Justin Bieber 

Olho para garota ao meu lado e vejo o nervoso em seu semblante. Fixo meus olhos em meu pai e sorrio fracamente. — Lanchonete! - Respondo e sinto os olhos de Melissa me queimarem. 

— Interessante. - Meu pai responde. — Foram fazer um lanche e se encontraram casualmente? - Pergunta sorrindo com o tom de brincadeira. 

— Si... 

Interrompo a ruiva. — Ela era a garçonete que me serviu e eu me apaixonei. - Digo atraindo o olhar de todos. Passo meu braço ao redor do pescoço da ruiva e sorrio. — Ela é tudo que eu nunca achei em garota alguma! - Ela arregala os olhos. 

— Surpreendente! - Minha mãe diz sorrindo. — Está mesmo apaixonado! Nunca falou assim de garota alguma. 

— Na verdade, ele nunca nos trouxe garota nenhuma para conhecermos. - Meu pai complementa, olhando para a ruiva que sorri timidamente. — E melhor, nunca vi se envolver com ninguém que fosse de fora desse meio social que considera tão interessante.  

— Senhor... 

A garota é novamente interrompida. — Não me entenda mal. Foi um elogio! - Explica-se. — Nunca gostei dessas modelos que ele arranjava. Muita beleza e pouco conteúdo! - Brinca. 

— Oh... - Mel ofega. — Obrigada! 

— E vocês... - Minha mãe se direciona para os irmãos de Mel. — O que fazem? Faculdade? 

— Eu queria muito, mas sempre nos faltou dinheiro. - Milena solta e em seguida vejo-a pular sentindo um beliscão de Mel. — Desculpe! - Sussurra para irmã e eu rio. 

— E os pais de vocês? - Meu pai continua o interrogatório. 

— Morreram! - Keneti responde friamente sem tirar os olhos do seu prato. — Somos apenas nós três. - Finalmente encara meus pais, olho no olho. 

— Sentimos muito! 

— Obrigada! - Mel responde. 

— Então, quando pensam em se ca... 

Corto. — Por favor, parem um pouco com esse interrogatório. - Peço apontando disfarçadamente para Mel, que se concerta desconfortavelmente na cadeira. — Vamos apreciar a refeição primeiro! - Imploro e eles assentem entendendo a situação. 

Melissa Andrews 

Observo os pais de Justin e por um segundo penso em como seria minha vida se meus pais estivessem aqui. Talvez o mundo não tivesse sido tão cruel comigo. Beberico da minha taça de champagne enquanto abraço meu corpo com um dos braços. Por mais assustador que tenha sido de início, eu me sinto acolhida de certa forma.  

Fixo em Kenedi sentado no banco do jardim enquanto digita nervosamente algo no celular. Suspiro preocupada com cada atitude que ele toma. Olho para Milena que conversa empolgadamente com Pattie e então meus olhos são capturados pela imagem de Justin brincando com seus irmãos e seu pai. 

Ele será um bom pai, um dia! 

— Ele sempre foi bom com crianças. - Escuto a voz meiga de sua mãe dizer. — Apesar dessa postura de rebelde incurável. - Brinca e eu sorrio. 

O loiro me olha rapidamente e faz um sinal para as crianças, vindo em minha direção. — Quer participar? - Pergunta-me. — Eles disseram que você gostaria de brincar de amarelinha. 

Rio. — Eles são espertos. - Respondo colocando a taça sobre a mesa. — Com licença! - Digo para Pattie que assente meigamente. 

Justin me oferece a mão e eu pego a mesma. Ele me guia até um banco e faz sinal para que eu sente. — Seus saltos.  

— Hum? 

— Não vai conseguir brincar assim. - Aponta para os saltos. Caio na real e assinto. Sentando-me e retirando os saltos. — Melhor! - Ele ri me ajudando a levantar. Sinto a grama gelada em meus pés e estremeço. — Está com frio? - Gargalha. 

— A grama está gelada! - Devolvo. Ele balança a cabeça e sem que eu espere, ele passa o braço em minha cintura e pega minhas pernas com o outro braço. Carregando-me. — Justin... 

Porque tudo parece tão verdadeiro? 

— Entre no personagem! - Sussurra me olhando nos olhos. A felicidade que havia de certa forma preenchido meu corpo e a sensação de acolhimento, desabam. 

É tudo fingimento. Acorde! 

Abaixo o olhar e faço peso para que ele me largue no chão. — Estou de vestido! - Disfarço assim que meus pés tocam o chão. — Então crianças, vamos brincar? - Me afasto indo em direção aos pequenos. 

Justin Bieber 

Estaciono em frente à casa simples e desligo o motor do veículo. — Muito obrigado por hoje! - Digo olhando os dois irmãos pelo retrovisor interno. Vejo-os assentir. 

