Shinku no Kogoro - Season 3 escrita por NortheastOtome1087


Capítulo 3
A trilha do bancho




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[Cenário: Ruas de Tóquio]

[Várias pessoas caminham nas ruas da capital japonesa. No meio delas vemos quatro valentões usando uma capa de cor verde batendo num pequeno garoto de gakuran branco. O líder dos valentões tem cabelos pretos, olhos castanhos e sua pele é muito parda.]

Valentão 1: Pirralho, você nos deve o dinheiro do lanche.

 [A vítima tem cabelos verdes e olhos roxos. Ela chora, implorando por misericórdia.]

Garoto de gakuran branco: Por favor! Me dêem mais tempo! Sei que eu posso conseguir mais dinheiro pra você!

[Um dos delinquentes tem uma pele mais branca, contrastando com seus cabelos e olhos azul-escuros.]

Valentão 2: Não. Não. Você teve a sua chance... Uma semana atrás!

Garoto de gakuran branco: Mas eu tava mesmo conseguindo dinheiro. Eu até tenho uma prova!

[O garoto mostra para o valentão um cartão vermelho com detalhes dourados, incluindo uma estrela também dourada.]

Valentão 1: Esse cartão não vale nada!

[O valentão rasga o cartão na frente do garoto, que chora pela sua perda.]

Garoto de gakuran branco: Não! Meu pai deu aquilo pra mim. Era um presente!

Valentão 2: Ninguém se importa com um pedaço de papel mixuruca. O que move as pessoas é dinheiro. Dinheiro!

Valentão 1: Agora você nos deve outro lanche!

[Os valentões espancam o garoto, mas eles são surpreendidos por uma kunai jogada na árvore.]

Valentão 1: Mas o que é isso?

Valentão 2: Será que é um ninja?

[O responsável então aparece. Um delinquente de pompadour loiro com mechas laranjas, uma longa jaqueta roxa e um sarashi.]

Garoto de gakuran branco: Ei! É você!

[Dois dos delinquentes, ambos de cabelos e olhos castanhos, olham para o delinquente.]

Valentão 3: Chefe! É ele!

Valentão 4: O valentão mais inescrupuloso de todos...

Valentão 3 e 4: Reiji Takahashi!

Reiji: Isso mesmo. Ainda bem que vocês sabem.

Valentão 1: Hmph. Como se nós ligássemos pra isso.

Reiji: Fiquei sabendo que vocês são infames por roubar dinheiro de outros alunos. Covardes vocês, não?

Valentão 2: Belas palavras ditas de um delinquente como você!

Valentão 1: Nós somos delinquentes. Nós fazemos o que queremos!

Reiji: Melhor vocês saírem daqui enquanto é tempo. Ou querem lutar como os valentes que vocês se dizem ser?

[O líder dos valentões fica zangado.]

Valentão 1: Peguem ele!

[Os valentões 2, 3 e 4 vão atacar Reiji, mas este usa seu ataque de múltiplos socos contra os delinquentes.]

Reiji: Oraoraoraoraoraoraora!

[Os valentões não resistem ao golpe de Reiji e caem no chão.]

Valentão 1: Levantem-se, imbecis! Isso não é hora de ficarem deitados!

[Reiji caminha tranquilamente contra o líder dos valentões.]

Reiji: Me diga um bom motivo para não te arrebentar!

Valentão 1: Levantem-se, isso é uma ordem!

[Os subordinados do líder ainda estão caídos.]

Valentão 1: Levantem-se agora!

Reiji: Agora você cai!

[Reiji dá um soco bem forte no líder dos valentões que o joga pra longe. Eventualmente os outros delinquentes conseguem acordar, mas eles acabam vendo seu líder caído.]

Valentões 2, 3 e 4: A-Aniki!

[Os valentões usam as suas forças para levar o seu líder para longe de Reiji.]

Valentão 3: Melhor sairmos daqui enquanto é tempo.

Valentão 4: Este garoto não é humano.

[Reiji vê a gangue de valentões correndo.]

Reiji: E não voltem mais aqui!

[Reiji então olha para o garoto.]

Reiji: Você está bem?

Garoto de gakuran branco: Eu...

[Reiji ajuda o garoto a se levantar. Ele começa a botar as mãos no olho.]

Reiji: O que foi?

Garoto de gakuran branco: Eu não tenho mais nada...

[Reiji vê que o garoto está chorando.]

