Realmente a blusa de Eddie caberia, facilmente, duas de mim dentro. Já a cueca/shorts ficou levemente mais justa, mas nada apertado. Estava confortável.

— Vou levar minhas coisas lá na sala. - Pega um cobertor e um dos travesseiros na cama, indo em direção a sala. Geralmente sempre que durmo aqui, Eddie dorme na sala e eu no seu quarto.

— O teu cu Edward. - Me encara assustado, boquiaberto. - Assisti pela vigésima vez aquele filme horroroso e dessa vez não tenho minha mãe e nem meu bichinho de pelúcia pra abraçar e ficar calma. Então vai ser você mesmo, trate de trazer essa bunda gorda de volta aqui. - Aponto para a cama e começo a me deitar.

A cama era de solteiro, obviamente já que o espaço aqui é mínimo, mas também não é pequena. Caberia nós dois ali tranquilamente e, também, não me importo em dividir a cama com ele. Geralmente o fato de dormir na sala é uma escolha dele.

Ele pode ser maluco, mas é respeitoso.

— Tem certeza? Eu vou acordar de pau duro. - Coloca o travesseiro ao meu lado, me ajeito mais ao canto, aumentando um pouco o espaço que sobrou.

— Isso se chama biologia Ed e, ao contrário de você, eu sei como é e como funciona. - Rolo os olhos e o encaro.

— Liam não vai ficar com "ciuminho"? - Faz uma voz mais fina ao pronunciar a ultima palavra. Fico pensativa por alguns segundos.

— Ele não precisa saber disso... - Não demora muito Eddie apaga a luz, deixando o quarto ser iluminado com o luar fraco - já que a cortina é fina, e ajeita-se ao meu lado. - Então, terminou mesmo com a cabeça de fósforo? - Conversávamos deitados de barriga pra cima, observando o teto.

— Sim, foi o melhor a fazer. E como eu disse, era apenas um romance de colégio. - Deu de ombros. - Ela era até legal, principalmente por que gostava muito de D&D, mas era meio...

— Chata, imbecil, sexual... Posso fazer isso a noite toda.

— Por ai e ela não gostava de você, acredite se quiser, aquela cena no shopping me deixou traumatizado. - Finge que um arrepio passou pela sua espinha, me fazendo rir.

— Pelo amor de Deus, me diz que vocês não transaram nessa cama. - Finalmente viro minha cabeça em sua direção, observando pela luz do luar  um sorriso travesso. - Edward!

— Calma a pirralha, não foi aqui. Foi na cama dela. - Solta uma gargalhada, me fazendo bufar por motivos de... Não sei. Apenas quis.

— Muito engraçadinho, o piadista do ano.

— E seu melhor amigo. - Ele me encara, com a luz fraca do luar observo seus olhos. Sorrio.

Sempre amei os olhos de Eddie, são hipnotizantes. 

— Sabe que pode me abraçar pra poder dormir né? - Assinto de leve.

Respiro fundo, deitando de lado ficando de frente pra ele. Enquanto o mesmo estava de barriga pra cima. Sou o tipo de pessoa medrosa, sempre fui, e o cabeludo sabe disso. Nem precisa me encarar pra me abraçar lateralmente e eu me acomodar com a cabeça em seu peito, agarrando sua cintura.

Meu ursinho de pelúcia que me perdoe, mas dormir abraçada com Eddie é muito melhor do que com ele.

—---------------------------

Meu consciente começa acordar lentamente. Sabe aquele momento que seu cérebro começa a despertar e você começa a se questionar: onde estou? Quem sou eu? Por míseros segundos até reconhecer que você está apenas acordando para um outro dia.

Mas hoje foi diferente. Primeiro que não estava no meu quarto, mas sim no de Eddie. Segundo que estava na cama dele, dormindo de... Conchinha com o próprio. Conseguia sentir sua respiração leve na minha nuca, seu corpo grudado no meu, por Deus conseguia sentir sua excitação matinal na minha bunda.

Porém, com certeza o meu momento de choque ao despertar foi sentir sua mão agarrando meu seio direito. Imediatamente tranco minha respiração e acabo sentindo minha barriga gelar. Não deveria sentir essa sensação, não com Eddie.

