Lágrimas em Silêncio escrita por Adélison Silva
CENA 01/ INT/ LOJA DE QUEIJO/ TARDE
Estavam na loja dois policiais, que olhavam atentos as prateleiras de queijo. O medo e a tensão tomava conta de Rato. Ele temia que a policia fizesse alguma averiguação na loja. Se por ventura os policiais entrasse na parte do depósito iria achar muita coisa indevida.
POLICIAL1
— (se aproximando do balcão) Vocês tem queijo temperado?
RATO
— (nervoso) Aqueles que estão na prateleira de lá são temperados. Tem com linguiça, com cenoura, palmito e também pimenta calabresa.
POLICIAL1
— Ótimo, vou levar dois deles.
RATO
— Claro, vou colocar na caixa para o senhor.
POLICIAL1
— Põe um de palmito e outro de calabresa.
POLICIAL2
— O meu vou querer normal, mesmo.
RATO
— Certo, vou arrumar para os senhores.
Mesmo tenso Rato conseguiu disfarçar bem, arrumou os queijos na caixa e entregou para os policiais. Depois que eles saíram ele voltou para o depósito para acalmar Maciel e Valdomiro.
CENA 02/ INT/ LOJA DE QUEIJO/ DEPÓSITO/ TARDE
MACIEL
— E aí o que deu?
RATO
— Nada. Dessa vez eles só queriam comprar queijo, mesmo. Mas temos que ficar esperto.
VALDOMIRO
— Muito estranho a presença da polícia aqui. Será que vieram só comprar queijo mesmo?
MACIEL
— O que o senhor tá insinuando?
RATO
— Seu Valdomiro pode está certo. Temos que ter mais cautela, é arriscado manter esses queijos temperados por aqui.
De repente a polícia na loja de queijo. E isso é claro deixou todos de orelha em pé. Será que foram lá por acaso, ou será que foram averiguar algo?
CENA 03/ INT/ CASA DA JANE/ SALA/ NOITE
Sabendo do que aconteceu com Jana, Jéssica foi até lá ter com a amiga. Jana recebeu Jéssica na porta e as duas foram andando até o sofá, Giovana estava sentada no outro mexendo no notebook, com algumas apostilas estudando.
JÉSSICA
— Fiquei preocupada com você. Está tudo bem contigo com o bebê?
JANA
— Nós estamos bem, não tem mais o que se preocupar. Foi só uma queda de pressão, isso é normal na gravidez.
GIOVANA
— Mas a pressão caiu porque você ficou nervosa, Não é Jana?
JANA
— (apresentando) Essa é minha irmã, Giovana. Ela vai ficar um tempo aqui comigo.
JÉSSICA
— (pegando na mão de Giovana) Prazer, eu sou a Jéssica.
JANA
— Vamos sentar.
JÉSSICA
— (sentando no sofá) Você disse que ficou nervosa. Aconteceu alguma coisa?
JANA
— Eu acho que eu vi o homem que me abusou. Ele estava aqui na praça em frente de casa.
JÉSSICA
— (preocupada) Minha nossa Jana, será que ele mora aqui por perto?
JANA
— Não sei, nunca havia visto ele por aqui antes. Eu fiquei morrendo de medo, sei lá. Era como se eu tivesse vivido tudo aquilo de novo, sabe? O bom que a Giovana se prontificou a ficar aqui comigo. Eu não iria ficar em paz aqui sozinha.
JÉSSICA
— Irmã dedicada, fez muito bem. Procura se cuidar, evitar estresse. E se por acaso você ver esse homem por aqui por perto de novo, comunica a polícia. Esse marginal não pode continuar solto por aí.
JANA
— Não é tão simples assim, Jéssica. Quando eu sofri o estupro foi registrado um boletim de ocorrência, cadê que a policia fez alguma coisa?
JÉSSICA
— Difícil né amiga? Mas alguma coisa tem que ser feita. Agora eu preciso ir, passei aqui mesmo só pra ver como você está.
JANA
— Mas já? Você acabou de chegar, fica mais um pouco!
JÉSSICA
— Não posso, tenho um encontro.
JANA
— Humm! Deixa eu adivinhar, cineminha com o doutor Maurício?
JÉSSICA
— (animada) E hoje o cinema vai ser em casa, imagina as expectativas.