Reiji: (Os valentões devem ter feito algo de ruim para ele chorar... E pelo visto eles não queriam só o dinheiro do lanche...)

[O garoto continua chorando.]

Reiji: Ei garoto... Porque está triste?

[O garoto mostra o seu cartão rasgado.]

Reiji: O que é isso?

Garoto de gakuran branco: É o cartão que o meu pai me deu. Ou o que restou dele.

[Reiji pega as metades do cartão.]

Reiji: Esse cartão é de qual estabelecimento?

Garoto de gakuran branco: Shining Star. É um supermercado.

Reiji: Shining Star...

Garoto de gakuran branco: Com esse cartão, eu podia comprar coisas com 50% de desconto.

Reiji: Porque você mostrou isso ao delinquente?

Garoto de gakuran branco: Para que ele parasse de me incomodar.

Reiji: Você acha mesmo que um valentão iria te interromper só porque você tem um cartão de desconto?

[O garoto fica calado.]

Reiji: Olha, se eu fosse você, iria para um lugar seguro longe daqueles vermes.

Garoto de gakuran branco: Mas aquele homem é diferente. Ele vive me perseguindo desde que eu entrei na Botan.

Reiji: O problema é tão sério assim?

Garoto de gakuran branco: Mesmo com um cartão de desconto, não é o suficiente. Tudo o que o líder dos valentões quer é dinheiro. E agora com meu cartão destruído, eu não sei como meu pai vai reagir...

Reiji: Olha, eu sei como eu posso fazer isso.

Garoto de gakuran branco: Você sabe?

Reiji: Sim. É só me levar para o Shining Star e eu resolvo tudo pra você.

Garoto de gakuran branco: Muito obrigado senhor... Qual o seu nome?

Reiji: Reiji Takahashi. Mas não me chame de senhor. Isso me envelhece.

Garoto de gakuran branco: Prazer. Ikuto. Ikuto Kamiya.

[Reiji e Ikuto caminham juntos para o supermercado Shining Star.]

[Cenário: Colégio Hyouki, 3º ano B]

[Alguns minutos depois, o professor está lecionando o assunto de geografia para os alunos.]

Professor: A Europa limita-se territorialmente com a Ásia, a leste, sendo considerada então um prolongamento da massa continental do continente asiático, formando, assim, a Eurásia, que é uma massa continental formada pela Europa e pela Ásia.

[Enquanto isso, uma garota de cabelos ruivos, olhos castanhos e penteado de maria-chiquinha está esperando pelo Reiji.]

Garota: Droga, ele está atrasado. E justamente na matéria de geografia.

Professor: Os dois continentes são separados pela cordilheira chamada Montes Urais. Devido ao seu contorno bastante irregular, o continente europeu apresenta, além de várias penínsulas e ilhas, muitos países com costa litorânea.

[A porta da sala se abre, e Reiji chega a sala de aula.]

Professor: 15 minutos atrasado, Reiji Takahashi!

[Reiji vai para a sua carteira se sentar.]

Reiji: E aí, tudo bem? Qual o assunto de hoje?

Professor: Tudo bem nada! Você está atrasado e isso vai te custar pontos. Aliás, o assunto de hoje é o continente europeu.

Reiji: Valeu professor.

[Reiji abre o seu livro de geografia.]

Reiji: Continente europeu... Continente europeu...

Professor: Continuando, a Europa tem uma área de 10.180.000 km², com uma população de mais de 740 milhões de habitantes.

Garota: (O que foi que ele fez para se atrasar tanto?)

Professor: Além disso, a Europa possui um total de 60 línguas, como a língua espanhola, a língua inglesa e a língua portuguesa.

[Um dos estudantes de cabelo ruivo, com penteado que lembra uma chama e kanjis de “Hi” vermelhos em suas bochechas, levanta a mão.]

Professor: Alguma coisa Issei?

Issei: A Europa, pelo que eu sei, é o continente onde fica os países que conquistaram outros países, certo? É que lá onde tem Espanha, Inglaterra e Portugal, não é?

Professor: Sim. Espanha, Inglaterra e Portugal são países europeus. Alguma pergunta?

Issei: É que eu achei coincidência esses países conquistarem essas partes da América. Tipo, a Inglaterra pegou a América do Norte, a Espanha a América Central e Portugal a América do Sul. A Europa é tão desesperada assim?

Professor: Eu não faço a menor ideia do que você estou dizendo. Se quer falar sobre conquistadores europeus, você devia falar com o professor de História. E eu sou tão bom em História quanto um aluno recém-formado em uma sala de Matemática Avançada.

