Por favor, meu amor escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 4
Capítulo 4 – Promessa




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Capítulo 4 – Promessa

 

                - Tá zangada?

                Tia May levantou o olhar para mim, onde eu estava sentado perto de Gwen do lado oposto da mesa.

                - Tia May, eu... A senhora é uma das duas pessoas que mais confio na vida, mas era perigoso...

                - Eu sei, querido. Eu só... Não sei como conviver com isso direito, e tenho tentado descobrir desde que liguei os pontos. Não foi só pela sua faculdade que aceitei estágio num hospital.

                Eu sei que a intenção dela não era fazer eu me sentir culpado, May não é assim, mas ainda me senti, e foi inevitável não lembrar da promessa do pai de Gwen, tudo que isso fez com nós dois, o quanto eu a feri por não falarmos abertamente sobre isso. Eu e Gwen tínhamos nos perguntado se seria certo contar a ela sobre a viagem ao futuro agora, e pesei se seria mais difícil equilibrar uma tia paranoica agora ou uma decepcionada e paranoica no futuro. Decidimos dizer toda a verdade de uma vez, e o medo estava lá nos olhos de minha tia durante o relato sobre a possível morte que havíamos evitado na noite anterior.

                - Vocês são jovens demais pra segurar algo tão pesado – ela concluiu.

                - Eu sei. Mas aconteceu – eu lhe disse.

                Ela assentiu.

                - E foi seu pai que começou isso. Que irônico.

                - Eu acho – Gwen finalmente falou algo – Que o que aconteceu no futuro nos deu muito mais do que só a chance de evitar que eu morresse. E acho que não ganharemos muito, ou nada, fugindo disso. Você não pode se condenar a ficar a vida inteira sozinho por causa disso – ela me disse – E não queremos e não vamos deixa-lo por causa disso.

                - Gwen tem razão – tia May falou – Estamos aqui, e vamos viver um dia de cada vez, sobrevivendo juntos— ela disse me olhando com afeto e profundidade.

                Um longo silêncio encerrou o tópico por enquanto, e minha tia voltou a falar.

                - Então você vai tentar uma bolsa em Oxford.

                - Vou.

                - Eu sei que vocês querem ficar juntos. E eu desejo isso também. Mas há opções que realmente te interessem profissionalmente?

                - Eu já verifiquei isso enquanto a senhora dormia. Eu pretendo continuar a carreira de fotógrafo como um complemento e hobby, e estudar biologia celular e molecular com Gwen. O que aconteceu comigo... Tem tudo a ver com isso. E foi justamente porque fiquei curioso pra ver algo assim mais de perto que me tornei o Homem Aranha acidentalmente. Eu gosto disso, eu sou bom nisso, e pode me ajudar a entender como funciono agora.

                Tia May assentiu, um leve sorriso surgindo em seus lábios.

                - Você tem certeza? – Ela perguntou mais uma vez.

                - Sim – respondi com convicção.

                - Não quero que pareça que quero prender você aqui ou que só não quero ficar sozinha, é apenas...

                - Eu sei – falei, estendendo a mão para segurar a dela – Eu sei. Mas eu prometo que voltamos pra visitar todo mundo. E voltamos pra casa quando os estudos acabarem. Tem muito trabalho pra fazer aqui. Curar os vilões... Isso pode mudar muita coisa. Gwen viu acontecer, já temos uma base.

                - Você tem razão. Agora... Por que você não me conta o que quis dizer com é um dia pra passos importantes?

                - Isso... Essa parte é uma surpresa. A senhora vai saber mais tarde. Agora acho que devíamos levar Gwen em casa.

                Como se adivinhasse o que estávamos conversando, a senhora Stacy ligou para o celular de Gwen nesse instante, e o som de Stop, das Spice Girls, encheu a cozinha enquanto Gwen pegava o celular para atender.

                - Oi, mãe – ela falou, ficando em silêncio enquanto a voz desesperada de Helen falava do outro lado – Foi por isso que eu não liguei. Meu táxi ficou preso no engarrafamento pouco antes das luzes se apagarem. Então todos começaram a entrar em pânico e fugir. Um cara que voava apareceu tocando o terror... Sim, sim, eu tô bem! Não, mãe, nem consegui chegar no aeroporto, continuo em Nova York, eu já entrei em contato pra reagendar a viagem – Gwen falou, trocando um olhar conosco enquanto ouvia sua mãe falar – Encontrei Peter no meio do tumulto, ele me tirou de lá em segurança, estou com ele e tia May na casa deles. Vou voltar pra casa daqui a pouco e conversamos. Não, não precisa. Só me espere. Eu sei. Também te amo – ela disse antes de desligar.