JANA
— Opa, então vejo que o negócio está rendendo.
JÉSSICA
— (frustrada) Pior que não. Eu não passo da friendzone com quem ele desabafa sobre a paixão alucinante que ele tem pela aquela mulher que eu havia lhe falado.
JANA
— Nossa Jéssica, isso é muito chato. Mas vem cá, nunca rolou nada entre vocês?
JÉSSICA
— Nada, nadica, nem uma bitoquinha. E olha que eu já me insinuei de tudo quanto é jeito pra esse homem. Ou ele é sonso ou se faz de sonso. Ou então está tão enfeitiçado por essa mulher (debochando) incrível, de temperamento único e decisivo, que quando quer algo vai lá e faz, que não enxerga que estou afim dele. Poxa, eu também sou uma mulher incrível e decidida, não é atoa que estou insistindo nisso.
JANA
— Ele que falou essas coisas dessa mulher?
JÉSSICA
— Sim, você ver o jeito que ele fala dela. Mas pelo o que parece ela é aquele tipo de mulher super independente, que não quer saber de casamento, de filhos e nem se prender a nada. O que é péssimo para o Maurício, né? Porque ele é todo certinho nessas coisas, quer casar, ter filhos e viver feliz para sempre.
JANA
— (desconfiada) Oh Jéssica, mas ele já te falou quem é essa mulher?
JÉSSICA
— (sem entender) Como assim? Não! Não estou entendendo.
JANA
— É que me passou uma coisa aqui pela a cabeça. Essa descrição que você falou bate certinho com a Doutora Beatriz.
JÉSSICA
— Será Jana? Ah, mas se for hoje vou descobrir. (levantando) Me deixa ir pra casa, tenho muita coisa pra preparar ainda.
Jéssica ficou desconfiada, ela nunca tinha associado as descrições dada por Maurício com a Beatriz. Mas agora tudo parecia fazer sentido. Ela agora tinha mais um motivo pra ansiar ainda mais por esse cinema em casa.
CENA 04/ INT/ CASA DO MOISÉS/ COZINHA/ NOITE
Raimunda estava em pé próximo ao fogão cuidando do jantar, Moisés estava sentando em uma mesa próxima.
RAIMUNDA
— Eu sabia que a Laura não iria querer vir com você.
MOISÉS
— A nossa filha está muito iludida Raimunda. E a culpa de tudo isso é sua, viu?
RAIMUNDA
— Não me culpa assim varão. Eu vivo aqui angustiada por conta dessa menina. Deus sabe o quanto tenho colocado o joelho no chão e orado pela a conversão dela.
MOISÉS
— Se tivesse dado uma boa educação pra ela, não estaria passando por isso. Foi deixando as coisas correr solta. Só Deus para ter misericórdia dessa menina. Mas ela me garantiu que não tem nada com essa mulher com quem ela está convivendo.
RAIMUNDA
— Queria que isso fosse verdade, mas sinceramente eu não acredito nisso. Eu vi lá as duas juntas. Essa mulher está fazendo a cabeça da nossa filha, Moisés. A Laura sempre foi rebelde, mas ela nos dava ouvido. Foi só começar a se envolver com essa mulher para as coisas desandarem. E agora o que vamos fazer para resgatar a nossa filha?
MOISÉS
— Eu vou orar, e Deus vai me dá discernimento do que é pra fazer. Nem que eu tenha que trazer ela pra casa a força.
RAIMUNDA
— Isso não, pelo o amor de Deus Moisés.
MOISÉS
— E essa janta?
RAIMUNDA
— Já está quase pronta.
MOISÉS
— Deus me livre, isso lá é horário de ainda tá fazendo janta? Passa o dia todo em casa, vai dá o horário do culto e ainda nem comemos. Oh Raimunda o que você andou fazendo o dia todo?
RAIMUNDA
— Tive que fazer faxina na casa, ainda lavei um monte de roupa hoje. Mas quando o arroz secar aqui, tá pronto. Vai lá tomar o seu banho que já vou por a mesa.
Raimunda sempre foi temente a Deus, e confundia ser temente com aturar as grosserias de Moisés. Por causa do machismo dele, ela se perdia dela mesmo e se via de fato responsável por tudo aquilo que estava dando errado na sua família. E tudo isso lhe sufocava, mas ela aturava na dela, sem retrucar, para não transgredir nenhuma lei divina.
