I'm Not Okay I Promise escrita por Skadi


Capítulo 1
Capítulo Um




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Alex gemeu enquanto acordava, um som insistente no quarto o trazendo de volta enquanto ele esticava o braço para tentar encontrar a origem do som, mas quando sua mão não encontrou o despertador na mesa de cabeceira a confusão o invadiu. Ele tentou abrir os olhos mas ainda não estava acordado o suficiente para isso. Se permitindo mais alguns minutos de olhos fechados, de repente ele sentiu uma dor estranha por todo o seu corpo e ficou ainda mais confuso. Preocupado, ele se sentiu acordado o suficiente para abrir os olhos e ao fazê-lo,  os fechou mais uma vez com um gemido devido ao quarto mais claro que o sol. Sabendo o que esperar ele tentou mais uma vez, abrindo os olhos vagarosamente e olhou ao redor.

Piscando algumas vezes para se acostumar com as luzes fluorescentes, ele encarou as paredes brancas ao seu redor. A sua esquerda ele encontrou uma cortina o fechando do resto do quarto e a sua direita ele viu uma janela que cobria quase toda a parede mas não havia nenhum modo de abri-la. Ele tentou se sentar, usando seus braços contra a cama, mas imediatamente sentiu uma forte pontada de dor e caiu contra a cama com um gemido. Ele ergueu um dos braços para examinar a situação,  pensando que talvez tenha estado em um acidente, e encontrou seu braço inteiro enrolado em ataduras. Ele gentilmente o moveu para baixo, a dor agora diminuindo, e olhou para outro braço o encontrando no mesmo estado a não ser por uma intravenosa em seu cotovelo.

De repente a cortina foi puxada para o lado e um alto homem ruivo se aproximou, olhando para uma prancheta em sua mão e sequer notando Alex acordado. O homem assentiu, olhos tristes, antes de por a prancheta em um suporte na parede e puxando as tradicionais luvas azuis antes de levantar o olhar e encontrar o olhar de Alex.

O homem ruivo soltou um “oh” surpreso então rapidamente escreveu algo na prancheta que ele havia acabado de solta. Colocando-a lugar mais uma vez, ele olhou para Alex antes de se virar e sair do quarto. Confuso, Alex tomou esse momento para olhar ao redor mais uma vez agora com a cortina afastada.

Parecia um quarto de hospital generico e mais uma vez ele estava confuso sobre o motivo de estar ali e o que havia acontecido com seus braços. Respirando fundo e juntando a pouca força que lhe restava, ele se sentou, tendo certeza de não forçar seus braço, e esperou. Do outro lado da janela se mostrava um lindo dia e ele esperava poder ir para casa o mais rápido possível. Não havia nada mais de errado com ele além de seus braços, então ele esperava poder ir embora logo, nunca tendo sido um fã da ficar em hospitais mais do que o necessário.

Sua atenção foi tirada da janela quando o homem ruivo retornou seguido de uma mulher. Enquanto o enfermeiro ruivo parecia um pouco disperso e apressado a mulher estava calma e serena.  Ela era alta, quase igual ao enfermeiro, e usava óculos redondos de armação fina.  Seus ombros estavam escondidos sob um jaleco branco sobre um terno azul listrado e suas pernas foram feitas para parecer ainda mais longas com calças listradas combinando.  Seu cabelo era de um castanho-mel suave, a pele de um bronzeado claro e os olhos de um castanho profundo que era penetrante, mas reconfortante ao mesmo tempo.  Ela era bonita e seria tolice negar o fato.

Ela sorriu e sentou-se proxima a cama, pegando a prancheta no caminho e puxando um arquivo de debaixo do braço.  Ela olhou para o arquivo em suas mãos antes de fecha-lo e olhar para Alex.

“Meu nome é Lenore Wingates mas você pode me chamar de Lenore ou simplesmente doutora se preferir. Agora, você sabe por que está aqui, Sr. Dornez?”

Alex olhou para a mulher com os olhos arregalados e balançou a cabeça, a boca entreaberta.

