Imponderável escrita por thaay_af


Capítulo 1
1


Notas iniciais do capítulo

AAAH, que emoção. *-----*
Espero que gostem! Boa leitura



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 ‘‘O tempo leva tudo. O que você quer e o que não. O tempo leva tudo. O tempo arrasa tudo. E, no final, só resta a escuridão. Às vezes, encontramos outros nessa escuridão. E outras vezes, os perdemos de novo’’.                                         Stephen King.                         

 

  Minha felicidade é sempre muito instável, pois não consigo - mesmo sabendo que devo - me conformar que sempre serei só, que sempre sentirei falta de um passado que não tive. Claro que nunca acreditei em príncipes encantados e seus cavalos brancos, sei e sempre soube que são uma farsa, mas sinto falta de um abraço caloroso, de palavras de carinho. Sinto falta do simples ato de caminhar de mãos entrelaçadas, mesmo se tratando de algo que nunca fiz.     Ouço tantas pessoas falando sobre o amor e a maioria delas dizem que o amor machuca, mas sei que não posso afirmar. Nunca amei ninguém e sempre tento me fazer acreditar que o amor é para desocupados e pouco lúcidos. Mesmo sabendo que no fundo, em um lugar secreto no meu coração, existe a vontade aprisionada de conhecer o intrigante sentimento chamado amor.

 

  Estou fitando uma janela, lá fora o Sol brilha como não fazia á dias e várias pessoas de idades variadas estão se divertindo e se distraindo de uma forma completamente incompreensível para mim.

 

 

 

- Não há ninguém aqui que eu queira ver...- Disse para eu mesma e então me virei e fitei o computador desligado, em cima de uma escrivaninha no canto do quarto.

 

 

 

  Tenho poucos amigos, uma delas só conheço pela internet, eu não acreditava que fosse possível criar laços em qualquer tipo de relação virtual, muito menos uma amizade como a que eu construí com a Jullie. Minha teoria precipitada é que mesmo estando tão longe e separadas um sentimento nos une: a amizade.  

 

  Fui até o computador e procurei pela conselheira e confidente que sempre está por ali, talvez aconselhando e divertindo outros amigos virtuais. Nossa conversa foi rotineira, falamos do nosso dia e o que pretendíamos fazer ao longo dele, reclamamos da vida, fizemos graça, recebi e procurei dar apoio quando se tratava de algo que nos machuca e então algo que não acontece nas conversas rotineiras aconteceu, Jullie me fez um pedido. De inicio pensei em recusar, então perguntei por que ela não mandou o presente que eu teria que ir buscar pelo correio. Ela disse que assim pouparia dinheiro e ainda me faria conhecer pessoas novas, tive que aceitar; mas só o fiz porque ela disse que o garoto é boa gente. Jullie marcou o encontro em um parque que fica na minha cidade, o tal garoto estará usando uma blusa de frio maior que o necessário, em suas mãos haverá uma caixa embrulhada com papel de presente vermelho, eu disse que iria com uma blusa vermelha, mas é óbvio que não vou, assim eu posso observá-lo antes de qualquer coisa. A conversa rotineira – mas nem tanto - foi demorada, pois assim que desliguei o computador e o deixei abandonado no canto do quarto olhei pela janela. Lá fora a noite estava marcando território e logo iria atacar, a grande e fascinante Lua estaria em seu lugar.

 

 

 

  Resolvi comer alguma coisa, afinal, estou em fase de crescimento com meus míseros quinze aninhos, como diz Helena Schwarz Wittmann, minha mãe. Enquanto preparava algo para comer liguei para Isadora e Éli, as intimei a ir comigo no encontro, elas não tiveram muita escolha, dei-me por vencida quando perguntaram a que horas podiam passar em minha casa.

 

  Depois que comi voltei para meu quarto, olhei pela janela e lá fora, como eu havia previsto, a Lua estava em seu lugar, iluminando e fascinando a quem parasse para observá-la. Deitei em minha cama e fitei o teto, enquanto o fazia fiz um rápido resumo em minha mente de tudo que eu havia vivido até então. O insistente vazio mostrou que ainda estava ali, me fazendo chorar mesmo sem derramar lágrimas e fazendo-me lembrar da imponderada e aprisionada vontade de poder me sentir amada e poder retribuir essa sensação. Mas essa vontade vai continuar aprisionada, vai continuar sendo apenas vontade, não a deixarei escapar jamais, por que o amor – pelo que sei e temo – só causa sofrimento e angustia, mesmo eu sentindo isso vez ou outra graças a esse vazio, é diferente, por que eu choro por eu mesma e não por rejeição ou decepção, como certamente choraria se deixasse essa vontade se libertar e a qualquer momento ter que lidar com a ilusão de estar amando alguém. A ultima pessoa com quem eu tentei conversar sobre isso foi com minha mãe, ela estava preparando almoço e eu estava sentada na cadeira com os braços encostados na mesa enquanto conversávamos futilidades. Eu a observei e disse: Vou morrer sozinha. Tentei dizer de uma forma que mostrasse que eu já havia me decidido e me conformado, então minha mãe disse num tom de convicção e ao mesmo tempo preocupação: Vai aparecer alguém. Essa foi a ultima vez que tentei falar sobre isso com alguém e sinceramente, não pretendo tentar de novo. Enquanto me afogava em pensamentos e lembranças, decidi dormir; aconcheguei-me na cama e fechei os olhos. Muitas pessoas têm dificuldades para dormir, eu não os tenho, adormeço facilmente, meu problema é me levantar da cama no dia seguinte.

 

 Eu fitava meu computador desligado e ouvia a chuva que caia lá fora, automaticamente tentei liga-lo; mas fora uma tentativa frustrada, tentei mais uma vez e o computador não ligou, devia estar quebrado ou algo assim. Virei-me e observei cada móvel do meu quarto, parei e olhei a porta aberta, novamente agi automaticamente e levantei-me indo até a mesma, depois que sai do quarto fui até a sala onde meu pai Mike Wittmann está assistindo tv, passei por ele; a figura que estava esticada no sofá não se moveu um centímetro, nem sequer me olhou. Dirigi-me dessa vez à cozinha, minha mãe esta cantarolando uma música que eu não reconheci enquanto separa os feijões, os bons na esquerda e os ruins na direita. Fiquei observando-a, ela também pareceu não me notar, pensei em ir ao quarto do Isaac, meu irmão mais novo, mas mudei de idéia, uma criança com seus três anos de idade não iria me ajudar em nada, mesmo eu não sabendo em que eu preciso de ajuda. Voltei para meu quarto e enquanto o fazia pude observar a angustia e o nó na garganta que estava fazendo meus olhos marearem. Fui até a janela e fitei a chuva caindo incansavelmente e então lágrimas escorreram pelo meu rosto, passei a mão secando-as e tentando compreender a angustia que parecia transbordar em mim, mas elas insistentemente voltaram a cair.

 


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Notas finais do capítulo

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Beijos



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