responde – estou viva, mas preciso muito da sua ajuda.


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Notas finais do capítulo

Capítulo postado como prometido. Hoje eu já decidi que vou me dedicar totalmente ao capítulo 16, decidindo de vez se vai ser o último ou não. No próximo domingo estou me comprometendo a postar o capítulo 13, aguardem.