                Ergui uma sobrancelha interrogativamente para Gwen.

                - Ela ficou preocupada quando soube do horário do que aconteceu na cidade, e porque eu não respondi as chamadas e mensagens depois.

                - Acho que é hora de ir. Todos nós já dormimos, comemos, Peter está bem, e esclarecemos tudo que podíamos. É hora do próximo passo.

                Em pouco menos de uma hora nós três estávamos em frente à porta dos Stacy, e Helen puxou Gwen para um abraço demorado quando abriu a porta, trocando um olhar de gratidão comigo e com tia May.

                - O taxista fez a gentileza de trazer sua bagagem de volta – Helen apontou para duas malas num canto da sala de estar.

                Gwen assentiu com um sorriso enquanto Helen fechava a porta após nos convidar para entrar.

                - Os meninos tão em casa?

                - Escola. Fiquei preocupa de deixa-los sair com o que houve ontem, mas tudo parecia mais tranquilo de manhã. Devem chegar em breve.

                - Obrigada por cuidarem de Gwen – Helen nos disse.

                - Gwen também faz muito por meu Peter, nunca deixaríamos de acolhê-la – tia May respondeu.

                - Você está bem, Peter? – Helen perguntou – Soube que algumas pessoas se machucaram no meio da confusão.

                - Eu me machuquei um pouco. Eu tava andando de skate perto da ponte quando o Duende apareceu e caíram escombros de alguma coisa que ele quebrou. Depois encontrei Gwen e tinha pessoas correndo pra todo lado. Então corremos dali pra o lugar mais próximo que parecia seguro, que era minha casa. Ela e Tia May cuidaram de mim lá.

                Eu respirei fundo e troquei um olhar com minha tia, que me incentivou, e reuni coragem para falar.

                - Fico feliz que esteja bem, e novamente agradeço por manter Gwen em segurança.

                - Senhora Stacy – eu comecei, também recebendo um olhar encorajador de Gwen – Eu tenho algo importante pra dizer. Eu sei que eu e Gwen já tivemos maus momentos, que eu a magoei me afastando por achar que eu não faria bem pra ela, por inseguranças minhas, e quando fui pra ponte ontem... Eu fui pra procura-la, pra esclarecermos tudo, porque eu não consigo viver sem ela e nunca me perdoaria se ela viajasse sem saber disso. Eu disse isso pra Gwen, e agora eu vim dizer de novo na sua frente, e na frente da minha mãe... Que eu decidi trabalhar minhas inseguranças e tomar uma decisão. Eu quero ficar com sua filha pelo resto da minha vida, e eu sei que ainda somos muito jovens e temos muitas coisas importantes pra fazer antes de criar uma vida juntos, mas eu vim pedir que a senhora me conceda sua filha em casamento quando a hora certa chegar.

                A sala ficou em silêncio, e vi lágrimas escaparem dos lindos olhos verdes da minha amada, enquanto um pequeno sorriso brincava em seus lábios. Helen estava surpresa, e parecia pensar, enquanto May esperava em expectativa, também um pouco surpresa por meu pedido.

                - Estou resolvendo tudo pra tentar uma bolsa em Oxford. Eu não quero mais ficar longe de Gwen. E eu realmente quero estudar na área da ciência, essa é uma das coisas que nos une. Vamos seguir, e planejar, e quando nos estabilizarmos, eu quero casar com ela – continuei diante do silêncio.

                - Eu não estou surpresa, mas ainda não esperava ouvir isso hoje – Helen disse calmamente.

                - Eu digo o mesmo – May falou.

                - Eu sei que não começamos bem, mas eu amo sua filha mais do que tudo.

                Helen olhou para Gwen, em busca de sua opinião. Meu anjo sorriu e secou os olhos.

                - Mãe... Eu também quero isso. Eu tive tempo suficiente pra pensar em nós dois desde que nos conhecemos, e principalmente quando estávamos separados. E minha única dúvida e dor quando fui viajar ontem é a incerteza em que estávamos. Eu não quero mais viver com isso, nós conversamos, estamos bem, e quando ajeitarmos nossas vidas, eu quero me casar com Peter.

                Helen sorriu.

                - Sempre admirei a certeza que você tem com o que realmente quer. E sempre admirei o cuidado de Peter com você, mesmo com todos os momentos difíceis. Nenhum casal vive feliz 100% do tempo, e é admirável que vocês já saibam lidar com isso. Vocês têm a minha conceção. Mas façam como disseram, vão com calma, com o tempo que tudo precisa pra acontecer.

                Vi os olhos de Gwen brilharem com o enorme sorriso que abri involuntariamente.

