Afunde-se na terra devastada por baixo escrita por SrtaCass


Capítulo 4
Existe algo tão destrutivo como um filho?


Notas iniciais do capítulo

Consegui postar adiantando! Boa leitura.



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“Existe algo tão destrutivo como uma filha?” Silco, Arcane

 

 

 

— Isso explica tudo. — Murmurou Vergil enquanto colocava a mão na testa de Nero para sentir a temperatura corporal. — Temos que queimar todo o lugar ao chão antes que seja tarde. 

Quando chegaram na igreja, a encontraram vazia, sem uma alma por perto mas ainda com os portões abertos e as cinzas do primeiro demônio perto da entrada. 

Sem perder tempo, Dante colocou Nero deitado no banco da frente da igreja enquanto ia pegar água e pano para fazer uma compressa para diminuir a temperatura do garoto. Já Vergil ficou ajoelhado ao lado do filho o vigiando como a mãe-galinha que ele era. 

— Espere Vergil, deixe-me evacuar a população desse lugar primeiro! — Disse Dante com seriedade. — Não precisamos de inocentes morrendo no meio disso tudo. 

— Não seja estúpido, Dante! — Repreendeu Vergil, levantando e olhando friamente para o irmão. — Você acha mesmo que algum ser humano sobreviveria num território com um parasita demoníaco controlando tudo?! 

Dante, ainda com esperança de encontrar inocentes nesse caos, não deu o pé a torcer. 

— Qualquer coisa pode sobreviver com força de vontade! Não vamos abandonar inocentes por conta do seu egoísmo! Não seja um canalha agora, Vergil! — Gritou Dante já jogando a cautela fora. — Você sabe que eu me preocupo tanto com Nero quanto você! Só porque sou o tio dele, não quer dizer que me importarei menos com ele quanto você se importa! 

— Ainda você está mais preocupado com estranhos do que com a própria família. — Finalizou Vergil dando as costas para Dante antes de voltar a atenção para o seu filho. 

Agora não era hora para discutir. Não com o garoto vulnerável no meio de uma missão como essa. Pensou Dante olhando para um Nero inconsciente. 

Se repreendendo por perder tempo e se recompondo para evitar outra discussão desnecessária, Dante se virou para Vergil. 

— Irei tentar encontrar algo para ajudá-lo. — Prometeu Dante antes de voltar a andar para a entrada da igreja. 

— Dante. 

O Lendário Caçador vermelho parou brevemente no portão, sem se virar para o irmão. 

— Tome cuidado com as vinhas, elas são mortais. — Aconselhou Vergil antes de demitir o seu irmão. 

— Eu irei. — Respondeu Dante antes de sair portão à fora para o vilarejo. 

 

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Chegando no centro do vilarejo, Dante acaba percebendo algumas coisas estranhas com os residentes. 

A primeira coisa é que todos estão com o mesmo estilo de roupa, o manto branco os cobrindo da cabeça aos pés. Mas diferente do culto da igreja que dava para ver os olhos, os habitantes usavam o manto cobrindo até os olhos. Pode-se dizer que isso já deixou alertas piscando em sua cabeça. 

A segunda coisa foi que quando Dante tentou parar alguns transeuntes para fazer perguntas, todos o ignoraram e continuaram seguindo seu caminho, sem se virarem para dar um segundo de atenção. 

E a terceira coisa e o que fez acreditar que tinha algo errado naquele vilarejo era que todos que estavam andando ao ar livre, pareciam que estavam fazendo mecanicamente, sempre andando para um lugar para outro, pegando algo, ou fazendo algo mas sempre voltando a fazer a mesma coisa em seguida. 

E nenhum deles estavam falando, só estão em movimento constante. 

Dante andando ao redor para tentar perguntar algum transeunte, acabou se esbarrando em uma das figuras e assim a empurrando para o chão sem querer. 

Tentando ajudar a pessoa de manto caída no chão, Dante colocou uma mão no braço e a outra na mão da figura. E com esse gesto, finalmente percebeu o que estava errado com os habitantes do vilarejo. 

A mão que segurava era uma mão de porcelana, pensou Dante chocado. 

Puxando o manto para ver completo, Dante percebe que são manequins demoníacos. Não é a toa que essas coisas estão andando cobertas, com essa cara desfigurada. Pensou Dante se afastando e preparando terreno para uma luta. 

