A melhor parte de mim escrita por Kaline Bogard


Capítulo 2
Capítulo 02 de 02


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!! ♥



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O clã Aburame recebia respeito e deferência de toda a Vila da Folha. A população em sua maioria sabia quão fortes, responsáveis e dedicados eram os membros do clã. E todo esse reconhecimento não os isentava do preconceito.

Eram tratados como pessoas esquisitas, sinistras, até mesmo assustadoras. Alphas implacáveis de forte presença.

Bons ninjas sim, mas para uma amizade intima e convivência próxima? Talvez não.

E o pequeno Shino aprendeu isso desde muito cedo. Fosse uma característica herdada ou parte da personalidade do menino, logo desenvolveu uma perspicácia apurada e um poder de observação sem igual, aquém até da própria idade.

Compreendeu o abandono da mãe, uma Ômega de passagem pela Vila, que seguia o coração livre e partiu menos de um ano após chegar em Konoha, deixando para Shibi um presentinho inesperado, a quem o homem abraçou, cuidou e amou desde o primeiro instante.

Mas não a julgava. Shino sentia na pele a dor do julgamento, não queria fazer isso com outras pessoas. Lamentava não ter conhecido a progenitora, embora desejasse no coração que ela estivesse bem e fosse feliz.

Aprendeu o que era a solidão observando o pai, notando as longas noites que Shibi passava sentado na sala, bebericando um gole de sake e assistindo televisão. Sem saídas com amigos, sem festas, sem convites aos quais pudesse ao menos recusar. Porque tais convites nunca eram feitos aos Aburame.

Nuances que a princípio pareciam inexplicáveis. E só fizeram sentido quando começou a frequentar a escolinha. Chegou no primeiro dia orgulhoso pelo material novo, os óculos de sol parecidos com os do pai, até as roupinhas infantis eram semelhantes.  O conhecido padrão Aburame de ser.

Imaginou que faria amiguinhos, que teria com quem brincar na hora do lazer. Estava tão ansioso pelo começo no Jardim da Infância! Por isso o baque da realidade veio doloroso e sem defesa. As outras crianças não se aproximavam dele. E quando Shino tentava estreitar o contato, corriam para longe!

Com apenas cinco aninhos se tornou um paralelo infantil da situação de Shibi. O adulto tinha suas noites em companhia da televisão. Shino tinha longos períodos a parte, apenas assistindo enquanto os coleguinhas interagiam.

Isolamento se tornou um habito. A solidão se tornou companheira fiel.

Os professores não estranhavam, esse jeito esquisito era normal em um Aburame. Estavam acostumados, era o que esperavam. Shino não teve opção, a não ser “vestir” o preconceito e atual como um verdadeiro Alpha Aburame.

O Jardim da Infância que deveria ser divertido e proporcionar entrosamento não foi nada disso para o menino, mero expectador da diversão alheia, podia apenas sonhar em ter amigos. Ele tentou, teve sua cota de coragem no sentido de quebrar a barreira que o separava dos demais, e não conseguiu. A imagem que as pessoas tinham de seu clã era muito bem desenhada.

Clã Aburame, os sérios e soturnos adestradores de kikaichuu. Que ofereciam o próprio corpo como lar de centenas de milhares de criaturinhas que rastejavam vivas sob a pele.

O Shogakkou foi uma reprise do Jardim da Infância.

Os seis anos obrigatórios se arrastaram com uma lentidão torturante. Às vezes Shino queria correr para longe e nunca mais frequentar a escola. Então se lembrava do pai, da cena familiar de Shibi sentando-se no sofá após a janta em uma família de dois, para bebericar golinhos de sake enquanto assistia um documentário qualquer na televisão.

O pensamento vinha com grande respeito e admiração. Seu pai vivia bem com a solidão? Quando ficasse adulto seria mais fácil para si também? Deixaria de doer tanto? Pois ele se formaria no Shougakkou e iria para o Chugakko, chegando à pré-adolescência muito consciente do preconceito e julgamento que enfrentava.

E tinha opção?

Os outros o afastavam, o temiam. Não davam sequer uma chance para mostrar o grande coração escondido embaixo de pesados casacos para a tenra idade. Ele tentou, tentou até desistir. Escondia a dor da rejeição atrás de óculos de sol, enquanto os outros exibiam nos olhos a verdade do que pensavam sobre os Aburame. Ficava claro na mirada das demais crianças.

No primeiro ano do ginasial, um Shino de doze anos se preparou para o início do período letivo e para mais três anos sem ter a chance de fazer amigos, de conquistar as pessoas e se tornar próximo delas. O ponto positivo? Três anos passavam mais rápido do que os seis do Ensino Fundamental. E o Kokou não era obrigatório. Poderia finalmente desistir dos estudos e seguir treinando para realizar missões como era esperado dos ninjas de seu clã. Esqueceria o grande sonho de ser professor e continuaria apenas existindo naquele mundo, sem grandes perspectivas além de acordar pela manhã e enfrentar a solidão de um novo dia.

Exceto que não foi como antes. A vida tramou um rumo inesperado, conquanto abençoado e muito bem-vindo.

Aconteceu na hora do almoço, bem depois de uma manhã tranquila de primavera.

Shino procurou abrigo no telhado, onde poucos alunos iam àquela hora. Tão logo destampou a marmita uma sombra debruçou-se sobre ele, escondendo o sol. Ele ergueu a cabeça de leve e descobriu o responsável por aquilo: um Ômega baixinho e parrudo, de cabelos castanhos bagunçados e triângulos vermelhos no rosto, que sorria largo exibindo os caninos afiados, enquanto mantinha os olhos selvagens no croquete de carne que Shino segurava no hashi.

O pequeno desconhecido não pensou duas vezes antes de berrar a pergunta que mudaria a vida de ambos, que transformaria o futuro de Shino e traria muita luz ao caminho do rapaz, dando início a uma história que passaria por desafios, obstáculos, conquistas e vitórias, coroando a duplinha de Alpha e Ômega com um amor cultivado no dia a dia e edificado pela convivência.

Uma questão que Shino nunca esperou ouvir:

— Isso parece gostoso, posso comer?!


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Notas finais do capítulo

O Shino merece muito amor!!

e é isso!

Até a próxima ♥



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