Histórias do Multiverso escrita por Universo 9611


Capítulo 11
Momo (Universo 2262014)


Notas iniciais do capítulo

A protagonista deste capítulo e parte de sua história foram inspirados na divindade da mitologia grega chamado Momo, que por algum motivo a Wikipédia afirma que era uma deusa (e eu achava isso na época em que escrevi isso), mas o site Theoi, que considero ser a fonte mais segura sobre o tema na internet, afirma ser um deus.



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Lá estava a deusa Momo, na base do Monte Olimpo após ser expulsa da morada dos deuses pelo próprio Zeus. Não havia, no entanto, muita preocupação em suas feições, na verdade, a deusa parecia mais interessada em suas unhas, usando seus poderes divinos para alterar seus tamanhos e corres, do que em considerar o que deveria fazer agora que não tinha um lar.

Momo era a deusa do sarcasmo e da ironia, o que a fazia ser muito adorada pelos poetas e escritores gregos, mas incompreendida pela maioria dos deuses. Claro, sua personalidade muito descontraída, distraída e sua necessidade de criticar tudo o que os outros faziam também não a ajudavam a ganhar a simpatia das outras divindades.

Conversando com alguns seres míticos e mortais que por ali passavam, a deusa conseguiu que construíssem ali mesmo um pequeno templo para que ela pudesse se abrigar. Ela desdenhou da construção é claro, mas acabou ficando, permanecendo lá por alguns séculos, sem nenhum objetivo de deixar o local, até o dia em que a construção acabou desabando após um terremoto — que estavam tornado-se bastante frequentes e haviam começado algumas décadas após Momo ter deixado o Olimpo —, por sorte ela não estava dentro quando tudo desabou.

Olhando para o escombros, a divindade lembrou-se do motivo de sua expulsão…

Um dia, Atena, Poseidon e Hefesto haviam criado três invenções e estavam discutindo sobre qual delas era a melhor e mais útil. Ouvindo aquela barulheira, Momo decidiu se aproximar, mas ao ser vista, os deuses decidiram fazer dela a juíza para que ela decidisse de qual deus era a melhor criação.

— Veja, Momo: eu inventei o que eu chamo de casa, os humanos poderão viver nela e se abrigar da chuva, frio, calor e de predadores. — Disse a deusa da sabedoria.

Olhando por dentro e por fora da pequena construção de Atena, Momo, que adorava criticar tudo e encontrar defeitos, disse:

— Onde estão as rodas de ferro da base?

— Rodas de ferro? — Indagou Atena, confusa. — Por que uma casa precisaria de rodas em sua base?

— E te chamam de deusa da sabedoria… — Momo murmurou. — E quando o dono da casa precisar fazer uma longa viagem, como ele irá levar sua casa se ela não possui rodas de ferro? Ele terá de carregá-la sobre os ombros?

— Hahahaha! — Poseidon riu da resposta. — Ignore-a, Momo. Veja só que criatura bela eu criei, chama-se touro!

A deusa da ironia olhou bem para o animal do deus dos mares e falou:

— Aham, tão bela quanto um poema sem rimas. Urgh, que criatura mais malfeita! Como ele vai ver quando for atacar? Os olhos deveriam ficar bem abaixo dos chifres!

— Então neste caso, eu sou o vencedor! — Comemorou alegremente o coxo deus Hefesto.

— Diga-me, meu belo deus… O que é exatamente isto que você fez? Algum tipo de manequim ambulante?

— Não, esta é Pandora, uma mulher. — Explicou o deus das forjas e do fogo. — As mulheres servirão de companhia para os mortais, elas serão inteligentes e poderão fazer inúmeras coisas, como os homens, mas melhor, na maioria das vezes.

Momo analisou a mulher, chegando bem perto dela, o suficiente para deixar Pandora desconfortável com a proximidade, e mulher se afastou assustada quando a deusa apalpou seus seios.

— Mais uma criação horrível! — Exclamou Momo. — As mulheres deveriam ter uma porta em seus peitos para que fosse possível ver o que está oculto em seus corações. Talvez eu devesse criar um peixe com pernas que morresse ao sair da água, assim eu poderia competir com as invenções toscas de vocês.

