Terraria: out of plans escrita por Allen Isolet


Capítulo 2
Capítulo 2: garota de recados




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Zoey se torna a mais nova inquilina da pensão que foi citada por Nadine mais cedo, é a mais próxima da guilda, por isso sempre recomendada.

Depois de um longo e merecido banho, sozinha em seu novo quarto, a garota pensa em organizar uma nova rotina em sua vida, mas está muito ansiosa para ter algum foco, e sem tanta paciência também, ela rapidamente desiste da ideia e decide sair para socializar. Começando por conhecer todos os membros disponíveis da guilda.

Agora usando uma calça preta de tecido encorpado, mas de excelente elasticidade para que se mova sem incomodar, as mesmas botas longas e uma blusa branca frisada ombro a ombro de mangas curtas por de baixo de seu já conhecido colete de couro, onde está preso seu broche de ametista.

E mesmo que pretenda apenas conversar nesse dia, ainda irá levar suas armas.

— Gostou do seu quarto?

Pergunta Nadine, assim que vê a elfa descendo as escadas. A menina está atrás do balcão esperando pela avó, enquanto se distrai desenhando em seu caderno.

— Sim, bastante, especialmente a cama. Depois de algumas noites dormidas no chão, o mínimo conforto se torna um luxo. — Suspira aliviada. — Espero não ter que passar por isso de novo tão cedo...

— Você é bem aventureira, né? Às vezes dá vontade de me aventurar por aí também. — Sonhadora, começa a riscar um arco e flecha em seu boneco de palitos.

— Não queira isso tão cedo, não vai gostar tanto assim depois de experimentar. — A elfa dá uma espiada no desenho, achando bonitinho. — Ei, Nadine, você tem algum caderno para me emprestar? E algo para escrever também.

— Claro, precisa anotar algo? Isso aqui deve ser melhor. — Puxa debaixo do balcão um caderno de bolso de capa rosa cheia de corações e uma caneta simples de seu estojo. —Aqui, pode ficar para você.

— Onww, obrigada! — Pega os itens, toda sorridente.— Gosta de doces? Lhe darei um para agradecer.

— Não precisa, mas já que insiste... gosto de macarons!

— Fechado. Agora tenho que ir, até mais!

* * *

Novamente na guilda, ela entra meio perdida à procura de algum rosto conhecido para puxar assunto.

— Olha se não é a elfa de mais cedo. — Anda do portão até a garota que acabara de passar por ele, reparando também em seu broche de ametista. — Então somos oficialmente colegas agora, hein.

É o rapaz de mais cedo que acompanhou Zoey até a guilda. Alto e Atlético, um físico esperado de sua idade jovial, e a pele bronzeada do tanto que se expõe no sol. Tem os cabelos bem curtos, na cor castanho, e olhos também nessa cor. A calça e a camisa de mangas longas são de algodão, preta e marrom, respectivamente, e botas de couro. Ele exibe o próprio broche preso em sua luva, mas a pedra dele é um topázio, um rank acima da Zoey.

— Oi. Erik, certo? Pode me ajudar numa coisa?

— Claro, só pedir.

— Estou interessada em conhecer o pessoal daqui, você já conhece todos?

— Bom, vejamos... tem o Dominique do rank safira, a Jem e o Cliff que são esmeralda... hmm... — ele a observa anotando cada nome — eu sou meio novo por aqui também, então só falei com esses que são dos ranks mais próximos do meu, sabe?

— Tudo bem, então pelo visto terei que ir falar diretamente com o líder para saber do resto. — Ela olha determinada na direção da escada para o segundo andar.

— Vai mesmo incomodá-lo só pra isso?

— Naah, é rapidinho, são só uns nomes. — Quando toma coragem para correr até as escadas, ela dá de cara com o próprio Augusto que acabara de sair de uma porta ali do lado. A cozinha fica no mesmo espaço que o salão. — Ah! Senhor Augusto!

— Está à minha procura? — Diz depois de um gole do café recém preparado.

— Ah, olá, senhor. — Cumprimenta Erik, recebendo um aceno em resposta.

— Sim, estou! É um pedido que tenho... pode me dizer os nomes de todos os membros daqui? Quero aos poucos conhecer cada um.

— Ah, tudo bem, te passarei todos eles. — Com uma das mãos pega o caderno e caneta que Zoey oferece, e com a outra pede para que ela segure a sua caneca. — Quer conhecer cada um dos membros, hein... isso incluirá o meu irmão, mas ele se chateou comigo e se isolou em sua casa nas cavernas...