A gritaria não parava. Ele tentou se esconder, mas sentado no chão de seu armário fechado não podia fazer muito para protegê-lo do barulho. Ele ouviu algo se quebrar contra a parede e pulou.  Lágrimas corriam pelo seu rosto enquanto soluços silenciosos balançavam seu corpo.  Ele só queria que isso parasse.  Ele só queria fugir de tudo.  Lentamente, ele abriu a porta do pequeno armário e saiu, tentando ficar quieto e evitar a ira de seu pai. Ele se sentiu horrível. Ele não podia proteger sua mãe do que estava acontecendo, não importa o quanto ele quisesse.  Um grito agudo chegou aos seus ouvidos e o som doentio de um corpo sendo jogado contra a parede.  Ele se encolheu. Uma sensação de mal estar o dominou enquanto ele secretamente desejava que ela ainda estivesse consciente para que ele não fosse a próxima vítima. De alguma forma, ele conseguiu atravessar o corredor até o banheiro adjacente e trancar a porta sem ser detectado. Sua respiração tornou-se irregular e seu peito doía. Ele não poderia escapar. Ele precisava escapar. Ele viu uma navalha em cima da pia.

Alex se sacudiu e sentiu algo molhado tocar sua mão.

"Senhor Dornez?”

Ele soluçou em resposta lágrimas fluindo firmes agora.

Ele deixou os gritos serem combustível.  Cada vez que vinha um novo, fosse de sua mãe ou de seu pai, uma nova linha vermelha aparecia. O pequeno banheiro já não cheirava a sabão, mas ao cheiro nauseante de metal. Ele parou de chorar.  Ele parou de sentir. Ele sorriu. Mais um grito alto, mais um fio vermelho profundo, e a navalha caiu de sua mão. Tudo ficaria bem agora. Ele estava fugindo. Ele ouviu um grito final antes que tudo ficasse escuro, mas este era um pouco diferente.

Alex sentiu uma mão pegar a dele e apertá-la suavemente, mas não olhou para cima para ver quem era.  Seu corpo estava balançando com soluços enquanto as memórias corriam sobre ele.  Lentamente, ele se acalmou, a mão segurando a sua dando um aperto reconfortante que o fez olhar para cima.

Ele engoliu em seco e fungou, o rosto manchado e molhado, e olhou para a gentil médica diante dele e para baixo para suas mãos unidas.  Ela se mexeu, mas nunca soltou a mão de Alex, esperando pacientemente que o garoto dissesse algo, mas quando ficou claro que ele não iria falar, Lenore se encarregou de fazê-lo.

 "Não é fácil. Uma vez que você diz, está lá fora e você não pode voltar atrás, mas se você negar e nunca admitir, então você não vai melhorar.”

Alex assentiu, a mão tremendo na mão da médica. Ele não iria negar. Ele sabia que algo estava errado com ele.  Foi mais do que apenas a briga, ele não estava bem por um tempo e os gritos simplesmente o empurraram além do seu limite.

Tomando uma respiração profunda e trêmula, ele olhou para o braço enfaixado e sussurrou: "Eu tentei me matar."

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Eles o mantiveram no quarto sob vigilancia por mais alguns dias, alegando que ele tinha que juntas suas forças mas ele não sabia o motivo. Nesse meio tempo eles preencheram sua ficha com seus dados e seus ‘antecedentes’, além de exames físicos como amostras de sangue, temperatura, medir sua altura, peso, coisas comuns que fariam parte de um arquivo com seu nome.

Eles não o estavam mandando para casa, ao menos ele esperava que não, mas ele não tinha certeza de onde ele estava sendo enviado. Ele havia ouvido historias horrorosas sobre pessoas presas com outras pessoas com problemas como ele mas era melhor do que ir para casa. Lenore constantemente vinha visita-lo, falando sobre seu quarto ficar pronto e mencionando mais nomes do que ele poderia lembrar e sobre terapia e terapia em grupo, o que fez Alex se sentir intimidado – a ultima coisa que ele precisava eram um bando de estranhos o julgando —, e como ele poderia gastar seu tempo livre. Ela perguntou a ele seus interesses e sonhos mas ele negou seque tê-los. Ele ouviu tantas perguntas que pensou que sua cabeça iria explodir até um dia, uma semana após sua chegada, o enfermeiro ruivo do primeiro dia apareceu. Alex não havia visto o homem desde o primeiro dia e tinha começado a achar te-lo imaginado mas ali estava ele, sorrindo e o ajudando a sair do quarto branco sem graça.

Foi refrescante deixar o pequeno espaço.  Ele não tinha saído do quarto a semana toda, não muito — havia se levantado para tomar banho e usar o banheiro algumas vezes, mas isso ficava do outro lado do corredor, todas as suas refeições haviam sido trazidas para ele e ele era constantemente vigiado e não tinha permissão para sair do quarto sozinho, então mesmo uma curta caminhada pelo corredor até um elevador o emocionou, mas isso logo foi substituído por uma sensação de ansiedade e seu estômago se revirou em um nó apertado.

