O conto do livreiro e da rainha fria - jelsa escrita por Mary Frost


Capítulo 3
Interligados


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ❤



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— De novo aqui Jack. — Exclamou o guarda da prisão de Arendelle, Jack suspirou exasperado quando foi colocado atrás das grades.

— Nem pergunte, é uma longa história. — Murmurou o garoto.

— ah qual é conta pra gente, jogos, roubo, trapaça ou briga? — Indagou O outro segurança em tom de deboche.

— Feitiçaria. — Jack se gabou encostado tranquilamente na parede da prisão.

— Tem certeza? — Indagou um dos homens abismado.

— É aparentemente, eu congelei dois valentões, como se eu pudesse fazer isso. — Ele resmungou irritado e os homens se entre olharam, a expressão de diversão sumindo gradualmente e dando lugar a surpresa e apreensão.

— Feitiçaria... Jack, você sabe a sentença para isso aqui em Arendelle? — Um deles indagou e Jack deu de ombros.

— Ah eu imagino que seja alguns dias de prisão ou algum trabalho comunitário qualquer como das últimas vezes, não deve ser nada muito grave.  — Ele comentou e ao ver a expressão dos homens se levantou curioso sentindo um aperto gradual na garganta. — Não deve ser muito grave não é rapazes?

— Jack a sentença para quem pratica feitiçaria é a morte. — Respondeu um deles e Jack ergueu as sobrancelhas surpreso dando alguns passos para trás.

— M-morte? Tem certeza disso? — Ele indagou andando de um lado a outro na cela.

— É,  temos certeza, agora sabemos que será decapitado hoje no centro da cidade. — Disse um dos homens casualmente e o outro o cutuvelou em forma de repreensão, Mas era tarde de mais e Jack já estava pirando com aquela notícia.

—Decapitação?! Qual é rapazes vocês me conhecem... A minha vida inteira! sabem que eu não mexo com esse tipo de coisa.

— Relaxa Jack eles não fazem esse tipo de demonstração cruel com pebleus miseráveis como você. — Explicou um dos homens.

— Ah não?

— Não, eles cortam sua garganta com uma faca aqui na cela acima. — Completou o outro guarda.

— Ah... — Jack começou a pensar na irmãzinha que provavelmente nunca mais o veria, as ocasiões em que a levava para colher amoras na floresta eram as melhores lembranças dele, lembranças estas que eram escassas graças a sua mãe que não permitia que Jack ficasse em casa, então ela apenas nos aniversários da pequena Emily podia levá-la para sair. Mas não reclamava, apesar de saber que Emily sentia sua falta e ele a dela era egoísta o suficiente para se sentir melhor morando na rua e se a sorte o ajudasse, em algum quarto de bordéis ou taverna. Viver com a mulher que chamava de mãe era o inferno, ela não o tratava como filho e desde pequeno ele tinha de buscar meios para não morrer de fome, então aos 9 começou a morar nas ruas de Arendelle.

— Comandante Mathias. — Comprimentou os guardas.

— Venho com uma ordem real, preciso que libertem o prisioneiro... — O guarda de cor morena e porte imponente releu o documento. — Jackson, por ordens de sua futura majestade, à princesa Elsa.

Os guardas imediatamente agiram e Jack levou alguns segundos para recobrar a consciência em quanto caminhava junto ao militar para fora da prisão.

— Elsa... — Ele murmurou nostálgico se lembrando da garota. — Ela está bem? — Ele indagou recebendo um olhar frio do homem.
— Quero dizer, ela não...

— Você faz perguntas de mais garoto. —  O homem o cortou parando subitamente em frente à uma carruagem. — Nada que envolva a família real diz respeito à você de agora em diante.

Ele abriu a porta da velha e surrada carruagem.

— Agora entre. — Jack franziu o cenho olhando para o homem desconfiado.

— Para onde esta me levando? — Indagou.

— você é um prisioneiro, saberá quando chegarmos. — Jack olhou para ele a adrenalina tomando conta de seu corpo jovem quando acertou o rosto do homem com força o derrubando no chão.

— Foi mal, meu velho, mas eu cresci na rua, homens ricos ou seja lá o que vocês são já tentaram fazer esse tipo de joguinho comigo, e eu prefiro morrer. — Ele cuspiu dando as costas ao comandante mal se dando conta que o mesmo já estava consciente, Mathias o derrubou e o imobilizou com facilidade.

— Não seja idiota garoto, não é nada disso que você está imaginando. — Torceu o braço do garoto em quanto abaixava a cabeça do rapaz com brutalidade e o empurrava para dentro da locomotiva. — Mas já que está tão curioso, a rainha Elsa declarou você como o novo livreiro Real, portanto estou levando você para uma cabana onde o velho bulda  irá te ensinar tudo que precisa para servir a família real com respeito e elegância da corte em pouco tempo.

Jack levou alguns momentos antes de dar uma risada dolorosa, provavelmente pela torção que tinha levado segundos antes no braço esquerdo.

— Livreiro real... No Palácio não existe biblioteca? — Indagou Jack.

— Claro que existe, mas são livros muito antigos e em sua maioria as princesas já leram.

