No dia seguinte, domingo de manhã…

Ela tinha uma cauda.

Hinata tinha levado uma baita bronca quando chegou em casa por causa da noite anterior, seus pais haviam ficado preocupados por ela ter ficado depois do horário fora de casa e se assustaram quando receberam uma ligação do cais dizendo para eles irem buscá-la por ter ficado presa na Ilha Mako.

Por ter chegado tarde, Hinata foi imediatamente dormir e se surpreendeu quando acordou quase ao meio dia, sua mãe tinha deixado um prato para ela no forno e um bilhete dizendo que ia passar a tarde fora com Hanabi, sua irmã mais nova, então Hinata decidiu tomar um bom banho para relaxar.

Foi quando aconteceu. 

Mal tinha ligado o chuveiro quando se molhou e caiu de repente na banheira.

Suas pernas não eram mais pernas e sim uma cauda.

Uma cauda cheia de escamas meio azul meio esverdeada. Seu peito também estava coberto pelo mesmo material da cauda.

— O que…? — murmurou tocando as escamas.

Ela estava sonhando?

. . .

As três estavam dizendo ao mesmo tempo:

— Assim que eu entrei na água… – disse Ino se sentando no sofá. 

— A água me molhou e então… – disse Sakura a acompanhando. 

— Eu só fui tomar um banho… – disse Hinata em pé, de frente para as duas. 

— O que tá acontecendo com a gente? – Sakura perguntou levantando as duas mãos enquanto gesticulava.

— Tem alguém aqui? – Ino perguntou preocupada para Hinata e olhando ao redor da casa. 

As três estavam na sala de estar da casa da garota. Havia fotos da família de Hinata espalhadas, a mãe era de origem asiática, os avós de Hinata eram japoneses, o que fazia dela descendentes de japoneses. A irmã mais nova de Hinata, Hanabi, era muito parecida com a avó enquanto que Hinata havia puxado muito mais a mãe. O pai de Hinata era um pescador australiano e às vezes fazia longas viagens atrás de cardumes.

— Não, minha mãe saiu com a minha irmã e meu pai tá trabalhando – Hinata respondeu as tranquilizando. 

— Tá bom, o que aconteceu com cada uma de nós? – Ino perguntou. 

— Dez segundos depois de entrar em contato com água, nossas pernas… – Sakura começou abrindo os braços e fazendo gestos com as mãos. 

— E desaparece quando secamos – Hinata completou. 

— E isso acontece com todas nós? – Ino questionou.

Sakura e Hinata concordaram. 

— Nós viramos, tipo, sereias? – Sakura perguntou, ficando animada. 

— Isso não é engraçado – Ino reclamou.

— É assustador – Hinata concordou.

Então a campainha da casa de Hinata tocou espantando as três. 

— Quem será? – Ino estranhou.

— Ah não, é o Naruto – Hinata se levantou indo atender a porta. – Esqueci que ele ia me ajudar com o dever de casa hoje.

— Oi – ele a cumprimentou e já foi entrando, então parou ao ver Ino e Sakura no sofá da sala. – Eu tô atrapalhando? A gente combinou nesse horário, não foi? – Ele consultou o relógio que tinha no pulso.

— Foi sim – ela se voltou para as meninas, Sakura fez um “Se livra dele” com a boca. – Desculpa Naruto, mas é que surgiu um imprevisto.

— De que tipo? – ele se voltou para ela, preocupado.

— É coisa de mulher – Hinata respondeu simplesmente.

Isso assustou o garoto que acenou rapidamente, não tinha nada mais que assustava ele do que coisas de mulher.

Enquanto ele ia embora, Hinata teve uma ideia. 

— Naruto, você é inteligente, o que você sabe sobre sereias?

Sakura se virou irritada para ela, Ino arregalou os olhos. 

— Hum… Nada? – ele estranhou a pergunta. 

— Tudo bem, esquece, a gente se vê mais tarde tá bom? Tchau – Hinata se despediu fechando a porta. 

— Ficou maluca? – Sakura soltou assim que o garoto foi embora. 