Issei: Eu sinto muito...

Reiji: (Ele pegou o cara de jeito...)

Professor: Bem, onde estávamos... Ah sim.

[Cenário: Colégio Hyouki, cantina.]

[Reiji tem uma discussão com a garota de cabelos ruivos.]

Garota: Não me diga que você teve que perder 15 minutos de geografia para brigar com delinquentes!

Reiji: Desta vez foi a Gangue Beast, e aquilo foi um caso sério.

Garota: Tudo que envolve briga pra você é um caso sério! Poxa Reiji, você não consegue passar um dia sem brigar?

Reiji: Mas é verdade, Ayane. Eu tive que ajudar um garoto com necessidades.

[Reiji mostra a Ayane o cartão rasgado de Ikuto.]

Ayane: Mas o que...

Reiji: Foi um cartão de desconto rasgado. O garoto precisava disso para o dinheiro do lanche.

[Ayane pega o cartão rasgado.]

Ayane: Esse padrão. Shining Star, não é?

Reiji: Tive que ir pra lá para resolver um negócio. Gastei parte do meu dinheiro para comprar um novo cartão pra ele, inclusive eu tive que tomar conta do menino.

Ayane: Então você tinha que cuidar dele.

Reiji: Sim. Tinha medo que algo desse tipo acontecesse novamente. Mas pelo menos eu consegui salvá-lo. Por enquanto.

Ayane: Reiji... Você mudou muito, não mudou?

Reiji: Sim.

Ayane: Deve ser Kogoro. Sua influência benigna foi boa o suficiente para chutar seu lado mau.

Reiji: Na verdade eu sempre quis bancar o bom delinquente desde que entrei na Hyouki pela primeira vez.

Ayane: Sei disso... Você nunca superou aquele problema. Bastava apenas um incidente, e você se torna o pior pesadelo de todos os colégios. Ou pelo menos é o que dizem.

Reiji: Neste ponto eu não me importei com mais nada. Se eles me viam como um delinquente, um delinquente eu me tornei. E nada mais importa. Porém... Eu ainda queria fazer o bem para as pessoas, então eu me limitei sobre as coisas que eu queria ou não fazer.

Ayane: Reiji...

Reiji: Eu ainda me lembro do dia em que eu derrotei Naoya, o ex-bancho da Hyouki. Você ainda se lembra dele, não lembra?

Ayane: Sim. O ex-bancho da Hyouki. Quando ele era bancho, ele era a única coisa que impedia o colégio de se tornar uma anarquia.

Reiji: Naquele tempo eu já estava desmoralizado, quase no fundo do poço. Foi só eu mostrar o quão forte e violento eu me tornei que eu acabei me tornando líder. Consequentemente eu voltei a me tornar popular, porém através da infâmia.

Ayane: Mas você ainda tinha seu senso de honra. Apesar de toda a violência, você ainda tinha um lado bom.

Reiji: A única coisa que me impedia de ser um completo babaca é a Hyouki, como um todo. Meus amigos que ainda confiaram em mim, e você... Que apesar de todos os problemas, nunca perdeu a confiança em mim.

Ayane: Meu dever como amiga é te impedir que você chegue aos extremos.

[Reiji e Ayane dão um sorriso.]

Ayane: Reiji... Se você não tivesse perdido sua antiga popularidade na Hyouki, e o Naoya continuasse sendo o bancho do colégio... O que você estaria fazendo neste momento?

Reiji: Passado é passado. É hora de nos prepararmos para o futuro que ainda está próximo.

Ayane: Tem toda a razão. Temos um longo caminho a percorrer.

Reiji: Ayane, ainda dá tempo de irmos para a biblioteca para estudarmos juntos?

Ayane: Sim. Quem chegar por último vai arrumar a biblioteca.

[Ayane e Reiji correm pra ver quem é que chega primeiro a biblioteca.]

[Cenário: Colégio Rekka, entrada do colégio.]

[Horas mais tarde, os alunos estão saindo do colégio. Reiji encontra Ayane mais uma vez.]

Reiji: Quer que eu te acompanhe?

Ayane: Pode ser.

[Reiji e Ayane vão caminhando.]

Ayane: Foi muito bom da sua parte você se oferecer para estudar comigo.

Reiji: Que nada. Só fiz isso porque sou ruim em geografia mesmo.

Ayane: Mas porradaria que é ruim, você manja.