“O-onde estamos indo?” ele perguntou repentinamente e o enfermeiro ruivo pulou de susto por um segundo.

Ele sorriu para Alex, a tensão deixando seu corpo, e riu.

"Desculpe. Eu provavelmente deveria explicar, não deveria?” Ele respondeu os olhos se fechando em meia lua, mas Alex apenas piscou, esperando que ele continuasse. Ele limpou a garganta e acenou com a cabeça, “Bem, nós estamos indo para o que essencialmente é a ala psiquiátrica,” Ao ver o rosto preocupado de Alex ele se apressou em acrescentar, “mas n-não deixe o nome te assustar.  Não é o que todos fazem parecer.  Você saberá mais sobre tudo quando chegarmos lá.  Além disso, é uma ala específica para a idade, então você estará perto de outras pessoas da mesma idade que você.  Alguns serão um pouco mais velhos, o mais velho de lá acabou de completar vinte e cinco, mas todos os outros estão muito mais próximos da sua idade.”

O elevador ficou em silêncio, o único som foi o bipe suave enquanto eles passavam por cada andar até que parou e apitou quando a porta se abriu.  A dupla saiu do pequeno espaço para um corredor não muito diferente daquele de onde tinham saído.  As paredes eram do mesmo azul fosco e as portas de cada quarto tinham os mesmos painéis de madeira, mas algo parecia diferente.

Não ia negar que aquele lugar era meio assustador se pensasse bem e lhe deu um pouco de arrepios.

 “Oh,”O enfermeiro parou, rindo mais uma vez e balançando a cabeça.  Ele olhou para Alex e se curvou em desculpas.  “Eu deveria te dizer quem eu sou, já que você vai me ver regularmente por um tempo.  Meu nome é Isaac Black e eu aceitarei qualquer apelido que você queira me dar.  Eu sou o enfermeiro principal deste andar e serei eu a cuidar de você. Não hesite em me dizer qualquer coisa. Estou aqui para ajudá-lo a melhorar”, ele terminou com um sorriso suave e um tapinha suave no ombro de Alex antes de se virar e andar mais uma vez.

Isaac explicou como o Centro Psiquiátrico Ainsworth era. Claro, haviam regras comuns e de praxe como esperava — podiam somente interagir com pessoas de suas próprias alas designadas, haviam horas específicas para a entrega de medicamentos, os funcionarios estavam sempre checando e apenas podiam trancar as portas dos quartos(estas podiam ser trancadas pelo lado de fora), não podiam usar qualquer coisa no banheiro e nem ir a eles logo após as refeições. Era uma lista bem longa que fez Alex se sentir um pouco nervoso. Mas nas lista de privilégios — que não eram nada ruins — as vezes contavam com passeios para fora da clinica para ir a cafeterias, lojas e lugares próximos, mas é claro tinham que ter um funcionario de acompanhante.

Alex rapidamente seguiu o homem mais velho e foi conduzido pelo posto de enfermagem e por duas grossas portas de metal em um corredor que era drasticamente diferente daquele que eles tinham acabado de sair, tentando memorizar tudo ao redor para não passar vergonha perguntando onde ficavam os banheiros.  As paredes e portas eram as mesmas, mas no final do corredor, em vez de sala de espera, havia um pequeno posto de enfermagem com uma sala grande e colorida em frente.  A sala não tinha portas e era essencialmente mais como um canto do que uma sala, mas estava cheia de dois grandes sofás e uma velha televisão de tela plana.  Em ambos os lados havia estantes altas que estavam alinhadas com clássicos e romances mais recentes, bem como filmes e caixas que Alex assumiu conter jogos de tabuleiro ou algo assim.

Sentados no canto dos sofás estavam duas meninas e um menino, o garoto e uma das garotas sentados assistindo a um filme antigo da Disney, sentados bem próximos um do outro, enquanto a outra garota estava sozinha com um livro aberto no colo, mas não estava lendo, em vez disso ela estava assistindo Alex passar.  Seu cabelo era de um preto brilhante e repartido ao meio, ela tinha olhos afiados de gato.  Ela estava sorrindo suavemente com olhos que perfuravam algo dentro de Alex e o fizeram desviar o olhar.

