Quinta-feira, Ilha Mako…

Era o que parecia, depois de mais algumas tentativas, Sakura realmente estava fazendo raios caírem do céu apenas com o movimento das mãos, o gesto não era o mesmo de quando evaporava a água, mas era semelhante. E ela precisava ficar irritada, o que não era difícil.

— Algum palpite do por que isso está acontecendo? – Sakura perguntou frustrada para Naruto.

Eles estavam sentados embaixo de uma árvore que fazia uma grande sombra, enquanto Naruto tirava lanches e garrafas de água da mochila que carregava.

— Eu não falei isso antes para não assustar vocês – o loiro começou a falar calmamente –, mas ontem a noite não foi uma Lua Cheia comum que pegou vocês, foi uma Lua Azul.

— E o que é essa Lua Azul? – Hinata perguntou temerosa.

— É quando a Lua Cheia está mais perto da Terra e, consequentemente, mais forte – respondeu o amigo.

A informação deixou as garotas pensativas.

— E quanto tempo dura? – Ino perguntou apreensiva.

Naruto deu de ombros frustrado.

— Me desculpem, mas eu não sei.

— Talvez a Tsunade saiba – disse Hinata esperançosa.

— Talvez – Ino concordou.

— O problema é que não dá pra ligar pra ela, eu tentei – suspirou o loiro.

— Normalmente é ela quem liga para a gente, não o contrário – Hinata balançou a cabeça concordando.

Sakura se concentrou e movimentou as mãos mais uma vez, conseguindo fazer os raios caírem com mais controle.

— Quer parar com isso? – Ino ralhou se assustando quando um raio caiu atrás dela.

— Você devia tentar – sugeriu a garota de cabelos rosa ignorando o comentário da loira –, nós três fomos pegas, então nós três ganhamos poderes novos, quanto mais cedo descobrir o que é mais rápido conseguirá controlar.

Ino ficou olhando para a mão e fez o gesto de sempre, mas só congelou a poça de água em que se concentrou como sempre, nada mais. Com Hinata foi diferente, os gestos que fazia para mover a água também fazia ventos fortes correrem.

Aquilo a assustou.

— Uau – Naruto se admirou.

— Espero que seja temporário – Hinata desejou. – Como é que eu vou controlar isso? – lamentou.

— Nada Ino? – Sakura perguntou surpresa.

Ino se concentrou em outra poça e fez o gesto.

— Nada – deu de ombros aliviada. – Que desculpa vamos dar pros nossos pais por termos faltado aula? – mudou de assunto, se virando para Naruto.

— As aulas de hoje foram canceladas – respondeu o loiro –, a escola alagou.

— Alagou como? – Hinata perguntou chocada. – Isso nunca aconteceu antes.

Naruto suspirou, sem saber como responder, mas Sakura percebeu a hesitação do amigo.

— Foi a gente? – perguntou baixinho.

— Eu não sei – ele deu de ombros, sem descartar a possibilidade.

— E por que tem tanta gente no mar hoje? – Ino apontou para os barcos e se lembrou dos mergulhadores.

— Então, outra coisa aconteceu durante a tempestade à noite – ele respondeu, deixando a voz minguar.

— O que? – a voz de Sakura estalou.

— Uma baleia encalhou na praia – Naruto respondeu de uma vez. – Tem muita gente no mar porque estão fazendo todo o possível para salvar ela – explicou.

— O que? – as três gritaram ao mesmo tempo.

. . . 

— De novo – Ino suspirou. 

Depois de Naruto explicar o caos que estava acontecendo no continente, incluindo sinais de internet e TV falhando, as meninas comeram o que Naruto levou para elas e Sakura e Hinata se concentraram em controlar seus novos poderes.

Já era quase meio dia e Ino ainda não havia notado nada de diferente com ela, então estava supervisionando as meninas. Hinata, especificamente, queria controlar a água para ajudar a trazer a baleia de volta para o mar quando iniciassem o resgate.

Sakura estava fazendo meditação, volta e meia abria os olhos e fazia uma raio cair, Ino invejou a facilidade com que ela lidava com aquilo, parecia que a garota de cabelos rosa havia nascido para ser sereia.

— Hinata, se concentra! – Ino ralhou quando percebeu a amiga deixar o céu nublado.

— Eu não consigo, isso é muito difícil! – algumas gotas caíram antes de Sakura tomar Hinata em um abraço.