Reiji: É... Eu sou bom de porrada.

Ayane: Não é a toa que você e Kogoro são oponentes dignos.

Reiji: Desde quando você se interessou em nossos combates?

Ayane: Ora, desde o dia em que eu te conheci. Ou vou ter que te lembrar sobre como você caiu feio?

Reiji: Não, acho melhor você não contar.

[Ayane dá uma risada e Reiji se irrita.]

Reiji: Eu não achei graça!

Ayane: Pois eu achei.

[Cenário: Ruas de Tóquio]

[Reiji e Ayane caminham nas ruas de Tóquio.]

Ayane: Mano, as noites em Tóquio são bem bonitas, não são?

Reiji: Sim. Uma pena que nós não moramos em um bairro especial como Shibuya, Harajuku, Ginza... Lá, as luzes são mais bonitas.

Ayane: Ou Akihabara.

[Reiji e Ayane observam as estrelas.]

Ayane: As estrelas... Elas são lindas.

Reiji: Hoje o céu está estrelado.

Ayane: Ontem eu tive um sonho no qual eu era uma princesa de um reino que fica no céu. Aí eu fui raptada por seres mal-intencionados que queriam se casar comigo.

Reiji: Nossa, que coisa horrível.

Ayane: Sim. Eu também me imaginava em uma prisão, e eu olhava para aquela janela, no qual estava cheia de estrelas. A cada dia que passa eu rezava para que alguém de bom coração possa me salvar. Eu também tive que recusar os pedidos de casamento dos meus inimigos, mesmo sabendo que isso prolongaria minha vida na prisão.

Reiji: E o que aconteceu depois?

Ayane: O tempo passou, e eventualmente eu fui salva por um príncipe de um reino distante. Embora eu não o conhecia direito, eu sentia que ele parecia ser uma pessoa honesta, corajosa e forte.

Reiji: Ele parece ser um cara muito legal.

Ayane: Hihi. Legal é pouco.

Reiji: E então, o que aconteceu em seguida?

Ayane: Eu e o príncipe nos casamos no rio celeste do espaço. Eventualmente nos beijamos mas aí...

Reiji: Aí o quê?

Ayane: Tudo desapareceu, e eu acordei em minha casa. Como eu disse era tudo um sonho, nada era real. Mas eu gostaria que fosse. Reiji... O que eu queria dizer é que...

Reiji: Pode falar. Sou todo ouvidos.

Ayane: Reiji, eu amo você!

[Embora não demonstre, Reiji fica surpreso com a declaração de amor de Ayane.]

Reiji: Ayane...?

Ayane: Oh Reiji, eu queria tanto dizer isso pra você, mas não tinha coragem de demonstrar. Mas você entende, não entende?

Reiji: Ayane...

Ayane: Reiji?

Reiji: Eu também gostaria de dizer uma coisa... Eu também te amo... Assim como todos os meus entes queridos da Hyouki.

[Ayane não fica feliz com a resposta de Reiji.]

Ayane: Como todos os seus entes queridos?

Reiji: Mais claro. Você é uma pessoa legal e amável, e eu digo a mesma coisa de todos os meus amigos.

Ayane: Então... Então você...

Reiji: Uh... Algum problema?

[Ayane tenta esconder sua frustração com um sorrisinho.]

Ayane: Não, não, nada de mais. Eu também te entendo. Você ama todo mundo, não é?

Reiji: Mas claro.

Ayane: (Mas claro... Ele tinha que botar a Hyouki toda como desculpa pra não me amar de verdade...)

Reiji: Ayane... Eu estava pensando...

Ayane: Claro, pode falar. Sem ressentimentos.

Reiji: É que... Amanhã nós podemos estudar na biblioteca novamente?

Ayane: Sério mesmo? Mas claro, estou sempre disposta a te ensinar tudo o que eu sei... Isto é, se você não é muito de estudar, é claro...

Reiji: Ótimo.

Ayane: (Perfeito, se eu conseguir estudar com o Reiji na biblioteca, logo logo seremos namorados de verdade! Que estranho, nunca me senti tão apegada com ele antes, seria isso um efeito do amor?)

[Reiji e Ayane caminham juntos. Eventualmente eles chegam até uma rua.]

Ayane: Reiji... Eu queria te dizer uma coisa?

Reiji: Claro, pode falar.

Ayane: Você pode... Me acompanhar até minha casa?

Reiji: Mas porque? Você consegue ir até sua casa sozinha e sem medo.

