The Thorn's Secret escrita por Duda Mockingjay


Capítulo 1
Assassina


Notas iniciais do capítulo

Me apaixonei por SpyXFamily ainda nessa semana e não podia deixar de escrever algo sobre o casal que mal conheço e já considero pakas: Lyor!

Será uma two shot e poderá conter spoilers do mangá.

Espero que gostem!



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Fim de tarde -- Berlint, Ostania –- Casa dos Forger

 

Yor Forger desligou o telefone, sua expressão séria.

Inalterável.

Diferente dos pensamentos calculistas.

Metódicos.

 Alvo: Osborn Perkins

Causa: Assassino de políticos ostanianos influentes no setor de armamentos.

Próxima vítima: Donovan Desmond

Dia: hoje (o mais rápido possível, na verdade)

Local: Mansão Desmond

Anya Forger, sentada na sala assistindo TV com as costas repousadas em Bond, se divertia lendo os pensamentos da mãe de mentira. Ela é sempre tão séria e organizada quando pensa nos alvos, tão diferente do jeito envergonhado e desastrado do dia a dia. Parece até duas pessoas diferentes. Legal demais!

Então a menina focou nas últimas palavras.

Espera, mansão Desmond? Não pode ser! É onde o papi está conversando com o pai do Damian metido! Ele disse que ia trabalhar até tarde, mas eu vi na cabeça dele que ele vai se encontrar com aquele homem. Ela arregalou os olhos, virando a cabeça na direção da mulher de olhos vermelhos que já tirava o avental da cintura e caminhava apressada até o quarto para pegar sua roupa e armas.

Não posso deixar o papi descobrir que a mami é uma assassina!

Se ele souber vai ficar bravo, vai mandar ela embora e vai acabar me mandando embora também!

Não posso, não posso, não posso!

Anya se levantou em um pulo, preparada para correr na direção da mãe e inventar qualquer desculpa, mas então Bond latiu baixo, balançou a cabeçorra, as orelhas tremendo enquanto o olhar dele ficou fixo no rosto de Anya. A menina parou, piscando confusa.

— O que foi, Bond? – Então ela arregalou os olhos e se abaixou perto do cão, as mãos pousadas em cada lado da cabeça peluda dele. A voz saiu em um sussurro quase inaudível. – Você teve uma pé munição?

O cão ganiu, a cabeça inclinada sobre as mãos pequenas da menina. Anya franziu o cenho quando seu poder cintilou e ela viu a cena já quase sumindo da mente de Bond: Seus pais se beijando apaixonadamente, cheios de sorrisos no meio do beijo, presos num abraço apertado como se nunca mais quisessem se soltar.

— Eu sabia! Sabia que eles estavam a peixe nado! — A menina saltitava de alegria, girando no lugar numa dança maluca. Então ela parou, o dedo em riste na direção de Bond. – Não me engane, Bond!

O cão baixou as orelhas, os olhos atentos sobre Anya, o rabo balançando calmamente. A menina cruzou os braços, os olhos cerrados sobre o cão branco como se competissem quem piscava primeiro.

Bond ganhou.

— Ah, tá certo, vou confiar em você.

O som dos saltos finos de Yor surgiram no corredor e Anya correu para se sentar novamente, Bond bem relaxado às suas costas. A mulher vestia um casaco longo de camurça, escondendo quase completamente o vestido preto e colado que sempre usava como uniforme de seu “trabalho extra”. Os olhos escarlates fixaram-se em Anya com carinho.

— Anya, querida, surgiu um imprevisto e terei de sair urgente. Você vai ficar com Franklin, tudo bem?

A menina piscou lentamente como se estivesse realmente imersa no seu programa preferido. Ela virou os olhos verdes para a mãe, não sua melhor expressão de confusão, e abriu um sorriso largo.

— Claro, mami! O bobalhão é legal! – Ela se levantou e correu, se lançando nas pernas longas da mulher e abraçando apertado. – Vou sentir saudade.

Yor tomou Anya nos braços, apertando o corpo pequeno contra o seu com delicadeza, os dedos passeando pelos cabelos ondulados e rosados.

