Um Reino de Monstros Vol. 2 escrita por Caliel Alves
De modo inesperado, nenhuma explosão ocorreu, o trio ergueu-se do chão com pistolas apontadas para as suas cabeças.
— Vocês acharam que não tínhamos um sistema de segurança no nosso paiol? A sala tem um selo mágico para impedir a propagação de energia mágica. Agora, mãos para o alto, se levantem bem devagar e não façam nenhuma bobagem.
— É isso aí. Vocês estão dominados! Eu sempre quis dizer isso.
Os dois militares pareciam felizes em render os prisioneiros.
O servo de Nalab deu um sorriso de escárnio que assombrou até mesmo o garoto.
— Acham mesmo que estamos dominados?
— E porque não estariam?
— Olhem bem quem foi dominado.
Os olhos do conjurador se fixaram nos pés dos alquimistas, eles fizeram o mesmo, e se decepcionaram por saber que o mascarado usara sua magia divina para capturá-los.
Enquanto estava agachado no chão, ele entoara um cântico a sua deusa e usara a Prisão da Sombra. Os oficiais rangeram os dentes, tinham caído num simples truque!
— Saragat, como você consegue manter os dois presos em sua conjuração ao mesmo tempo?
— Quanto maior a sombra do alvo, maior o meu poder de domínio sobre ele. As sombras são o meu elemento, Tell.
O mago-espadachim se virou para o balé de sombras. A projeção do mascarado constringia o pescoço dos reflexos dos alfonsinos. Eles debatiam-se em vão, o encapuzado controlava a sua sombra de modo preciso.
— Olhem para mim, não somos os seus inimigos...
— E-então, p-prove o que d-diz...
— L-largue-me, t-to sufocando...
Desfazendo a conjuração, os alquimistas desabaram. Enquanto eles se recuperavam, o trio de fugitivos se preparava para uma nova investida. Os militares se ergueram.
— Está bem, se é verdade o que dizem, mostre-nos o Monstronomicom.
O Lisliboux pegou o tomo e revelou-o por debaixo de sua capa. Os olhos dos dois oficiais brilharam ao ver as letras dourado no fundo preto.
Ao ver a emoção dos homens, o jovem fez uma pergunta:
— Querem ver?
— SIM!
Sem antes pedir, o livro foi retirado da mão dele. Ambos passaram as páginas de um lado para o outro. Ficaram receosos, todas as páginas estavam em branco, não havia proêmio, nem sumário.
Nele só havia duas páginas com conteúdo, uma delas era a imagem de uma caveira, menos horrorosa que as que já tinham visto, mas ainda assim constituía uma visão perturbadora. A outra imagem era a de uma alma de gato.
— Ei! Que negócio é esse. Eu achei que era um manual de como matar os monstros.
— Não sei como esse livro de colorir vai ajudar a derrotar a Horda.
— Então vocês não sabem o que é o Monstronomicom?
Com um gesto de cabeça, eles deram uma negativa ao garoto. O livro foi devolvido. O jovem repôs o livro na alça abaixo da capa.
— Levem-nos até a sala do comando-geral de vocês, precisamos falar com o seu líder.
— Tudo bem, vem conosco, mascarado.
Saragat impediu Tell de acompanhar os dois militares, pois faltava algo.
— Não está esquecendo nada não, lerdo?
— Ah sim! Nossas armas.
— Entrem e peguem.
O conjurador e o neto de Taala adentraram o paiol e foram atravessando as dezenas de prateleiras de olmo.
Index ajudou na busca voando pelo local, até que ele encontrou os objetos mais ao fundo, escorado em suportes com identificação particular, o sabre flandino e o Cajado Nebuloso. O mascarado beijou o artefacto emocionado, o mago-espadachim embainhou o sabre.
— Vamos?
— Sim, já pegamos as nossas armas.
— Um conjurador das sombras sem o seu cajado não é um conjurador das sombras.
Todos riram da observação de Saragat, principalmente os alquimistas, para eles, o substantivo correto seria “conjuradora”. Eles saíram do paiol e rumaram para o comando-geral.
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