Isaac o guiou ate um quarto vazio com uma cama simples em um canto e uma mesa na parede oposta, e uma grande janela de vidro grosso no meio. Havia também um pequeno armario vazio, ao qual Isaac disse que iria encontrar algumas roupas para Alex vestir(afinal, ele não havia levado nenhuma mala nem nada ao hospital). Não era o lugar mais aconchegante do mundo mas era melhor que a cama de hospital em que ele tinha dormido por uma semana. Isaac lhe disse que ele tinha permissão para decorar como quisesse com quaisquer projetos de arte que ele fizesse durante sua estadia, mas Alex duvidava que faria muita arte naquele lugar.

Ele se sentou na cama enquanto Isaac se preparava para partir, “Lenore ira vir falar com você em breve. Sinta-se em casa.”

Alex suspirou e olhou para seus braços. Eles haviam sido limpos e cobertos com novas ataduras naquela manhã e a visão das marcas vermelhas raivosas o fez querer vomitar. Ele escondeu seu rosto em suas mãos, segurando um grito e respirando fundo para se acalmar até ouvir passos leves no piso laminado.

Levantando os olhos ele achou que iria encontrar a imponente Dra.Lenore mas ao invés disso encontrou o rapaz loiro olhando para ele com uma expressão gentil. Ele não era nada como o que Alex esperava que um paciente daquele lugar deveria se parecer. O loiro era alto e magro, o que era algo levando em consideração que Alex não era tão grande também com seus 1,75 de altura. Seu rosto tinha uma mandibula definida e olhos verdes brilhantes, as sobrancelhas anguladas. Ele vestia uma camiseta de manga longa enrolada até o cotovelo que mostrava seus braços cheios de cicatrizes finas e pálidas e suas calças eram jeans rasgados justos que mostravam sua pele pálida através das aberturas. Ele estava descalço, Alex se perguntou se o chão estava frio contra seus pés enquanto o encarava.

Que lindo, pensou. Já estou sendo julgado tão cedo, talvez eu devesse estar vestindo algo melhor. Boa impressão é o que conta, não é?

Alex estava encarando. Ele corou e ergueu os olhos para encontrar os do rapaz e o encontrou sorrindo levemente. O garoto loiro caminhou para frente e se curvou, mantendo contato visual mesmo assim.  Ele se endireitou e sorriu, fazendo o rubor de Alex se aprofundar.

De repente, uma tosse foi ouvida em toda a sala e dois pares de olhos dispararam para a porta onde uma Lenore muito divertida estava parada.

“Desculpe-nos, Adrian, mas preciso falar com Alex aqui em particular.”

O rapaz — Adrian — simplesmente sorriu e foi embora, chamando de volta em tom de brincadeira “O que você disser, mãe,” e voltou para o sofá que ele havia abandonado.

Lenore simplesmente balançou a cabeça e sorriu para Alex, fazendo um gesto para que ele se levantasse e a seguisse. Alex obedeceu rapidamente e a seguiu pelo corredor até uma pequena sala com uma grande e macia poltrona em frente de uma mesa com uma cadeira de aparência menos confortável atrás.

Alex avançou cautelosamente, o pavor enchendo seu estômago mais uma vez quando ele tirou os sapatos antes de se sentar de pernas cruzadas na poltrona fofa. Ele engoliu seco. Lenore sorriu.

 “Você não precisa se preocupar.  Eu não mordo”, ela piscou para o menino e ajustou os óculos em seu nariz.  “Não vamos ter uma sessão hoje, vamos guardar isso para amanhã depois que você se ajustar ao seu ambiente e tiver uma boa noite de descanso.  Eu só preciso que você saiba algumas coisas sobre o que acontece por aqui. OK?"

 Alex assentiu e a tensão se liberou um pouco dele enquanto ele se recostava e ouvia Lenore falar.

Alex sabia que não havia motivo algum para ficar nervoso. Lenore estava lá para ajudar, mas ele não pôde deixar de sentir seu estomago se revirando enquanto ela pegava uma pasta amarela de uma gaveta em sua mesa. Ele imaginou ser seu arquivo que seria preenchido mais e mais ao longo do tempo. Duas folhas foram removidas da pasta, uma sendo entregada a Alex e a outra idêntica ficando em frente a Lenore. Alex olhou para a folha em suas mãos, forçando-as a parar de tremer o suficiente para que ele pudesse ler.

Era uma lista de horários.

Ele olhou para as palavras, não muito surpreso com o quão estrito era, mas ficou confuso ao ver o que pareciam ser cinco horas de tempo livre.