Recebendo olhares odiosos dos três deuses — e de Pandora, que sentiu-se insultada. — Momo foi embora. Pouco tempo depois disso, Atena, Poseidon, Hefesto e Afrodite, que em uma ocasião foi chamada de irritante pela deusa, que alegou que Afrodite era tagarela e que suas sandálias rangiam alto no piso do Olimpo, fizeram tudo o que puderam para convencer Zeus a expulsar Momo.

Rindo enquanto lembrava daquele dia, a divindade da ironia e do sarcasmo acordou de seus devaneios por outro terremoto.

— É como se a terra estivesse inclinando levemente a cada tremor… — A imortal observou enquanto tentava equilibrar-se.

Esse último tremor foi maior e durou por mais do que apenas alguns segundos.

— Oh, vejam só! — Disse Momo quando percebeu que alguém caminhava, descendo da montanha. — Se não é meu amado, belo e forte Zeus. A que devo essa honra?

Vaidoso, o monarca do Olimpo sorriu com os elogios, pois amava ser elogiado e por isso gostava muito de Momo. Por não saber diferenciar quando ela falava sério e quando estava usando de ironia, para o deus, Momo estava sempre inflando seu ego.

Zeus só a expulsou da morada dos deuses por pressão das outras divindades, mas era fato que ele adorava conversar com Momo.

— Momo, infelizmente não posso ficar. Estou enfrentando sérios problemas em relação aos mortais. — Zeus revelou.

— Oh, meu querido. O que há de errado com os mortais? — Ela questionou enquanto ajeitava seu cabelo em um espelho de bronze, tentando ficar apresentável diante do rei dos deuses.

— Desde que Hefesto criou a mulher… — Zeus foi interrompido.

— Ah, aquela coisa feia.

Zeus não sabia se Momo referia-se à mulher ou a Hefesto, mas também não quis perguntar.

— Desde então os mortais se multiplicaram muito rápido. — Explicou. — Agora há milhões deles por todo o mundo, são tantos que a Terra está inclinando cada vez mais com o peso deles e eu não sei o que fazer.

— Já que esse problema começou com uma mulher, seria bem irônico se você criasse outra, uma bem bonita, tão bela que os mortais se matassem por ela.

— Momo… Você é um gênio! — Zeus a abraçou.

Nem percebendo o que havia dito, a deusa apenas sorriu com o elogio vindo de alguém tão importante.

— Você pode retornar ao Olimpo, e nunca mais será expulsa! — Ele anunciou. — Serei eternamente grato a você!

O deus dos raios então metamorfoseou-se num cisne e voou até Esparta, pretendo se encontrar com a rainha de lá…

Observando Zeus partindo, Momo questionou-se, confusa:

— O que foi que eu disse pra ele mesmo? Ah, enfim. Hora de voltar pra casa.

E assim Momo retornou para o Olimpo, para o desgosto de Afrodite, Atena, Hefesto e Poseidon. Leda, a rainha de Esparta, teve uma bela filha chamada Helena, a mais linda entre todas as mortais, e por causa dela iniciou-se a Guerra de Tróia, que durou uma década e levou milhares à morte, mas que fez o mundo plano desse universo parar de inclinar com o peso da superpopulação.

Momo ficou feliz, sabendo que nada e nem ninguém poderiam tirá-la de seu luxuoso lar, ao menos era o que ela pensava, pois um dia um portal roxo repentinamente surgiu no meio de uma praça onde a deusa costumava ficar, e dele surgiu alguém que parecia um pouco com Zeus, mas segurava um tridente e tinha cabelos num tom quase esverdeados, ao lado dele surgiram dois deuses mais jovens, sendo um homem e uma mulher, provavelmente irmãos.

— Onde está o Zeus deste universo? — Perguntou em voz alta o Zeus do Universo 961, pronto para dominar esta realidade.


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Notas finais do capítulo

Essa história originalmente não era um capítulo de Histórias do Multiverso e sim um texto que eu tinha escrito em 2014 para um post legal em um grupo do Facebook que eu havia criado pra postar coisas sobre mitologia grega com uns amigos do ensino fundamental. Eu reencontrei esse texto recentemente e decidi só mexer um pouco na escrita e criar os dois parágrafos finais, mas mantive todo o enredo simples original.



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