Vendo que foi descoberto, o demônio se levantou e se dirigiu para cortar o caçador vermelho ao meio só para acabar cortando o ar. 

— Bem que esse vilarejo era bom demais pra ser verdade. — Suspirou Dante, se esquivando facilmente e tirando Ebony e Ivory e atirando balas no demônio. 

Após o demônio cair em cinzas, Dante se virou para os habitantes que pararam a 'programação' de movimentos e encararam o caçador vermelho. No próximo segundos todos os habitantes estava deixando os mantos e revelando os corpos desfigurados desses manequins demoníacos. 

— Parece que terei toda a diversão para mim, então. — Disse Dante antes de correr para a batalha contra todos os habitantes demoníacos presentes. 

 

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— Aí eu disse para aquele merdinha, se você quer deixar uma garota feliz, faça algo para agradá-la! — Disse Nico segurando um cigarro em uma mão e acenando a história com a outra. — Quem saberia que desse conselho Nero viraria jardineiro! — Finalizou, gargalhando. 

Lady e Trish não puderam deixar de rir juntas. Pensar em Nero todo sujo de terra e plantando com um sorriso bobo para Kyrie seria impagável de se ver. 

E fofo também. Só não deixe o garoto saber, ninguém saberia o fim disso. 

Demorou algumas horas mas Nico finalmente conseguiu chegar com as garotas para outra parte da região Leste da Fronteira, onde estava uma das rachaduras. Como as garotas finalmente encontrou o lugar que está trazendo demônios para esse plano, ficou mais fácil de lidar com a situação. Afinal, só precisam destruir a rachadura e caçar o restante dos demônios. 

Enquanto as garotas arrumavam seu armamento dentro da van para sair na missão e Nico sentada na cadeira de motorista contando como Nero tentou plantar e não deu certo, um celular começou a tocar dentro da van. O trio de garotas pararam um momento para ver qual celular estava tocando. 

— Opa, acho que é o meu. — Comentou Nico com um sorrisinho antes de apagar o cigarro e pegar o celular jogado no chão da van. 

— Devil may cry, onde salvamos sua bunda de qualquer demônio, o que precisa? — Perguntou Nico com um sorriso. 

— Os meus livros de estudo demoníacos estão na van, Nicolleta? — perguntou Vergil apressadamente. 

— Olá para você também, Pai demônio. Diga ao filhote e seu irmão que mandei um oi. — Comentou Nico já imaginando que eles estariam juntos. 

— Não estou com tempo para isso, Nicolleta. Me responda, meus livros de estudos demoníacos estão por aí?! — Perguntou Vergil com a ligação começando a falhar. 

Nico com o telefone na orelha, se virou na cadeira do motorista e olhou para trás até localizar a coleção de livros largados no chão ao lado do banheiro. 

— Estão aqui ainda, precisa de algo? — Perguntou Nico sentindo a seriedade da situação. 

— Preciso que você procure por algo para mim. 

— Vergil, você sabe que não sou uma pessoa que curte ler. 

— Nicolleta. — Repreendeu Vergil. 

— Só de imaginar ler um livro já me bate um sono! E como estou em missão, não posso desmaiar em algum lugar agora. — Reclamou Nico ainda olhando para a pilha de livros. 

— Nicolleta, por favor. — Implorou Vergil. 

Nico parou, olhando chocada para o telefone sem acreditar no que ouviu. 

Vergil, o Alfa e Ômega, o atual Rei do Inferno, o irmão Sparda orgulhoso, implorou ajuda para ela agora? Porra, o mundo deve está acabando de novo e ela nem tinha percebido. 

— O que está acontecendo? Vocês estão morrendo?  — Perguntou Nico seriamente tentando entender a situação.

— Não sei dizer até que você me dê uma resposta desses livros. — Sussurrou Vergil começando a sentir uma fraqueza atrás da linha. — A vida de Nero está em jogo. 

— O que você precisa? — Perguntou Nico andando para a coleção de livros. 

.

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— Pai...? — Murmurou Nero tentando se manter acordado. 

— Nero, estou aqui. — Sussurrou Vergil. — Como você está se sentindo? 

— Me sinto como seu tivesse pegado um resfriado de inverno, pai. — Comentou Nero lembrando que o último inverno ele conseguiu ficar doente e sendo cuidado pela Kyrie e seu pai. — E muito cansado... 