7:30 — Acordar: Medicação, Chamada

8:00 - 9:00 — Café da manhã

9:00 - 10:30 — Terapia em Grupo

11:00 — Almoço

12:00- 17:00 —

17:00 — Jantar

18:00-19:00/20:00 — Atividades

20:00 - 22:00 — Jogos/Filmes

22:30 — Hora de Recolher

Lenore apenas sorriu, olhando para os horarios como se já os tivesse memorizado.

“É bem fácil seguir os horários. Nós permitimos muito espaço de para fazer o que quiser, a maioria passa mais tempo lendo ou conversando um com o outro, mas se você der a mim ou ao Isaac algum motivo para não confiar em você, esse tempo extra será monitorado. Entendido?"

Alex assentiu, se perguntando se em algum momento já foi monitorado assim mas ele sabia que não daria a eles razão para acontecer. Ele esperava ter tempo livre mas não  cinco horas. Ele engoliu seco, as mãos tremendo mais uma vez, w tentou reunir coragem para falar, não entendendo porque estava tão nervoso. Ele abaixou os braços no colo e olhou para Lenore, a expressão determinada.

“Por que diz que tenho cinco horas em que nada acontece?” Sua voz era alta e firme, sem um pingo de dúvida. Ele sorriu, sentindo como se tivesse conseguido algo, mas então percebeu que não tinha motivos para parecer tão confiante por fazer uma pergunta tão simples.  Seu rosto corou quando ele afundou em sua cadeira, cabeça baixa, olhos olhando para um Lenore por trás de sua franja castanha, mas ela sorriu para ele.

 “Sessões de terapia individual. Eu me encontro com cada um de vocês por cerca de uma hora, menos para alguns e mais para outros. Enquanto eu estou trabalhando com o resto deles, você tem tempo extra para fazer o que quiser.”

Alex assentiu novamente, ainda olhando para a agenda em seu colo.  Lenore continuou explicando algumas das regras da ala.  Muitas delas pareciam estranhas para Alex, mas ele as seguiria de qualquer maneira. Você tem que pedir para usar sua escova de dentes e navalha, ele entendeu a navalha, arrepios percorreram sua espinha e a memória, de repente sentindo um peso pressionando contra ele que o empurrava para o chão, mas a escova de dentes não fazia sentido para ele.  Qualquer medicamento que você tomar deve ser tomado na chamada da manhã, a menos que precise ser com comida então este será no café da manhã; deve ser na presença de um enfermeiro e eles verificarão se foi feito corretamente. Alex não tinha certeza do que “verificar para ver se foi feito corretamente” significava, mas sabia que logo descobriria.  Os chuveiros ficam no corredor ao lado do posto de enfermagem e tenho certeza de que você os achará fáceis de usar, você não será supervisionado neles a menos que haja uma razão para ser, novamente Alex prometeu não dar nenhuma razão para ser, e você pode fechar sua porta a qualquer momento que quiser, mas com o entendimento de que o Enfermeiro Black e outras enfermeiras verificarão você se estiver fechada, isso pareceu razoável o suficiente para Alex e ele assentiu.

Lenore passou a discutir algumas regras mais simples sobre se ele se sentisse doente e visitação, mas nenhuma parecia muito importante para ele.  Ele raramente ficava doente e não era como se alguém fosse visitá-lo.  Seus pais obviamente não iriam e ele realmente não tinha amigos.  A única pessoa que ele achava que poderia ser era seu irmão mais velho, mas ele estava fora trabalhando no exército e provavelmente nem sabia o que aconteceu com ele. Alex suspirou enquanto balançava a cabeça, apenas parcialmente ouvindo Lenore enquanto ela divagava sobre como ele aproveitaria seu tempo aqui e como ele sairia de lá em pouco tempo.

Ele pensou se seria uma coisa boa ou ruim deixar o hospital. Se ele ficasse para sempre ele nunca teria que ver seus pais novamente, mas se ele ficasse ele nunca mais veria seu irmão ou terminaria a faculdade. Ele não viveria se ficasse. Sua mente matutava sobre essas coisas enquanto ele saia do escritório de Lenore e seguia para a sala principal onde os sofás e as estantes de livros estavam. Todos estavam fora fazendo atividades em outro cômodo e Lenore disse a ele que ele não precisava ir tendo tão pouco tempo faltando para acabar de qualquer maneira.