— Oh, querida, logo estarei de volta! Prometo que vai ser bem rápido! Talvez volte antes mesmo do Loid!

Anya concordou deixando um beijo casto na bochecha de Yor que corou, derretida com o carinho tão espontâneo.

Quando Franklin bateu à porta, reclamando pela centésima vez que não era babá, Yor se despediu com um sorriso, beijou a testa de Franklin como agradecimento (o que fez o homem se calar com o rosto corado e a boca aberta) e sumiu porta a fora. Anya correu para a janela vendo a mãe caminhando na rua escura tão rápido e silenciosa quanto uma sombra. Ela suspirou e acariciou a cabeça do cachorro que se sentou ao seu lado.

— Espero que tenha razão, Bond. Espero mesmo!

 

Início da noite -- Berlint, Ostânia -- Mansão Desmond

 

Loid Forger encarava o céu escuro pela janela da sala de estar de Donovan Desmond, as estrelas começando a surgir, a lua escondida atrás de uma nuvem.

Mas seus pensamentos estavam distantes. Mais especificamente, em casa.

Ou, mais especificamente, em Yor.

O teatro de família feliz e estável vinha sendo um sucesso. Até mesmo as vizinhas fofoqueiras tinham sido convencidas do amor e cumplicidade presente naquele relacionamento.

Mas o teatro vinha se tornando real demais.

Há alguns meses algo esquisito vinha acontecendo com Loid sempre que colocava os olhos sobre Yor.

No início ele achou que fosse coisa da sua cabeça então colocou a culpa no cansaço. Aquela missão já se prolongava por quase um ano, era uma das mais longas que já fizera. Mas ele percebeu que ver o sorriso de Yor não o deixava exausto, pelo contrário, ele se sentia energético como se pudesse enfrentar todo o exército ostaniano só pra que aquele maldito sorriso permanecesse ali pra sempre.

Depois percebeu que um mero olhar dela fazia seu peito disparar como se estivesse prestes a sofre um ataque cardíaco.

Alguns dias depois ele achou que seu coração pararia de vez quando ela beijou sua bochecha repentinamente, agradecendo por algo que ele nem ao menos conseguiu se lembrar.

Então ele concluiu que estava enlouquecendo.

Ou se apaixonando, o que era quase a mesma coisa.

Aquilo era uma catástrofe! Uma que ele estava sendo incapaz de impedir, para seu desespero. Ele sabia mais de cinquenta estilos de luta, manuseava com perfeição qualquer arma de fogo, era um mestre dos disfarces e podia invadir locais de alta segurança com a mesma facilidade que Anya comia amendoim, mas tinha perdido o controle de seus próprios sentimentos.

E isso estava ficando cada vez mais visível.

Como a forma que ele vinha fazendo com cada vez mais frequência as comidas apimentadas que ela tanto amava apenas para se deleitar com a expressão que sempre surgia no rosto anguloso e delicado dela: os olhos fechados, os lábios apertados em um pequeno sorriso, um gemido rouco de prazer com o sabor. Aquilo destruía Loid ao mesmo tempo que o lançava em verdadeiro júbilo.

Ou quando ele foi buscá-la no parque que ela que foi passear com Anya e Bond e a viu conversando animada com um idiota que claramente só tinha olhos para o corpo dela, mais interessado nos seios do que nas palavras de Yor. Loid nunca tivera que se controlar tanto para não matar um civil. Quando ela o apresentou como seu marido algo dentro dele se agitou, extasiado e satisfeito, mesmo que o olhar assassino não tenha saído do estranho pervertido até o idiota sumir de vista.

Além das situações dignas de um adolescente na puberdade, Loyd vinha procurando cada vez mais motivos para tocá-la ou, no mínimo, estar perto o suficiente para satisfazer o desejo de suas mãos descontroladas. Abraços de bom dia, ajudas para fazer as refeições e fazer questão de ajudá-la a mexer em algo na panela, caminhar de mãos dadas na rua para “manter as aparências”. Loid até a convidou para dançar no último encontro deles, surpreendendo principalmente a si mesmo que sempre odiara dançar.