CENA 05/ INT/ CASA DA RAVENA/ QUARTO DE LAURA/ NOITE
Laura estava diante do espelho se maquiando. Ravena foi chegando devagar e já deduzindo para onde ela iria.
RAVENA
— Está se arrumando para ir pra casa do namorado?
LAURA
— Sim, eu vou passar a noite com ele. Mas não se preocupe estou levando o meu material, de lá mesmo vou pra escola.
RAVENA
— Está certa. Quem sou eu pra falar alguma coisa?
LAURA
— Aquilo que você falou mais cedo foi só uma brincadeira, não é Ravena?
RAVENA
— Não Laura, realmente eu gosto muito de você. Nunca se deu conta disso?
LAURA
— Ravena, eu...
RAVENA
— (interrompendo) Ei não se preocupe. Eu só quero você feliz, seja com quem for. (T) E eu estaria feliz se eu não vesse você entrando em uma canoa furada. Esse cara só vai te machucar, eu já estou vendo bem isso.
LAURA
— Você não conhece o Maciel que eu conheço, Ravena. A gente vai ser muito feliz você vai ver. E eu também espero que você encontre alguém que valorize esse amor que você tem pra dá. Infelizmente eu não posso corresponder ao sentimento que você sente por mim. Mas eu torço de verdade que você ache alguém especial. Você merece ser feliz.
RAVENA
— Eu não preciso de ninguém para ser feliz. Eu gosto de você, mas isso não significa que eu precise de alguém do meu lado para eu está feliz. Eu posso muito bem ser feliz sozinha. Ter uma pessoa do nosso lado é um complemento, alguém que soma, que nos ajude a crescer. Mas isso não significa que necessitamos de ter alguém.
LAURA
— Claro, você está mais do que certa. Agora preciso ir.
Laura pegou sua mochila, guardou sua maquiagem. E depois retornando colocou-se diante de Ravena.
RAVENA
— Se cuida, viu Laura! E não se esqueça de que temos um compromisso amanhã, viu?
LAURA
— Ah claro, estava até pensando em chamar a Giovana. Uma amiga que estuda comigo, a conheço desde a infância.
RAVENA
— Ótimo, faça isso. Quanto mais gente nessa hora melhor.
LAURA
— Agora já vou indo, antes que fique tarde demais. E não se preocupe eu vou me cuidar. (dando um beijo no rosto de Ravena) Tchau!
Depois que Laura saiu, Ravena alisou seu rosto no lugar em que recebeu o beijo e lentamente foi trazendo sua mão até a boca. Alisou seus lábios como se transmitisse o beijo de Laura para sua boca.
CENA 06/ EXT/ RUA/ SUBURBIO/ BECO/ NOITE
Uma moça na faixa de uns vinte e poucos anos vinha andando por um beco, ela andava apressada, pois o beco era escuro e ela estava sozinha. Uma hora ou outra dava uma olhada para trás amedrontada. Desviou por outro beco e subiu uma escada, dando de cara com Maciel que veio surgindo em meio a escuridão e a abordou.
MACIEL
— Boa noite moça! (ao ver um relógio no pulso da moça) A senhorita por gentileza poderia me informar as horas?
A moça respirou fundo, com medo. Olhou o seu relógio e respondeu Maciel.
MOÇA
— Agora são dez pras nove. O senhor poderia por gentileza me dá licença, estou com um pouco de pressa?
MACIEL
— A moça parece está com medo de mim.
MOÇA
— Não é medo, é porque estou com um pouco de pressa mesmo.
Maciel se aproximou ainda mais da moça, lhe agarrando e pressionando o seu corpo contra o dele.
MACIEL
— Vamos brincar um pouquinho, já já deixo você ir embora.
Maciel começa a beijar o pescoço da moça, enquanto passeava com a mão por todo o seu corpo.
MOÇA
— (chorando) Se o senhor não me soltar eu vou gritar.
Ele apertou o pescoço dela lhe ameaçando.
MACIEL
— Se você gritar, eu te mato. Caladinha, você vai gostar.
MOÇA
— (suplicando) Não faz isso moço!
MACIEL
— Fica caladinha que eu não vou te machucar.