— Sei... — Ela mal dá atenção ao que ele fala, distraída lendo as anotações que vai fazendo.

— Posso lhe pedir um favor em troca da lista? — Acena a mão na frente do rosto da elfa para chamar sua atenção. — Ei, está ouvindo?

— Sim, sim, estou! O que foi? — Ela logo ajeita a postura, falando em tom mais sério. — Disse sobre um favor?

— Sim, levar uma carta para o meu irmão em sua casa. Eu já tentei falar com ele algumas vezes, mas o sujeito é teimoso e simplesmente não me atende. — Fica cabisbaixo por um momento, deixando escapar um suspiro irritado. — Mas talvez ele seja receptivo com alguém que ele nunca tenha visto, certo? — Volta a encarar a garota, enquanto isso devolvendo seu caderno e pegando de volta seu café. — Só que se souber que você é daqui pode ser que ele te trate da mesma forma... portanto, bico calado até conseguir falar com ele, ok?

— Certo! E o senhor disse que seu irmão está nas cavernas...

— Ele gosta do ambiente, mas não se preocupe com a distância porque você irá de elevador.

— Para gostar de viver sozinho assim ele deve ser o cúmulo do anti-social. — Ela revira os olhos, mas percebendo que falou em voz alta, olha apreensiva para Augusto. — Ah, digo, não quis falar mal do seu irmão!

— Tudo bem, ele é mesmo! — Abafa uma risada. — Desde criança que evita todo mundo, mas caso conquiste sua amizade ele se mostra o oposto. Enfim, vamos para minha sala.

Os dois sobem até o segundo andar, lá dentro o líder vai até o outro lado de sua mesa e abre uma das gavetas, tirando de dentro alguns papéis e caneta, para logo em seguida iniciar sua carta. Enquanto espera, Zoey apenas senta em frente, séria e em silêncio .

— Serei sucinto na carta, não irei demorar muito. — Esclarece, vendo ela tão quieta

— Tudo bem, eu espero se quiser escrever mais coisas. — Sorri. — Quero que se deem bem novamente.

* * *

Em frente ao elevador que fica no subterrâneo da guilda, entre o pocionário e a enfermaria, Augusto explica sobre como tudo funciona e onde parar naquela viagem. A cabine irá descer até o limite, uma camada da caverna onde já se encontram lagos de magma.

— Irão os dois, certo? — Augusto diz olhando para Erik que tem acompanhado tudo em silêncio.

— Bom, irei se estiver tudo bem eu ir junto. — Olha para a elfa, esperançoso.

— Uhun. — Zoey responde enquanto come uma maçã pega no caminho. — Claro, em dupla deve ser melhor.

— Ok, podem ir então. — Augusto abre a porta da cabine do elevador para que os dois entrem. — Qualquer coisa usem o telefone.

— Com certeza será tranquilo, agora vamos lá! — Ela entra primeiro, sendo seguida por Erik que não pareceu tão animado assim em descer.

A cabine é bem fechada e protegida, tendo apenas grades de ferro separando os dois dos perigos de fora. Zoey liga a máquina que começa lentamente a descer, fazendo Augusto sumir aos poucos da vista da dupla de aventureiros.

À medida que descem, mais escuro e sombrio fica o ambiente ao redor, aumentando também a diversidade de sons estranhos que ouvem. Criaturas de todos os tipos observando o grande objeto iluminado que abriga o que poderia muito bem ser uma bela refeição.

— Meio assustador por aqui, não? — Ele começa, esperando que ela esteja com medo.

— Sim, e é tão empolgante! Nunca tinha estado numa caverna antes! — Ela fica muito próxima da grade de segurança, tentando enxergar o que pode com a pouca iluminação.

— Ahn, bom... é, é bastante empolgante mesmo, eu já estive em algumas, então não se preocupe tanto com os perigos enquanto estiver comigo, ok? — Se aproxima dela olhando para fora também.

— Ué? Então digo o mesmo, também poderei te proteger. — ergue seu arco, sorrindo confiante.

Vendo que ela não está muito interessada em suas invertidas, muda sua atenção para a obscuridade das cavernas, e realmente não vê nada de tão incrível naquela paisagem. O resto da viagem segue em silêncio, com o elevador parando pouco tempo depois.