Que diabos! Eu nem me reconheço mais!

Relacionamentos, no geral, sempre foram completamente desprezados pelo espião. Não apenas pelo passado familiar conturbado, mas porque seu trabalho nunca permitiu que ele se aproximasse tanto de alguém que não tivesse o objetivo de investigar, reportar ou eliminar. Sua vida sempre se resumiu a ser o agente Twilight e mesmo as raras noites quentes que já desfrutou não passaram disso. Nunca se interessou tanto por alguém ao ponto de querer mantê-la em sua vida mesmo após o fim da missão.

Não até agora.

O que levava a uma complicação ainda maior: ele seria capaz de trazer alguém tão inocente para o meio da vida louca de espião?

Yor despertava nele coisas que ele nunca imaginou que pudesse sentir, um simples olhar daqueles olhos ígneos o faziam querer revelar seus segredos mais profundos, mas ser a esposa de Loid Forger era fácil demais comprado a ser... qualquer coisa íntima do agente Twilight.

Remoer isso estava fazendo a cabeça do loiro latejar.

— Senhor Forger, estou o entediando com minha conversa?

A voz grave de Donovan tirou Loid de suas divagações com um sobressalto. Ele quis socar a si mesmo por estar tão distraído. Controle-se! Você é o agente Twlight e está aqui pra tirar todas as informações que conseguir de Desmond, não ficar pensando sobre amor e essas bobagens.

Ele afastou as mãos que massageavam as têmporas e sorriu educado na direção do homem.

— De forma alguma, senhor Desmond. Apenas pensando sobre... minha família.

— Problemas com sua filha? – Donovan questionou, as mãos alisando a barba com cautela.

— Nada que o tempo não resolva. – Ele desconversou, bebericando um pouco do chá que o mordomo serviu. Pousou a xícara sobre a mesa de centro. – Acredito que precisamos de férias, toda a família. Anya anda bem agitada com as provas finais, talvez uma viagem tranquila seja o que ela precisa para se acalmar. Conhece algum lugar bom, senhor Desmond? Desculpe se pareço algum tiete, mas as revistas não param de enaltecer seu gosto por aventuras. Talvez tenha algumas dicas...?

O homem se recostou na poltrona com um sorriso orgulhoso nos lábios. Bingo! Logo Donovan começou sua lista de melhores lugares a se viajar na Ostania, enumerando pontos positivos e negativos, o que mais gostava de fazer e além de dezenas de outras informações que Loid fingiu prestar atenção, os olhos atentos e interessados, a mente planejando como levar o assunto a qualquer coisa próxima aos planos que ele tinha de reiniciar a guerra. Talvez deva perguntar se já conheceu Westalis, isso pode se desenvolver bem para onde eu preciso. Loid assentia, concentrado em cada palavra acalorada de Donovan, preparado para a próxima pergunta.

Até algo passar rápido pela janela.

Loid se empertigou na cadeira, os olhos cerrando enquanto encarava o lado de fora. A pouca iluminação podia estar causando os vultos desconexos, mas Loid confiava em sua experiência, seus instintos de espião, seus anos capturando pessoas que agiam como verdadeiras sombras.

Ele saberia reconhecer o vulto de uma pessoa correndo.

Preciso investigar.

Loid se inclinou na cadeira depois de alguns minutos, a mão sobre a barriga e uma careta fingida de dor se desenhando na face.

— Perdão pela interrupção, senhor, mas... o que havia no chá?

Donovan silenciou no meio de uma frase, os olhos confusos sobre o loiro. Ele encarou o mordomo que pigarreou dando um passo à frente.

— Apenas hortelã, algumas gotas de mel e uma colher de leite, senhor Forger.

Perfeito!

— Oh, logo suspeitei! – Loid falou com tristeza, balançando a cabeça como se estivesse desolado, as mãos ainda sobre a barriga. – Laticínios nunca me caem bem.

O mordomo arregalou os olhos.

— P-Perdão, senhor, nunca imaginei que...