Maciel enfiou o dedo por dentro da calcinha da mulher, depois levou o dedo até a altura de suas narinas e cheirou.
MACIEL
— Que cheirinho bom e ela já está molhadinha.
MOÇA
— (chorando) Me solta!
MACIEL
— (apertando o pescoço da moça) Cala a boca, vadia!
Maciel colocou a mulher contra o muro, puxou sua calcinha, depois com uma mão apertou sua boca contraindo o seu corpo contra o corpo da vítima, e a penetrou com violência. Depois de terminar o ato, ele se afastou um pouco puxando o seu cabelo arrancando uma mexa. A moça encolheu a pernas e lentamente foi cedendo ao chão se derramando em lágrimas. Ele guardou a mexa em sua calça, pegou uma câmera que estava em sua mochila e tirou uma foto da mulher jogada no chão. Logo depois ele saiu apressadamente de cabeça baixa. A moça levantou desnorteada, chorando com o vestido rasgado.
CENA 07/ INT/ CASA DA JÉSSICA/ SALA/ NOITE
Estavam Maurício e Jéssica sentados no sofá assistindo filme e comendo pipoca. Ele atento ao filme, ela já atenta ao outras coisas. Não era novidade que o filme era apenas uma desculpa para ela chegar onde ela realmente queria.
JÉSSICA
— Tá frio, né?
MAURÍCIO
— Eu estou tranquilo, estou sentindo frio não. Na verdade, estou até com calor.
JÉSSICA
— Se quiser tirar a camisa, fica a vontade.
MAURÍCIO
— Imagina Jéssica, não há necessidade. Gostei do filme que você escolheu, muito bom.
Jéssica balançou a cabeça positivamente, com um sorriso fechado sem mostrar os dentes. Pensou um pouco e resolveu abrir o jogo.
JÉSSICA
— Mauricio eu sei que o filme está bom, mas presta atenção aqui.
MAURÍCIO
— O que foi Jéssica?
JÉSSICA
— Cara, não é possível que você não está se dando conta das minhas investidas. Mauricio, eu preparei um jantar maravilhoso pra gente, comprei um vinho, fiz pipoca, separei um filme bem ousado. E mesmo assim você não se deu conta das minhas reais intenções.
MAURÍCIO
— É claro que entendi quais são suas intenções, Jéssica. Eu só não quero usar você, entende? Eu gosto de está com você, mas sou completamente apaixonado pela a mulher que te falei.
JÉSSICA
— A doutora Beatriz?
MAURÍCIO
— Como você sabe que é a Beatriz? Ela te falou alguma coisa?
JÉSSICA
— Eu não sabia. Você confirmou agora.
MAURÍCIO
— (levantando do sofá) Eu acho melhor eu ir embora.
JÉSSICA
— Não precisa. Vamos terminar de assistir o filme.
MAURÍCIO
— Eu prefiro. Me desculpe por tudo isso. Tenha uma boa noite.
Maurício foi embora, e Jéssica ficou desapontada.
CENA 08/ CASA DO MACIEL/ QUARTO/ NOITE
Maciel estava sentado na cama olhando uma maleta, onde ele colocava a mexa do cabelo que havia arrancado da moça que ele havia estuprado. Na maleta havia outras mexas de cabelo, juntamente com fotos e pertences de outras vítimas. Aquilo era um vício, que o excitava. Em sua mente ele ouvia o grito de socorro das suas vítimas, e se masturbava passando as mexas de cabelo por suas partes íntimas. É interrompido com Laura chamando na porta. Ele rapidamente enfiou tudo na maleta e escondeu em um fundo falso que tinha no guarda roupa. Depois foi até a porta, abrir para Laura entrar.
LAURA
— Eu não te falei que eu vinha? Aqui estou.
MACIEL
— Tu não sabe a alegria que fico em te ver.
Maciel se aproximou e deu um longo beijo em Laura.
MACIEL
— Quero você pra mim meu amor. Te quero todinha só pra mim. (pegando na mão de Laura) Vem, entra!
Depois que Laura entra, Maciel coloca sua mochila em cima do sofá. Vai acariciando seus cabelos, alisando seu rosto dando leves beijos em sua boca.
MACIEL
— Tu é muito linda, te amo!
LAURA
— Nossa Maciel, se eu soubesse que eu iria ser tão bem recepcionada teria vindo antes.