Sem ninguém por perto para distraí-lo, ele foi capaz de realmente absorver a sala.  As paredes não foram pintadas de uma cor diferente como ele pensava, mas em vez disso era coberta do chão ao teto em papel que tinha sido colorido para parecer um sol de arco-íris com um fundo azul ombre.  Agora que estava mais perto, ele realmente pôde apreciar a beleza da peça e se perguntou quem poderia ter feito isso e quanto tempo levou.  A parede colorida realmente era algo a ser apreciado, mas não foi por isso que ele veio a aquele lugar. As estantes foram classificadas por data de publicação, algo que ele nunca tinha visto antes, mas pelo qual estava muito interessado, fazendo com que uma das prateleiras altas fosse preenchida com novos romances para jovens adultos e livros que tinham lombadas nítidas e páginas perfeitas, enquanto a outra prateleira continha clássicos de brochura.  com capas rasgadas e lombadas quebradas e páginas cobertas de escrita e rabiscos.  Imediatamente Alex foi atraído pelos livros rasgados, na esperança de encontrar um que ele reconhecesse e ficou surpreso ao encontrar o seu favorito, sentado quase no nível dos olhos e quase intacto.  Drácula não era algo que você esperaria encontrar em uma ala psiquiátrica, mas ele estava grato por estar lá. Ele se sentou na superfície mais próxima, uma mesa de canto ao lado do sofá, e a abriu, sorrindo para as páginas amareladas e as palavras desbotadas.  Ele estava tão absorto no romance que não ouviu o som de pés no chão de ladrilhos, nem viu o tufo de cabelo loiro se mexer quando foi visto e de alguma forma ele perdeu o ranger do sofá que estava sentado.

“Esse também era o favorito do Trevor.”

Alex pulou, o livro voando de sua mão para o chão enquanto sua mão se esticava por instinto para agarrar seu peito.  Ele gemeu, caindo na almofada e fechou os olhos. Adrian então limpou a garganta, sentando na outra ponta do sofá enquanto parecia muito culpado.  Alex o ignorou e foi colocar o romance de volta na prateleira enquanto outros entravam na sala.  Cada um olhou para Alex com uma expressão diferente.  Lá estava a morena alta que olhou para ele com um sorriso feito de sol que entrou com uma garota baixa, mal-humorada com cabelo rosa desbotado.  Alex achou que não era certo ela ter um cabelo tão feliz, mas parecer tão mal-humorada.  A menina de cabelo rosa empurrou o braço de Adrian, dizendo-lhe para se mover para que os dois pudessem se sentar.  Isso deixou  Alex preso entre o descanso de braço e Adrian, o que ele realmente não se importou.  Não o incomodou, mas Adrian continuava olhando para a garota de cabelo rosa com uma mistura de olhos suplicantes e acusadores.  As luzes diminuíram e o filme começou a passar na tela, fazendo com que Adrian parasse com seus olhares constantes e afundasse de volta no sofá, braços cruzados como uma criança que não conseguiu o que queria.

Alex tomou isso como um sinal para dar ao outro o máximo de espaço possível, empurrando-se contra o braço e de volta para o canto, certificando-se de que não estava tocando Adrian.  Ele não tinha certeza do que havia feito de errado, mas a última coisa que queria era dar a alguém uma razão para odiá-lo.  O filme era outro filme da Pixar, Ratatouille, mas ninguém parecia se importar e a maioria passou a maior parte do tempo prestando atenção na tela.  A sala se encheu de uma quietude repentina enquanto a tela escurecia quando o filme terminava.  Muitos escolhem tomar isso como deixa para sair, ir para o chuveiro ou ir para a cama, mas Alex sentou junto com Adrian, esperando para ver o que o outro faria.

Adrian se moveu ao lado dele e se virou para poder observa-lo. Ele inclinou a cabeça quando Alex se virou para encontrar seus olhos. Adrian sorriu e se inclinou para mais perto, o calor irradiando dele, enviando um arrepio agradável através de Alex, enquanto ele sussurrava “Bons sonhos e boa noite,” seguido de um beijo rapido na bochecha do garoto antes de correr para seu próprio quarto. Alex ficou atordoado até que uma enfermeira veio e o chamou. Ele acenou com a cabeça se desculpando com a mulher e foi para seu próprio quarto.

Ele tentou o máximo que pôde para dormir. Os pensamentos de Adrian nublaram sua mente misturados com o medo do amanhã e de como ele chegou naquele lugar. Depois de algum tempo, ele se virou de lado e olhou pela janela na porta, imaginando quanto tempo tinha para começar seu primeiro dia. Ele fechou os olhos mais uma vez, esperando encontrar pelo menos um pouco de descanso, e adormeceu.


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