Ayane: Eu sei mas...

Reiji: Mas...

Ayane: É que eu queria que você me acompanhasse desta vez.

Reiji: Eu não tenho nada pra fazer mesmo... Então tá de boa.

[Reiji acompanha Ayane até sua casa. A amiga de Reiji dá um sorrisinho.]

Ayane: (Por mais que o Reiji seja um lutador cabeça dura, ele é de fato uma boa companhia. Me pergunto se um dia nosso relacionamento irá evoluir. Bem, não importa. É só uma questão de tempo para que Reiji me veja não apenas como uma amiga, mas uma futura namorada...)

[Cenário: Casa dos Kamiya, fachada.]

[A noite, Ikuto chega a sua casa.]

Ikuto: Lar doce lar...

[Ikuto dá uma olhada em seu cartão de desconto... Em outras palavras, seu novo cartão de desconto que substituiu o rasgado.]

Ikuto: Mas que não vai ser tão doce assim.

[Cenário: Casa dos Kamiya, sala de estar.]

Ikuto: Cheguei em casa.

[Um homem gordinho, de cabelos e olhos castanhos com bigode aparece.]

Homem: Onde você estava?

Ikuto: No colégio. Atividade extra.

Homem: Até as 18:30?

Ikuto: Longa história, pai.

Pai do Ikuto: E então, como foram as coisas?

Ikuto: Mesmas aulas na Botan.

Pai do Ikuto: Não me refiro apenas a Botan.

[Ikuto decidiu desabafar tudo o que ele queria dizer ao pai.]

Ikuto: Me encontrei com aqueles delinquentes de novo.

Pai do Ikuto: Não me diga...

Ikuto: Mas não tinha nada a ver com a escola. Eram dois momentos diferentes.

Pai do Ikuto: Ikuto, quantas vezes eu tenho que dizer para você evitar os delinquentes...

Ikuto: Eu não consigo!!!

Pai do Ikuto: Ikuto, mas que falta de educação. É muito feio gritar com os outros.

Ikuto: Me desculpe... Eu não queria...

Pai do Ikuto: Vai já pro seu quarto e pense no que fez. Aliás, você não vai jantar hoje!

Ikuto: Mas...

Pai do Ikuto: Quarto!

[Ikuto não diz mais nada e vai para o seu quarto.]

Pai do Ikuto: Esses adolescentes de hoje...

[Cenário: Casa dos Kamiya, quarto do Ikuto.]

[Alguns minutos depois, Ikuto está chorando porque ele está de castigo sem jantar.]

Ikuto: Eu odeio a minha vida! Minha casa, minha escola, meu jeito de viver... Eu odeio a minha família!

[Ikuto ouve alguém abrir a porta.]

???: Algum problema, Nii-san?

[Um garoto de cabelos azuis-escuros e olhos castanhos aparece trazendo uma caixa.]

Ikuto: O-Onii-chan!

Irmão de Ikuto: Realmente, você não muda muito, não é?

[O irmão de Ikuto dá a ele uma caixa.]

Ikuto: Um presente pra mim?

[Ikuto abre o presente e vê que é uma marmita de arroz e galinha.]

Ikuto: Ei! Mas isso é...

[O irmão de Ikuto dá uma colher e um garfo.]

Irmão de Ikuto: Fiquei sabendo que você teve uma discussão com o papai.

Ikuto: Mas...

Irmão de Ikuto: Pode ficar com isso. Eu já jantei.

Ikuto: Mui-Muito obrigado!

[Ikuto come a sua “janta”.]

Irmão de Ikuto: É o que eu faria pelo meu irmão. Tenho que admitir que eu não gosto do meu pai, mas pelo menos tento manter a calma e não admito na cara dura.

Ikuto: Eu odeio o meu pai...

Irmão de Ikuto: Por que ele é muito rigoroso com a gente... Mas infelizmente isso é algo que não vai mudar. Vivemos em uma sociedade em que as pessoas esperem que a gente aja de acordo com que nossos pais desejam.

[Ikuto continua comendo seu arroz com galinha.]

Irmão de Ikuto: Fiquei sabendo que você entrou em uma briga.

Ikuto: Na verdade a briga veio até mim. Os valentões sempre exigem meu dinheiro do lanche. Inclusive...

Irmão de Ikuto: Alguma coisa?

Ikuto: Kaito... Não conte para o meu pai... Mas perdi o meu cartão de desconto da Shining Star.

Kaito: Pera... Como assim?