— Boa noite! - Milena diz descendo do carro. Kenedi me estende a mão e eu solto o cinto, virando de lado e cumprimentando-o. 

— Esperamos você lá dentro! - Kenedi diz para Mel que apenas assente sem expressar nenhuma emoção. 

Observo-os adentrar a casa e fechar a porta. Olho para garota ao meu lado e penso no que dizer. Desde que a carreguei nos braços, ela se fechou como se eu tivesse feito algo de errado. — Correu tudo bem! - Digo calmamente. 

— Sim. 

— Você está bem? - Pergunto procurando seu rosto. Ela vira para me olhar e sua expressão demonstra indiferença. 

— Apenas cansada. - Responde tirando seu cinto. — Nos vemos amanhã! - Ela diz abrindo a porta do carro.  

— Mel! - Chamo e ela me olha, surpresa. 

— Me chamou de que? 

Engulo em seco. — Vamos nos casar. - Sorrio. — Precisamos de apelidos carinhosos, não acha? - Dou de ombros. — Melhor do que, Amor! 

— E do que quer que eu te chame? - Pergunta sem ânimo. — Bebê? Vida? Mozão? Chuchu? 

— O que? Não. - Balanço a cabeça. — Por que está tão azeda comigo? - Pergunto atraindo seu olhar, ofendido. 

— Será porque você está entrando demais no personagem?! - Exaspera me pegando de surpresa. 

Arregalo os olhos. — Mais é o que precisamos para que todos possam acreditar. - Sorrio tranquilizando-a. 

— Mas não o suficiente para deixar o outro balançado. - Grita e eu abro ainda mais os olhos. 

Eu a deixei mexida? Porque? 

— Eu te deixei balançada? - Pergunto incrédulo com sua confissão. Ela arregala os olhos e vejo-a tremer. 

— Digo, desconfortável! - Responde timidamente. — Eu... - Ela passa as mãos pelas bochechas rosadas e me dá as costas. — Eu bebi mais do que devia. - Sai do carro. — Boa noite! - Não me dá tempo de responder e corre para dentro da casa. Passo a mão na nuca e rio ainda incrédulo com sua atitude. 

Melissa Andrews 

Abro os olhos e fito o teto branco do meu quarto. Um turbilhão de cenas percorre minha mente, mas principalmente a do carro com Justin. Bato as mãos no colchão e bufo, irritada. 

Merda, Melissa! Aonde está com a cabeça? Como vou agir perto dele agora? 

O sol atravessa a fresta da cortina e toca meu rosto. O dia amanheceu tão rápido. Levanto-me e pego meu celular. Há uma mensagem de Justin e meu coração dá um pulo. Jogo o telefone na cama e passo as mãos pelos cabelos. Respiro fundo e volto a pegar o objeto, tomando coragem e abrindo a mensagem. 

Vocês se mudam hoje! Estejam prontos às 14hs. - Justin.  

Jogo novamente o celular na cama e pego um travesseiro, colocando o mesmo no rosto e gritando abafadamente. — O que a almofada te fez? - A voz da garota soa e eu abaixo o travesseiro, olhando-a parada na porta do quarto. 

— Não sabe bater na porta? - Pergunto, irritada. 

— Estava aberta! - Responde, revirando os olhos. — Porque acordou tão mal humorada?  

— Vamos nos mudar hoje! - Solto me levantando e indo até o guarda-roupa. — Vá acordar o Kenedi e comecem a se ajeitarem. 

— Para onde vamos? - Pergunta. 

— Casa do Justin. - Respondo sem ânimo. Pego uma mochila e começo a colocar algumas roupas dentro. — Não precisa muita coisa, somente o necessário. - Eu explico e escuto seu suspiro. Olho para trás e vejo-a se afastar, indo para seu quarto. Suspiro e me jogo na cama, impaciente. 

***  

O carro luxuoso para em frente à minha casa e meu corpo treme. O loiro desce do veículo e caminha em nossa direção. Ele carrega um, óculos escuro no rosto que lhe dá um ar mais sensual do que já tem. Ele sorri para mim e sinto minhas bochechas queimarem. — Bom dia! 

— Bom dia! - Eu e meus irmãos respondemos. 

— Prontos? - Pergunta e assentimos. Ele se aproxima de mim e pega a mochila de minhas mãos. — Deixe comigo! - Ele carrega a mesma para o carro enquanto acompanhamo-lo. 

Viro-me para olhar a casa e sinto meu coração apertar. — Não será um adeus e sim um até logo! - Resmungo sozinha, lembrando-me de quantas coisas vivemos nessa casa. 

— Voltaremos! - Kenedi diz pegando em meu ombro. Olho-o e assinto sentindo meus olhos marejarem. 

— Podemos ir? - O loiro pergunta atraindo nossa atenção. Assinto e respiro fundo, caminhando para o carro e adentrando o mesmo. Meus irmãos fazem o mesmo e então Justin dá partida no veículo, nos levando para longe do nosso lar. 