MACIEL
— Sua boba, essa casa é tua, tu sempre será bem vinda aqui. Agora vem aqui, vamos ali pro quarto.
CENA 09/ OFICINA do JORGE/ NOITE
Estava ali Jorge e Roseno sentados em uns pneus enquanto conversavam.
JORGE
— Eu beijei ela, Roseno. Pensa em uma boca gostosa, delicada, carnuda.
ROSENO
— Sei! Palhaçada essa sua, vou logo avisando. Sobrou pra mim, poxa. Eu que tive que ir lá te socorrer.
JORGE
— Pare de reclamar! Eu te pago muito bem.
ROSENO
— Pow, no dia da minha folga meu brother? Eu estava com um esquema marcado com uma gata e tudo.
JORGE
— Deixa de onda Roseno, eu sei que você não está pegando ninguém.
ROSENO
— Não estou pegando, mas estou com a intenção de pegar. E eu teria pegado se você não tivesse me atrapalhado.
JORGE
— Depois você pega. Estava aqui pensando, amanhã eu vou seguir ela. Eu vou descobrir onde ela mora.
ROSENO
— Bicho você está procurando encrenca. Essa mulher pode te denunciar como perturbação de sossego.
JORGE
— Denuncia nada. Ela não vai saber que eu estou seguindo ela, bestão. Eu só quero saber mesmo onde ela mora. Depois eu vou procurar um jeito de mandar flores.
ROSENO
— Rapaz, eu estou aqui de queixo caído. Gamou mesmo, hem macho?
JORGE
— Anote aí, eu ainda vou ter essa mulher pra mim.
Jorge se encantou por Beatriz, e estava disposto a fazer de tudo para conquistá-la.
CENA 10/ EXT/ IGREJA ARCA DA FÉ/ PORTA/ NOITE
Todos estavam em frente a igreja. Moisés havia acabado de fechar a porta da igreja. Eliete, Raimunda e Vanessa estavam ali o esperando para poder irem embora.
ELIETE
— Com todo o respeito que lhe tenho meu pastor, mas o senhor mandou muito mal. Deveria ter trago a sua filha a força.
RAIMUNDA
— Eu discordo irmã Eliete, a força não seria uma boa.
MOISÉS
— Mas pelo menos eu fiquei feliz em uma coisa, em saber que ela não tem nada com a... (T) com a moça lá.
ELIETE
— Pastor Moisés, francamente o senhor acreditou nisso? Essas sapatonas masculinas são movidas pelo o diabo, assim como a serpente seduziu Eva mostrando o caminho da libertinagem essa moça seduziu Laura levando ela a conhecer coisas que ainda não conhecia.
VANESSA
— (assustada) A serpente mordeu a Laura, mamãe?
RAIMUNDA
— Não meu amor, a irmã Eliete está falando da serpente da bíblia que seduziu Eva. Lembra, você aprendeu isso na escola dominical?
VANESSA
— Sim, eu lembro. Então Laura comeu a maça dada pela a serpente?
RAIMUNDA
— Não filha, acontece que...
MOISÉS
— (interrompendo) Acontece que isso é conversa de adulto, Vanessa. Vai brincar!
VANESSA
— Mas eu não posso brincar na rua, está de noite.
RAMUNDA
— Vem com a mamãe filha vamos sentar ali. A mamãe vai ler uma passagem da bíblia pra você.
Raimunda foi para um canto e sentou no banco da praça e começou a ler a bíblia para a filha. Eliete e Moisés continuaram a conversa.
ELIETE
— Olha pra isso pastor Moisés, eu lembro quando a Laura tinha a idade da Vanessa. Ela sempre estava aqui na igreja com vocês. A Giovana minha filha não, porque o pai dela sempre foi um desviado, um pecador, um libertino. Mas a Laura sempre foi uma menina da igreja. Essa mulher com quem ela está morando é que está fazendo a cabeça da sua filha.
MOISÉS
— A senhora pode está certa irmã Eliete. Eu não posso mais deixar Laura vivendo com essa mulher.
ELIETE
— Arrasta a sua filha pra cá nem que seja pelo os cabelos. O senhor tem que entender que isso será para o bem dela.
MOISÉS
— É isso que vou fazer. Me arrependo de não ter feito isso antes, quando estive lá com ela.