— Dá para ser mais óbvia do que isso? Ninguém pode saber sobre a gente, isso é muito sério! – Ino reclamou. – A gente não sabe como ou o porque ficamos assim e não podemos contar para ninguém. Ninguém mesmo!

— Bom, só tem um jeito de descobrir o que tá acontecendo com a gente – disse Sakura sem se abalar. 

— Como? – Ino perguntou. 

— Voltando para água – Sakura respondeu como se fosse óbvio. 

— De jeito nenhum – Hinata se negou. 

— Bom, eu vou – Sakura se levantou do sofá. – Só não acho que eu devo ir sozinha.

. . . 

Hinata tinha decidido não ir com elas. Tinha muito medo do mar. Então, depois de almoçar, foi até a lanchonete perto de casa. O dono da lanchonete era um homem chamado Jiraya, ele era amigo do pai de Hinata e o lugar era todo em estilo havaiano para atrair turistas. As mesas eram localizadas de forma despojada e havia uma área com computadores para os clientes usarem, sem falar na parte do deque do lado de fora que ficava em cima de um dos canais, com ligação direta para o mar e que tinha uma vista incrível para a Ilha Mako.

Qual não foi sua surpresa ao encontrar Naruto lá, usando um dos computadores.

Naruto era seu melhor amigo desde a infância, ele tinha o cabelo loiro e olhos azuis e era um nerd completo. 

— Oi – ela se aproximou dele e o cumprimentou, então percebeu que ele estava pesquisando sobre sereias. – O que você tá fazendo? – empalideceu, as meninas iam ficar muito bravas se descobrissem.

— Ah, você me perguntou sobre sereias e eu decidi pesquisar – ele respondeu dando de ombros, como se não se importasse. 

— Isso é legal da sua parte, mas não precisava, você deve estar ocupado com outras coisas – ela tentou desviar a atenção dele. 

— Eu sei que não precisava, mas eu tenho bastante tempo livre – disse ele sem se incomodar. – Olha só, eu achei umas coisas bem legais – apontou para a tela.

— Tipo o que? – Hinata não conseguiu controlar a curiosidade.

— O mito das sereias é conhecido há pelo menos três mil anos – ele revelou.

— E as pessoas realmente acreditavam mesmo nessas coisas? – Hinata perguntou incrédula.

— Aparentemente sim, as sereias traziam bons presságios, mas às vezes traziam problemas também – Naruto a informou.

— Problemas? – Hinata se arrepiou com o pensamento. – De que tipo?

Então Sasuke Uchiha entrou na cafeteria e logo estava andando até eles. 

— Ah não – Hinata murmurou. O garoto tinha uma expressão de raiva no rosto.

— Ignora ele – disse Naruto. 

— Vamos sair daqui – Hinata pediu. 

— Aonde vai com tanta pressa? – Sasuke a impediu de sair. 

— O que você quer, Sasuke? – Hinata se afastou dele e saiu para a área do deque, não queria arranjar problemas e o dono da lanchonete, o senhor Jiraya, era amigo de seu pai.

— O meu pai não gostou de ter a guarda costeira batendo na porta da nossa casa – disse Sasuke. 

— Você não devia ter dito que eu podia ficar com o bote – Hinata deu de ombros. 

— Tá se achando esperta? Eu não gosto que tentem me fazer de otário – ele ameaçou.

Naruto se colocou na frente de Hinata, tentando proteger a garota.

— Não é preciso muito esforço – Naruto provocou.

— Cara durão – Sasuke debochou cruzando os braços. – Arranjou um protetor, foi Hinata? Sabe, um dia, com ou sem esse seu amigo, alguma coisa muito ruim pode te acontecer – ele continuou com a ameaça.

Mas Hinata não estava prestando muita atenção no que ele dizia, ela estava consciente da água da mangueira no chão bem perto de Sasuke e ao balançar uma das mãos sentiu a água reagir, imediatamente explodindo em Sasuke, o derrubando do deque direto para o mar.

Hinata colocou as mãos na boca assombrada e saiu correndo dali.

Ela tinha feito aquilo?