Apesar do pouco prazo para retirar aqueles posters, consegui tirar boa parte deles e assim que terminei ouvi algumas batidas do lado de fora da porta, eu já sabia que era Jungkook então abri a porta para que o mesmo entrasse.

— Voltei com o copo. - disse dando um leve riso.

— Ótimo, pode entrar. - dou espaço para que o mesmo entrasse.

O mesmo se adentrou em meu quarto olhando cada centímetro quadrado do lugar, não me importei e logo tratei de fechar a porta; evitando trancá-la, pois sabia que se os meninos viessem o procurar e notassem a porta trancada, eles com certeza teriam pensamentos com segundas intenções.

— Seu quarto é muito legal! - disse o maior.

 — obrigada! — sorri para o mesmo — enfim, vamos comer?

— sim, claro.

Jeon se sentou ao meu lado em minha cama e começamos a comer do lanche preparado por mim. Eu pensava que Jungkook era bem tímido, mas assim que ele pega intimidade ele fica mais "leve", melhor dizendo. Ficamos por horas falando de assuntos, como; os heróis da Marvel, jogos, desenhos e até comida! Ele era mais legal do que eu pensava, então acho que realmente gosto da pessoa certa.

— Me fala, no que pretende se formar quando for para a universidade? — perguntei ao mesmo.

— Pretendo me formar em Arte e Atuação, talvez eu entre no mundo da atuação e você?

— Poxa, que legal! Talvez eu faça apenas um curso técnico de letras, ou a faculdade de letras mesmo.

— Por que letras? - perguntou um tanto confuso.

— Pretendo ser escritora, mesmo que não seja lá o que meus pais esperam de mim, é algo que eu gosto de fazer e julgo eu que isso eu faço bem, e escrever também é algo que me faz bem. - Talvez eu tenha dito um pouco de mais.

— Entendi! Se bem que, mesmo não conhecendo nada do que você escreve, você parece ser realmente tão boa quanto você diz! - disse e sorriu largo.

Aquilo me deixou um pouco envergonhada, mas não deixei de agradecê-lo, conversamos mais um pouco sobre este assunto e de repente, um silêncio rolou por aquele quarto e eu já estava incomodada com aquela tensão toda, então tive a ideia de sair do quarto.

— É... eu irei levar essas coisas para a cozinha e já volto, okay? - disse me levantando

— Espera, não vai agora! - ele disse me impedindo de sair dali - podemos lavar essas coisas mais tarde, certo?

— Okay então. - me sentei novamente.

— Então... Ma-eun.

— Sim?

— Assim, eu sou meio curioso então.. lembra daquele dia em que te perguntei se você gosta de alguém?

— Lembro claramente.

— Então, não querendo ser invasivo, mas… você pode me dizer quem é? Eu realmente fiquei pensando naquilo por um bom tempo.

O que eu vou dizer pra ele agora? Ele parece meio desconfiado. Será que Jimin disse algo ou deu sinais à ele? De repente eu me encontrei em completo pânico e desespero interno, o que eu respondia agora? Eu nunca imaginei que isso aconteceria, muito menos que seria tão repentino assim! Tentei pensar em uma boa desculpa, ou então em um modo de mudar de assunto, mas nada surgia. Então algo aconteceu, apareceu finalmente uma ideia que na pressão do momento me pareceu a melhor do mundo.

— Bem, é… É Taehyung! Eu… Eu gosto dele. - menti, o que não apenas me fez me sentir mal, mas também me doeu mentir desta forma para alguém que eu realmente gosto.

— Ah sim. - disse. - Bem, o importante é que os dois sentem o mesmo um pelo outro! - sorriu leve, concordei com a cabeça, mesmo querendo chorar naquele exato momento.

Não demorou muito tempo para que logo os outros meninos subissem a procura de Jungkook, Hoseok dizia que já era hora de irem embora, já Taehyung apenas o chamava por apelidinhos e se distraía conversando com Jimin. Logo Jungkook se despediu de mim com um sorriso de fato encantador envolto por seus lábios, saiu de meu quarto sem que ninguém o visse e um tempo depois, todos os três haviam ido embora. Jimin logo entrou em meu quarto, dizendo que os mesmos já haviam ido embora e que ele (para sua própria infelicidade) estava pronto para falar sobre a quebra do nosso principal acordo, mas eu não estava com a cabeça no lugar no momento, estava pensando na forma como havia mentido para a pessoa que gosto, na forma como menti descaradamente no lugar de lhe contar a verdade, eu com certeza lidaria melhor com uma rejeição do que com este fato de eu ter mentido de uma forma dolorosa para Jungkook.

— Noona, tá tudo bem? - Jimin perguntou parecendo preocupado. - Algo te chateou? - Me virei para poder explicá-lo bem o que havia acontecido, mas apenas desabei em lágrimas.

Jimin logo tratou de me abraçar e me dizer repetidamente que, seja lá o que fosse, tudo ficaria bem no final, afagando meus cabelos de forma carinhosa, um lado do meu primo que é raramente visto por mim. Assim que me acalmei, o contei tudo, desde o momento o qual saí do quarto, até os momentos mais atuais. O perguntei se ele havia mencionado algo sobre meus sentimentos por Jungkook para o mesmo e ele simplesmente disse que não, disse que até poderia olhar as mensagens que ambos trocaram após o ocorrido do dia anterior, e realmente meu primo não havia dito nada.

— Seja o que for, vai ficar tudo bem!

— Eu espero, não queria ter mentido para ele desse jeito. - disse colocando minhas mãos no meu próprio rosto.

— Aigo, nonna! - ele se levantou da cama. - Deveria ter contado sobre o que sente!

— Eu sei...

— Você teve a oportunidade de contá-lo! Por que não o fez?

— Eu realmente não sei! - tirei as mãos do rosto. - Acho que foi a pressão do momento.

— Bom, não poderá o esconder por muito tempo.

— Eu sei, mas não sei como o contar, afinal, eu o disse que gostava de Taehyung

— Apenas diga para ele! É melhor contar para ele do que esconder para si, pois se esconder você nunca saberá a verdade. Caso ele conte isso ao Tae, aí sim você tem um problema.

Penso em dizer algo mas apenas me mantive calada, Jimin havia dito algo que eu não poderia rebater, era verdade! Mas como vou contar para ele, sendo que toda vez que eu o vejo eu simplesmente paraliso?

— E então, o que iremos fazer?

— Talvez eu escreva uma carta.

— Em pleno século 21? - Jimin nega com a cabeça e solta um longo suspiro. - mas vai assinar e entregar?

— Bem...

— Nonna, pelo amor de Deus! Se for assim então eu mesmo o conto! - o mesmo dizia pegando o próprio celular.

— Não faça isso! - tento tirar o aparelho de suas mãos. - Eu vou contar para ele, não sei como, mas vou.

— Okay, okay. Eu vou pegar um copo d'água.

Vi o mesmo sair de meu quarto e indo em direção a cozinha, enquanto eu limpava meu rosto dos pequenos vestígios de lágrimas que haviam sido derramadas por mim.