Só que nunca fui tocada por nenhum homem, pelo menos não assim.

Passo a ignorar meu nervosismo e a maldita cambalhota que minha barriga resolveu fazer, reprimir essas sensações é o melhor a fazer.

— Ed... - O chamo uma vez, o mesmo nem se mexe. - Eddie... - Novamente, nada. - Edward! - Grito para que o mesmo me escute. Assustado ele senta-se na cama imediatamente, eu teria rido muito, senão fosse o fato de estar agarrado a mim, por aquela parte lá que já disse, e me levado junto. Acabei caindo deitada em seu colo, deitada. - Filho da puta, quase arrancou meu seio fora.

— Fala baixo, meu tio já esta dormindo a essa hora e... Seu seio?! - Para de olha para o relógio ao lado da cama e me encara assustado. - Como assim seu seio?

— Você dormiu agarrado nele. - Massageio meu seio direito, realmente me machucou. Afasto a gola da camisa pra dar uma chegada. Mamilo: ok. Aurélia: ok. Tudo certo. Só o sutiã que estava meio torto, o ajeito rápido.

— Você vai me bater se eu falar que essa cena foi a coisa mais sexy que eu já vi? - Me olha como se encara-se minha alma.

E a maldita cambalhota resolveu dar o ar da graça novamente. Mas que inferno está acontecendo comigo?

Fingindo costume, apenas dou um tapa leve em seu braço rolando os olhos. Como se dissesse: para de ser idiota, seu imbecil. Quando na verdade estava excitada.

Espera... Quê?

— Que horas são? Preciso ir pra casa. - Mudo de assunto rápido, antes que a cambalhota resolva voltar.

— São onze horas. Só você pra me fazer acordar antes das 13h durante o recesso de primavera. - Sai da cama indo em direção ao guarda roupa, pegando uma roupa qualquer. Não sem antes dar bom dia pra guitarra amada, pendurada no espelho ao lado.

É ele é desse tipo.

— Vou me trocar no banheiro, assim você pode se trocar a vontade aqui. - Sai em direção a porta do quarto, fechando-a em seguida. Respiro fundo tentando acalmar meu corpo.

Que merda está acontecendo comigo?!

Resolvo deixar o dilema de lado e me trocar, coloco a mesma roupa de ontem novamente. Com exceção que continuo com a blusa enorme, gostei dela. Mais uma das blusas de Edward Munson para minha vasta coleção.

Saio do quarto, já vestida, e o vejo na pequena cozinha preparando alguma coisa (provavelmente torradas). Ele me faz um sinal de silêncio, já que o quarto do tio é mais próximo dali. Mas lança um olhar irritado assim que vê a blusa do Queen ainda em meu corpo.

— Vai roubar outra blusa Williams? Assim vou ficar sem nada. - Sussurra enquanto mexe um omelete na frigideira.

— Não tenho culpa de ficar tão bonita nas suas roupas. - Dou de ombros ficando ao seu lado, me encostando no balcão improvisado que tinha ali.

— Preciso concordar quanto a isso. - Me mede de cima abaixo, parando na altura dos meus seios. Novamente minha respiração para e as cambalhotas aparecem.

— Bom dia! Hazel, não sabia que estava aqui. - Senhor Wayne aparece com uma cara de sono saindo do quarto, ainda de pijama.

— Bom dia senhor Wayne, desculpa não queríamos acordá-lo. - Ele sorri em minha direção.

— Não se preocupe Hazel, não me acordaram. Cheguei em casa era 2h da manhã, deu pra descansar bastante do turno. - Acomoda-se na cadeira ao lado da mesa. - E já disse para me chamar apenas de Wayne minha jovem, não precisa do senhor não. Não estou tão velho assim.

— Quer omelete tio? - Eddie pergunta depois de colocar o omelete pronto num prato.

— Quero sim Eddie, por favor. Enquanto isso preparo um café para nós. - Levanta-se indo até a cafeteira.

Sempre achei linda a relação de tio e sobrinho dos dois. Da mesma forma que Eddie o respeita muito, senhor Wayne faz o mesmo pelo sobrinho.