                - E nós duas não precisamos de promessas – May falou – Só precisamos saber que vocês vão cuidar um do outro, e eu acredito totalmente que vão.

                Tenho certeza que o coração de Gwen aqueceu tanto quanto o meu com essa colocação. Tia May queria dizer exatamente aquilo, mas todos na sala agora sabiam o que havia por trás daquelas palavras para nós dois.

                Só tive tempo de tomar a mão de Gwen na minha onde estávamos sentados, lado a lado no sofá, antes de ouvirmos vozes alegres e jovens invadindo o apartamento, e os irmãos de Gwen entrarem falando animadamente sobre algum jogo do time de futebol da escola, até verem as visitas e nos cumprimentarem com alegria.

                - O que aconteceu? O clima tá estranho. Estranho de um jeito bom, eu acho... – Simon falou sem cerimônia – E por que Gwen não viajou?

                - O tumulto de ontem atrapalhou minha chegada no aeroporto, maninho.

                - E eles tem algo importante pra contar – Helen falou com um sorriso leve.

                - O que? – Philip quis saber.

                - Nós estamos noivos – falei ainda sorrindo.

                - Sério?! Até que enfim – Simon disse – Vocês enrolaram demais.

                Helen olhou surpresa para o filho mais novo, mas todos nós rimos com isso.

                - Gwen, e Oxford? – Howard perguntou.

                - Tô em contato com a agência e com a universidade pra reagendar, e Peter vai comigo. Ele já iniciou a tentativa pra uma bolsa, mas tenho certeza que ele vai conseguir. É o segundo melhor do colégio.

                Eu não consegui deixar de rir com isso, e pela primeira vez desde a noite anterior senti meu coração leve e plenamente feliz.

                - Vocês dois estão convidados pra almoçar conosco hoje se quiserem – Helen falou, já se levantando para seguir para a cozinha.

                - Mãe, faz aquele macarrão com molho que você fez da última vez que Peter veio comer aqui – Philip pediu.

                - Eu posso ajudar se não for um incômodo – tia May ofereceu.

                - Será um prazer – Helen sorriu – Fique à vontade, Peter. Aproveitem pra conversar sobre tudo isso enquanto cozinhamos.

                - Obrigado – agradeci enquanto ela e tia May seguiam para a cozinha, e Simon corria animado atrás delas enquanto Howard e Philip iam para seus quartos guardar as coisas da escola.

                - Simon gosta de cozinhar? – Perguntei a Gwen.

                Ela riu.

                - Ele gosta mais é de comer mesmo – ela falou enquanto nós dois riamos juntos – Mas no fim sempre acaba ajudando. Vejo um talento nele, quem sabe não sai um trabalho disso no futuro? Ele leva jeito.

                - O que fazemos enquanto isso?

                - Podemos seguir a sugestão de mamãe. Pensar em onde vamos ficar, posso te mostrar a grade curricular do curso, e já pensei até em possíveis locais onde podemos trabalhar no devido tempo.

                - Você é um gênio, vai ser a aluna mais inteligente que Oxford já teve.

                Gwen riu.

                - Quanto tempo você tem pra chegar lá depois de tudo isso?

                - As aulas ainda começam daqui um tempo. Eu me planejei pra ir com antecedência suficiente pra conhecer os arredores dos lugares que provavelmente vou frequentar e me adaptar. O impasse com o reagendamento é mais com o voo do que com a universidade. Eu só avisei que talvez me atrase porque o aconteceu ontem tornou necessário replanejar algumas coisas. Mas tenho certeza que podemos chegar a tempo.

                Antes de tia May acordar pela manhã, Gwen tinha me explicado os processos necessários para me candidatar a uma bolsa, e eu já tinha começado a providenciar.

                - Não é assustador? Mesmo planejando, mudar algo que durou sua vida toda de repente?

                - Se até você acha isso, então não preciso esconder que acho o mesmo – respondi – Mas eu tenho certeza do que quero. Tô muito cansado de ficar longe de você. Eu vou cuidar tanto de você... Não tenho muito a te oferecer além de mim mesmo agora, mas...

                Gwen me interrompeu com um beijo, suave e demorado, me fazendo lembrar da primeira vez que a beijei.

                - Você é tudo que eu preciso. Você já cuida de mim o tempo todo, e adoro quando me deixa cuidar de você também. Podíamos não estar aqui agora, mas estamos. Deu tudo certo, e vai continuar dando.

                Eu concordei com um aceno de cabeça e um sorriso.

                - Seus ferimentos – Gwen falou mais baixo – Tão doendo? Ou incomodando?

                - Eu tô bem – respondi antes de beijá-la exatamente como ela fizera momentos antes, sentindo-a sorrir antes de me retribuir.


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