— Vem cá – Sakura a puxou para o chão e cruzou as pernas em borboleta fazendo Hinata a imitar. – Você vai aprender a meditar.

Então a garota de cabelos rosa começou a contar uma série de respirações e instruiu a amiga de cabelos escuros no que pensar para manter a mente calma.

. . . 

O sol tinha acabado de se pôr e Ino sabia que não devia estar ali, precisava ir com as meninas para o mar e ajudar a resgatar a baleia, mas queria ver como Gaara estava, não tinha conseguido falar com ele o dia inteiro por conta da falha no sinal e tinha medo de que ele tivesse ido até a casa dela atrás dela depois de não ter a encontrado com Sakura como esperava.

— Oi – ela o cumprimentou quando ele saiu.

— Oi – ele a abraçou. – Tudo bem? Fiquei preocupado com você.

— É, eu… – Ino hesitou no abraço dele, mas uma voz os interrompeu.

— Quem é? – uma mulher mais velha perguntou atrás dele.

Não tinha só ela dentro do trailer de Gaara, havia um homem mais velho e dois senhores.

— Entra – Gaara a pegou pela mão. – Foi mais cedo do que eu esperava, mas estes são meus pais – apresentou os mais velhos sentados na mesa. – E estes são meus irmãos, Temari e Kankurou.

— Prazer te conhecer – a irmã dele a abraçou.

— Prazer – Ino devolveu o abraço meio sem jeito, não esperava encontrar a família de Gaara antes de domingo.

— Se eu fosse mais novo… – o irmão mais velho apertou a mão dela em cumprimento, Gaara o acotovelou em resposta e abraçou Ino pelos ombros.

— Tira os olhos da minha namorada – ele respondeu mostrando a língua.

Aquela atitude surpreendeu Ino, Gaara parecia mais leve perto da família. Mas a loira se surpreendeu ao sentir o corpo ficar tenso, estava nervosa por estar com a família do ruivo, eles haviam acabado de começar a namorar.

— Sente-se querida – a mãe dele o chamou e apontou para uma cadeira ao lado dela. Ino percebeu o olhar avaliador dela. O pai de Gaara apenas acenou com a cabeça.

Ino não olhou para Gaara, não queria mostrar fraqueza perante a mãe dele.

— Eu não posso demorar, não avisei meus pais – olhou para o ruivo. – Só passei para te ver. 

— Ah que pena – disse a mãe do ruivo, sem demonstrar muito pesar.

— Mas o jantar esse final de semana está de pé, certo? – a irmã dele perguntou animada.

— Sim – Ino ficou feliz por não ter gaguejado.

— Ótimo – a loira bateu palmas e a abraçou de novo, sussurrando no ouvido de Ino: – Garota do streap.

Ino sentiu a respiração ficar presa na garganta, mas tentou não demonstrar.

— Vem, eu te acompanho – Gaara a puxou pela mão –, eu já volto – avisou para a família. 

Quando estavam longes Gaara apertou a mão dela.

— O que a Temari te disse? Você tá gelada – ele percebeu.

— Ela tava lá… naquela noite que eu… tava bêbada? – Ino perguntou engolindo em seco. 

— Não acredito que ela te reconheceu – o ruivo disse surpreso, o que só fez Ino ficar ainda mais apavorada.

“Isso não pode estar acontecendo” pensou em desespero.

— Ei, fica calma, ela não vai falar nada, só tava brincando – o namorado tentou acalmá-la.

Ela não parecia estar brincando para Ino.

Então começou a chover, muito rápido. As meninas já deviam ter começado o resgate da baleia e Ino estava atrasada.

— Eu tenho que ir – disse ela se soltando dele e correndo para o mar.

— Onde você está indo? – ele gritou atrás dela. A qualquer momento agora, Ino iria se transformar. – Você precisa ir para a casa… Ai! – Ino tinha chegado ao mar, mas se virou ao ouvi-lo, Gaara tinha tropeçado em um pedaço de gelo do tamanho do pé de Ino, havia um trilha por onde ela havia pisado.

— Vai para a casa! – ela mandou.

— O que é isso? Ino, tá… saindo gelo de você! 

— Eu… – mas então caiu em sua cauda.

Gaara estava de boca aberta quando olhou para ele.

Ino controlou as lágrimas que queriam sair e nadou pelo mar, em busca das amigas, fugindo do ruivo que ficou para trás ainda embasbacado.