Jack revirou os olhos, era isso que a vida reservava? Uma vida monótona servindo um bando de meninas mimadas.

— E eu não posso recusar esse cargo? — Ele perguntou e homem o olhou seriamente, fechando o livro que tinha acabado de abrir.

— Deixa eu te explicar uma coisa que eu creio que não ficou clara pra você. — Ele fez uma pausa. — Você só está vivo porque a futura rainha deste reino escolheu você, caso saia ou desista deste cargo sua antiga sentença voltará a tona. — Mathias fez um movimento no pescoço que sinalizava a morte que ele teria tido.

Jack suspirou olhando pela janela, observando os flocos de neve cairem no escuro da tarde, ele teria de juntar um bom dinheiro e fugir de Arendelle, só assim conseguiria continuar vivendo, alguns minutos se passaram e o silêncio já estava se tornando incômodo quando Jack finalmente se expressou.

— Bom... — Ele começou animado. — Quando chegamos e quando eu começo no meu novo emprego?

— Já chegamos. — Mathias anunciou abrindo a porta da carruagem, o frio entrou com força fazendo Jack fechar um pouco os olhos.

— Espere, você não vai descer? Não tem medo que eu fuja ou algo do tipo?  — O Rapaz perguntou e Mathias sorriu, pela primeira vez em toda a viagem.

— Você pode tentar fugir, mas não acho que vá muito longe. — Murmurou e ao descer Jack realmente notou que não era um lugar muito acolhedor nem conhecido, ele não saberia para que direção fugir em meio aquela neve.

— Sabia que frases com tom de sátira não combinam com você? — Indagou Jack com um quase sorriso no rosto.

Mathias concordou.

— Sei. Boa sorte Jackson, não desperdice essa segunda oportunidade que a vida está te dando. — E sem esperar uma resposta fechou a porta, a carruagem sumindo na neve assim como seu rastro minutos depois.

— Há... pode deixar... — Sussurrou Jack se encaminhando para a cabana.

— Olá? — Indagou entrando, era uma cabana aconchegante, com uma lareira e comida na mesa, a barriga de Jack roncou, há quanto tempo não comia?

— Você demorou. — Falou um troll e Jack se sobressaltou com o susto ao ver o que achava ser uma estátua sentada em uma mesa cheia de livros falar.

— Caramba que susto, isso não são horas de estar nos aposentos de um rapaz solteiro sabia? — Jack indagou e Bulda o olhou seriamente.

— Não sabia que o escolhido seria tão jovem, nem tão palhaço. — O troll observou.

— Ei! Palhaço?! Caso não saiba velhote eu sou o melhor com as palavras em toda Arendelle. — Explicou o rapaz de forma paladina.

— Sente aqui Jack, se não aprender a ler logo não poderá ver sua irmãzinha tão cedo. — Bulda o chamou e Jack se surpreendeu com o modo direto e sério com o que o troll havia dito, sabia que eles eram seres místicos e sagrados do Reino mas não sabia que eles podiam ler sua vida apenas com um olhar.

— Vai usar magia comigo? Pensei que fosse proibido. — Observou o rapaz ao se sentar e notar que o troll segurava um colar com uma pedra transparente e brilhosa entre suas mãos, ele estendeu ao rapaz.

— Somos seres mais antigos que o próprio Reino, não podem proibir nossa magia. — Explicou bulda estendendo o colar. — Agora, terá de ler por duas semanas todos os livros que eu trouxer e após esse período irei tirar o colar de você, caso tenha se esforçado, saberá ler sem precisar dele.



(...)


Alguns anos se passaram e havia aprendido tudo que uma boa rainha precisava saber, ética, cultura, custura, assuntos políticos, etiqueta e o principal era se manter discreta e nunca permitir que ninguém saiba de seus poderes.
Desceu até o jardim quando um dos serviçais a avisou sobre a chegada do livreiro.

Jack havia se mostrado um bom funcionário real, principalmente após os primeiros meses de serviço, ela se lembrava claramente das vezes em que ele vinha mal humorado, mas por algum motivo ele sempre a olhava com curiosidade, até que em mais de uma ocasião ele teve de entregar um ou outro livro pela fresta da porta de seu quarto.
Ele nunca dizia nada, mas ela sabia quando era ele, pois sempre colocava o livro com cuidado sobre o chão e o deslizava para dentro.
Até que na morte de seus pais, Elsa já não se alimentava, nem saia mais de seu quarto, a tristeza parecia consumir o resto de sua energia e até mesmo Anna, preocupada com o sumiço anormal da irmã foi até o quarto em uma tentativa afetiva de tirar a irmã de lá, uma tentativa que quase funcionou se não fosse as mãos congeladas de Elsa e o gelo espalhado pelas paredes do quarto,
Naquela semana Jack tinha desistido de colocar os livros pela fresta do quarto e toda tarde ele lia para ela, Elsa se encostava na porta, ouvindo a voz grossa do rapaz próxima ao seu ouvido, as palavras sendo absorvidas e a distraindo de seus pensamentos.
— Você vai ser uma boa rainha. — Ele disse certo dia. — Você será mais justa que seus pais foram, então, não se tranque, seja lá o motivo que os levaram a fazer isso, não faça o mesmo que eles faziam com você. — Ele completou se levantando e seus passos ecoaram pelo corredor, Naquele dia Elsa saiu do quarto e foi direto para a biblioteca, ler o livro que a muito tempo, a perturbava, vendo pela milésima vez se havia alguma solução naquelas antigas palavras que não tivesse visto antes.