— Chegamos, finalmente! — Zoey é a primeira a sair, passando pelo portão já com o mapa em mãos. Um simples desenho feito pelo Augusto, os guiando a partir do elevador. — É por aqui, vamos.

— O silêncio dessa caverna é bastante incômodo, credo...

— Verdade, não sei se me sentiria bem vindo sozinha para cá… só vamos rápido até essa casa.

Os dois se aprofundam através do túnel citado no mapa, descendo por umas escadas rudimentares e saltando de alturas consideráveis até alcançarem uma grande área com uma iluminação estranha vinda do chão. Magma puro. O chão está coberto por um lago gigantesco, e no meio dele uma casa escura feita provavelmente de tijolos de obsidiana.

A casa possui dois andares, sendo o térreo cercado de muitas plantas em seu deque, todas plantas de fogo.

— Quê?! Como chegaremos até a casa?! por acaso tem alguma caixa de correio por aqui?! — Erik surta, olhando para os lados.

— Deixa, irei chamá-lo.

— Você o quê? Como?

— Oooi! — Ela grita o mais alto que pode, com as mãos uma de cada lado de sua boca. — Tem alguém em caaasa?!

— Ei, assim alguma coisa vai nos ouvir também! — Cochicha.

— Vamos torcer para que o senhor Otto seja o primeiro. Olááá! — E volta a gritar.

Um movimento dentro da casa mal iluminada é detectado pelos dois, um vulto se movendo minimamente pelo segundo andar, até que para e some de vista.

— Será que era ele? — Pergunta a elfa.

— O que vocês querem?

Zoey grita assim que escuta a voz vindo de trás dela, quase dando um pulo na direção do lago, detendo-se a tempo.

— M-mas o quê?! Quem é você?

— Otto.

— Mas você é tão pequeno, e não se parece nada com o Augusto! — Incrédula e ainda tentando entender a situação, ela o olha curiosa, erguendo suas mãos até as bochechas do rapaz e as apertando de leve. — Mas que gracinha, tem certeza que você é O Otto mesmo? Irmão de um senhor alto e robusto?

— Tenho, é que sou adotado. — Move o rosto para sair das mãos dela. — E me largue, não sou uma criança!

Otto mal passa de um metro e meio de altura, um rapaz pequeno de rosto arredondado e pele arroxeada, cabelos curtos bagunçados e chifres curvados para trás tudo branco, orelhas pontudas e uma longa cauda terminada numa ponta de flecha. Um Imp, demônios de fogo que habitam o submundo. De vestes está usando um robe de gola alta e mangas longas que vai até os joelhos , tudo na cor magenta, mas que é aberto no meio revelando um tecido verde, e por baixo parece usar uma calça e botas pretas.

— Ai, sério?! Desculpa!

— Tanto faz... só diga logo o que o Gus quer comigo.

— Eh? Um Imp? Não seria mais fácil ter invocado com o cajado? — Erik resmunga, impaciente com o demônio.

Otto não responde, tampouco olha para o rapaz que se irrita em ser ignorado, prefere manter sua atenção na Zoey que é quem o chamava.

— Bom, ele me pediu para lhe entregar essa carta. — Ela retira o item de sua bolsa, e oferece ao menor.

— Ok. É só isso? — Pega a carta quase sem olhar para o objeto. — Se não tiverem mais o que fazer, já podem ir.

— Ah, poxa… claro. — Ela começa a andar, mas hesitante, não consegue aceitar a situação e volta até o demônio que ainda esperava eles se afastarem. — Não sei o que aconteceu para vocês dois brigarem, mas ele sente bastante a sua falta, sabe? Leia com carinho a carta, tá bom?

— Err… tudo bem.

— Mesmo? Que bom! — Sorri, voltando a estar radiante como antes. — Então até logo!

— Nem sabe se voltarei para a superfície. — Acaba por sorrir também, mas um sorriso desafiador.

— Sinto que você irá perdoar seu irmão, não podem ficar brigados para sempre. Tchauzinho!

Os dois finalmente se afastam do demônio, que volta para dentro de sua casa.

— Que clima estranho foi esse que rolou, hein? — Indaga Erik, olhando todo sério para Zoey.

— Não sei de clima nenhum. — Sobe sozinha cantarolando. — Rápido, ou quer ficar sozinho nesta caverna?

— Eww, claro que não!

 

 

 

 


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