Ikuto: Eu posso explicar...

[Ikuto mostra o seu novo cartão de desconto para o seu irmão.]

Kaito: Mas este é o seu cartão de desconto... Só que ele parece mais novo.

Ikuto: É porque quando eu queria me livrar dos valentões, eu mostrei a eles o cartão e ele foi rasgado, dizendo que não vale nada.

Kaito: Realmente, você esperava que eles iriam aceitar um cartão de desconto? No que você estava pensando?

Ikuto: Me desculpe. Estava com medo.

Kaito: Entendo. Medo motiva as pessoas a fazerem as coisas mais loucas. Mas mesmo assim, o que você fez não foi uma boa ideia. Aliás, como você conseguiu este cartão? Que eu saiba a Shining Star não renova cartões rasgados.

Ikuto: Um delinquente me ajudou.

Kaito: Delinquente?

Ikuto: Sim. Mas não um delinquente qualquer. Seu nome é Reiji Takahashi, e ele é um aluno do colégio Hyouki.

Kaito: Delinquente? Hyouki?

Ikuto: Sim. Foi ele que me salvou dos valentões.

Kaito: Hmmm... Tenho a impressão de que ele só fez isso pra ganhar sua confiança.

Ikuto: Mas o Reiji me salvou!

Kaito: Não se pode confiar em um delinquente, especialmente um de outras escolas. Você sabe disso, não sabe?

Ikuto: Bem... Eu...

Kaito: Teve sorte de não ter mencionado ao papai sobre isso. Se ele soubesse deste assunto, ele ficaria zangado.

Ikuto: Onii-chan... Você pode me fazer outro favor?

Kaito: Pode falar.

Ikuto: Não conta pro meu pai que eu comprei outro cartão de desconto, está bem?

Kaito: Este será nosso segredo de irmão pra irmão. Aliás, é melhor que você coma o resto da comida antes que o papai desconfie.

Ikuto: Está bem.

[Ikuto come seu arroz e galinha com voracidade. Kaito observa o seu irmão e se preocupa com ele.]

Kaito: (Ikuto... Estou preocupado com você. Você acha que vai conseguir ser a pessoa ideal que o papai tanto deseja?)

[Cenário: Casa dos Kamiya, fachada.]

[Á noite, Ikuto coloca a marmita na parte mais profunda da lata do lixo. Ele então volta pra sua casa.]

[Cenário: Casa dos Kamiya, corredores]

[Ikuto vai subir para o seu quarto. Kaito, ao saber que Ikuto voltou pra casa e jogou a marmita no lixo, vai dar uma olhada nele.]

Kaito: Muito obrigado pela conversa papai. Tenho que me preparar pra dormir. Boa noite.

Pai do Ikuto: Boa noite pra você também.

[Kaito vai ao quarto de seu irmão.]

Pai do Ikuto: (Esse Kaito é o futuro da família. Porque será que o Ikuto não pode ser metade do que ele é?)

[Cenário: Casa dos Kamiya, quarto do Ikuto.]

[Ikuto e Kaito já estão de pijama.]

Ikuto: E então, Onii-chan, você vai contar uma história pra mim?

Kaito: Sim. Você gosta da história da Bela e a Fera?

Ikuto: Claro. Lembro que a mamãe lia pra mim quando eu era pequeno.

Kaito: Quer que eu conte toda a história de novo, mesmo que você já saiba de tudo?

Ikuto: Sim.

Kaito: Ok... Era uma vez...

Narrador: Ikuto Kamiya. Não apenas uma vítima das circunstâncias, mas uma vítima também dentro de sua própria casa. Porém, ele tem o apoio de seu irmão, uma das poucas luzes de esperança que resta em seu coração. A chegada de Reiji, no entanto, pode mudar sua vida. Mas será que Ikuto pode deixar que sua amizade com o delinquente floresça? Ou ele vai continuar sendo acorrentado pelos seus medos? Uma coisa é certa. Este é o começo da jornada de Ikuto.

[O capítulo acaba com uma imagem isométrica da casa dos Kamiya.]


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Notas finais do capítulo

Gakuran: Uniforme escolar japonês

Aniki: Um jeito informal de se dizer "irmão mais velho"

Shining Star: Em inglês, "estrela brilhante"

Beast: "besta" ou "fera" em inglês.

Bancho: Líder de uma quadrilha de delinquentes japoneses.

Nii-san: "Irmão" em japonês.

Onii-chan: "Irmão mais velho" em japonês.



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