Nero tentou abrir os olhos mais uma vez, mas continuou sentindo mais fraqueza com o esforço. Ele sentiu algo gelado sendo colocado na testa, provavelmente uma compressa para ajudar com a febre que seu pai acabou de colocar nele. 

— Eu sinto muito, Nero. 

— Pelo o quê, pai? — Sussurrou Nero devagar. — Não foi sua culpa... o meu erro. 

— Eu não pude te proteger. — Disse Vergil, segurando a mão do filho. 

— Mas você está aqui agora... Isso é o que importa. — Disse Nero com dificuldade. 

— Nero, prometa-me que você ficará acordado. — Implorou Vergil apertando a mão do filho para dar e conseguir conforto. — Preciso que você fique acordado até que consigamos tirá-lo desde lugar. 

— Eu... Eu tentarei. — Sussurrou Nero com dificuldade. — Mas sem promessas... 

— NÃO! — Gritou Vergil enquanto agarrou o filho e começou a balança-lo desesperadamente. — Você tem que me prometer! Por favor! Você não pode me deixar! Não foi para isso que comecei a lutar por essa família! 

— Pai... — Sussurrou Nero cansado. — Eu estou morrendo...? 

Nero percebendo que não teve resposta, já estava se resignando a tentar a cair na escuridão antes de sentir algum líquido cair em seu rosto. Tentando entender o que está acontecendo, Nero dessa vez usa sua energia restante para abrir os olhos. Quando sua visão finalmente se ajusta ao ambiente, uma visão chocante de partir o coração é apresentada a sua frente. 

Ele encontra seu pai chorando em cima dele com um rosto pálido, abalado e triste, segurando-o como uma coisa frágil e preciosa. E vendo seu próprio pai num estado devastado pela primeira vez, Nero sucumbe a dor e tristeza transbordando do pai. 

A realidade finalmente caiu sobre Nero. Então era isso. Ele estava morrendo nesse lugar esquecido por Deus. E o mais hilário e macabro, seu último suspiro será dentro de uma igreja. 

Nero respirou fundo. Mesmo sentindo as suas próprias lágrimas caindo e dor por todo o corpo, ele forçou o resto de sua energia nessa última conversa com seu pai. 

— Vai ficar tudo bem, pai. — sussurrou Nero, tentando acalmar o pai desamparado. 

— Eu sinto muito, filho. — Gorgolejou Vergil tentando não sufocar com as lágrimas. 

Vergil abraçou o corpo frágil do seu filho, sentindo o seu corpo ficar mais gelado a cada segundo. Não demorou muito para as veias aparecerem pretas na pele muito pálida de Nero. 

— Preciso que você diga a Kyrie que eu... Eu a amo. — Disse Nero começando a delirar.  — Preciso... Preciso que vocês saibam... Saibam... 

Vergil apertou mais o filho contra si, começando a gritar por Dante mas sem resposta para o apelo. 

— Que amo... Vocês... — Nero deu um suspiro no final. 

Vergil continuou gritando pelo irmão até perceber que o corpo do filho parou de tremer por um tempo. Quando ele soltou um pouco o aperto em Nero e olhou para o rosto, ele finalmente percebeu que Nero parecia que estava dormindo um sono tranquilo, mas o que quebrava essa fantasia é que ele não estava mais respirando. 

E tudo explodiu.

 


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Notas finais do capítulo

Resumo do próximo capítulo:

— E você achou mesmo que esse plano iria dar certo? — Respondeu Dante, terminando de cortar os últimos corpos e vinhas.

— É claro, afinal, ele terminou de se alimentar de um de vocês agora. — Disse o demônio colecionador olhando para a igreja com um sorriso cruel e insano.

Antes que essas palavras fossem digeridas completamente pelo Lendário Caçador vermelho, um barulho alto e ensurdecedor foi ouvido no ambiente. Dante virou e seguiu a visão ao topo da montanha, onde viu destroços voando ao redor enquanto enormes vinhas cobria todo o terreno onde uma vez estava a igreja.

O lugar onde Dante deixou um Nero doente e um Vergil preocupado para a sorte.

— Não... — Sussurrou Dante quando finalmente o que o demônio disse anteriormente foi digerido em meio ao choque e horror



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