Depois de alguns minutos estávamos comendo ali nosso café da manhã reforçado e rindo das histórias que seu tio contava do que aconteceu na fábrica.

— Não quer ficar pro almoço Hazel? Hoje vou fazer salsicha e legumes grelhados. - Senhor Wayne me convida, mas infelizmente preciso negar.

— Desculpa Sen... Wayne. - abafo uma risada com a encarada do próprio, sorrindo assim que o chamo apenas pelo nome. - Mas vou precisar negar, já marquei um compromisso. Prometo que na próxima eu almoço com vocês.

— Vou cobrar viu! - Aponta em minha direção, falando com um tom ponderado. Apenas dou risada assentindo, garantindo que vou manter minha palavra.

Depois de alguns minutos já estava no banco passageiro da van de Eddie a caminho de casa. I was made for lovin’ you do KISS tocava a todo vapor nos autofalantes, sorrindo encarava Eddie dirigir enquanto cantava e batucava os dedos no ritmo da música no volante.

— Então, posso saber com quem é esse tal compromisso? - Pergunta depois do fim da música, diminuindo o volume do rádio. Agora tocava Paranoid do Black Sabbath, uma das suas bandas favoritas.

— Bem, eu ainda vou marcar... Mas é com o Liam, quero ver se ele quer sair para o shopping ou só um passeio no parque. Sei lá. - O moreno me encara rapidamente.

— Sério mesmo que você vai me deixar de lado pelo mauricinho?

— Você pode sair e eu não? Que tipo de amizade é essa?

— Do tipo ciumenta. Mas infelizmente preciso aceitar que você ama aquele jogador babaca. - Chegamos em frente a minha casa, ele se vira de frente para mim. - Você sabe que a minha relação com o pessoal do time não é a das melhores, mas saiba que eles podem te fazer mal também. Eu... Eu só quero proteger você. E por andar comigo e ser minha amiga, e eles sabem disso, podem fazer sei lá... Qualquer mal a você.

— Liam não faria isso Ed, você sabe.

— Não, eu não sei. - Bufa se jogando no banco. - Eu só quero cuidar de você ok? Você é muito delicada pra esse mundo e é uma das pessoas mais importantes na minha vida. Não sei o que faria se algo de ruim acontecesse com você. - Abaixa o olhar para as mão em seu colo. O encarando, respiro fundo e solto o cinto de segurança, me virando em sua direção e me aproximando.

— Você jamais vai me perder Ed, a menos que você mate o presidente, ai já não posso te defender. - Rimos. - Só quero que saiba que você é uma das minhas pessoas favoritas também. Foi, é e sempre será. - Sorrindo beijo sua bochecha, logo saindo da van e me despedindo quando chego na porta de casa.

O moreno acena de volta e sai a toda velocidade com Black Sabbath tocando a todo volume.

—-----------------------

— Oi, posso falar com Liam por favor? - Pergunto assim que escuto uma voz que não pertencia a ele.

— Assim, só um minuto. - A pessoa grita por seu nome, me fazendo afastar alguns centímetros o telefone do ouvido.

— Alô? - Reconheço a voz do jogador.

— Oi Liam é a Hazel. - Nervosa, conseguia sentir meu corpo se tremer todo ao conversar com ele.

— Haz, minha linda! Como vai?

— Estou bem obrigada, só liguei pra saber se quer sair hoje de tarde? Talvez irmos ao shopping ou algum outro lugar que você queira. - Consigo ver minha mãe da cozinha me mandando dois dedos positivos, como se dissesse "é isso ai filha". Desvio o olhar pra não rir.

— Mas é claro, acho que o shopping é legal. Assim podemos comer alguma coisa e dar algumas voltas. Te pego as 14h. - Sorrindo confirmo o horário e desligamos.

— Minha filha tem um encontro! - Mamãe fazia uma dancinha esquisita na cozinha, me fazendo gargalhar. Essa mulher é uma figura. - Agora suba logo e procure uma roupa linda! Quero ver os olhos desse garoto brilhando.

Rapidamente subo as escadas em direção ao meu quarto, me enterrando dentro do meu guarda roupa. Mas sinceramente, eu não queria tirar a blusa de Eddie.