Justin Bieber 

Deixo as mochilas de Melissa caírem no chão da sala e olho para o trio. — Bem vindos! - Digo sorrindo enquanto eles olham em volta, admirados. — Esse será o novo lar de vocês. 

— Nossa! - Milena ofega. 

— Cara, você realmente morava aqui, sozinho? - Kenedi pergunta e eu rio, assentindo. — Deve ter sido muito solitário. 

— Então, Mel... - Atraio sua atenção. Ela me olha sem expressão. — O que achou? - Ela dá de ombros. — Você pode ir deixando sua cara com o tempo. - Digo. 

Ela dá de ombros. — Um ano passará rápido o suficiente. - Responde ríspida. — Talvez não dê tempo e nem seja viável. 

Penso em dizer algo, mas Maria se aproxima. — Deixe-me apresentar vocês... - Sorrio puxando a senhora para perto. — Essa é Maria, minha segunda mãe e a mulher que vocês podem contar para tudo. - Sorrio. 

— Bem vindos! - Maria diz educadamente.  

— Essa é minha noiva, Melissa! - Aponto. — E esses são seus irmãos, Milena e Kenedi! 

— Obrigado! -Os três agradecem a mulher ao meu lado 

— Venham, eu vou apresentar o quarto de vocês! - Digo depositando um beijo na testa de Maria e me aproximando de Mel, pegando sua mão e puxando-a escada acima. Paro em frente a primeira porta do corredor. — Aqui é o seu Kenedi! - Mostro para o garoto que sobe vagarosamente as escadas, carregando sua mochila. 

— Legal! - Ele resmunga se aproximando e abrindo a porta. Ele olha em volta. — Nossa, isso aqui está perfeito. - Completa adentrando o mesmo e se jogando na cama. 

— E aqui... - Caminho para a porta em frente. — O seu, Milena! - Ela abre a porta e ofega. 

— Obrigada, Justin! - Comemora animadamente pulando em mim e me dando um beijo na bochecha. Sorrio e caminho em direção ao final do corredor. 

— E esse... - Abro a porta. — É o nosso, Mel! - Digo e só então percebo que ainda seguro sua mão. Ela me olha fixamente e eu a solto. — Espero que goste. 

— Dividiremos o quarto? - Pergunta adentrando o mesmo e observando em volta. — E a cama? 

— Nos casaremos. - Dou de ombros. — Casais dormem juntos! - Completo e ela me olha, nervosa. 

— Mais é tudo fingimento, Justin! - Ouço uma pitada de decepção em sua voz. — Aqui não precisamos fingir. 

— Precisamos manter as aparências para os empregados, podem espalhar boatos. - Explico. — E vai que meus pais decidem nos visitar de surpresa. - Abro a porta do closet. — Eles precisam nos ver juntos. - Aponto para o mesmo. — Arrume suas roupas aqui. - Digo deixando-a sozinha e a vontade. 

Melissa Andrews 

Termino de arrumar as roupas no closet e me sento na cama, observando em volta. Tudo está bem organizado e limpo. Olho para cama e imagino como será difícil dormir pelos próximos dias. Suspiro. Ouço uma batida na porta e olho rapidamente para a mesma. 

— Sra. Melissa? - Maria chama. — Sr. Bieber pediu para te chamar! - Informa e eu me levanto. 

— Obrigada, meu bem! - Respondo carinhosamente e ela sorri. Acompanho-a pelo corredor, escadas, até chegar a uma enorme porta. — Aqui? - Pergunto e ela assente se afastando e me deixando, sozinha. Bato na porta e adentro o espaço. 

— Mel, bem vinda ao meu escritório! - Bieber diz e eu noto Scooter sentado em um enorme sofá, olhando-me. 

— Olá! - Aceno e ele retribui. — Me chamaram? - Pergunto e ambos assentem. Justin aponta para o sofá, ao lado de Scooter e eu me aproximo, sentando-me.  

— Scooter! 

— Então... - O homem começa, nervoso. — Vocês se casam amanhã! - Informa e ambos arregalamos os olhos. 

— O que? - Bieber exaspera. 

— Os acionistas não estão felizes em esperar, Bieber. - Scooter resmunga. — Precisamos antecipar tudo. - Coça a nuca. 

— Mas eu não preparei nada. - Digo. — Nem vestido eu tenho. - Pisco, nervosamente. Justin passa as mãos pelos cabelos. 

— Scooter tem razão! - Bieber solta. — Eles podem pensar que irei desistir a qualquer momento. - Mordo o lábio. — Scooter, ligue para loja de trajes matrimoniais e para a primeira igreja que ver no Google. - Justin ordena. — Vamos resolver tudo agora e nos casaremos amanhã