ELITE
— Glória a Deus, meu pastor! Ainda há tempo.
Essa rebeldia de Laura já estava tirando o sono de Moisés. Eliete ainda colocava pilha.
CENA 11/ INT/ CASA DO MACIEL/ QUARTO/ NOITE
Estava Maciel e Laura deitados na cama, e ela contando para ele sobre a paixão de Ravena por ela.
MACIEL
— Como assim ela tá gostando de ti?
LAURA
— A Ravena é apaixonada por mim, Maciel. Como eu nunca percebi isso antes? Agora passou pela a minha cabeça alguns flashbacks onde ela deixou isso bem claro e eu não percebi.
MACIEL
— Agora tá explicado porque ela implica tanto comigo.
LAURA
— Não é bem por aí Maciel.
MACIEL
— Claro que é gata. Essa dona tá querendo pegar o meu lugar. Ela tá é com ciúmes de tu comigo.
LAURA
— Eu fiquei surpresa com isso. Eu nunca que imaginei que a Ravena nutrisse de alguma paixão por mim.
MACIEL
— Tu vai sair de lá, eu não quero você na mesma casa que essa mulher não.
LAURA
— Não viaja Maciel!
MACIEL
— Eu sei bem como é isso. Ela vai ficar fazendo a tua cabeça te colocando contra mim. Porque ela quer tu lá do lado dela.
LAURA
— A Ravena é um amor de pessoa, ela sempre esteve do meu lado.
MACIEL
— Ela sempre teve do teu lado porque ela tá afim de ti Laura, se toca. Meu amor vamo ficar junto de vez? Larga o emprego naquela loja, sai da casa dessa mulher e vem morar aqui comigo. Tou trabalhando agora, tou ganhando uma grana boa. Eu posso sustentar nós dois.
LAURA
— Eu não quero ser ingrata com a Ravena.
MACIEL
— Mas isso não tem nada a ver com ser ingrato. Tu só tá correndo atrás da tua felicidade. Vamo ficar junto minha gata e construir a nossa família. Eu, tu e os bacurizinho que nós vamo ter.
LAURA
— (abraçando e beijando Maciel) Promete me fazer feliz!
MACIEL
— Oh meu amor, claro que eu prometo. Vou te fazer feliz agora e sempre. Sou completamente apaixonado por ti, Laura. Larga tudo lá e vem pra cá, vamo ser feliz.
CENA 12/ INT/ CASA DA BEATRIZ/ QUARTO/ NOITE
Beatriz se lembrava da visita inesperada de Jorge em sua clínica e ficava dividida em suas emoções.
BEATRIZ
— (falando sozinha) Mas é muito abusado. Um tarado saliente. Onde já se viu me pegar daquele jeito? Nossa, e que pegada! Beatriz contenha-se. Mas eu também dei a lição merecida, deixei ele com o pneu murcho. Agora repara o atrevimento do cidadão, furar o meu pneu para poder me oferecer carona. E do jeito que é tarado seria bem capaz de querer me agarrar dentro do carro. (com sorriso de canto de boca) Já pensou que loucura? (nervosa) Já pensei e não gostei, um homem abusado. Na próxima vez ele que me aguarde. Também perdeu uma cliente não volto mais naquela oficina.
CENA 13/ EXT/ COLÉGIO/ PORTÃO/ DIA
Giovana estava saindo pelo o portão, Laura veio correndo atrás dela a chamando.
LAURA
— (chamando) Giovana!
GIOVANA
— Oi Laura!
LAURA
— Quero te fazer um convite.
GIOVANA
— Convite?
LAURA
— Isso. Agora mesmo vai ter um protesto feminista. E eu gostaria que você fosse comigo.
GIOVANA
— Que legal, eu acho esses protestos bem interessante. E qual é a pauta do protesto?
LAURA
— O direito das mulheres é claro. Em especial por conta de uma jovem que foi estuprada pelo o padrasto e quase morreu. Infelizmente essa é uma realidade constante em nosso país.
GIOVANA
— Ah não sei, acho que eu vou então.
LAURA
— Então vamos agora comigo.
GIOVANA
— Mas agora? Eu ainda estou com o uniforme e o material escolar.
