Esqueci as promessas que fiz quando criança. E, pode acreditar, não foram poucas. Prometi seguir em frente e me tornar a melhor mecânica de automail, assim como meus pais eram os melhores naquilo que faziam. Vocês podem confirmar, eu realmente sou muito boa nisso

Prometi nunca me apaixonar por alguém mais baixo que eu... podem dizer que, nós mulheres, quebramos nossas promessas quando achamos necessário. E essa foi uma promessa que eu realmente deixei de cumprir.

Talvez já estivesse escrito nas estrelas, ou em algum livro antigo de alquimia que nós viveríamos o suficiente para nos apaixonarmos e vivermos um amor conturbado. Um amor que parecia ter sempre algo para atrapalhar, mas que nunca deixou de existir, bem no fundo de nossos corações.

E, a bem da verdade, tudo conspirou contra nós, desde o princípio.

Lutas, batalhas, guerras, alquimia... pessoas matando outras por pura ganância, buscando poder, glória.. buscando ser Deus... buscando tornar o impossível, possível. Nem posso chamar a todos nessa luta de humanos, seria desleal demais com os verdadeiros que lutaram.

Eu não pude fazer nada além de rezar. Rezar e torcer para que, no fim, ele voltasse para mim. Que, quando o fim chegasse, os sonhos que sonhamos juntos sentados na varanda contemplando o céu da noite se tornassem reais. Vivos. E que pudéssemos enfim sentir uma alegria delirante e poder dizer: tudo valeu a pena. Todo o esforço, combate, estudo, solidão e tristeza, abandono e por vezes desespero.. tudo se fez necessário para podermos hoje sorrir sem culpa e buscar o que ainda nos falta.

A verdade sempre esteve dentro de nós, velada, oculta. E hoje, após tudo o que passamos, ela se revela, simples, como se nunca tivéssemos duvidado dela e que na verdade sempre esteve ao nosso lado, nos dando as respostas.

Hoje podemos nos alegrar apenas olhando o horizonte que se abre a nossa frente. Festejar com as pequenas coisas que a vida nos oferece. Poder, por exemplo, sentar numa estação de trem ao lado dele e mesmo assim, não me entristecer ante uma nova partida.

Deve ser porque sei que ele voltará para mim novamente. Sei que agora não há lutas, nem morte, nem desespero. Apenas uma paz tranqüila pela busca de respostas.

E que será breve. Pois estarei aqui, para dar a ele tudo o que tenho, tudo o que guardei em meu coração. E que, a partir de agora, não viveremos mais a mercê de um fim, mas buscaremos um começo juntos.

– Ei, Winry, o trem chegou. – O trem da nossa separação momentânea...

– Eu não sou cega Ed... e não esqueça dos cuidados com o automail... e ligue se precisar marcar um encontro para reparos. – Com certeza iria precisar, afinal ele já quebrou todos os maravilhosos automails que fiz pra ele...

– Ei... Winry... falando em encontros... – Por que ele sempre faz isso? Fica enrolando e nunca fala o que quer?

– Sim? Diga. – Se demorasse mais, perderia o trem...

– Troca equivalente!! Eu te dou metade da minha vida e você me dá metade da sua. – Como assim, metade?

– Alquimistas realmente são idiotas assim? Não seja burro... eu te darei tudo o que tenho... – Não poderia viver só com metade de você... pois eu desejo você por inteiro...

– Deve ser por isso que te amo tanto, Winry – Me abraçou forte. Seus braços eram tão quentes... poderia ficar assim com você até o fim dos tempos...