Nunca tinham tido a oportunidade de conversar sobre aquela tarde e ela esperava que não precisassem mas falar sobre aquilo.
Ela fechou o último exemplar que tinha pego e controlou sua euforia, o livreiro sempre sabia quando ela precisava de um livro, pois sempre vinha trazer livros no momento certo.

Quando saiu do quarto notou que Anna havia feito o mesmo, ambas se olharam surpresas e a ruiva sorriu para a irmã.

Elsa deu um olá breve, estava com o humor bom e não queria estragar isso ignorando a irmã.

Ambas desceram em silêncio e Elsa notou um pequeno grupo de pessoas do Castelo aglomeradas em torno do jovem livreiro, ele sorria amplamente para todos e seus olhos castanho imediatamente foram para Elsa, a princesa que olhava para as pessoas perdida em pensamentos.

— Sabe eu estive pensando, li tantos livros de romance o que você acha, mudo um pouco e leio algo mais assustador? — indagou Anna.

— Oh bom eu nunca pensei sobre isso. — Elsa respondeu, estranhando ao ouvir a própria voz. — Se você acha que conseguirá dormir a noite — A loira concluiu, Anna parecia maravilhada com aquilo, finalmente Elsa não a tinha ignorado! Notou que o livreiro já estava disponível e foi até ele.

— Olá Jackson! Como vai? Ah eu estou tão animada hoje terminei ontem aquele romance que você trouxe e foi simplesmente perfeito. — A ruiva tagarelou e Jackson deu risada.

— É mesmo? O que acha de levar outro então? Trouxe este que me disseram que é muito bom. — Ele indicou pegando um livro do fundo de sua carroça, seu manto marrom esvoaçando por conta do clima.

Anna pegou o título com velocidade mas se lembrou da conversa com Elsa e negou.
— Na verdade... Desta vez... — Ela exitou. — Quero algo mais assustador. — Ela concluiu e Elsa não pode deixar de sorrir com a situação, Anna era adorável e ela sentia muita falta de tê-la por perto.

Jackson então retirou um livro negro da carroça e o entregou a ruiva.

Ambos encararam Anna que concordou engolindo em seco.

— C-certo. Obrigada. Eu vou ir... Guardar ele em meu quarto. — Explicou se retirando, Elsa deu risada levemente, levando a mão enluvada em frente aos lábios.

Jackson não conseguiu desviar o olhar da platinada, já faziam 3 anos que trabalhava com livros e aquele dia era o primeiro que a Viu rir.

Ela o encarou, um sorriso leve ainda enfeitava seu rosto.

— Então, você tem algo pra mim? — Ela perguntou tirando o rapaz de seu transe.

— Hum? Ah, sim! Claro. — Ele retirou um exemplar, este que estava embrulhado cuidadosamente em um pano de cetim azul.

Ela o abriu com calma, seus olhos azuis se arregalaram com a surpresa ao notar que era o livro que tanto queria.

— Muito obrigada, não sabe o quanto eu queria este livro. — Ela agradeceu parecendo feliz. — Deve ter sido muito difícil acha-lo. — Elsa murmurou preocupada e Jackson negou.

— De modo algum eu o encontrei por acaso. — Mentiu coçando a nuca, ele havia procurado por todo o Reino por aquele livro só pra tentar tirar um sorriso da princesa, mas no fim Anna conseguiu antes dele.

Ambos se encararam por algum tempo, Elsa tinha noção que aquele era um dia pacífico, seus e não haviam muitas pessoas no Castelo.

Então decidiu pedir:

— Jack, poderia me fazer um favor? — Ela indagou, Jack era o único que fazia questão de vir ve-la pessoalmente, sempre, poderia estar nevando, com chuva ou sol, ele sempre vinha.

O jovem piscou, surpeso com o apelido que ela o tinha colocado repentinamente e então sinalizou para que ela andasse em direção ao jardim, ela o fez, grata por ter a atenção do rapaz em si.

— Em que posso ser útil a você? — Ele perguntou excitante.

— Preciso que encontre os familiares de um homem para mim. — Ela explicou retirando um papel do bolso do vestido azul que usava, Jack leu o nome e seu interior se encheu de dúvidas, odiava ser formal com ela mas não importava o que desejasse dizer, ele era apenas um plebeu e ela era a futura rainha.
Certas barreiras não poderiam ser quebradas.

— Derick frey Hollinston... — Ele leu baixinho tentando se recordar deste nome.

— Mantenha isso em segredo por favor. — Ela lhe pediu e ele sorriu minimamente assentindo. Era a primeira vez que conversavam e ele notou ali que faria qualquer coisa por ela. — Não se preocupe, majestade, eu com certeza vou descobrir quem este homem é para você.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo u.u



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