LAURA
— Vai com o uniforme mesmo, não há problema nenhum. E já o material você deixa lá em casa é caminho.
GIOVANA
— Ok, então vamos lá. Vou ligar para o meu pai avisando que vou demorar.
CENA 14/ INT/ LOJA DE QUEIJO/ DIA
Valdomiro estava cuidando da loja de queijo. Rato foi chegando todo animado, com uma capanga pendurada do lado.
RATO
— (entrando) Bom dia, bom dia! (mostrando um monte de dinheiro) Olha só!
VALDOMIRO
— Mas o que é isso? Esconde isso, alguém pode ver.
Rato esconde o monte de dinheiro de novo na capanga.
RATO
— Isso Seu Valdomiro é grana, muito dinheiro.
VALDOMIRO
— (desconfiado) Que é dinheiro eu tou vendo, mas de onde tu conseguiu isso?
RATO
— Eu não falei que tava fechando um negócio bom com um bacana? Ele já deu uma parte do dinheiro adiantado.
VALDOMIRO
— O que tu tá aprontando, Rato?
RATO
— Temo que produzir mais queijo daqueles bem recheados. A entrega agora vai ser internacional.
VALDOMIRO
— Eu não tou entendendo, mas já tou achando isso muito arriscado.
RATO
— Relaxa meu bom. Se a gente fazer direitinho, vamo ter sucesso. E onde tá o Maciel?
VALDOMIRO
— Foi atrás da mina dele.
RATO
— Essa garota é um porre, um pé no saco. Não sei como ele aguenta.
Rato estava tramando algo grande, e contava com a participação de Valdomiro e Maciel. Ele crescia os olhos quando via dinheiro. Era capaz de tudo para se dá bem na vida.
CENA 15/ EXT/ RUA/ DIA
Um grupo de feminista viam andando pelo o centro da cidade protestando. Seus corpos pintados, paramentados, algumas vestiam lingerie sexy, exibindo os seios. Outras usavam sutiãs de amamentação, calcinhas bege, cuecas e burca. Com faixas, e cartazes de frases de efeito. Ravena andava na frente liderando o grupo com um megafone, aos gritos estimulavam as demais que viam seguindo logo atrás dela. Giovana vinha atrás acompanhada de Laura, e tentando se encontrar no meio de toda aquela muvuca.
RAVENA
— (com um megafone) Não podemos mais aceitar que os homens nos use como se fossemos objetos! Merecemos respeito! Chega de machismo! Nós é que somos donas do nosso corpo!
TODAS
— (gritando) Exigimos respeito! Chega de machismo!
GIOVANA
— (virando-se para Laura) A sua amiga tem voz firme. Gostei dela.
LAURA
— Mas tem que ter. Só assim pra nós mulheres serem ouvidas nesse país machista.
RAVENA
— (gritando no megafone) Eu sou dona do meu corpo!
Ao dizer isso, Ravena tirou sua blusa e exibiu os seus seios. Muitas que ainda se mantinham de camiseta também fez o mesmo. Giovana ficou meio incomodada com aquilo. Ainda mais por ver Laura tirando sua blusa.
GIOVANA
— O que está fazendo Laura?
LAURA
— Sou eu que controlo a minha nudez, meu corpo não é objeto de prazer.
GIOVANA
— Eu não vou tirar a minha blusa.
LAURA
— Deixa de ser boba Giovana, são apenas peitos.
GIOVANA
— Eu também controlo a minha nudez, e eu prefiro os meus peitos bem guardados.
LAURA
— Como quiser então. (pegando um pincel) Escreve aqui no meu peito “meu corpo não é objeto”.
GIOVANA
— (pegando o pincel) Está bem.
Maciel veio andando por entre as mulheres e de longe avistou Laura. Já chegou enfurecido ao ver sua amada ali sem blusa.
MACIEL
— (se aproximando) Que isso Laura? Você está nua.
LAURA
— (assustada) Maciel, o que você faz aqui?
Maciel pega Laura pelo o braço e vai puxando.
MACIEL
— Você vai agora comigo pra casa! Não vou deixar mulher minha nua no meio da rua.
Ao ver Maciel puxando Laura, Ravena se aproxima com raiva.
RAVENA
— Tire essas mãos sujas dela rapazinho!
Todas as feministas que estavam próximas se voltaram para Maciel.
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