— Não, não foi culpa sua! Eu fui descuidado com minha condição diferenciada. Deveria ter avisado antes. – Loid agitou a mão livre, um sorriso forçado. Ele se ergueu da cadeira encarando Donovan com certa urgência. – Poderia me informar onde fica o toalete?

Donovan crispou os lábios e assentiu.

— Dobre a esquerda no fim do corredor. Segunda porta à direita.

O mordomo deu um passo à frente, abrindo a porta da sala para que Loyd saísse.

— Posso lhe acompanhar se o senhor...

— Não! – Loyd falou rápido, logo sorrindo para amenizar seu tom urgente. – Não me sinto confortável com pessoas próximo demais quando estou...nesse estado. Prometo retornar logo.

O mordomo, assustado, assentiu e fechou a porta quando Loid seguiu pelo corredor, os passos rápidos e silenciosos sobre o piso lustroso. Pela movimentação da sombra na janela ele imaginava que a pessoa se dirigia a parte frontal da mansão, talvez buscando se esconder em algum quarto esperando pacientemente que Desmond viesse até ele.

Então eu estava certo!

As mortes recentes de políticos influentes na área militar vinham perturbando Loid há dias. Ele suspeitava que Desmond pudesse ser um dos alvos e a morte do homem levaria sua missão por água abaixo já que, com certeza ele teria alguém de backup para tomar a frente de seus planos de guerra caso algo acontecesse com ele o que só faria Twilight recomeçar toda a investigação com outra pessoa. Seria um verdadeiro desastre e um atraso inadmissível para os superiores da Wise. Então ele não podia permitir a morte de Desmond, mas sua aproximação do político ainda era um processo lento. Desmond era desconfiado ao extremo e só viera convidar o Forger para sua casa meses após se conhecerem e apenas por ver o suposto interesse de Loid em suas ideologias.

E agora o assassino de políticos estava ali exatamente no mesmo dia que Loid. Na mesma hora, no mesmo momento.

O loiro sorriu para si mesmo.

Um pouco de sorte era exatamente o que eu precisava!

Quando chegou ao fim do corredor um som o fez parar. Um gemido de esforço tão baixo que qualquer um confundiria com um ranger de porta ou o arranhar de um galho contra a janela.

Mas o espião reconhecia o som de uma luta, o esforço de manter os grunhidos baixos para não revelar sua localização.

E ele sabia de onde o som viera.

Dobrando a direita no fim do corredor, Loid caminhou calmamente, os pés tocando o chão sem emitir o mínimo barulho. Dessa vez, os sons ficaram mais audíveis.

Outro gemido baixo.

O arrastar de pés.

Um grito abafado.

O som de alguém se engasgando, provavelmente no próprio sangue.

Mas que droga...?

Twilight tirou o revólver do suporte escondido na calça e girou o trinco do escritório de onde o som de engasgo tinha acabado de sumir. Ele empurrou a porta com cautela...

E a fechou rapidamente no exato momento que uma espécie de flecha ou lança dourada de metal se cravou na madeira, a ponta atravessando a porta e ficando a centímetros do seu rosto. O espião respirou fundo, exasperado, e não perdeu tempo. Ele empurrou a porta com tudo, o revólver preparado e apontado para frente, pronto para atirar em quem tentara matá-lo com aquela arma esquisita.

Infelizmente, a pessoa também estava preparada para uma segunda tentativa.

Loid não conseguiu dar nem um passo quando uma outra flecha de metal dourado tocou seu pescoço numa velocidade alarmante no momento que ele abriu a porta, o revólver apontado para um rosto anguloso e delicado.

Diretamente entre olhos vermelhos e com um brilho assassino.

Twilight sentiu seu sangue gelar, os olhos arregalados quando reconheceu os traços tão belos, quando reconheceu os lábios cheios e que abrigavam o sorriso mais perfeito do mundo, agora distorcidos em uma linha de pura frieza e perigo.

Os olhos vermelhos também se arregalaram quando uma única palavra saiu dos lábios de Loid.

— Yor?


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Notas finais do capítulo

Até o próximo e último cap!

Bjux!



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