Elsa acordou no meio da noite, sua mente agitada não permitia que ela dormisse, culpa, remorso e medo tomavam conta de todo o seu ser, havia acertado Anna e agora a caçula não se lembrava mais de seus poderes, era horrível essa sensação, a ideia de ocultar algo tão grandioso de todos. 
Ela olhou para as próprias mãos, a tenra idade não era gentil com ela, a bombardeando com esses pensamentos destrutivos e a falta de alguém para conversar sobre isso era pior ainda, ela se levantou, pegou uma lamparina e saiu do quarto, caminhou até a biblioteca do Castelo tendo o cuidado de não acordar os pais ao passar em frente ao aposento real;
ela abriu as portas ruidosas e foi até o livro que conhecia tão bem, era uma antiga lenda de um rei, um homem que governou está terra a gerações passadas, um rei que havia ficado louco com os poderes de gelo que tinha...

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Na aurora dos tempos, houve um rei em Arendelle, ele era bom e justo, descendente de uma longa linhagem pura de homens e mulheres daquela região, o homem possuía longos cabelos brancos e olhos cinzas como a mais espessa neve;

um dia este rei teve dois filhos justos, um se chamava Tyng era belo como a neve mais fina de início de inverno e o outro, Kai, tão educado quanto um ser humano poderia ser, Tyng por sua vez cresceu reservado, herdeiro do trono o jovem rapaz sofria de melancolia durante sua adolescência com o fardo pesado de aprender como um rei deveria se portar, já Kai que sempre almejará o trono, tinha muito tempo livre.

Quando os jovens príncipes completaram 18 invernos já não mantinham laços afetivos, separados por um grande desfiladeiro de orgulho e rivalidade seguido por brigas constantes ambos passaram a se evitar no palácio.
Até que Kai revoltado por não ser reconhecido como herdeiro pelo últimos momentos moribundos do pai, certa noite caminhou por um longo caminho enovoado, indo até a montanha proibida dos trolls, ao chegar até o líder dos seres místicos ele apto de grande influência com as palavras, pediu algo que o ajudasse em sua jornada no Reino, graças à benevolência para com a terra que seus antepassados tiveram, insistiu que sua família merecia uma recompensa divina por governar tão bem aquelas terras por gerações, conseguindo manter o equilíbrio da paz em harmonia por gerações perfeitamente.
Os trolls então, o entregou um espelho de gelo mágico, que poderia controlar a neve do Reino e fazer com que dias mais prósperos e felizes chegassem.

Entretanto, os trolls nada disseram sobre o favoritismo do povo sobre Tyng se encerrar, causando assim um gigantesco ódio florescer no coração de Kai ao notar que o espelho só favorecerá seu irmão mais velho, então, em uma certa manhã, alguns anos depois, em quanto preparavasse para uma cavalgada matinal pelas vielas do povoado, Tyng encontrou a imagem deplorável de seu irmão mais novo, sentado sob vários cacos de vidros congelados, Kai convulsionava levemente em quanto sangue emoldurava suas pernas, assim como escorria de sua boca.

Tyngh em sua angústia e desamparo por não conseguir o que queria optará, em um ato desesperançoso e alucinado, por quebrar e engolir pedaços do que um dia fora um presente ao povo de Arendelle.

"Eu usei errado, irmão" Kai explicou, uma risada dolorosa e rançosa saindo de seu peito. "Agora eu entendi o que os Deuses queriam que eu fizesse"

Antes mesmo que Tyng pudesse chamar seus guardas e proteger seus filhos e esposa um vidro já encerrava sua curta e invejada vida, escorrendo pelas mãos de Kai, que agora era o rei.

Após a morte de Tyng, Kai entra no ápice de sua loucura, não encontrou a felicidade que achou que encontraria no trono, nem a paz que pensava encontrar assim que se livra-se de Tyng, amaldiçoado agora com poderes de gelo, ele iniciou uma caçada sangrenta a todos os opositores de seu reinado pessoalmente,  até que cinco anos depois, acusado de bruxaria, morrerá envenenado por uma de suas esposas, seus filhos foram mortos e parentes executados, derrubando assim o reinado de toda sua família.

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Elsa leu novamente o texto, seus olhos se enchendo de lágrimas a medida que encerrava aquela curta história.
Seria verdade aquilo?
E se realmente morresse por conta das pessoas do Reino não a aceitarem?
Ficaria louca também? 
A janela da biblioteca se abriu com o vento forte lá fora e com o susto Elsa guardou o livro proibido de volta e foi até a janela, seus pais não permitiam que ela le-se aquele tipo de livro, diziam que era fantasioso e horrivel de mais para valer a preocupação.
Elsa ficou observando a lua por algum tempo e se sentiu segura, como se a lua acalmasse seus temores por algum tempo,
olhou para a rua além dos muros do Castelo, o bom da biblioteca era que, por ser nos fundos do Palácio ela tinha vista privilegiada com o movimento da rua traseira, rua está que estaria certamente vazia se não fosse um garoto, de mais ou menos a sua idade sendo enxutado de um estabelecimento barulhento.
— Escute! Eu posso voltar outro dia e arrumar a mesa para o senhor apenas me de uma outra chance! — O garoto de mais ou menos a mesma idade que a de Elsa pediu, e a porta se abriu novamente um homem gorducho com um avental sujo e um charuto soltando fumaça o olhou com irritamento.

— Escute garoto, aqui é um bar, não é lugar para um garoto da sua idade trabalhar. — Cuspiu de maneira rude no chão da rua e entregou o que Elsa julgou ser moedas ao menino. — Volte daqui alguns anos e talvez eu permita que trabalhe aqui novamente. — E dito isto o velho fechou a porta, o garoto ficou parado durante alguns minutos em frente à porta, perdido em pensamentos e então sentindo alguém o observar ele se virou para o Castelo;
Elsa teve um vislumbre de uma ferida no canto da boca do menino, mas mesmo assim ele a encarou e um sorriso gentilmente triste surgiu no rosto do camponês, ele ergueu a mão, em um aceno breve e se virou, seguindo seu caminho entre a penumbra e a ventania da noite